Os Pensadores (Le Penseur)
O Pensador (francês: Le Penseur) é uma das mais famosas esculturas de bronze do escultor francês Auguste Rodin. Retrata um homem em meditação soberba, lutando com uma poderosa força interna.
Originalmente chamado de O Poeta, a peça era parte de uma comissão do Museu de Arte Decorativa em Paris para criar um portal monumental baseada na Divina Comédia, de Dante Alighieri. Cada uma das estátuas na peça representavam um dos personagens principais do poema épico. O Pensador originalmente procurava retratar Dante em frente dos Portões do Inferno, ponderando seu grande poema. A escultura está nua porque Rodin queria uma figura heroica à la Michelangelo para representar o pensamento assim como a poesia.
François Auguste René Rodin |
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O pensador original, na Porta do Inferno.
Rodin fez sua primeira versão por volta de 1880. A primeira estátua (O Pensador) em escala maior foi terminada em 1902, mas não foi apresentada ao público até 1904. Tornou-se propriedade da cidade de Paris graças a uma contribuição organizada pelos admiradores de Rodin e foi colocada em frente do Panteão em 1906. Em 1922, contudo, foi levada para o Hotel Biron, transformado no Musée Rodin. Mais de vinte cópias da escultura estão em museus em volta do mundo. Algumas destas cópias são versões ampliadas da obra original assim como as esculturas de diferentes proporções.
O Instituto Ricardo Brennand na cidade do Recife, Pernambuco, possui uma versão ampliada da obra original, exposta em seu acervo particular, na Galeria.
Johannes Kepler 1571-1630
Os estudos Johannes Kepler nasceu em 27 de dezembro de 1571, no sul da atual Alemanha, que naquela época pertencia ao Sacro Império Romano, em uma cidade chamada Weil der Stadt, região da Swabia. Era filho de Heinrich Kepler, um soldado, e de sua esposa Katharina, cujo sobrenome de solteira era Guldenmann. Seu avô paterno, Sebald Kepler, era prefeito da cidade, apesar de ser protestante (Luterano), numa cidade católica.
Esta era a época da Renascença e da Reforma Protestante. Por ter corpo frágil e pelas poucas condições financeiras da família, foi enviado ao seminário para seus estudos. Em setembro de 1588 Kepler passou o exame de admissão (bacharelado) da Universidade de Tübingen, mas só iniciou seus estudos lá em 17 de setembro de 1589, onde estudava teologia no seminário Stift.
Em 10 de agosto de 1591 foi aprovado no mestrado, completando os dois anos de estudos em Artes, que incluía grego, hebreu, astronomia e física. Iniciou então os estudos de teologia, estudando grego com Martin Crusius, matemática e astronomia com Michael Maestlin, aprendendo com este sobre Copérnico, embora seu mestre defendesse o modelo geocêntrico do Almagesto de Ptolomeu. Antes de completar seus estudos, Kepler foi convidado a ensinar matemática no seminário protestante (Stiftsschule) de Graz, na Áustria, onde chegou em 11 de abril de 1594. Seu trabalho, além de ensinar matemática, que se conectava com a astronomia, também incluía a posição de matemático e calendarista do distrito. Note que naquela época, o calendarista deveria prever o clima, dizendo a melhor data para plantar e colher, prever guerras e epidemias e mesmo eventos políticos. Kepler fazia os calendários porque era sua obrigação, mas tinhas sérias restrições à sua veracidade, dizendo por exemplo: “Os céus não podem causar muitos danos ao mais forte de dois inimigos, nem ajudar o mais fraco… Aquele bem preparado supera qualquer situação celeste desfavorável.” E mais, Kepler usava os calendários para instigar cuidados, disfarçados como prognósticos, para prevenir doenças.
Primeiro Livro No início de 1597, Kepler publica seu primeiro livro, Prodromus disserationum cosmographicarum continens mysterium cosmographicum de admirabili proportione orbium celestium deque causis coelorum numeri, magnitudinis, motuumque periodicorum genuinis et propiis, demonstratum per quinque regularia corpora geometrica, cujo título abreviado é Mysterium Cosmographicum (Mistérios do Universo). Neste livro defendia o heliocentrismo de Copérnico, e propunha que o tamanho de cada órbita planetária é estabelecido por um sólido geométrico (poliedro) circunscrito à órbita anterior.
Este modelo matemático poderia prever os tamanhos relativos das órbitas. Kepler enviou um exemplar para Tycho Brahe, que respondeu que existiam diferenças entre as previsões do modelo e suas medidas. Um exemplar enviado a Galileo, 8 anos mais velho que Kepler, fez este enviar uma pequena carta a Kepler agradecendo mas dizendo que ainda não havia lido, e dizendo que acreditava na teoria de Copérnico. Em setembro de 1598, o arquiduque da Áustria, príncipe Ferdinando de Habsburgo, líder da Contrarreforma Católica, fechou o colégio e a igreja protestante em Graz, e ordenou que todos os professores e padres deixassem a cidade imediatamente.
Kepler foi autorizado a retornar a cidade, como matemático do distrito, onde permaneceu até agosto de 1600, quando foi expulso definitivamente da cidade por recusar-se a se converter ao catolicismo. Em junho de 1599 o imperador Rudolph II, da Boêmia, contratou Tycho Brahe como matemático da corte em Praga.
Em janeiro de 1600 Kepler, então com 28 anos, visitou-o no castelo de Benatky, que o imperador tinha colocado à disposição de Tycho. Kepler sabia que somente com os dados de Tycho Brahe poderia resolver as diferenças entre os modelos e as observações. Tycho não acreditava no modelo de Copérnico por motivos teológicos, mas também porque acreditava que fosse possível medir a paralaxe das estrelas, que o modelo de Copérnico assumia à distância infinita.
A paralaxe das estrelas só foi medida em 1838, pela primeira vez, por Friedrich Wilhelm Bessel. Kepler já tinha observado eclipses e mesmo as estrelas, procurando medir a paralaxe, mas seus instrumentos eram muito rudes, e sua vista muita fraca. As descobertas Em 19 de outubro de 1600, Kepler, abandonado por seus antigos mestres por suas convicções na teoria heliocêntrica de Copérnico, e também por suas tendências Calvinistas, não aceitando os dogmas incondicionalmente, começou a trabalhar para Tycho Brahe em Praga.
Em setembro de 1601 Kepler retornou a Praga depois de uma visita a Graz para acertar a herança de seu sogro, e Tycho já havia instalado seus instrumentos, que haviam sido trazidos de Hveen. Tycho o apresentou ao imperador, que o contratou como assistente de Brahe. Logo depois, em 24 de outubro de 1601, Brahe morreu. Dois dias depois o imperador nomeou Kepler como matemático imperial, sucedendo Brahe na tarefa de calcular as Tabelas Rudolfinas, com a previsão das posições dos planetas. Kepler começou imediatamente a trabalhar no cálculo da órbita de Marte, e em 1602 descobriu a Lei das Áreas, mas não conseguiu fitar a forma da órbita. Se a órbita fosse circular, bastariam 3 observações, pois 3 pontos definem um círculo. Os pontos deveriam ser observados em oposição, já que em oposição é irrelevante se é a Terra ou o Sol que se movem, pois os três corpos estão alinhados. Tycho tinha observado 10 oposições de Marte entre 1580 e 1600, às quais Kepler depois adicionou as de 1602 e 1604. Naturalmente qualquer conjunto de 3 observações deveria resultar na mesma órbita. Como Marte é o planeta externo com maior excentricidade, dos conhecidos então, um círculo não fitava as observações. Mesmo introduzindo um equante Kepler não conseguia fitar as observações com erro menor que 8′, enquanto a precisão das observações de Tycho eram da ordem de 1′.
Em 1605 Kepler descobriu que a órbita era elíptica, com o Sol em um dos focos. Estes resultados foram publicados no Astronomia Nova, em 1609. Em 1604 Kepler completou o Astronomiae pars Optica (Ad Vitellionen Paralipomena, quibur Astronomiae Pars Optica traditur), considerado o livro fundamental da ótica, onde explicou a formação da imagem no olho humano, explicou como funciona uma câmara obscura, descobriu uma aproximação para a lei da refração, estudou o tamanho dos objetos celestes e os eclipses. Em 17 de outubro de 1604 Kepler observou a nova estrela (supernova) na constelação de Ophiucus, junto a Saturno, Júpiter e Marte, que estavam próximos, em conjunção. A estrela competia com Júpiter em brilho. Kepler imediatamente publicou um pequeno trabalho sobre ela, mas dois anos depois publicou um tratado, descrevendo o decaimento gradual de luminosidade, a cor, e considerações sobre a distância que a colocava junto com as outras estrelas.
Em 1610 Kepler leu o livro com as descobertas de Galileo usando o telescópio, e escreveu um longa carta em suporte publicada como Dissertatio cum Nuncio Sidereo (Conversa com o Mensageiro Sideral). Em agosto de 1610 ele usou um telescópio dado por Galileo ao duque da Bavária, Ernst de Cologne, para observar os satélites de Júpiter, publicando Narratio de Observatis Quatuor Jovis Satellitibus (Narração das Observações dos Quatro Satélites de Júpiter).
Estes tratados deram grande suporte a Galileo, cujas descobertas eram negadas por muitos. Os dois trabalhos foram republicados em Florença. Kepler também estudou as leis que governam a passagem da luz por lentes e sistemas de lentes, inclusive a magnificação e a redução da imagem, e como duas lentes convexas podem tornar objetos maiores e distintos, embora invertidos, que é o princípio do telescópio astronômico. Estudou também o telescópio de Galileo, com uma lente convergente como objetiva e uma lente divergente como ocular. Estes estudos foram publicados no Dioptrice, em 1611. Em 1612, com a morte do Imperador Rudolph II, que havia abdicado em 23 de maio de 1611, Kepler aceitou a posição de matemático e professor do colégio distrital em Linz. Lá publicou o primeiro trabalho sobre a cronologia e o ano do nascimento de Jesus, em alemão em 1613 e, ampliado, em Latim em 1614: De vero Anno, quo aeternus Dei Filius humanam naturam in Utero benedictae Virginis Mariae assumpsit (Sobre o Verdadeiro Ano em que o Filho de Deus assumiu a Natureza Humana no Útero da Sagrada Virgem Maria).
Neste trabalho Kepler demonstrou que o calendário Cristão estava em erro por cinco anos, pois Jesus tinha nascido em 4 aC, uma conclusão atualmente aceita. O argumento é que em 532 dC, o abade Dionysius Exigus assumiu que Cristo nascera no ano 754 da cidade de Roma, correspondente ao ano 46 do calendário Juliano, definindo-o como o ano um da era cristã. Entretanto vários historiadores afirmavam que o rei Herodes, que faleceu depois do nascimento de Cristo, morreu no ano 42 do calendário Juliano. Deste modo, o nascimento ocorrera em 41 do calendário Juliano. Novas publicações Entre 1617 e 1621 Kepler publicou os 7 volumes do Epitome Astronomiae Copernicanae (Compendium da Astronomia Copernicana), que se tornou a introdução mais importante à astronomia heliocêntrica, e um livro texto de grande uso. A primeira parte do Epitome, publicada em 1617, foi colocada no Index de livros proibidos pela Igreja Católica em 10 de maio de 1619. A proibição por parte da Igreja Católica às obras sobre o modelo heliocêntrico começou pelo fato de Galileo ter escrito seu livro Siderius Nuncius (Mensagem Celeste) em 1610, despertando o interesse do povo. A razão da proibição era que no Salmo 104:5 do Antigo Testamento da Bíblia, está escrito: “Deus colocou a Terra em suas fundações, para que nunca se mova”.
Em 1619 Kepler publicou Harmonices Mundi (Harmonia do Mundo), em que derivava que as distâncias heliocêntricas dos planetas e seus períodos estão relacionados pela Terceira Lei, que diz que o quadrado do período é proporcional ao cubo da distância média do planeta ao Sol. Esta lei foi descoberta por Kepler em 15 de maio de 1618. Perseguições Em 1615-16 houve uma caça às bruxas em sua região nativa, e ele defendeu sua mãe num processo em que ela era acusada de bruxarias. O processo se estendeu até 1920, quando ela foi liberada.
O ano de 1618 marcou o início da Guerra dos Trinta Anos, entre os Reformistas Protestantes e a Contra Reforma Católica, que devastou a região da Alemanha e Áustria. A posição de Kepler piorava, pois a Contra Reforma Católica aumentava a pressão sobre os protestantes na Alta Áustria, da qual Linz era a capital. Como Kepler era oficial da corte, ele está isento do decreto que bania todos os protestantes da província. Neste período Kepler estava imprimindo as Tabulae Rudolphinae baseadas nas observações de Tycho Brahe e calculadas de acordo com suas órbitas elípticas.
Estas tabelas incluiam a posição dos planetas e cálculos de eclipses. Quando uma rebelião ocorreu e Linz foi tomada, a oficina de impressão foi queimada, e com ela muito da edição já impressa. Kepler e sua família deixaram Linz em 1626. Sua família ficou em Regensburg, enquanto ele mudou-se para Ulm, para imprimir as Tabulae Rudolphinae, finalmente publicadas em 1627. Essas tabelas provaram-se precisas por um longo tempo, trazendo a aceitação geral ao sistema heliocêntrico. Apesar do nome de Kepler estar ligado à Astrologia, ele diz: “Meus corpos celestes não eram o nascimento de Mercúrio na sétima casa em quadratura com Marte, mas Copérnico e Tycho Brahe; sem sua observações, tudo o que eu pude trazer à luz estaria enterrado na escuridão’.’ Kepler então juntou-se à sua família em Regensburg, mas se mudou para Sagan em julho de 1928, como matemático do imperador e do duque de Friedland. Em uma viagem, foi acometido de uma doença aguda em Regensburg, Alemanha, onde faleceu em 15 de novembro de 1630.
Galileu Galilei 1564-1642
Matemático, Astrônomo e Físico Italiano
Um pouco de sua história
Galileu Galilei nasceu na cidade de Pisa em 15 de Fevereiro de 1564, mesmo ano da morte do pintor e escultor Michelangelo e do nascimento do dramaturgo William Shakespeare. Filho de Vicenzo Galilei, músico, desde cedo, demonstrou ser bom estudante. Sua família mudou-se para Florença em 1574 e Galileu foi educado pelos monges do mosteiro de Camaldolese, em uma cidade vizinha. Em 1581, com apenas 17 anos de idade, Galileu começou a estudar Medicina na Universidade de Pisa. Seu interesse pela Medicina nunca evoluiu. Porém era grande seu interesse pela Física e matemática. Finalmente, em 1585, Galileu abandonou a Medicina…
Galileu e a Teoria de Copérnico
A partir daí deu várias palestras na Academia de Florença por alguns anos. Fez também experimentos utilizando bolas, barcos de brinquedo, pêndulos e outros objetos, observando como eles caíam, flutuavam e oscilavam. Media e marcava o tempo de seus movimentos, e tentava imaginar explicações matemáticas para eles. Em 1533, o matemático e astrônomo polonês Nicolau Copérnico publicara sua grande obra – Sobre as Revoluções dos Corpos Celestes – defendendo a teoria de que a Terra se move em torno do Sol e não o contrário. Essa teoria seria defendida e desenvolvida por Galileu e seu contemporâneo Johannes Kepler, que descreveu a trajetória elíptica dos planetas. A síntese desse trabalho foi a Teoria da Gravitação Universal, formulada pelo físico inglês Isaac Newton que por coincidência nasceu em 1642, o mesmo ano em que Galileu morreu. Por ter afirmado que a Terra se move em torno do Sol, Galileu , um dos gênios da revolução científica do século 17, foi preso e obrigado à uma retratação humilhante.
Aos 17 anos, assistindo à uma cerimônia na catedral de Pisa, observou um lustre que oscilava no teto. Controlando o tempo pelos seus próprios batimentos cardíacos, verificou que o intervalo entre cada oscilação era sempre o mesmo, não importando a amplitude do movimento. Repetiu a experiência mais tarde, e sugeriu que essa característica do pêndulo poderia tornar os relógios mais precisos.
Galileu, ao abandonar a Faculdade de Medicina, foi lecionar em Florença. Durante os quatro anos em que trabalhou ali, publicou um trabalho em que descrevia a balança hidrostática, uma invenção sua. Graças a esse trabalho, tornou-se aos 25 anos, professor de Matemática, e foi lecionar na Universidade de Pisa. Em Pádua, onde viveu dezoito anos – de 1592 a 1610 – lecionando matemática, já estava convencido do acerto das teorias de Copérnico sobre a movimentação dos astros, mas em suas aulas continuava a ensinar que a Terra era o centro do Universo, e em torno dela giravam planetas e estrelas. Não tinha medo da Inquisição ainda, pois nessa época a Igreja não dava importância ao assunto. Conforme confessou numa carta escrita à Kepler, datada de 1597, temia ser ridicularizado. E tinha razão. A imobilidade da Terra não era apenas uma teoria defendida pela tradição da escola de Aristóteles, mas sobretudo parecia perfeitamente de acordo com o senso comum. Qualquer pessoa pode observar, diariamente, que o Sol, a Lua e as estrelas se movimentam; no entanto, nada havia, na época, que pudesse mostrar o movimento da Terra, sugerido apenas teoricamente em complicados cálculos matemáticos.
O Telescópio
Por volta de 1600, surgiram os primeiros telescópios, na Holanda, e logo se espalharam perto da a Europa. Galileu construiu seu próprio telescópio sem nunca ter visto um. Bastou-lhe a descrição do instrumento que aparecera em Veneza. O grande mérito de Galileu foi apontar o seu telescópio para o céu. Descobriu, assim, tantas coisas novas que em poucos meses escreveu e publicou o Sidereus Nuncius (O Mensageiro das Estrelas), com apenas 24 páginas, mas rico em revelações. Relatou que a Lua não tem superfície lisa, mas está cheia de irregularidades, como a Terra. Percebeu que a Via Láctea não era constituída, como dizia Aristóteles, por “exalações celestiais”, mas era um aglomerado de estrelas. Viu uma quantidade muito maior de estrelas do que era possível a olho nu. E descobriu, também, quatro satélites girando em torno de Júpiter.
Galileu observou as irregularidades na superfície da lua ao apontar seu telescópio para o céu. Não havia, ainda, nenhuma prova conclusiva do acerto do sistema heliocêntrico proposto por Copérnico. Mas já ficava difícil admitir que a Terra era o centro do Universo, se havia corpos girando ao redor de Júpiter. E como acreditar no dogma de que as estrelas haviam sido criadas para deleite dos homens, se a maior parte delas era invisível a olho nu?
Verificou que a terra gira em torno do sol
Quando a professora de Ciências escreve no quadro que a Terra se move ao redor do Sol e de seu próprio eixo, ninguém mais fica assustado. Afinal, hoje, o movimento da Terra em torno do Sol, chamado translação, é bem conhecido. Também é sabido que os dias e as noites derivam do movimento de rotação – aquele em que a Terra faz ao redor de si mesma, do seu próprio eixo.
Mas você sabia que nem sempre se pensou assim? Até o início do século 17, acreditava-se que a Terra ficava imóvel no centro do Universo e que o Sol, os planetas e as estrelas giravam ao seu redor. Na época, pensava-se até que, se a Terra girasse, os animais acabariam tontos! A hipótese de que o nosso planeta estava no centro do Universo constava nas escrituras sagradas e era defendida pelos padres. Como eles eram os maiores detentores de conhecimento, quem ousaria duvidar?
O cientista que imaginou um universo diferente do que a Igreja pregava foi o astrônomo polonês Nicolau Copérnico (1473-1543). Segundo sua teoria, o Sol estava no centro do Universo e os planetas giravam ao seu redor. Na época, Copérnico não conseguiu provar que o universo se organizava dessa maneira. Mesmo assim, foi advertido pela Igreja por estar se intrometendo em assuntos religiosos. Quem primeiro verificou que o Universo era bem diferente daquele que a Igreja aceitava foi o cientista italiano Galileu Galilei(1564-1642). Isso fez com que cada vez mais cientistas mudassem sua maneira de pensar, chegando a provar, finalmente, que era a Terra que se movia.
Mas como Galileu fez isso? Bom, tudo começou quando ele conheceu um instrumento inventado na Holanda, chamado luneta. Era o ano de 1609, e Galileu decidiu aperfeiçoá-la. Em um ano, ele conseguiu melhorar a capacidade de aumento e aproximação do instrumento em 20 vezes! Nascia ali o telescópio moderno. Na época, acreditava-se que todos os corpos celestes eram esferas perfeitas e imutáveis. Mas com seu instrumento de observação, Galileu conseguiu ver as formas acidentadas da Lua. Ele viu também manchas escuras se movendo na face do Sol, e percebeu que o planeta Vênus tinha fases como a Lua. Suas observações levavam a crer que Nicolau Copérnico estava certo quando disse que a terra girava ao redor do Sol. Por isso, Galileu foi repreendido pela Igreja Católica em 1616.
Problemas com a Igreja…
Acatando as ordens da Igreja, Galileu silenciou sobre o tema por sete anos. Logo ele, que declamava suas ideias em alto e bom som em jantares e debates, teve que se calar. Mas não parou de produzir! Galileu pesquisou coisas que afrontassem menos as ideais da Igreja, como colocar os satélites de Júpiter a serviço da navegação para ajudar os marinheiros a calcular a longitude das embarcações no mar.
Mas uma pessoa fez Galileu voltar a estudar os movimentos dos planetas…
Galileu é julgado e condenado por apresentar teoria de que a Terra não é imóvel. No verão de 1623, um novo papa subiu ao trono de São Pedro, em Roma. Urbano VIII era completamente diferente dos papas anteriores: ele se interessava pela pesquisa científica! Isso encorajou Galileu Galilei a escrever um livro em que apresentava as duas teorias rivais da cosmologia: sistemas heliocêntricos (o Sol como centro do universo) e geocêntricos (a Terra como centro do universo). Assim, ele poderia falar da teoria heliocêntrica como uma hipótese não comprovada.
Galileu e os Diálogos
Em 1632, Galileu publicou os Diálogos sobre os dois maiores sistemas do mundo – Ptolomeu e Copérnico. A obra reproduz uma conversa entre três personagens: Salviati, que defende as teses de Copérnico; Sagredo, um observador neutro; e Simplicius, defensor de Aristóteles e Ptolomeu. Salviati é sempre brilhante, Sagredo logo abandona a imparcialidade e passa a apoiá-lo com entusiasmo e Simplicius é pouco mais que um idiota, ridicularizado do princípio ao fim. Os Diálogos acabaram proibidos, Galileu foi interrogado diversas vezes, e mesmo sob ameaça de tortura, não confessou que acreditava mesmo no que dizia Copérnico. Galileu não confessou, e recebeu a sentença: os Diálogos ficaram proibidos, Galileu obrigado a negar a publicamente a teoria copernicana. E ainda condenaram-no à prisão domiciliar.
Várias autoridades, inclusive o papa, leram o Diálogo sobre os dois principais sistemas do mundo: o ptolemaico e o copernicano antes de sua publicação em 1632 e sugeriram modificações. Porém, quando o livro foi divulgado… foi uma confusão! Os inimigos de Galileu, como os padres jesuítas de Roma, disseram que o livro glorificava Nicolau Copérnico e insultava a Igreja.
Resultado: a circulação do livro foi proibida e Galileu foi intimado a comparecer diante do Santo Oficio da Inquisição, o tribunal da Igreja Católica, em de outubro de 1632. Na época, Galileu não queria viajar para Roma, pois estava doente e tinha já 70 anos de idade. Em novembro e dezembro, o cientista caiu de cama. O papa ficou furioso! Ordenou que uma junta médica examinasse Galileu. Os médicos disseram que sua saúde permitia que ele viajasse. Portanto, ele deveria ir, por livre e espontânea vontade, a Roma – ou seria detido e arrastado para lá a força.
Na primavera de 1633, aconteceu o julgamento de Galileu Galilei. Seu crime? Heresia, ou seja, fazer ou dizer algo contrário às leis da Igreja. Galileu prestou depoimento a apenas dois funcionários e um secretário.
Mas seu julgamento foi retratado em diversas pinturas como se tivesse ocorrido em um auditório cheio de padres.
Sua condenação parecia inevitável. Como último recurso, Galileu tomou a decisão de dizer que errou e foi longe demais ao escrever sobre as duas teorias. No tribunal, o cientista contou que decidiu reler seu livro, pois queria saber se tinha escrito algo ofensivo. Disse que ficou surpreso ao notar que apresentou como verdadeiras duas teorias que não tinham prova alguma. Disse que seu objetivo era apenas mostrar que a teoria da Terra como centro do Universo tinha falhas. Porém, Galileu afirmou que escreveu suas ideias de tal forma que o leitor podia acreditar que a teoria heliocêntrica era incontestável. Então, o cientista disse que aceitava como verdadeira e indiscutível a estabilidade da Terra e o movimento do Sol.
Mal sabia Galileu que o papa havia dito aos cardeais que ele deveria cumprir pena de prisão e fazer penitência. Ele seria humilhado publicamente para advertir a todos que desobedecer às ordens da Igreja e contestar a Bíblia era loucura.
A condenação de Galileu
Italiano passou últimos de sua vida impedido de debater ideias científicas. O papa Urbano VIII, que ordenou que Galileu cumprisse pena de prisão e fizesse penitência. Em 22 de junho de 1633, saiu a sentença de Galileu Galilei: ele foi considerado culpado por crimes abomináveis. A pena seria cumprida nas masmorras do Santo Ofício. Galileu vestiu uma túnica branca, se ajoelhou e fez uma jura de que sempre acreditaria nos ensinamentos da Igreja, abandonaria a ideia do movimento da Terra ao redor do Sol e jamais diria tais coisas novamente. Histórias nunca confirmadas dizem que, quando se levantou, Galileu murmurou baixinho: “eppur si muove” (“e, no entanto, ela se move”).
Embora condenado à masmorra, o cientista passou os cinco primeiros meses da pena sob custódia do arcebispo da cidade italiana de Siena. Galileu sofreu muito com a condenação. Nessa época, a Igreja publicava uma lista com o nome dos livros proibidos de serem vendidos ou lidos. A obra de Galileu apareceu na lista em 1664, onde ficou por quase duzentos anos. Mas a publicação era vendida por altos preços fora da Itália, onde o poder da Igreja era menor.
O tempo passou e Galileu foi aos poucos superando o sofrimento com a condenação. Começou até a escrever um novo livro! Mas dessa vez, ele deixou de lado os motivos pelos quais as coisas se moviam e estudou como o faziam. Por exemplo, como os limões caem dos limoeiros? E como são disparadas as balas de canhões?
Corriam boatos em Roma de que a prisão de Galileu, em Siena, era parecida com férias. O Santo Ofício decidiu então que ele devia limitar seus contatos sociais e afastar-se para sempre de qualquer atividade de ensino. Assim, ele podia voltar para Arcetri, onde tinha uma casa. Lá, ele não podia receber visitas que pudessem discutir ideias científicas, nem ir a lugar algum (exceto o convento vizinho). O papa também proibiu a reimpressão dos livros anteriores de Galileu, para garantir que suas obras desaparecessem aos poucos na Itália. Após sair de Arcetri, Galileu voltou a sua casa em Florença.
Com o passar do tempo, Galileu ficou cego. Na noite de 8 de janeiro de 1642, ele morreu de uma febre acompanhada de dores nos rins. Seu desejo era ser enterrado perto do pai, na basílica principal da Igreja Franciscana de Santa Croce, onde havia várias capelas particulares com os túmulos de melhores famílias florentinas. Mas ele foi enterrado fora da Capela de Noviços da igreja, pois o papa considerou que qualquer homenagem em relação a Galileu seria uma ofensa à sua autoridade. Só em 1737, após a morte do papa, os restos mortais de Galileu foram levados para o jazigo de mármore de um monumento em sua homenagem.
Só em 1822, o Santo Ofício permitiu a publicação de livros que ensinassem o movimento da Terra, e em 1835, o Diálogo de Galileu foi excluído da lista de obras proibidas pela Igreja. A forma como o cientista foi tratado pela Igreja começou a ser revista com a ascensão do papa João Paulo II. Em 1982, ele ordenou a criação de grupos de estudos para investigar o caso do cientista. Em 1992, o papa endossou publicamente as descobertas de Galileu e afirmou que houve uma trágica incompreensão mútua entre a Igreja e o cientista.
Não se pode dizer que fora maltratado materialmente. Sua prisão era um apartamento de cinco aposentos, com janelas dando para os jardins do Vaticano, criado particular e mordomo para cuidar das refeições e do vinho. Seus últimos anos de vida, na companhia dos discípulos Torricelli e Vicenzo Viviani, foram dos mais produtivos. Em 1636 terminou Diálogos relativos à duas novas ciências, obra na qual retoma, de forma ordenada, observações sobre dinâmica que fora acumulando durante toda a vida. Em 8 de Janeiro de 1642, Galileu morreu. Foi enterrado na Capela de Santa Croce, em Florença.