Categoria: Curiosidades Bíblicas

17/02/2024

Versões da Bíblia

As palavras “versões” e “traduções” significam a mesma coisa.

I. VERSÕES DO ANTIGO TESTAMENTO

1. SEPTUAGINTA (LXX). Esta é uma tradução do original hebraico do Antigo Testamento para o grego. Foi feita em Alexandria, entre os séculos III e I a.C., por diversos tradutores.

2. LATIM ANTIGO. Esta denominação é para distinguir dos manuscritos posteriores, como os da Vulgata. Estes manuscritos já existiam ao final do II séc. d.C. Suas traduções são da LXX e chegaram até nós muito fragmentadas.

3. VULGATA LATINA. Feita ao final do séc. IV d.C., por Jerônimo. Ele fez três traduções do livro de Salmos, sendo que a segunda é que foi adotada. Sua tradução do Antigo Testamento, a princípio, deixou de lado os livros apócrifos, por não desejar que os mesmos fossem incluídos em sua versão, embora já houvesse traduzido os livros de Judite e Tobias. Ao final, estes livros foram adicionados, fazendo parte da Vulgata. Esta foi a Bíblia oficial durante toda a idade média, na Europa ocidental. Existem cerca de oito mil manuscritos da Vulgata.

4. SIRÍACO PESHITTA. Foi traduzida do hebraico, no II século d.C. e era o texto padrão dos cristãos sírios. Posteriormente houve uma revisão, pela LXX.

5. HEXAPLA SIRÍACA. Foi traduzida com base na LXX de Orígines, pelo bispo de Tela, em 617 d.C. Este manuscrito foi bastante estudado no exame da LXX, em virtude de ter preservado as notas críticas do original grego de Orígines.

6. COPTA (egípcio). São quatro as versões do Antigo Testamento nesta língua. A saídica ou tebaica foi preparada no século II d.C., no sul do Egito, com base na LXX. No século IV d.C., no norte do Egito, foi preparada a versão boárica ou menfítica. Com poucos fragmentos, conhece-se também as versões fayúmica e akhmímica.

7. VERSÕES MENORE Foram traduzidas para o gótico, etíope e o armênio, no século IV d.C.

II – VERSÕES DO NOVO TESTAMENTO

1. LATIM ANTIGO. Foi produzida no fim do século II, d.C., provavelmente na África. Existe a forma africana e européia. A européia, ou itálica, serviu como uma das bases da Vulgata de Jerônimo, quanto ao Novo Testamento. A africana foi usada por Cipriano. A versão em Latim Antigo é importante testemunho do tipo de texto anterior ao Textus Receptus.

2. DIATESSARON. Preparada em grego cerca de 160 d.C. e traduzida para o siríaco. Trata-se de uma harmonia dos evangelhos de autoria de Taciano.

3. SIRÍACO ANTIGO. Traz este nome para não ser confundida com a versão Peshitta posterior, que era a versão popular em siríaco. Essa versão existe nos manuscritos sinaítico e curetoniano.

4. PESHITTA. É uma tradução para o siríaco, do fim do século IV d.C. Seu cânon é composto por apenas 22 livros, não trazendo II Pedro, e III JoãoJudas e Apocalipse.

5. COPTA. São conhecidas cinco versões do Novo Testamento em copta ou egípcio. A versão saídica é a mais antiga e apareceu no sul do Egito no século II d.C. Do norte do Egito veio à versão boárica e tornou-se a versão dominante, pois é representada por um número maior de manuscritos. As outras versões são a fayúmica, a akhmímica e a do Egito Médio.

6. ARMÊNIA. É do final do século V d.C. e tem sua base numa fonte cujo texto tinha similaridade com os manuscritos gregos Theta, 565 e 700. Afasta-se muito dos melhores manuscritos gregos, aproximando-se do Textus Receptus. Há 1.244 cópias dessa versão.

7. GEÓRGIA. Seu manuscrito mais antigo é o Adysh, de 897 d.C. É possível que essa tradução tenha sua origem do texto armênio. Era a Bíblia da Geórgia.

8. VULGATA LATINA. Preparada por Jerônimo, ao final do século V, é uma revisão dos manuscritos mais antigos. Tornou-se o texto latino do Novo Testamento. A partir do Concílio de Trento, 1546, é considerado o texto oficial da Igreja Católica Romana. Cerca de oito mil manuscritos da Vulgata apresentam uma mistura de tipos textuais, visto suas adições, exclusões e contaminações, feitas por muitos escribas através dos séculos.

9. VERSÕES SECUNDÁRIAS. Destacamos a gótica, etíope, eslavônica, árabe e persa.

10. VERSÕES MODERNAS. Mesmo antes da Reforma protestante houve muitas traduções da Bíblia para as diversas línguas faladas. Em 1382, com John Wycliff, teve início a Bíblia inglesa, com base na Vulgata Latina; por isso inclui também os livros apócrifos. Em 1280 e 1400 surgiram porções da Bíblia em português (veja o artigo sobre a BÍBLIA EM PORTUGUÊS). Mas somente com a Reforma protestante é que a Bíblia começou a ser traduzida para o inglês, alemão, francês, italiano, espanhol, português e outras línguas européias. Para obter-se uma obra, para que não fosse volumosa, então mais cara, os tradutores procuravam produzir o texto com economia de palavras, perdendo em muito o significado das línguas originais. Isso foi corrigido em tempo e começaram a surgir traduções mais fieis ao texto original, sem preocupação com economia de palavras. Destas novas traduções destacamos a Amplified New Testament, da Zondervan Publishing House; The New Testament de Charles B. Williams e The New Testament, an Expanded Translation, de Kenneth S. Wuest. Outras traduções tornaram-se importantes: A Bíblia de Tyndale, traduzida em 1525 diretamente do hebraico e grego. A Versão do Rei Tiago (King James), baseada na Bíblia de Tyndale, sob a encomenda do Rei Tiago, surgiu em 1611 e popularizou-se entre os países de língua inglesa. The American Standard Revised Bible, lançada por ingleses e americanos em 1901, sendo uma espécie de revisão da versão do Rei Tiago.

A partir de 1804, com a British and Foreign Bible Society surgiram às modernas Sociedades Bíblicas que muito vêm contribuindo para a divulgação da Bíblia.

III – A BÍBLIA EM PORTUGUÊS

1. Traduções parciais. D. Diniz (1279-1325), rei de Portugal, traduziu da Vulgata os primeiros vinte capítulos do livro de Gênesis.

O rei D. João I (1385-1433) ordenou que houvesse uma tradução para o português. Alguns padres católicos, a partir da Vulgata, traduziram os evangelhos, Atos e as epístolas de Paulo. O próprio rei traduziu o livro de Salmos. Com esses livros publicaram a obra.

Mais tarde foram preparadas outras traduções de porções bíblicas: os evangelhos, que a infanta Dona Filipa, neta do rei D. João I, traduziu do francês; o evangelho de Mateus e porções dos outros evangelhos, da Vulgata, pelo frei Bernardo de Alcobaça; os evangelhos e as epístolas, pelo jurista Gonçalo Garcia de Santa Maria; uma harmonia dos evangelhos, por Valentim Fernandes, em 1495; em 1505, por ordem da rainha Leonora, foram publicados o livro de Atos e as epístolas gerais.

Outras traduções realizadas em Portugal foram: os quatro evangelhos, traduzidos pelo padre jesuíta Luiz Brandão; e, no início do século XIX, os evangelhos de Mateus e Marcos, pelo padre Antonio Ribeiro dos Santos.

Salienta-se que a dificuldade em se traduzir para os diversos idiomas era a oposição da Igreja Católica Romana que, ao longo dos séculos, fez implacável perseguição a estas obras, amaldiçoando quem conservasse traduções da Bíblia em “idioma vulgar”, como diziam. Por isso, também de muitas traduções escaparam somente um dois exemplares.

2. Traduções completas.

2.1 Tradução por João Ferreira de Almeida. Por conhecer o hebraico e o grego, usou os manuscritos dessas línguas para sua tradução. Quando iniciou o empreendimento era pastor protestante. Almeida utilizou-se do Textus Receptus, que representa os manuscritos do grupo bizantino, possivelmente o mais fraco entre os manuscritos gregos. Primeiramente traduziu e editou o N.T. publicado em 1681, em Amsterdã, Holanda. Essa tradução apresentava muitos erros. Almeida mesmo fez uma lista de dois mil erros. Muitos desses erros foram feitos pela comissão holandesa, que procurou harmonizar a tradução de Almeida com a versão holandesa de 1637. A dificuldade de Almeida é que não havia papiro algum e os unciais (manuscritos em letras maiúsculas) eram poucos. Esta a razão porque teve que lançar mão de fontes inferiores. Ele utilizou-se da edição de Elzevir do Textus Receptus, de 1633. As edições mais modernas muito progrediram na tradução. Com base nesta tradução foram lançadas a Revista e Atualizada, A Edição Revista e Atualizada e a Versão Revisada de acordo com os melhores textos em Hebraico e Grego, a versão que apresentamos neste programa, como a mais indicada para estudos.

2.2 Tradução de Antônio Pereira de Figueiredo. Teve como base a Vulgata Latina. Em 1896 fez sua primeira tradução em colunas paralelas da Vulgata e de sua tradução para o português. Essa tradução foi usada pela Igreja de Roma. Por ter sido utilizada a Vulgata como base, tem a desvantagem de não representar o melhor texto do N.T. que conhecemos pelos manuscritos unciais mais antigos e pelos papiros.

2.3 A Bíblia de Rahmeyer. Manuscrito do comerciante hamburguês Pedro Rahmeyer, que residiu em Lisboa, e traduziu em meados do século XVIII. Este manuscrito se encontra na Biblioteca do Senado de Hamburgo, Alemanha.

3. A Bíblia no Brasil. Traduções parciais

3.1 No Brasil, a primeira tradução, somente do Novo Testamento, foi feita por frei Joaquim de Nossa Senhora de Nazaré, traduzida da Vulgata e somente do N.T. Foi publicada em São Luiz do Maranhão. Esta obra teve forte impacto por trazer em seu prefácio acusações contra as “bíblias protestantes”, que estariam “falsificadas” e falavam “contra Jesus Cristo e contra tudo quanto há de bom”.

3.2 Primeira Edição Brasileira do Novo Testamento de Almeida. Esta edição foi revista por José Manoel Garcia, pelo pastor M.P.B. de Carvalhosa e pelo pastor Alexandre Blackford, agente da Sociedade Bíblica Americana no Brasil. Esta obra foi lançada em 1879 pela Sociedade de Literatura Religiosa e Moral do Rio de Janeiro.

3.3 Harpa de Israel, título dado à tradução do Livro dos Salmos, em 1898, por F.R. dos Santos Saraiva.

3.4 O Evangelho de Mateus, traduzida do grego em 1909 pelo padre Santana.

3.5 O Livro de Jó, publicado em 1912 por Basílio Teles.

3.6 O Novo Testamento, traduzido da Vulgata Latina por J. L. Assunção, em 1917.

3.7 O Livro de Amós, traduzido do idioma etíope por Esteves Pereira, em 1917.

3.8 O Novo Testamento e o Livro dos Salmos, baseados na Vulgata, em 1923, por J. Basílio Pereira.

3.9 Lei de Moisés (O Pentateuco) preparada em hebraico e português, pelo rabino Meir Masiah Melamed. Não há indicação de data.

3.10 Tradução do Padre Humberto Rodhen. Foi o primeiro católico a fazer uma tradução diretamente do grego. Traduziu o N.T. que foi publicado pela Cruzada de Boa Imprensa em 1930. Tal como Almeida utilizou-se de textos inferiores, por isso, sofreu severa crítica.

3.11 Nova Versão Internacional. Lançada em 1993 pela Sociedade Bíblica Internacional.

3. A Bíblia no Brasil. Traduções completas

3.1 Tradução Brasileira. Iniciada em 1902 e concluída em 1917, sob a direção do Dr. H. C. Tucker. A comissão tradutora utilizou-se de manuscritos melhores do que os de Almeida. Entretanto, nunca foi muito popular.

3.12 Tradução do Padre Matos Soares. Foi baseada na Vulgata. É de 1930, e em 1932 recebeu apoio papal. É muito popular entre os católicos.

3.13 Revisão da tradução de Almeida (Edição Revista e Atualizada). O trabalho de revisão iniciou-se em 1945, por uma Comissão formada pela Sociedade Bíblica do Brasil. A linguagem foi muito melhorada, até porque foram usados manuscritos gregos dos melhores.

3.14 Tradução pelos monges Meredsous (1959) (Bélgica). Editada pela Editora Ave Maria e traduzida do hebraico e grego para o francês e em seguida para o português por uma equipe do Centro Bíblico de São Paulo sob a supervisão do Frei João José Pedreira de Castro.

3.15 Revisão da tradução de Almeida (Imprensa Bíblica Brasileira). Foi publicada em 1967. Esta revisão segue os melhores manuscritos e, por isso, foi bem acolhida pelos estudiosos da Bíblia. É também a tradução que apresentamos nesta obra.

3.16 A Bíblia de Jerusalém editada no Brasil em 1981 por Edições Paulinas, traduzida pelos padres dominicanos da Escola Bíblica de Jerusalém, incluindo alguns exegetas protestantes. A edição brasileira foi feita sob a coordenação de Ludovico Garmus e editada pela Editora Vozes e pelo Círculo do Livro.

3.17 A Bíblia na Linguagem de Hoje (Novo Testamento). Publicada em 1988 pela United Bible Societies, através de seu ramo brasileiro e baseia-se na segunda edição do texto grego dessa sociedade. A intenção da United Bible Societies foi de publicar em vários idiomas, Novos Testamentos em conformidade com a linguagem comum e corrente.

3.18 Edição Contemporânea da Tradução de Almeida foi editada em 1990 pela Editora Vida. Essa edição eliminou arcaísmos do texto de Almeida.

MANUSCRITOS GREGOS

O Novo Testamento tem registros manuscritos de diversas formas e que serviram como testemunhos sobre seu texto.

1. Os PAPIROS.

Embora pelo século IV em quase todo o mundo já era utilizado o pergaminho, o papiro ainda era o instrumento principal de escrita dos livros bíblicos. Para essa finalidade o papiro foi usado entre os séculos I e VII. Há 76 papiros que contém quase 80% do texto do N.T.

2. Os UNCIAIS.

Os 252 manuscritos que levam este nome foram escritos em pergaminhos entre os séculos IV a IX. Foram escritos com letras maiúsculas.

2.1 CÓDICES BÍBLICOS EM MANUSCRITOS UNCIAIS

A. CODEX ALEXANDRINUS. Contém a Bíblia toda. Foi escrito em grego no século V d.C. Encontra-se no Museu Britânico. Embora muito bem conservado, apresenta algumas lacunas em Gênesis, I Reis, Salmos, Mateus, João e I Coríntios. O AT é da LXX, com algumas variações do tipo de texto. Os evangelhos seguem o texto bizantino, o restante do NT o alexandrino.

B. CODEX VATICANUS. Este manuscrito, do século IV d.C., que também abrange toda a Bíblia encontra-se na Biblioteca do Vaticano. Apresenta algumas lacunas: Os 45 capítulos iniciais de Gênesis, parte de II Reis, alguns Salmos, final da epístola aos Hebreus e o Apocalipse. O AT é da LXX. O NT é alexandrino.

C. CÓDEX EPHRAEMI SIRY RESCRIPTUS. Manuscrito da Bíblia toda, do século V d.C., e que está guardado na Bibliothèque Nationale de Paris. É chamado de “rescriptus” porque o texto original foi apagado, embora tenha ficado vestígios leves, e o material reutilizado no século XII para anotar as obras de Efraem, o sírio. Duzentos e oito páginas foram usadas para este fim e são as páginas que chegaram até nós. O texto bíblico foi restaurado por métodos modernos de recuperação. Estas páginas contém parte do livro de Jó, Provérbios, Eclesiastes, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico, Cantares e quase todo o Novo Testamento, com exceção de II Tessalonicenses e II João

D. CÓDEX D OU DE BEZAE. Este manuscrito, do século V ou VI d.C., foi escrito nas língua grega, lado esquerdo e latina, lado direito. Contém os quatro evangelhos; Atos, com algumas lacunas; e uma parte de I João.

I. CODEX WASHINGTONIANUS II. É um manuscrito do século VII d.C., que se encontra na Coleção Freer do Instituto Smithsoniano de Washington, USA. Contém partes das epístolas de Paulo, e a carta aos Hebreus depois de II Tessalonicenses.

L. CODEX REGIUS. Manuscrito do século VIII d.C. que está na Biblioteca Nacional de Paris. Neste o evangelho de Marcos termina no final de 16:9. Em seguida apresenta dois finais alternativos deste evangelho.

W. CODEX WASHINGTONIANUS I. Foi produzido no século IV ou V d.C. e também pertence à Coleção Freer do Instituto Smithsoniano de Washington, USA. Contém os quatro evangelhos, na ordem ocidental: Mateus, João, Lucas e Marcos. Foi copiado de outros manuscritos, pois apresenta diversos tipos de textos. Apresenta dois finais para o evangelho de Marcos.

ALEPH: CODEX SINAITICUS. O achado deste manuscrito envolve um drama vivido por Tischendorf, que o encontrou. Em 1844 Constantino Tischendorf trabalhava na biblioteca do mosteiro de Santa Catarina, na península do Sinai, e notou uma cesta cheia de páginas soltas de manuscritos. Ficou eufórico quando notou que acabara de encontrar um dos mais antigos manuscritos bíblicos na língua grega. Tirou 43 páginas, que atendendo seu pedido foram-lhe dadas. Outro bibliotecário alertou que duas cestas contendo o mesmo tipo de material fora consumido na fornalha do mosteiro, para aquecer os monges. Entretanto, cerca de oitenta páginas do AT ainda existiam. Não conseguiu ir mais longe em sua busca, porque ao observar seu entusiasmo, os monges suspeitaram e deixaram de cooperar. Tischendorf voltou à Europa com suas 43 páginas. Em 1854 retornou ao mosteiro, mas não foi desta vez que os monges concordaram em falar sobre o restante das páginas de sua descoberta. Mas, em 1859, voltando novamente ao mosteiro, sob o patrocínio do Czar Alexandre II, patrono da igreja grega. Assim mesmo os monges não quiseram discutir sobre seu achado. Entretanto, um dos monges, inocentemente falou de uma cópia da Septuaginta que possuía e teria prazer em mostrar-lhe. Para surpresa de Tishendorf, o manuscrito era o mesmo do qual ele encontrara as 43 páginas. Continha o NT completo e parte do AT. Debalde Tischendorf tentou convencer o monge em presenteá-lo ao Czar russo. Mas o czar ofereceu um presente ao mosteiro, de acordo com costumes orientais, e levou o manuscrito (livrando-o do risco de aquecer a fornalha dos monges). Em 1933 o Museu Britânico adquiriu o manuscrito, onde se encontram até hoje. O manuscrito contém parte dos livros de Gênesis, Números, I Crônicas, II Esdras, os livros poéticos, Ester, Tobias, Judite e os livros proféticos, com exceção de Oséias, Amós, Miquéias, Ezequiel e Daniel. Estão ali incluídos também I e IV Macabeus. O NT está completo. As epístolas de Barnabé e uma porção do Pastor de Hermas também estão no manuscrito. O Texto assemelha-se ao Vaticanus e ao Alexandrinus.

THETA: CODEX KORIDETHIANUS. Texto bizantino, do século IX d.C.

PI: CODEX PETROPOLITANUS. Manuscrito do século IX d.C.

3. OS MINÚSCULOS.

São 2.646 escritos em pergaminhos entre os séculos IX e XV, em letras minúsculas.

4. OS LECIONÁRIOS.

1997 pergaminhos levam este nome. Trazem textos selecionados para serem lidos nas igrejas. Foram escritos nas mesmas datas dos unciais e minúsculos.

5. AS OSTRACAS.

Trechos do N.T. foram escritos em pedaços de cerâmica. Temos 25 exemplares, que contém breves porções do N.T.

Estas informações foram colhidas do “Dicionário J.Davis”.

VERSÕES

Tradução da Bíblia, ou de alguns de seus livros, para línguas vernáculas, para uso das pessoas pouco versadas nas línguas originais, ou que as ignoram completamente.

As versões são imediatas ou mediatas, segundo são feitas diretamente do texto original, ou por meio de outras traduções. Existem quatro versões do Antigo Testamento, feitas imediatamente sobre o original: A versão dos Setenta, os Targuns de Onkelos e de Jônatas bem Uzziel, a Pishito Siríaca e a Vulgata Latina. A importância destas versões deriva-se de terem sido feitas antes que o texto hebreu recebesse as vogais massoréticas.

O Pentateuco Samaritano não é propriamente uma versão, é o texto hebreu escrito em Samaritano ou com os velhos caracteres hebraicos, com várias divergências do texto hebreu dos massoretas. A versão samaritana do Pentateuco é tradução do texto divergente para o dialeto samaritano. Ver Pentateuco Samaritano.

I. Antigas versões do Antigo Testamento feitas para uso dos judeus

1. A Versão dos Setenta. A mais célebre versão das Escrituras do Antigo Testamento hebreu e a mais antiga e a mais completa que se conhece, é a dos Setenta. Deriva este nome, figurado pelos algarismos romanos LXX, por haver sido feita por setenta tradutores que a ela se entregaram, no tempo de Ptolomeu Filadelfo (grego: Πτολεμαίος Φιλάδελφος) entre 285 e 247. A. C. Um sacerdote judaico de nome Aristóbulo, residente em Alexandria, no reinado de Ptolomeu Filometor, 181-146, A. C. referido em 2 Mac 1: 10, e citado por Clemente de Alexandria e por Euzébio, diz que, quando as partes originais referentes à história dos hebreus haviam sido vertidas para o grego, já os livros da Lei estavam traduzidos para esta língua sob a direção de Demétrio Falero no reinado de Ptolomeu Filadelfo. A mesma tradução, consideravelmente embelezada, se lê em uma carta escrita por Aristeas a seu irmão, tida como espúria pelos modernos doutores. A mesma história de Aristeas, repete-a Josefo com ligeiras alterações, que de certo a tinha diante dos olhos. Diz ele que Demétrios Falero, bibliotecário de Ptolomeu Filadelfo, que reinou de 283-247 A. C. desejou adicionar à sua biblioteca de 200.000 volumes um exemplar dos livros da lei dos hebreus, traduzidos para a língua grega, a fim de serem mais bem entendidos. O rei consentiu nisso e pediu a Eleazar, sumo sacerdote em Jerusalém, que lhe mandasse setenta e dois intérpretes peritos, homens de idade madura, seis de cada tribo, para fazerem a tradução. Estes setenta e dois doutores chegaram a Alexandria levando consigo a lei, escrita com letras de ouro em rolos de pergaminho. Foram gentilmente recebidos e os aboletaram em uma solitária habitação na ilha de Faros, situada no porto de Alexandria, onde transcreveram a lei e a interpretaram em setenta e dois dias, Antig. 12:2, 1-13; cont. Apiom 2:4.

Estas antigas informações acerca da origem da versão grega são muitas valiosas, se bem que não se possa depositar em seus pormenores absoluta confiança, e bem assim quanto ao escopo da obra. É admissível, não obstante, que a Versão dos Setenta teve sua origem no Egito, que o Pentateuco foi traduzido para a língua grega no tempo de Ptolomeu Filadelfo; que os demais livros foram gradualmente traduzidos e a obra terminada no ano 150 a.C. Jesus, filho de Siraque, no ano 132 a.C. (Prólogo ao Ecclus), refere-se a uma versão grega da lei dos profetas e de outros livros. É provável que a obra tenha sido revista no período dos Macabeus. A versão é obra de muitos tradutores, como se vê pela diferença de estilo e de método. Em várias partes existem notáveis desigualdades e muitas incorporações. A tradução do Pentateuco, exceto lugares poéticos, Gn cap. 49; Dt caps 22 e 23, é a melhor parte da obra, e o todo revela uma tradução fiel, se bem que não é literal. Os tradutores dos Provérbios e de Jó mostram-se peritos no estilo, mas pouco proficientes em hebraico, que em alguns lugares traduziram um pouco arbitrariamente. Fizeram a tradução dos Provérbios sobre um texto hebreu, muito diferente do atual texto massorético. O sentido geral dos Salmos é muito bem reproduzido. O Eclesiastes está servilmente traduzido. A tradução dos profetas é de caráter muito desigual; a de Amós e Ezequiel é sofrível; a de Isaías deixa muito a desejar; a de Jeremias parece ter sido feita sobre outro texto que não o massorético. De todos os livros do Antigo Testamento, o de Daniel é o mais pobremente traduzido, de modo que os antigos doutores, a começar por Ireneu e Hipólito, substituíram-no pela versão de Teodócio.

Cristo e os seus apóstolos serviam-se freqüentemente da Versão dos Setenta. Citando o Antigo Testamento, faziam-no literalmente, ou de memória, sem alteração essencial; em outros casos, cingiam-se ao texto hebreu. Existem cerca de 350 citações do Antigo Testamento, nos evangelhos, nas epístolas e nos Atos, e somente se encontram umas 50 diferenças materiais da versão grega. O eunuco que Filipe encontrou lendo as Escrituras servia-se do texto grego, At 8: 30-33.

Fizeram-se três principais revisões dos Setenta: uma no ano 236 A. D. e duas outras, antes do ano 311. A de Orígenes na Palestina, a de Luciano na Ásia Menor e em Constantinopla, e a de Hesíquios no Egito. O manuscrito dos Setenta que existe no Vaticano considera-se o mais perfeito, de acordo com o texto original; presume-se que seja a reprodução do mesmo texto de que se serviu Orígenes e que aparece na quinta coluna da sua Hexapla. A revisão de Luciano foi editada em parte por Lagarde e por Oesterley. Luciano era presbítero de Antioquia e morreu mártir em Nicomédia no ano 311, ou 312. Deu à luz o texto revisto dos Setenta, baseado na comparação do texto grego comum, com o texto hebreu, considerado bom, porém diferente do massorético. Hesíquios era bispo no Egito e sofreu o martírio no ano 310 ou 311; o seu trabalho perdeu-se. Existe, contudo, um códice, assinalado pela letra Q, depositado na biblioteca do Vaticano contendo os profetas que lhe é atribuído.

2. Outras versões gregas menores. Depois da destruição de Jerusalém no ano 70, a versão dos Setenta perdeu muito do seu valor entre os judeus, em parte em conseqüência do modo por que os cristãos a usavam para fundamentar as doutrinas de Cristo, e em parte, porque o seu estilo era falho de elegância. Por causa disto, os judeus fizeram três versões dos livros canônicos do Antigo Testamento, no segundo século:

(I) A tradução de Áqüila, natural do Ponto e prosélito do judaísmo, viveu no tempo do imperador Adriano, e tentou fazer uma versão literal das Escrituras hebraicas, com o fim de contrariar o emprego que os cristãos faziam dos Setenta para fundamentar as suas doutrinas. A tradução era tão servilmente liberal, que em muitos casos se tornava obscura aos leitores que não conheciam bem o hebreu como o grego.

(II) A revisão dos Setenta por Teodócio, judeu prosélito, natural de Éfeso, segundo Ireneu, e segundo Euzébio, um ebionita que acreditava na missão do Messias, mas não na divindade de Cristo. Viveu no ano 160, porque dele faz menção Justino Mártir. Na revisão que fez dos Setenta, serviu-se tanto da tradução elegante, porém, perifrástica feita por Símaco, samaritano ebionita. Orígenes arranjou o texto hebreu em quatro versões diferentes, em seis colunas paralelas para efeito de estudo comparativo. Na primeira coluna vinha o texto hebreu; na segunda, o texto hebreu em caracteres gregos; na terceira, a versão de Áqüila; na quarta, a de Símaco; na quinta, a dos Setenta; e na sexta, a revisão de Teodócio. Em virtude destas seis colunas tomou o nome de Hexapla. Na coluna destinada ao texto dos Setenta, marcava com um sinal palavras que não encontrava no texto hebreu. Emendava o texto grego, suprindo as palavras do texto hebraico que lhe faltavam, assinalando-as por um asterisco. Conservou a mesma grafia hebraica para os nomes próprios.

Orígenes preparou uma edição de menor formato, contendo as últimas quatro colunas, que se ficou chamando Tétrapla.

Estas duas obras foram depositadas na biblioteca fundada por Panfilo, discípulo de Orígenes em Cesaréia. S. Jerônimo as consultou no quarto século e ainda existiam no século sexto. Parece que desapareceram, quando os maometanos invadiram a cidade em 639. Alguns fragmentos da grande obra de Orígenes ainda se conservam nas citações que dela fizeram os santos padres. A coluna dos Setenta foi dada à luz por Panfilo e Euzébio, e vertida para o siríaco por Paulo, bispo de Tela em 617-18. Orígenes adotou método infeliz, comparando o texto dos Setenta com o texto hebreu do seu tempo. Uma vez que o desideratum dos sábios é restaurar o texto grego como o deixaram as mãos dos tradutores, porque esse texto iria lançar luz sobre o texto hebreu por eles usado?

Ainda mais, os sinais e asteriscos que ele usou, foram muitas vezes negligenciados pelos copistas e talvez mesmo os tivessem empregado sem a devida cautela, de modo que os acréscimos feitos à versão dos Setenta e às porções dela que não encontrou no texto hebreu, nunca mais se puderam descobrir.

3. Targuns. Quando os judeus voltaram do cativeiro de Babilônia, o idioma hebreu de seus antepassados deixou de ser a linguagem ordinária do povo. O aramaico, ou pseudo caldaico, tomou o seu lugar. Em breve foi necessário que a leitura das Escrituras feitas em público fosse oralmente explicada pelo leitor, ou por seu assistente, a fim de que o povo a pudesse compreender. O costume de explicar as palavras e frases obscuras quando se liam nas Escrituras em público, já estava em voga no tempo de Esdras, Ne 8: 8. Esta passagem tem sido citada como prova evidente de que as palavras que se liam precisavam de tradução. Isto, porém, diz mais do que a letra afirma, dependendo de uma resposta à pergunta: Teria os hebreus adotado outra língua durante o exílio? O Targum oral, isto é, a interpretação ou tradução, que se tornou necessária, foi a princípio uma simples paráfrase em aramaico. Mas eventualmente foi elaborado, e a fim de dar-lhe forma definitiva e servir de padrão autorizado para ensino do povo, e por isso reduziram-no a escrito. Estes Targuns são de grande auxílio para se determinar o texto como era lido nas sinagogas antigas e para ter-se o sentido que os judeus davam às passagens difíceis. Os Targuns principais eram os de Onkelos sobre o Pentateuco e o de Jônatas ben Uzziel sobre os profetas. Segundo o Talmude, Onkelos era amigo de Gamaliel e companheiro de Paulo nos estudos, e, portanto, viveu pelo ano 70. O seu Targum deveria antedatar o princípio do segundo século; mas geralmente se diz que pertence a data posterior, isto é, ao princípio do segundo século. É um Targum puramente literal. O de Jônatas Uzziel é, pelo contrário, perifrástico e deve ser de data posterior. Os Targuns sobre o Hagiógrafo datam do undécimo século.

II. Versões antigas de uma parte ou do todo da Bíblia, destinadas principalmente aos cristãos

1. Versões siríacas do Novo Testamento

(I) Antiga versão siríaca do Novo Testamento, representada pelos evangelhos descobertos por Mrs. Lewis no Conselho de Santa Catarina do Monte Sinai em 1892, e pelos fragmentos intimamente relacionados com eles, descobertos por Cureton na Síria, em um convento do deserto da Nitria, em 1841-1843.

(II) A Pesito, que significa simples ou vulgata. O Antigo Testamento foi tirado diretamente do hebreu, e principalmente destinado à instrução dos prosélitos hebreus do primeiro século. O Novo Testamento é uma revisão do antigo siríaco, com o fim de o pôr em maior harmonia com o texto grego e melhorar a sua dicção e estilo. A Pesito, parece, já estava em circulação no segundo século. Em virtude de sua elegância denominam-na rainha das versões.

(III) Versão Filoxênia do Novo Testamento. Deram-lhe este nome porque foi traduzida no ano 508 por Filoxeno, bispo de Hierápolis, na Ásia Menor.

(IV) Versão do Novo Testamento, siríaca da Palestina ou de Jerusalém; ainda pouco conhecida, mas que promete ser de grande valor crítico.

2. Versões latinas.

(I) A antiga versão latina ou africana do norte. Pelo fim do segundo século entrou em circulação ao norte da África uma versão latina das Santas Escrituras. Faziam uso dela Tertuliano que morreu no ano 220, Cipriano e o grande Agostinho. O Antigo Testamento não foi vertido diretamente do hebreu, e sim baseado no texto grego.

(II) A versão Ítala ou Italiana. Diz Santo Agostinho que existia uma tradução do Novo Testamento que alguém havia feito com grande conhecimento da língua grega. A versão africana tinha uma linguagem provinciana que desagradava ao ouvido dos romanos que falavam o latim de Roma. No quarto século, pois, fez-se uma revisão do texto africano na Itália, e por este motivo se ficou chamando Ítala.

(III) A Vulgata. À publicação da versão italiana, seguiram-se várias revisões do que resultou grande confusão de textos, até que, afinal, no ano 383, um padre cristão de nome Jerônimo ou Hieronymo, 329, ou de 381 a 420, o mais sábio de seu tempo, e homem dotado de grande piedade e valor moral, a pedido de Damasco, bispo de Roma, empreendeu uma revisão do Novo Testamento latino. Comparou os evangelhos com o original grego, removeu as interpolações e corrigiu muitos erros graves. Reviu também duas versões latinas dos Salmos, comparando-as com os Setenta. Estas revisões têm o nome de versões romanas e galicanas dos Salmos, porque foram introduzidas em Roma e na Gália respectivamente. Jerônimo então se dispôs a fazer uma revisão da Bíblia inteira. Em 387, instalou-se em um mosteiro de Belém, onde começou e terminou a sua obra, baseando-se no texto da Hexapla de Orígenes. Porém, ultimamente fez uma versão diretamente do hebraico, referindo-se constantemente às versões gregas, com especial preferência à de Símacus. Quando moço, dedicou-se ao estudo do hebreu. Depois de transferir-se para Belém, aperfeiçoou-se neste estudo com o auxílio de mestres judaicos. Os quatro livros dos Reis, prefaciados pelo famoso Prologus galleatus, dando uma notícia do cânon hebreu, saíram à luz no ano 392; a obra inteira completou-se no ano 405. Os homens de seu tempo não lhe deram o valor merecido, nem reconheceram o grande serviço que lhes havia prestado o eminente padre, cujo temperamento não era dos mais tolerantes; retribuiu com o maior desprezo as agressões da ignorância. Com o decorrer do tempo, a sua obra, que não era feita para uma geração, e sim para os séculos futuros, tem merecido a consagração devida. A Vulgata passou a ser a Bíblia da igreja do ocidente na Idade Média, e, não obstante as traduções em vernáculos, ainda é a Bíblia da Igreja Católica Romana. Por ordem do imperador Carlos Magno, no ano 802, Alcuíno passou-a em revista. A Vulgata Latina foi a primeira obra impressa logo depois da invenção da tipografia, saindo à luz no ano de 1455. No ano de 1546, a oito de abril, resolveu o Concílio de Trento que se fizesse nova revisão do texto. Os encarregados desta revisão, demoraram-se em fazê-la, até que finalmente, um pontífice de vontade férrea, o papa Xisto V, meteu mãos à obra, tomando parte pessoal no seu acabamento. A nova revisão saiu publicada em 1590. Outra edição veio à luz sob os auspícios do papa Clemente VIII em 1592; muito melhorada, sem contudo prejudicar a edição Sixtina. Ambas continuam em uso. O texto Clementino, do Antigo Testamento, juntamente com algumas variantes do códice Amiantinus, foi editado por Heyse e Tischendorf. Muitos termos técnicos usados na teologia, saíram da Vulgata, como, por exemplo, as palavras sacramento, justificação e santificação, provenientes do latim sacramentum, justificatio e sanctificatio.

3. Versões Cópticas do Novo Testamento. Aparecem principalmente em dois dialetos: o menfítico e o tebaico. Supõe-se que a versão menfítica data do fim do segundo século. É muito fiel e conserva o melhor texto corrente entre os padres de Alexandria, isenta das corrupções prevalecentes no segundo século. A versão tebaica é mais tardia e menos fiel ao original.

4. Versão Etíope da Bíblia, feita em alguma época, entre o século quarto e o sexto; é o mais antigo monumento da literatura etíope, bem como a pedra angular de seus fundamentos. Os que a traduziram não eram muito familiarizados com o grego, nem possuíam erudição; não obstante, é tradução fiel. O Antigo Testamento foi vertido dos Setenta, e, portanto, vem auxiliar a verificação do texto grego.

5. A Versão Gótica, feita na última metade do quarto século pelo bispo Ulfilas, compreendendo toda a Bíblia, excetuando os quatro livros dos Reis, que o bispo omitiu, por julgar que a narração das guerras e do combate à idolatria seria de mau efeito nas mãos dos godos. Desta versão, existe a maior parte do Novo Testamento e algumas porções do Antigo Testamento. A tradução é muito fiel e esmerada.

6. Versões Árabes. As que existem são antigas, e não merecem importância, sob o ponto de vista crítico.

III. Versões Inglesas

1. Antigas Versões. Nos tempos dos anglo-saxônios fizeram-se traduções em vernáculo de algumas partes das Escrituras, como os Salmos, os dez mandamentos e partes do Novo Testamento. Em consequência das alterações de linguagem, por causa da conquista normanda, alguns livros da Bíblia, especialmente os evangelhos, foram vertidos para o idioma nacional. Não houve nenhuma tentativa de uma versão integral.

2. A Bíblia de Wycliffe e de Purvey. A primeira aparece entre 1382 e 83; e a segunda em 1388. A primeira saiu em linguagem robusta e tersa, mas de pouco polimento; é atribuída a Wycliffe. A segunda em estilo mais primoroso saiu das mãos de Purvey, porque Wycliffe, nascido e 1324, havia falecido a 31 de dezembro de 1384. A versão mais conhecida é a de Purvey. Ambas as versões foram tiradas da Vulgata Latina. A Versão de Wycliffe foi a primeira que se fez para o inglês moderno e serviu-lhe de modelo; também exerceu grande influência na vida nacional. A princípio circulava em manuscritos; e só foi impressa em 1848.

3. Pelo ano 1526, chegou à Inglaterra uma tradução do Novo Testamento, segundo o original grego, obra do reformador William Tyndale, que havia fugido da sua pátria para escapar às perseguições. Foi publicada em Worms. Esta versão obedecia à versão grega feita por Erasmo e publicada em 1519, e sob consulta da edição de 1522. Tyndale fez tradução diretamente do grego, auxiliando-se ao mesmo tempo, do Novo Testamento de Lutero e da Vulgata. A sua obra sofreu grande oposição dos altos dignitários da igreja dominante, mas o povo a recebeu alegremente. O livro estava cheio de pestilentes erros e foi queimado na praça pública. Em 1530 e 1534, publicou uma tradução do Pentateuco, e em 1531, uma do livro de Jonas, ambas feitas diretamente do hebreu com o auxílio da Bíblia de Lutero e da Vulgata. Em 1534 publicou em Antuérpia mais uma edição do Novo Testamento. É fora de dúvida que ele traduziu outros livros do Antigo Testamento, além dos já mencionados, provavelmente até ao fim dos livros das Crônicas e alguns livros proféticos, porém não chegou a publicá-los em vida. Foi preso a 23 ou 24 de maio de 1535, em Antuérpia, onde se havia estabelecido, e a 6 de outubro de 1536 foi, primeiramente, estrangulado e depois queimado como herético. Mas a sua obra permaneceu. Fixou os moldes da tradução da Bíblia; a sua dicção e o seu estilo vivem na versão inglesa, à qual emprestam beleza literária e rigidez de feição.

4. A Bíblia de Coverdale. Esta obra foi publicada em 1535, sem indicar o nome do impressor, nem o lugar de sua procedência. Provavelmente foi em Zurique, que reclama essa honra, mas é bem possível que fossem Frankfurt ou em Colônia. É a primeira Bíblia completa que se publicou em inglês. O Novo Testamento e a maior parte do Antigo, são visivelmente da versão de Tyndale. Somente a parte compreendida desde Jó a Malaquias foi traduzida independentemente por Miles Coverdale, servindo-se, não do original hebraico, e sim de uma Bíblia alemã impressa em Zurique entre 1527 e 1529. A versão dos Salmos, virtualmente imutável, ainda figura no livro do ritual da Igreja de Inglaterra.

5. A Bíblia de Matheus. O nome de Tomás Mateus é pseudônimo adotado por John Rogers, sucessor de Tyndale, como capelão servindo aos negociantes ingleses que moravam em Antuérpia e que foi o primeiro mártir das perseguições de Maria Tudor. Em 1537 imprimiu uma edição da Bíblia, cremos que na mesma cidade de Antuérpia. Continha o texto de Tyndale. Os livros não contidos na versão de Tyndale, ele os tirou da de Covarde. Era acompanhada de audaciosas anotações; contudo foi a primeira Bíblia licenciada pelas autoridades públicas.

6. A Bíblia de Taverner, publicada no ano de 1539, destinada a contrapor-se à influência da Bíblia de Mathews e principalmente às suas atrevidas anotações.

7. A Grande Bíblia, também chamada a Bíblia de Cranmer. O primeiro nome justificava-se pelo seu tamanho: cada página media 13 ¼ por 7 ½ polegadas, e o segundo nome vinha-lhe de ter sido Cranmer quem escreveu a introdução. Esta Bíblia foi empreendida por sugestão de Cromwell, e representa a revisão do texto da Bíblia de Mathews. Veio à luz em 1539-41. Teve caloroso acolhimento. Esgotaram-se logo sete edições.

8. A Bíblia de Genebra. Resultou dos esforços de três exilados refugiados em Genebra, durante as perseguições de Maria a Sangüinária. Foram eles Whittingham, Gilby e Sampson, que a traduziram cotejando a Grande Bíblia. O Novo Testamento apareceu em 1557 e a Bíblia inteira em 1560. Estas duas edições foram as primeiras que apareceram divididas em versículos. Os tradutores serviram-se da colaboração dos mais ilustres teólogos daquele tempo. Era um volume manual de tamanho do in quarto pequeno. O povo a recebeu com grande entusiasmo, especialmente as pessoas que tendiam para os Puritanos. Durante setenta e cinco anos esteve em uso na Inglaterra. Era acompanhada de notas, que lhe serviam de bom comentário juntamente com algumas exposições práticas e doutrinais. Foi a primeira Bíblia impressa na Escócia.

9. A Bíblia dos Bispos. A popularidade da Bíblia de Genebra não agradou aos bispos, que em 1568 publicaram a sua Bíblia, vasada nos moldes da de Genebra, e dividida em capítulos e versículos. Em 1571, o Sínodo aprovou-a e mandou que fosse posta em todas as igrejas.

10. A Bíblia de Reims e de Douay. Esta é a versão autorizada pela Igreja Católica Romana para o povo inglês. Foi traduzida da Vulgata. O Novo Testamento saiu à luz em Reims no ano de 1582, e o Antigo Testamento, em Douay em 1609-10. Contém comentários de elevada controvérsia. O estilo tinha o sabor latino, pondo em curso muitas palavras deste idioma, entre as quais se contam: impenitente, propiciação, remissão, etc.

11. Versão Autorizada. O Dr. Reynolds, presidente do Colégio Corpus Christi de Oxford, propôs na Conferência de Hampton, a 16 e 18 de janeiro de 1604, durante a discussão entre anglicanos e puritanos, que se fizesse uma versão autorizada da Bíblia. O rei Tiago I, muito conhecido pelo interesse que mostrava por assuntos teológicos, acolheu entre outras coisas “que se fizesse uma tradução da Bíblia, diretamente do hebraico e do grego, para ser impressa e publicada sem notas marginais, destinada a ser lida em todas as igrejas da Inglaterra por ocasião do culto divino”.O rei nomeou cinqüenta e quatro tradutores, mas somente quarenta e sete tomaram parte neste serviço. Esta comissão dividia-se em seis grupos: dois funcionavam em Westminster, dois em Oxford, e dois em Cambridge. Concluíram o trabalho em 1611, acompanhado de uma dedicatória ao rei Tiago. Não foi realmente nova tradução, merece antes o nome de revisão. É endereçada a todos os cristãos que falam a língua inglesa, e está atualmente em uso.

12. A Versão Revista. A Versão da antiga Bíblia já tinha um curso de mais de dois séculos e meio. A descoberta de novos manuscritos e o estudo cuidadoso dos textos revelaram a existência de erros em o Novo Testamento grego que serviu para a versão inglesa. Tendo-se obtido um texto mais perfeito, além de ter havido grandes progressos no estudo do grego e do hebraico, durante o mesmo período, em fevereiro de 1870, em reunião havia em Canterbury, resolveu-se rever a antiga versão. Formaram-se duas comissões, uma para o Novo Testamento e outra para o Antigo. A do Antigo Testamento compunha-se de vinte e sete membros, e a do Novo Testamento, também de vinte e sete membros. A maior parte do tempo funcionou só com vinte e quatro. Dois terços pertenciam à igreja de Inglaterra. Havia mais duas comissões na América cooperando neste trabalho, compostas, uma de catorze membros para o Antigo Testamento e outra de treze para o Novo, representando diferentes igrejas protestantes. A revisão começou a 2 de junho de 1870. Na revisão do Novo Testamento gastaram-se dez anos e meio, e saiu à luz em maio de 1881. A revisão do Antigo Testamento começou a 30 de junho de 1870 e terminou catorze anos depois, a 20 de junho de 1884. A Versão Revista Americana e a Versão Revista de 1881 foram novamente editadas no Novo Testamento em 1900 e o Antigo em 1901.

A edição americana incorporou no texto as variantes e traduções preferidas pelas duas comissões, adiciona referências às passagens ilustrativas paralelas, fornece indicações para os tópicos de cada página, muda o número dos vv. da margem para o texto, substitui o nome de Jeová pelo de Senhor e Deus, onde ele existe no original, aumenta o número de mudanças por amor aos eufemismos. A Versão Revista é inferior à Versão Autorizada na felicidade da expressão, e as sentenças são menos perfeitas no seu ritmo e na sua cadência. Como trabalho científico, é muito superior à Antiga Versão, especialmente nas partes poéticas e proféticas do Antigo Testamento, e nas epístolas do Antigo Testamento, e nas epístolas do Novo em que o sentido se tornou mais claro. A ortografia dos nomes próprios foi grandemente melhorada.

IV. Versões em português.

Entre os antigos monumentos da língua portuguesa, encontram-se alguns fragmentos da História Sagrada. Foi, porém, a rainha D. Leonor, mulher de D. João II, quem fez imprimir em 1495, a expensas suas, a versão portuguesa da “Vida de Cristo”, obra escrita em latim por Ludolto ou Lentolfo da Saxônia, na qual completa o evangelho de S. Matheus, com interpolações das passagens dos de S. Marcos, S. Lucas e S. João que não correspondem às daquele. Em 1505 a rainha D. Leonor mandou ainda imprimir os Atos e as epístolas de Tiago, Pedro, João e Judas, traduzidas anteriormente por frei Bernardo Brivega.

Limitando-nos a mencionar as traduções dos evangelhos e epístolas em um antigo missal, por Gonçalo Garcia, a de frei Francisco de Jesus Maria Sarmento, paráfrase em quarenta e quatro volumes publicados em 1777, a de A. L. Blackord, que em 1879, publicou no Rito de janeiro o Novo Testamento completo, vertido do grego, e ainda outras, tratamos aqui das principais versões em uso:

1. Almeida. João Ferreira de Almeida, nascido em 1628, em Torre de Tavares, Portugal, emigrou para a Holanda, donde foi para Java em 1641. Ali uniu-se à igreja reformada portuguesa. Em 1642, traduziu do espanhol para o português um resumo dos evangelhos e das epístolas. Iniciou a tradução da Bíblia pelo Novo Testamento, logo depois de sua ordenação a 16 de outubro de 1656. O Novo Testamento, vertido do grego, foi concluído em 1670, sendo impresso em Amsterdão em 1681. Almeida faleceu a 6 de agosto de 1691, deixando o Antigo Testamento vertido do hebraico até os últimos versículos da profecia de Ezequiel. Alguns missionários do Tranquebar, a expensas de Teodoro Van Cloon, governador geral da Índia holandesa, cotejaram a tradução de Almeida pelo hebraico, e completaram a obra. O mais ilustre dos continuadores desse trabalho foi Nicolau Dal. Teodósio Walther que traduziu o livro de Daniel.

Em 1819, a Sociedade Bíblia Britânica começou a publicar o texto de Almeida em um volume completo. O texto de Almeida ressente-se, desde a edição de 1681, das imperfeições de revisão. Em 1894 e em 1925 fizeram-se revisões gerais no todo ou em parte que lhe mudaram bastante a forma ortográfica. Essas manipulações sucessivas de certa forma desfiguraram o texto primitivo, do qual disse Teófilo Braga:

“É esta tradução o maior e mais importante documento para se estudar o estado da língua portuguesa no século XVII; o padre João Ferreira de Almeida, pregador do Evangelho em Batávia, pela sua longa residência no estrangeiro escapou incólume à retórica dos seiscentistas; a sua origem popular e a sua comunicação com o povo levaram-no a empregar formas vulgatas que nenhum escritor cultista do seu tempo ousaria escrever. Muitas vezes o esquecimento das palavras usuais portuguesas leva-o a recordar termos equivalentes, e é esta uma das causas da riqueza do seu vocabulário. Além disto, a tradução completa da Bíblia presta-se a um severo estudo comparativo com as traduções do século XIV, e com a tradução do padre Figueiredo, do século XVIII. É um magnífico monumento literário”.

2. Figueiredo. O padre Antônio Pereira de Figueiredo, 1725-1797, da congregação do Oratório, deputado da real Mesa Censória, sócio da Academia Real das Ciências, um dos maiores latinistas de seu tempo, escritor elegante e primoroso, traduziu a Bíblia da Vulgata, saindo à luz o Novo Testamento em 1778, em seis volumes. O Antigo Testamento veio seguidamente em 17 volumes entre 1783 e 1790. A edição de 1819, em sete volumes, é considerada o padrão, havendo sido retocada na tradução e notas. É o texto autorizado pela Igreja Romana.

Em 1821, a Sociedade Bíblica Britânica publicou o texto de Figueiredo em um só volume. Na edição de 1828 suprimiram-se os livros apócrifos, e um exemplar enviado em 1842 pela alfândega de Angra do Heroísmo, Açores, ao governo português, foi examinado pelo arcebispo D. Francisco de S. Luís, posteriormente cardeal Saraiva, que deu parecer favorável ao livro.

3. Tradução Brasileira. Em 1902 a Sociedade Bíblica Americana e a Sociedade Bíblica Britânica nomearam uma comissão composta dos Revs. William Cabell Brown, depois bispo de Minnesota, J. R. Smith, J. M. Kyle, A. B. Trajano, E. C. Pereira e Hipólito de Oliveira Campos, para do hebraico e grego tirarem uma versão que acompanhasse mais de perto o original, servindo-se dos textos resultantes do cotejo dos manuscritos estudados pela crítica científica.

Saiu a lume o Novo Testamento completo em 1910 e a Bíblia toda em 1917.

Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.

João 5:24
17/02/2024

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Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. Todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação.

Habacuque 3: 17-18
09/03/2021

Você Sabia?

A ideia organizacional é bíblica e foi implantada por Moisés no deserto sob a orientação de um sacerdote (Êxodo 18:13-26).

A primeira citação da redondeza da terra, confirmava a ideia de Galileu de um planeta esférico, bastava os descobridores conhecerem a Bíblia (Isaias 40:22).

A mensagem através de “outdoor” é uma citação bíblica detalhada (Habacuque 2:2).

Salomão não era o único sábio, haviam mais 4 sábios (I Reis 4:29-31).

O trânsito pesado e veloz, os cruzamentos, aparecem descritos exatamente como hoje (Naum 2:4).

A questão salarial e a responsabilidade trabalhista, são uma preocupação divina a tempos (Tiago 5:4).

O “dia da noiva” mais longo durou um ano, e contou com uma preparação tão especial que até hoje é desconhecida (Éster 2:12).

O primeiro maratonista, correu contra um carro veloz “pilotado” por um rei e ganhou (I Reis 18:45-46).

“Quem da aos pobres, empresta a Deus”, e Ele lhe pagará (Provérbios 19:17).

Deus foi comparado a uma águia e a uma galinha (Deuteronômio 32:11; Mateus 23:37).

Além de tudo por que passou, Jó tinha um surpreendente conhecimento de astronomia, para a sua época (Jó 9:9; 38:31-33).

O nome cristão só aparece três vezes na Bíblia (Atos 11:26; 26:28; I Pedro 4:16).

O maior reino descrito a Bíblia, tinha 127 províncias e se estendia da Índia até a Etiópia, e era comandado pelo rei Assuero (Éster 1:1).

Noé passou na arca com sua família e com os animais 382 dias (Gênesis 7:9-11; 8:13-19).

Davi além de poeta, músico e cantor foi inventor de diversos instrumentos musicais (Amós 6:5).

O tio e a tia de Jesus se tornaram “crentes” na sua pregação antes de sua crucificação (Lucas 24:13-18; João 19:25).

As melhores e maiores pregações de Jesus foram feitas por ele assentado (Mateus 5:1-2; Lucas 4:20-21; 5:3).

O Dilúvio não foi apenas uma grande chuva, foi a primeira chuva que veio sobre a face da terra (Gênesis 2:6; 7:4).

A arca de Noé media 134m de comprimento, 23m de largura e 14m de altura, sua área total nos três pisos era de 9.250m2.

e um volume total de 43.150m3 aproximadamente; o que a torna próxima das embarcações atuais (Gênesis 6:15-16).

A frase “Não temais” aparece na Bíblia 366 vezes. Uma para cada dia do ano e uma sobra para o ano bissexto.

A terra só passou a produzir espinhos depois da desobediência de Adão (Gênesis 3:17-18).

As tábuas da lei feitas por Deus foram quebradas por Moisés e depois feitas por Moisés e reescritas por Deus (Êxodo 34:11).

Moisés fez o povo beber ouro, do bezerro da desobediência (Êxodo 32:19-20).

O movimento ecológico, começou por um alerta de Deus (Êxodo 23:28-29).

O lanche de um garotinho se transformou na refeição de uma grande multidão, com uma grande sobra (João 6:9-13)..

Um curioso e desavisado foi forçado a carregar a cruz em que Cristo foi crucificado (Mateus 27:23; Marcos 15:21; Lucas 23:26).

Você Sabia

Um dos menores versículos bíblicos é o que mais revela a “humanidade” de Jesus (João 11:35).

O maior profeta nunca realizou um milagre, mas foi o pregador mais convincente (João 10:41-42).

O nascimento de uma menina tinha o dobro do “resguardo” do que um menino (Levíticos 12:2-5).

700 homens canhotos atiravam pedras com uma funda e acertavam num fio de cabelo sem errar (Juizes 20:16).

A gozação feita por 42 rapazes, chamando um profeta de Deus de careca (calvo) teve um triste fim (II Reis 2:23).

O nome mais comprido e estranho de toda a Bíblia é: Maersalalhasbaz (Isaias 8:3-4).

Os únicos livros da Bíblia onde o tetragrama YHWH não aparece são os de Ester e Cantares.

Que o maior versículo da Bíblia é Ester 8:9.

Que o maior capítulo da Bíblia é o Salmo 119.

Que o menor versículo da Bíblia é Êxodo 20:13 na ARC; em Lucas 20:30 na TRBR; em Jó 3:2 na ARA. Como se vê, depende da Versão.

O segundo menor versículo da Bíblia é João 11:35.

Que o menor capítulo da Bíblia é o Salmos 117.

Quem cortou o cabelo de Sansão não foi Dalila, mas sim um homem (Juizes 16:19).

Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas, que não sabes.

Jeremias 33:3
09/03/2021

Mar Morto – Dead Sea

Reading Newspaper in the Dead Sea – Lendo Jornal no Mar Morto

Reading Newspaper in the Dead Sea - Lendo Jornal no Mar Morto

Veja na foto, um fato, no mínimo curioso… Uma pessoa lê tranquilamente seu jornal como se estivesse num sofá.

Localização e Manuscritos

Localização

Western Asia - Ásia Ocidental

Em árabe “Bahr Lut“. Mar fechado na Ásia ocidental, cujas margens são ocupadas pela Jordânia, exceto o setor sudoeste (SO), que margeia Israel e o setor sudoeste (NO) que banha parte da Cisjordânia; Ele possui 1.015km2; não ultrapassado um máximo de 80 quilômetros de comprimento e 17km de largura (em média), chegando a uma largura de máxima de 18 km.

Está situado na depressão de Ghor (O Vale do Jordão (em árabe: الغور Al-Ghor ou Al-Ghawr) é uma longa depressão que se estende por Israel, Jordânia, Cisjordânia e chega ao sopé dos Montes Golan)

a 390m abaixo do nível do mar Morto é alimentado pelo rio Jordão, cujo débito não compensa a forte evaporação estival, o que resulta numa salinidade excepcionalmente elevada (c. 300), que impossibilita a vida em suas águas. Explorações de potássio, magnésio e bromo em suas margens.

Nos últimos 50 anos, o Mar Morto perdeu um terço da sua superfície, em grande parte por causa da exploração excessiva de seu afluente, única fonte de água doce da região, para além da natural evaporação das suas águas. Contudo, os especialistas são de opinião que, dentro de alguns anos, esta perda tenderá a estabilizar paralelamente à estudos que levem à sua conservação e preservação, portanto, o desaparecimento do Mar Morto não aconteceria, segundo estes, nem hoje nem no futuro.

Manuscritos do Mar Morto

Antigos manuscritos escritos em aramaico ou em hebraico, descobertos entre 1946 1956 em grutas, perto que Qumrãn, na margem noroeste do mar Morto.

Estes documentos (600 manuscritos ou fragmentos de manuscritos) compreendem textos bíblicos e apócrifos judaicos, além de escritos da seita religiosa que vivia em Qumrãn, reconhecida pela maioria dos historiadores como sendo dos essênios. Datados de um período que se estende do séc. II a.C. ao séc. I de nossa era, esses textos revelaram-se muito importantes para a história do judaísmo e das origens do cristianismo.


Jordânia lança plano ambicioso para resgatar o Mar Morto

Transpor água de um mar que não tem problemas para outro que está secando parece ser uma medida sensata. E dá a impressão de que os desafios não iriam muito além dos custos altos e dos investimentos em tecnologia.

No entanto, quando há vários países envolvidos, a questão torna-se muito mais difícil. Especialmente se essa operação ocorre no Oriente Médio.

Ainda assim, o primeiro-ministro da Jordânia, Abdullah Nsur, anunciou esta semana o lançamento da primeira fase de um plano para transportar a água do Mar Vermelho para o Mar Morto.

O custo do projeto é estimado em US$ 1 bilhão e levará à Jordânia 100 milhões de metros cúbicos de água dessalinizada por ano.

Para um país como a Jordânia, onde 92% do território é deserto e a falta de água é um problema sério, essa pode ser a solução que muitos esperam há anos.

Além disso, o nível do Mar Morto encolhe mais de um metro por ano e, se continuar nesse ritmo, há quem diga que ele pode secar em 2050.

Seca do Mar Morto

No entanto, Scott Wells, professor de Engenharia Ambiental da Portland State University, explica que não há risco de que o Mar Morto seque totalmente.

“Ele nunca vai secar, mas vai, sim, ser reduzido gradualmente até que não haja mais evaporação. Ele então vai se tornar uma espécie de massa salgada semilíquida”, explica.

O Mar Morto é muito profundo, então mesmo que o nível da água diminua, ainda restam 300 metros de profundidade.

“Vai ser um Mar Morto que não estamos acostumados. Não será um lugar onde as pessoas queiram ir passear”, disse Wells.

Um canal para o Mar Morto

Salinas in the Dead Sea - Salinas no Mar Morto

Para se entender melhor a questão, é preciso observar a situação do Rio Jordão, que é compartilhado por Israel, Jordânia, Líbano, Síria e os territórios palestinos. Suas águas são quase totalmente usadas na indústria e na agricultura desde os anos 60, quando esses países passaram a desviar seu fluxo.

Assim, o Mar Morto vem sendo privado do rio que era uma de suas principais fontes de abastecimento de água.

“Água no Oriente Médio sempre foi um problema difícil. O desaparecimento do Mar Morto é um sintoma que mostra como esses países são altamente dependentes de água da bacia do Jordão”, explicou à Peter Gleick, presidente o Pacific Institute, em Oakland, Califórnia (EUA).

Durante décadas, os especialistas tentam reverter essa situação. Houve esboços de projetos, mas geralmente por razões econômicas, nenhum se concretizou.

O mais ambicioso, o “Canal dos Dois Mares” ou “Canal do Mar Vermelho para o Mar Morto”, tem um custo de cerca de US$ 10 bilhões, de acordo com um estudo recente do Banco Mundial.

Também se considerou a possibilidade de transferir a água do Mediterrâneo ou dessalinizar água para fazer com que ela chegue às áreas que mais precisam.

Visões conflitantes

Dead Sea - Mar Morto

Apesar dos desafios, desta vez, o governo jordaniano parece estar bastante otimista.

“O alto custo do projeto inicial do canal entre os dois mares levou o governo a propor ideias como as que propusemos agora, que qualificamos como “primeira fase”, disse o ministro jordaniano da Água, Hazem Nasser.

Embora valorize a iniciativa, Peter Gleick segue descrente. “Ainda não há um acordo entre todas as partes, o Mar Morto é compartilhada por Israel, Jordânia e os palestinos. Então, é preciso haver um acordo amplo”, diz.

“Além disso, a maior parte da demanda de água da Jordânia é em Amã e em outras cidades que estão muito longe do Mar Morto, por isso seria preciso bombear a água, elevando ainda mais o custo.”

Os ambientalistas, por sua vez, destacam o impacto que uma iniciativa deste tipo pode ter sobre a situação dos mares.

A organização Amigos da Terra listou uma série de prejuízos, como danos ao sistema natural do Mar Morto, pela mistura de sua água com a água do Mar Vermelho, que tem uma composição química diferente.

Segundo o grupo, também há risco de se prejudicar os arrecifes de coral do golfo de Aqabe, ao se bombear a água.

Para Wells, o principal risco é a quantidade de salmoura que chegará ao Mar Morto, como consequência da dessalinização da água.

Gleick afirma ainda que já há espécies ameaçadas no Mar Vermelho e que não se sabe o quanto o projeto pode agravar a situação.

E junto do rio, à sua margem, de uma e de outra banda, nascerá toda sorte de árvore que dá fruto para se comer. Não murchará a sua folha, nem faltará o seu fruto. Nos seus meses produzirá novos frutos, porque as suas águas saem do santuário. O seu fruto servirá de alimento e a sua folha de remédio.

Ezequiel 47:12
09/03/2021

Gospel, o que Significa?

“Gospel” é uma palavra de origem americana.
Vamos tomar as contrações das palavras inglesas “God” que significa Deus e “spell” que significa apelar, soletrar. Derivada dos “Spirituals” (Espirituais), o cântico religioso dos escravos negros americanos.

O significado destas duas contrações God + spell = Gospel significa “evangelho” “boa nova”.
E ao antepormos a palavra Música, temos Música Góspel que significa “música evangélica”.

Além do Gospel original há vários tipos de música gospel, que para não serem confundidos com a primeira, são chamados de “Christian Music” (música cristã) nos Estados Unidos.

Depois de ficar muito tempo restrito aos negros, hoje a música gospel é um estilo musical conhecido no mundo todo, e tem sua própria parada na revista “Billboard” (EUA), uma das mais conceituadas do Musical World, e promove um prêmio para os artistas do gênero, o Dove Awards. Devido ao grande destaque a propagação da música Gospel, ela foi também incluída no Grammy (maior premiação da música mundial).

A Música Gospel ganhou força também com o apoio das Redes de TV com programas voltados ao púbico evangélico, como Record, Band, Rede TV, Etc.

Podemos estar certos de que a grande quantidade de música Gospel de excelente qualidade e que realmente falam de Deus e de seu Amado Filho Jesus Cristo e com mensagens muito glorificantes embutidas e verdadeiras pregações do Evangelho, as quais têm alcançado muitas vidas, e de forma espontânea.
Muitos cantores de Musica Gospel como também dos Hinos Cristãos são realmente usados pelo Senhor para trazer sua verdadeira mensagem, aquela que propicia salvação de almas.

e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é necessário fazer para me salvar? Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.

Atos dos Apóstolos 16:30-31
09/03/2021

Artigos da História

Túmulo Escavado na Rocha

túmulo escavado na rocha e fechado com uma grande pedra redonda

Este túmulo foi totalmente escavado na rocha e fechado com uma grande pedra redonda, evitando assim que animais necrófagos entrasse nele.

O corpo de Jesus foi envolvido em linho e colocado em um túmulo semelhante a este.

Sepultamento de Jesus é um dos episódios da Paixão de Jesus Cristo no qual seu corpo, depois da deposição da cruz, é colocado no túmulo. De acordo com os relatos dos evangelhos canônicos, Jesus foi sepultado por um fariseu chamado José de Arimateia.

Moedas de Prata

Moedas de prata idênticas às moedas recebidas por Judas Escariotes quando traiu Jesus

Judas traiu Jesus pelo dinheiro? É difícil voltar no tempo para descobrir as intenções exatas de Judas Iscariotes, mas podemos pelo menos examinar o preço que Judas cobrou por sua traição e ver se o dinheiro foi tentador o suficiente para fazê-lo entregar o Filho de Deus.

Moedas de Prata

Vamos primeiro olhar uma passagem do Evangelho de Mateus.

Moedas de Prata

Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em todo o mundo este evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua. Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes, e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata. (Mateus 26:13-15)

O Evangelho de Mateus afirma que a subsequente compra do campo de Aceldama foi a realização, por Jesus, de uma profecia de Zacarias. A imagem das trinta moedas de prata tem sido usada frequentemente em obras de arte que descrevem a Paixão de Cristo. A frase é usada na literatura e no senso comum para se referir às pessoas que “se vendem”, comprometendo uma confiança, amizade ou lealdade para ganhos pessoais.

Em termos bíblicos, essa não é a primeira vez que são mencionadas trinta moedas de prata. No livro de Zacarias, o profeta recebe a mesma quantia pelo seu salário diário como pastor.

Moedas de Prata

Profeta Zacarias havia previsto com precisão a negociação de Judas, 520 anos antes de acontecer. Em Zacarias: 11-13, trinta moedas de prata é o preço que Zacarias recebe por seu trabalho, e então as arroja “para o oleiro”. O estudioso alemão Klaas Schilder observa que o pagamento de Zacarias indica uma avaliação da qualidade de seu trabalho, bem como a sua despedida. Em Êxodo 21:32, trinta moedas de prata eram o preço de um escravo, então, enquanto Zacarias chama a quantidade de “belo preço” (Zacarias: 11-13), isso poderia soar como sarcasmo. O estudioso norte-americano Barry Webb, no entanto, considera isso como uma “soma considerável de dinheiro”.

“E eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário, trinta moedas de prata. Ora o Senhor disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor.” (Zacarias 11:12-13)

Moedas de Prata

Schilder sugere que estas trinta moedas de prata estejam presentes em diversos trechos por se tratar de uma profecia. Quando os principais sacerdotes decidem comprar um campo com o dinheiro devolvido, Mateus diz que isso cumpriu “o que foi dito por Jeremias, o profeta. “Ou seja, “Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram, e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.” (Mateus 27:9-10). Embora muitos estudiosos vejam a referência do nome de Jeremias como um equívoco, a compra de Jeremias citada em Jeremias 32 pode indicar que ambos os profetas estão relacionados

Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.

Malaquias 3:10
09/03/2021

A Pedra de Rosetta

A Pedra de Rosetta. De basalto polido, negra, medindo três pés e sete polegadas (109,22 cm) por dois pés e seis polegadas (76,2 cm).

A Pedra de Rosetta - La Pierre de Rosette
A pedra continha textos em hieróglifos, em escrita demótica (escrita do povo) e em grego.

O Egito mantinha seu passado, indecifrável, letra morta escrita em pedra, preservando as memórias dos faraós como outrora as pirâmides guardavam suas múmias, como tal, os hieróglifos guardavam a chave desse glorioso passado, porém faltava alguém como os antigos saqueadores, que vencesse as armadilhas impostas pelo tempo, compreendesse os sinais e finalmente descobrisse o tesouro, o passado e a história dos senhores do Nilo.

O Egito é fascinante. O caminho trilhado por pesquisadores na busca pela decifração dos hieróglifos também é.

Repleto de erros e acertos, de sacrifícios e glorias. Aventureiros, padres, arqueólogos e imperadores, tentando vencer as barreiras do tempo e resgatar a verdadeira história do Egito.

Fizeram-se tentativas para decifrar os antigos sinais como enigmas, e deles tirar a verdade. Um padre jesuíta do século XVII Atanásio Kircher, (inventor da lanterna mágica), interpretou assim um grupo de sete hieróglifos: “O criador de toda a fecundidade e todo o crescimento é o deus Osirís, cuja a força vivificante tira Santa Mofta do Céu para seu império”

Hoje sabemos que os hieróglifos que o padre traduziu, significava “Autocrata, senhor absoluto” um título.

Acreditou-se por longo tempo que os Egípcios eram parentes dos Chineses, e que a escrita chinesa era proveniente dos hieróglifos, bastava para traduzi-los, consultar um dicionário Chinês.

Esse tipo de ligação fez Voltaire dizer: “Os etimologistas estabelecem o parentesco das línguas desprezando as vogais e não se ocupando muito com as consoantes.”

Hoje conhecemos melhor o chinês e os antigos hieróglifos. A escrita dos Egípcios nasceu como todas as outras, primeiramente figurativa. Como crianças, desenhavam seus pensamentos. Os índios nunca conseguiram ultrapassar essa fase, mas os egípcios avançaram para, cada sinal representando uma sílaba ou um som isolado.

Mais tarde, só se escreviam as consoantes, e talvez pela influencia do Grego, começaram a usar as vogais. Mas apenas para nome estrangeiros. Assim as vogais não existiam na origem. E era mais ou menos assim:

Fazemos um desenho do Sol, o desenho poderia representar um “SOL”, ou significar “SAL” ou “SUL”.

Muitas palavras egípcias continham uma só consoante e uma vogal:

KÊ = Altura. RÔ = Boca. TA = Pão

Como não se escrevia a vogal, os hieróglifos dessas palavras tornaram-se um sinal fonético. Sinal que indicava um som.

O hieróglifo de Altura: KÊ se tornou a letra K.

O hieróglifo de boca, RÔ, tornou-se R.

e TA = T.

Assim se chegou a um alfabeto hieroglífico completo composto de 24 sinais consonânticos.

Poderia supor que, de posse desses 24 sinais, os Egípcios passariam a só escrever por meio de letras. Não o fizeram.

Primeiro porque agarravam-se às suas tradições com extraordinária obstinação. Segundo, era mais fácil representar uma palavra ou sílaba por meio de um só sinal. Os hieróglifos passaram a ser uma mistura de sinais silábicos, letras e ideografia. Por isso se tornou tão difícil decifrá-los.

A escrita hieroglífica compreende, no total, qualquer coisa como quinhentos sinais diferentes.

Quando os Egípcios deixaram de gravar a pedra para servirem de pena e do papiro, empregaram a escrita em cartas, contratos, etc. Os hieróglifos simplificaram-se de maneira visível; a escrita tornou-se contínua. Esta escrita foi mais tarde chamada “escrita demótica”, isto é, “Escrita do Povo”.

A Descoberta da Chave

A Pedra de Rosetta - La Pierre de Rosette

Foi a expedição de Napoleão Bonaparte ao Egito que deu impulso ao estudo do passado egípcio e à decifração dos hieróglifos. A egiptologia começa por Napoleão.

A expedição ao Egito não deu qualquer resultado duradouro do ponto de vista político, mas teve profunda repercussão científica. Com a esquadra francesa chegou uma equipe de sábios, investigadores e artistas.

Fundou-se no Cairo um instituto Egípcio, e em poucos meses de ocupação francesa, foi feita uma obra chamada “Descrição do Egito”, em trinta e duas partes. Mas a maior parte de suas descobertas caiu em mãos dos Ingleses após a capitulação e constituem atualmente a base das grandes coleções do Museu Britânico, de Londres.

E foram os soldados franceses que fizeram a descoberta mais importante… Escavando trincheiras perto da pequena cidade portuária de Roseta, a leste de Alexandria, desenterraram uma pedra de basalto polido, negra, medindo três pés e sete polegadas (109,22 cm) por dois pés e seis polegadas (76,2 cm), A pedra continha textos em hieróglifos, em escrita demótica e em grego.

Os sábios não tiveram qualquer dificuldade em decifrar o grego. Descobriram que a pedra referia-se a uma decisão tomada por uma assembléia de sacerdotes em Mênfis, no ano de 196 a.C.., no reinado de Ptolomeu V. Segundo a inscrição, o rei tinha isentado os seus súditos de certos impostos, que havia aumentado seu bem-estar. Para lhe agradecerem este belo gesto, os sacerdotes tinham decidido erguer uma estátua de Ptolomeu V em cada templo e organizar todos os anos, festividades em sua honra.

Quiseram perpetuar esta decisão mandando gravar em pedra e colocando uma dessas pedras comemorativas em cada um dos templos importantes.

Foi uma dessas pedras que os soldados de Napoleão encontraram. Infelizmente a pedra estava muito estragada.

A pedra de Roseta dava aos egiptólogos a tradução grega de um texto hieroglífico e um texto demótico. Tinha-se assim encontrado a chave dos hieróglifos. Mas como empregá-la? Só os nomes próprios podiam ajudar os investigadores; no texto havia um número bastante importante de nomes. Que se assemelham sempre um pouco em cada língua.

O primeiro sábio que tentou decifrar a pedra teve que se confessar vencido, outro, um diplomata sueco Johan David Akerblad, foi mais bem sucedido, atribuindo-se lhe o cognome de “Primeiro egiptólogo.”

Examinou o segundo texto da pedra, donde tirou os nomes de Ptolomeu, Alexandre, Arsíone, Berenice e outros seis. Em breve, Akerblad aprendeu o suficiente da língua popular do Egito para daí deduzir um alfabeto, exato nas suas grandes linhas; esse alfabeto foi de grande utilidade na interpretação dos hieróglifos.

Em 1802 Akerblad publicou um livro sobre a pedra de Roseta, o qual, preparou a decifração dos hieróglifos. Se Akerblad tivesse independência econômica, teria, sem dúvida, conseguido resolver completamente o enigma dos hieróglifos.

O médico inglês Thomas Young continuou a obra de Akerblad, aproveitando seus resultados, usou sua perspicácia para interpretar certos sinais muitos especiais, rodeados por uma linha oval no texto. Um sábio dinamarquês, Zoëga, já tinha demonstrado antes que se tratava dos nomes de reis e rainhas.

Young pode decifrar duas letras do nome Ptolomeu e traduzir três outros hieróglifos. Mas a partir dessa altura não fez mais que tatear o caminho.

Jean-François Champollion tornou-se um perfeito muçulmano, vivendo a maneira egípcia.

Jean-François Champollion (1790-1832)Jean-François Champollion (1790-1832)

A revelação

Jean-François Champollion (1790-1832) nasceu numa pequena aldeia do sul da França. O pai era livreiro e a infância de Jean-François teve como ambiente a França da Revolução. Com nove anos entrou em uma escola de Grenobla. Depressa demais, se tornou amigo do chefe do departamento, que havia feito a expedição científica de Napoleão ao Egito. Champollion, jovem com 11 anos, contemplava os objetos históricos que o amigo tinha trazido do Egito, e acabou por despertar uma intuição prodigiosa, revelada para o estudo das línguas. Com 16 anos começou a publicar uma obra sobre o Egito dos faraós. Tinha se familiarizado com línguas orientais: o hebreu, o árabe, o sírio, o caldeu, o sânscrito, diversos dialetos persas e até em certos termos da China e do México.

Em 10 de julho de 1809 fora nomeado, na universidade, professor de história, com 18 anos em Grenobla. Onde seu irmão mais velho já ensinava na universidade. Champollion era um fanático de Napoleão e por isso, por ordem do rei, teve que abandonar a sua atividade de professor.

Ocupou-se então com a pedra de Roseta. Seu primeiro sucesso foi explicar os sete hieróglifos que compõem o nome do rei Ptolomeu – ou na sua forma grega – Ptolomaios. O nome do rei, encontrava-se um grupo de sinais dentro de uma cercadura ovalada, que veio a tornar-se conhecida por “cartouche”.

Após longas horas de investigações, descobriu que no texto hieroglífico o nome aparecia sob a forma Ptolomais.

Obelisco de Filé

Ajudou na decifração o nome de Cleópatra. No ano de 1815 foi encontrado o chamado “Obelisco de Filé”, ao sul da primeira catarata; que o arqueólogo Banks levou para a Inglaterra em 1821 e o qual continha igualmente uma inscrição em hieróglifos e outra em grego.
E novamente ai se encontrava, emoldurado num “cartouche”, o nome de Ptolomeu. Mas havia um segundo grupo de hieróglifos emoldurado. E Champollion, guiado pela inscrição grega ao pé de obelisco, supôs que esse grupo devia representar o nome de Cleópatra.

Obelisco de Filé

Com a explicação deste nome Champollion tinha descoberto três sinais comuns; aos dois nomes. Isto é, P, O, L. Além disso, tinha dois sinais que traduziam variantes do som T e sete outros hieróglifos. Estimulado, prosseguiu e começou o exame comparativo de todos os nomes e título reais que pode reunir. Descobriu que o mesmo hieróglifo poderia indicar sons diferentes, que poderia até representar uma palavra completa.

Claro que tropeçou em uma invenção dos egípcios da 18º dinastia, que, de mau gosto, introduziram pequenos enigmas na escrita. Por exemplo: o desenho de um homem que segura um porco pela calda. Um hieróglifo.

“Seguir o porco” seria a tradução, Seguir em egípcio é CHÉS e porco TEB, o enigma significa então CHÉSTEB, que quer dizer “Lápis-lazúli” a pedra azul usada na decoração.

o enigma significa então CHÉSTEB

Algumas das passagens mais famosas da literatura egípcia, chegaram até nós em cópias feitas por jovens estudantes, que treinavam sua caligrafia. Imagina-se em que estado se apresenta estes textos.

Champollion interpreta esses hieróglifos da Núbia reconhece imediatamente os dois últimos sinais, Mas e quanto aos dois primeiros? No primeiro, vê uma representação do disco solar e, graças ao seu conhecimento do copta, a língua dos religiosos cristãos do Egito, sabe que o sol representa o nome RÁ, por intuição vê no segundo hieróglifo a palavra “Nascimento” ou em copta “MAS”. Assim chega ao termo RAMASES, isto é, Ramsés.

Entusiasmado, juntou suas notas, correu à casa do irmão, atirou o maço de manuscritos para cima da mesa e gritou: “Ai está!”

No mesmo momento caiu desmaiado. Era uma crise nervosa que após 15 anos de um trabalho cerebral penoso cobrou seu preço.

Champollion permaneceu cinco dias em estado de letargia. Recobrou-se e prosseguiu suas pesquisas com o auxílio dos amigos. Viajou aos museus de Turim, Roma, Nápoles e onde havia antiguidades egípcias. Foi nomeado diretor da seção de egiptologia do Louvre. Em 1828 pode, finalmente, por conta do Louvre, fazer uma viagem até o Egito. Acontece que, para viajar ao Egito sem dificuldades, era prudente adotar os costumes dos indígenas. Champollion deixou a barba crescer, e, tornou-se um perfeito muçulmano, vivendo a maneira egípcia. Fez viagens pelo Nilo, ao longo dos minarates, obeliscos e pirâmides. E viu as inscrições.

Jean-François Champollion permaneceu muito tempo nos túmulos dos reis do Egito, onde a atmosfera era doentia e faltava ar, copiou longas inscrições em posições desconfortáveis e com pouca luz, e interpretava as descobertas. Champollion suportou mal a viagem de regresso e a passagem sem transição do clima quente do deserto para o rude inverno francês em 1829, quanto foi atacado por reumatismo. Seu trabalho foi reconhecido pelos cientistas e foi-lhe atribuída uma cadeira de Egiptologia. Mas, no final de 1831, Jean-François Champollion foi atacado de apoplexia e paralisia parcial. A caneta caía-lhe das mãos, mas teve ainda suficiente força para terminar o manuscrito do seu dicionário e da sua gramática egípcia e para ordenar a documentação que trouxe do Egito. Na primavera de 1832, morria com 41 anos.

Texto da Pedra de Roseta

No reinado do jovem que sucedeu o pai na realeza, senhor de diademas, mais glorioso, que estabeleceu o Egito e foi piedoso para os deuses, triunfante em cima dos inimigos que restabeleceram a vida civilizada de homens o senhor dos Trinta Festivais de Anos, até mesmo como Ptah o Grande, um rei amado de Ra, grande rei dos países Altos e Baixos, descendência dos Deuses Philopatores, um a quem Ptah aprovou, para quem Ra deu a vitória, a imagem viva de Amun, filho de Ra, PTOLEMAIO, O que vive para sempre, AMADO DE PTAH, no nono ano, quando o filho de Aetos de Aetos era o sacerdote de Alexandre, e os Deuses Soteres, e os Deuses Adelphoi, e os Deuses Euergetai, e os Deuses Philopatores e o Deus Epiphanes Eucharistos; Filha de Pyrrha de Philinos que é Athlophoros de Berenike Euergetis, filha de Areia de Diogenes que é Kanephoros de Arsinoe Philadelphos,; Filha de Irene de Ptolemaio que é a Sacerdotisa de Arsinoe Philopator; o quarto do mês de Xandikos, de acordo com os egípcios o 18º Mekhir.

DECRETO. Sendo ajuntado os Sacerdotes Principais e Profetas lá e esses que entram no santuário interno pelo vestir os deuses, e os portadores e os Escriturários Sagrados e todos os outros sacerdotes dos templos ao longo da terra que veio conhecer o rei a Memphis, para o banquete da suposição por PTOLEMAIO, O QUE VIVE PARA SEMPRE (O ETERNO), O AMADO DE PTAH, O DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS, da realeza na qual ele sucedeu o pai, eles sendo ajuntados no templo em Memphis neste dia declararam:

Considerando que o Rei PTOLEMAIO, O ETERNO, O AMADO DE PTAH, O DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS, o filho de Rei Ptolemaio e Rainha Arsinoe, os deuses Philopatores, foram benfeitores para o templo e para esses que moram neles, como também esses que são os assuntos dele, enquanto sendo um deus feito de um deus e deusa amados de Horus, o filho de Isis e Osiris que vingaram o pai Osiris enquanto estando benignamente disposto para os deuses, dedicou às rendas de templos de dinheiro e milho e empreendeu muito para trazer o Egito em prosperidade, e estabelecer os templos, e foi generoso com todos seus próprios meios; e das rendas e impostos arrecadados no Egito alguns remeteu ele completamente e outros iluminou, para que as pessoas e todos os outros poderiam estar em prosperidade durante o reinado dele; e considerando que ele remeteu as dívidas ao ser de coroa muitos em número que eles no Egito e o resto do reino deveram; e considerando que esses que estavam em prisão e esses que estavam por muito tempo debaixo de acusação, ele livrou das punições contra eles; e considerando que ele dirigiu que os deuses continuarão desfrutando as rendas dos templos e as mesadas anuais dadas a eles, ambos milho e dinheiro, que igualmente também a renda nomeada aos deuses da videira pousa e de jardins e as outras propriedades que pertenceram aos deuses pelo tempo do pai dele; e considerando que ele também dirigiu, com respeito aos sacerdotes, que eles não deveriam pagar nenhum mais como imposto por admissão para o sacerdócio que o que foi os designados ao longo do reinado do pai e até o primeiro ano do próprio reinado dele; e aliviou os sócios das ordens sacerdotais da viagem anual para Alexandria; e considerando que ele dirigiu aquele para a marinha já não será empregado; e do imposto em pano feito de linho bem pago pelos templos à coroa ele remeteu dois-terços; e qualquer coisas eram negligenciadas em tempos anteriores que ele restabeleceu à própria condição deles, enquanto tendo cuidado como os deveres tradicionais serão pagos aos deuses; e igualmente aquinhoou justiça a tudo, como Thoth o grande e grande; e ordenou que esses que devolvem da classe de guerreiro, e de outros que eram dispostos pelos dias das perturbações, deva, no retorno deles, seja permitido ocupar as posses velhas deles; e considerando que ele contanto que a cavalaria e infantaria força e navios deveriam ser enviados contra esses que invadiram o Egito através de mar e através de terra, dispondo grandes somas em dinheiro e milho para que os templos e tudo esses que estão na terra poderiam estar em segurança; e ter entrado para Lycopolis no nome de Busirite que tinha estado ocupado e tinha fortalecido contra um assédio com uma loja abundante de armas e todos os outros materiais que vêem aquele era agora de se levantar muito tempo entre os homens incrédulos juntado nisto, que tinha perpetrado muito dano aos templos e para todos os habitantes de Egito, e tendo se acampado contra isto, ele cercou com montículos e trincheiras e fortificações elaboradas; quando o Nilo fez uma grande elevação no oitavo ano de reinado, que normalmente inunda as planícies, ele previu isto, represando a muitos pontos as saídas de canais, nenhuma quantia pequena de dinheiro, e fixando a cavalaria e infantaria para os vigiar, em pouco tempo ele a cidade levou através de tempestade e destruiu todos os homens incrédulos nisto, até mesmo como Thoth e Horus, o filho de Isis e Osiris, antigamente subjugou os rebeldes no mesmo distrito; e sobre esses que tinham conduzido os rebeldes pelo tempo do pai e quem tinha perturbado a terra e prejudica aos templos, ele veio a Memphis para vingar o pai e a própria realeza, e os castigou como mereceram, na ocasião que veio executar as próprias cerimônias para a suposição da coroa lá; e considerando que ele remeteu o que estava devido à coroa nos templos até o oitavo ano dele, enquanto sendo nenhuma quantia pequena de milho e dinheiro; tão também as multas para o pano feito de linho bom não entregado à coroa, e desses entregados, as várias taxas para a verificação deles, para o mesmo período,; e ele também livrou os templos do imposto da medida de grão para toda medida de terra sagrada e igualmente o jarro de vinho para cada medida de terra de videira; e considerando que ele deu muitos presentes em Apis e Mnevis e para outros animais sagrados no Egito, porque ele era muito mais considerado que os reis antes dele e tudo aquilo pertenceu a eles; e para os enterros deles ele deu o que era satisfatório e magnificamente, e o que foi pago regularmente para os santuários especiais deles, com sacrifícios e festivais e outras observâncias habituais, e ele manteve a honra dos templos e de Egito de acordo com as leis; e ele adornou o templo de Apis com trabalho rico, enquanto gastando nisto ouro e prata e pedras preciosas, nenhuma quantia pequena; e considerando que ele fundou templos e santuários e altares, e consertou esses requerendo isto, enquanto tendo o espírito de um deus beneficente em assuntos que pertencem a religião; e considerando que depois de inquirido tem renovado ele o a maioria honrosa dos templos durante o reinado dele, como está se tornando; em requital de qual coisas os deuses lhe deram saúde, vitória e poder, e todas as outras coisas boas, e ele e as crianças dele reterão a realeza durante todo o tempo.

COM FORTUNA PROPÍCIA: Estava resolvido pelos sacerdotes de todos os templos na terra grandemente aumentar as honras existentes de Rei PTOLEMAIO, O ETERNO, O AMADO DE PTAH, O DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS, igualmente esses dos pais dele os Deuses Philopatores, e dos antepassados dele, o Grande Euergatai e os Deuses Adelphoi e os Deuses Soteres e montar no lugar mais proeminente de todo templo uma imagem do REI ETERNO PTOLEMAIO, O AMADO DE PTAH, O DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS que será chamado de “PTOLEMAIO, o defensor de Egito”, qual estará de pé ao lado do deus principal do templo, enquanto lhe dando a cimitarra de vitória tudo dos quais será fabricada na moda egípcia; e que os sacerdotes farão homenagem às imagens três vezes por dia, e pôs neles os artigos de vestuário sagrados, e executa as outras honras habituais como é dada aos outros deuses nos festivais egípcios; e estabelecer para Rei PTOLEMAIO, O DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS, sucessor de Rei Ptolemaio e Rainha Arsinoe, os Deuses Philopatores, uma estátua e santuário dourado em cada templo, e montar isto na câmara interna com os outros santuários; e nos grandes festivais nos quais os santuários são levados em procissão o santuário do DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS será levado em procissão com eles. E para que possa ser facilmente agora distinguível e durante todo o tempo, lá será fixado no santuário dez coroas de ouro do rei para qual será somado uma naja exatamente como em todas as coroas adornou com najas que estão nos outros santuários, no centro deles estará a coroa dupla na qual ele pôs quando ele entrou no templo a Memphis executar as cerimônias por assumir a realeza; e lá será colocado em volta na superfície quadrada sobre as coroas, ao lado da coroa acima mencionado, oito símbolos dourados em número que significa que é o santuário do rei que faz manifesto o Superior e os mais Baixos países. E desde que é os 30º de Mesore no qual o aniversário do rei é célebre, e igualmente os 17º de Paophi no qual ele sucedeu o pai na realeza, eles seguraram estes dias em honra como nome-dias nos templos, desde que eles são fontes de grandes bênçãos para tudo; foi decretado mais adiante que um festival será mantido nos templos ao longo do Egito nestes dias por todos os meses em qual haverá sacrifícios e libações e todas as cerimônias habituais aos outros festivais e os oferecimentos será dado aos sacerdotes que servem nos templos. E um festival será mantido para Rei PTOLEMAIO, O ETERNO, O AMADO DE PTAH, O DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS, anualmente nos templos ao longo da terra dos 1º de Thoth durante cinco dias nos quais usarão guirlandas e executarão sacrifícios e libações e outras honras habituais, e serão chamados os sacerdotes em cada templo os sacerdotes do DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS além dos nomes dos outros deuses a quem eles servem; e no sacerdócio dele será entrado em documentos todo formais e será gravado nos anéis que eles usam; e também serão permitidos os indivíduos privados manter o festival e montar o santuário acima mencionado e serão tidos isto nas casas deles. executando as celebrações acima mencionado anualmente, para que possa ser conhecido a tudo aquilo que os homens de Egito aumentam e honram o DEUS EPIPHANES EUCHARISTOS o rei, de acordo com a lei.

“Este decreto se inscreverá em um estela de pedra dura em caráter sagrados e nativos e gregos e será montado em cada do primeiro, segundo e terceiros templos de grau ao lado da imagem do rei sempre-vivo”.

Oh geração! Considerai vós a palavra do Senhor: Porventura tenho eu sido para Israel um deserto? ou uma terra de espessa escuridão? Por que pois diz o meu povo: Andamos à vontade; não tornaremos mais a ti?

Jeremias 2:31
06/02/2021

Paulo de Tarso

Em grego Paulos, derivado do latim Paulus, que quer dizer pequeno.

Nome do grande apóstolo dos gentios. O nome judaico anterior era Saulo; no hebreu Shaul, no grego, Saulos; assim denominado nos Atos dos Apóstolos, mesmo até depois da conversão de Sérgio Paulo, procônsul de Chipre, Atos 13:9. Daqui em diante, só tem o nome de Paulo, que ele a si mesmo dá em todas as suas cartas. Não é de estranhar que alguns pensem que tomou este nome do procônsul Sérgio. Isto, porém, não é de modo algum aceitável, tendo em vista o modo gentil pelo qual Lucas o apresenta, dando-lhe o nome de Paulo, quando começou a sua obra de apóstolo. É mais provável que, acompanhando o costume de muitos judeus, Atos 1:23; 12:12; Colossenses 4:11, e principalmente os judeus da dispersão, o apóstolo usasse de ambos os nomes. Paulo nasceu em Tarso, cidade principal da Cilícia, Atos 9:11; 21:39; 22:3, e pertencia à tribo de Benjamim, Filipenses 3:5. Não se sabe como é que a sua família foi residir em Tarso.

Uma antiga tradição afirma que ele havia sido levado de Giscala em Galiléia, pelos romanos, depois que tomaram este último lugar. É possível, pois, que a família de Saulo em tempos anteriores, tivesse fixado residência em Tarso, com alguma das colônias que os reis da Síria estabeleceram ali (Ramsay, St. Paul the Traveler, p. 31) ou que tivesse imigrado voluntariamente, como faziam muitos judeus por motivos de ordem comercial.

Parece que Paulo tinha relações familiares de alto valor e de grande influência. Em Romanos 16:7, 11, manda saudar a três pessoas, seus parentes, das quais Andrônico e Júnias, que se haviam assinalado entre os apóstolos e que foram cristãos primeiro que ele. Pela leitura de Atos 23:16 sabe-se que “um filho de sua irmã” que provavelmente morava em Jerusalém com sua mãe, deu informações ao tribuno sobre a conspiração tramada contra a vida de Paulo. Dá isto a entender que este moço pertencia a alguma das famílias importantes da cidade, o que parece confirmado pelo fato de Paulo haver presidido à morte de Estevão. É provável que já fosse membro do concílio, Atos 26:10, pois que não tardou a receber comissão do sumo sacerdote para perseguir os cristãos, Atos 9:1-2; 22:5.

Os seus dizeres na epístola aos Filipenses 3:4-7, nos leva a crer que ocupava posição de grande influência que lhe dava margem para conseguir lucros e grandes honras.

As suas relações de família não podiam ser obscuras. Apesar de receber uma educação subordinada às tradições e às doutrinas da fé hebraica, e de ter pai fariseu, Atos 23:6, ele era cidadão romano. Ignora-se por que meios havia alcançado este privilégio; teria sido por serviços prestados ao estado ou talvez por compra, e pode bem ser que o nome Paulo tenha alguma relação com o título de cidadão romano. De qualquer modo que seja, dava-lhe grande importância na sequência de seu trabalho cristão, e serviu mais de uma vez para salvar-lhe a vida.

Tarso era centro intelectual do oriente onde existia uma escola famosa e onde dominava a filosofia estóica. É possível que Paulo crescesse ali sob estas influências. Seus pais, sendo como eram, fiéis à lei mosaica, o mandaram logo para Jerusalém para ser educado lá. À semelhança de outros rapazes da mesma raça, tinha de aprender um ofício, que, no seu caso, foi o de fazedor de tendas, das que se usavam nas viagens, Atos 18:3. Como ele mesmo diz, Atos 22:3 foi educado em Jerusalém, para onde o mandaram, quando muito jovem. A educação consistia principalmente em fixar nele as tradições farisaicas. “Foi instruído conforme a verdade da lei de seus pais”, ibid. Teve como preceptor, um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel, neto do ainda mais famoso Hilel. Foi este Gamaliel, cujo discurso se podemos verificar em Atos 5:34-39, que aconselhou o sanedrim a não tentar contra a vida dos apóstolos. Este Gamaliel possuía alguma cousa estranha ao espírito farisaico, a qual se avizinhava da cultura grega. O seu discurso já referido, demonstra que ele não possuía o espírito intolerante e perseguidor, característico da seita dos fariseus. Celebrizou-se por seus vastos conhecimentos rabínicos. A seus pés o jovem Saulo, vindo de Tarso, recebeu as lições sobre os ensinos do Antigo Testamento, porém já se vê, de acordo com as sutilezas e interpretações dos doutores que acenderam no espírito ardente do jovem discípulo, um zelo feroz para defender as tradições de seus antepassados. Assim, pois, o futuro apóstolo tornou-se fariseu zeloso, disciplinado nas idéias religiosas e intelectuais de seu povo. Por este modo, as suas qualidades pessoais, o seu preparo intelectual, e, talvez ainda, as relações de família, preparavam-lhe posição de destaque na sociedade judaica.

Aparece no cenário da história cristã, como presidente da execução de Estevão, o protomártir do Cristianismo, a cujos pés as testemunhas depuseram suas vestimentas, Atos 7:58, quando ainda moço. A sua posição neste caso, não queria dizer que estivesse investido de funções oficiais. De acordo com os dizeres da passagem referida acima, ele apenas era consentidor na morte de Estevão.

Contudo, vê-se, sem dúvida, que perseguia com rigidez os primeiros cristãos. Sem dúvida entrava no número daqueles helenistas ou judeus que falavam o grego, mencionados nos Atos dos Apóstolos, 6: 9, que promoveram a acusação contra Estevão. Não erramos dizendo que o ódio de Paulo contra a nova seita já estava aceso; não só desprezava o crucificado Messias, como considerava os seus discípulos um elemento perigoso, tanto para a religião como para o Estado. Não é para admirar, pois, que fosse tão feroz o seu ódio a ponto de promover-lhes o extermínio pela morte.

Logo após o martírio de Estevão, tomou parte ativa, dirigindo o movimento de perseguição contra os cristãos, Atos 8:2-3; 22:4; 26:10-11; I Coríntios 15:9; Gálatas 1:13; Filipenses 3:6; I Timóteo 1:13. Fazia tudo isto guiado por uma consciência mal informada, daqueles que ouviam falar. Era o tipo do inquisidor religioso. Não satisfeito com a perseguição devastadora que fazia em Jerusalém, pediu cartas ao príncipe dos sacerdotes para as sinagogas de Damasco com o fim de levar presos para Jerusalém quantos achasse desta profissão, Atos 9:1, 2. Os romanos davam largos poderes aos judeus para exercerem a sua administração interna. O governador de Damasco que obedecia à direção do rei Aretas, era particularmente favorável aos judeus, Atos 9:23-24; II Coríntios 11:32, favorecendo por este modo a perseguição de Paulo aos cristãos.

Nota importante a observar, segundo o testemunho expresso de Lucas e do próprio Paulo, é que respirava ameaças de morte contra os discípulos de Jesus até ao momento da sua conversão, crendo que assim fazendo, prestava grande serviço a Deus. Não tinha dúvida quanto à justiça da sua empresa, nem sentia desfalecimento de coração para executá-la.

Foi no caminho de Damasco que se deu à repentina conversão. Paulo e seus companheiros provavelmente iam a cavalo, como era costume nas viagens pelos caminhos desertos da Galiléia, para a antiga cidade. Estavam perto da cidade. Era meio-dia, o sol ardente estava no seu zênite, Atos 26:13. Repentinamente, uma luz vinda do céu, mais brilhante que a luz do sol, caiu sobre eles, derrubando-os. Todos se ergueram, continuando Paulo prostrado por terra, Atos 9:7-8. Ouviu-se então uma voz que dizia em língua hebraica: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra o aguilhão”, Atos 26:14. Respondeu ele então: “Quem és tu, Senhor?” Ele respondeu: “Eu sou Jesus a quem tu persegues, Atos 26:15. Levanta-te e vai à cidade e aí se te dirá o que te convém fazer”, Atos 9:6; 22:10. Os companheiros que o seguiam ouviam a voz sem nada ver, Atos 9:7, nem entender, Atos 22:9. Paulo sentiu-se cego pelo intenso clarão da luz, e foi conduzido pela mão dos companheiros, Atos 9:7-8 entrou em Damasco, hospedou-se na casa de Judas, Atos 9:11, onde permaneceu três dias sem vista e sem comer, nem beber, orando, Atos 9:11, e meditando sobre a revelação que Deus lhe fizera.

Ao terceiro dia, o Senhor mandou a certo judeu convertido, chamado Ananias, que fosse ter com Paulo e impor-lhe as mãos para recobrar a vista.

O Senhor garantiu a Ananias, o qual tinha receio de encontrar-se com o grande perseguidor, que este quando em oração, já o tinha visto aproximar-se dele. Portanto, Ananias obedeceu. Paulo confessou a sua fé em Jesus, recobrou a vista, e recebeu o batismo; e daqui em diante, com a energia que o caracterizava, e com grande espanto dos judeus, começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo, Filho de Deus vivo, Atos 9:10-22. Tal é a narrativa da conversão de Saulo de Tarso. Há três narrativas deste fato nos Atos; uma feita por Lucas, Atos 9:3-22, outra pelo próprio Paulo, diante dos judeus, Atos 22:1-16, e outra pelo mesmo Paulo, diante de Festo e do rei Agripa, Atos 26:1-20. As três narrativas combinam-se entre si, posto que nem todos os incidentes se achem em cada uma delas. Em todo caso, cada uma foi escrita com referência ao fim que o narrador tinha em vista. Em suas epístolas, o apóstolo alude frequentemente à sua conversão, atribuindo-a à graça e poder de Deus, ainda que a não descreve em minúcias, I Coríntios 9:1-16; 15:8-10; Gálatas 1:12-16; Efésios 3:1-8; Filipenses 3:5-7; I Timóteo 1:12-16; II Timóteo 1:9-11.

Este fato, pois, é atestado pelo testemunho mais forte possível. É certo também que Jesus, não somente falou a Paulo, mas também lhe apareceu, Atos 9:17, 27; 22:14; 26:16; I Coríntios 9:1. Não se diz de que forma; com certeza foi de modo tão glorioso, que o apóstolo conheceu logo no Jesus crucificado, o Cristo, Filho do Deus Vivo, que lhe falava; e ele chama a isto, “visão celestial” Atos 26:19, ou um espetáculo, palavra esta empregada em Lucas 1:22; 24:23, para descrever o aparecimento de entes celestiais. Não há lugar para dizer-se que seja ilusão de qualquer espécie. Contudo, o aparecimento de Cristo não foi à causa da conversão de Saulo, e, sim a obra do Espírito Santo no coração, habilitando-o a receber e aceitar a verdade que lhe havia sido revelada, Gálatas 1:15. Foi o mesmo Espírito que convenceu a Ananias e que o levou a impor as mãos e a unir à igreja nascente, o novo convertido. Vários racionalistas pretendem explicar a conversão de Paulo, sem tomar em conta a intervenção sobrenatural; essas opiniões são destruídas pelo testemunho do mesmo Paulo. Afirmando a sua atitude de perseguidor, obedecia a motivos de consciência e que a sua mudança era devida ao soberano exercício do poder de Deus e à sua graça infinita. A frase “Dura cousa é recalcitrares contra o aguilhão”, não quer dizer que ele agia contra a sua vontade ou que já reconhecia a verdade do Cristianismo, quer dizer antes que era insensatez resistir aos propósitos divinos. A sua vida anterior deve ser reconhecida como um período de iniciação inconsciente para a sua missão futura.

Os foros de cidadão romano, a instrução recebida nas escolas, as suas qualidades pessoais, tudo isto serviu para fazer dele um instrumento especial para a obra missionária. Há motivos para crer que o seu espírito não tinha paz na prática do Judaísmo, Romanos 7:7-25. Se assim não fora, não chegaria a compreender verdadeiramente que a salvação somente se alcança por meio da graça de Deus em Cristo. O que Paulo tinha era nada mais nada menos que experiência religiosa que, certamente teve o efeito de prepará-lo para ser grande expositor da doutrina da justificação pelos méritos de Cristo, alcançados somente pela fé.

Após a sua conversão, Paulo deu início à obra da evangelização; em parte graças à sua natural energia, e também por haver Deus revelado que ele ia ser vaso escolhido para levar o seu nome diante das gentes, dos reis e dos filhos de Israel, isto é, missionário e apóstolo, Atos 9:15; 26:16-20Gálatas 1:15-16. Começou a sua obra nas sinagogas de Damasco com muito bom êxito, provocando contra si a perseguição dos judeus de Damasco, auxiliados pelo governador da cidade, II Coríntios 11:32, de modo que foi preciso fugir. Os discípulos, de noite, o desceram pela muralha da cidade, colocando-o num cesto, Atos 9:23-25; II Coríntios 11:33. Em vez de regressar a Jerusalém, dirigiu-se para a Arábia e de lá voltou a Damasco, Gálatas 1:17. Não se sabe em que lugar da Arábia ele esteve, nem quanto tempo lá se demorou, nem o que foi fazer naquele lugar. Presume-se que meditasse sobre os grandes acontecimentos de sua vida religiosa e das revelações que Deus lhe havia feito.

Três anos depois da sua conversão, determinou sair de Damasco e ir outra vez a Jerusalém. Diz-nos ele que o principal objetivo desta viagem foi visitar a Pedro, Gálatas 1:18-19, demorando-se com ele quinze dias não tendo visto mais nenhum dos apóstolos senão a Tiago, irmão do Senhor. Lucas menciona mais alguns particulares, Atos 9:26-29. A igreja de Jerusalém teve medo dele, não acreditando que agora fosse discípulo de Cristo. Foi necessário que Barnabé o levasse consigo e o apresentasse aos apóstolos, contando como havia visto ao Senhor e como depois em Damasco ele se portou com toda a liberdade em nome de Jesus.

Diz ainda Lucas que Paulo pregava em Jerusalém com o mesmo desassombro como havia feito em Damasco, empregando seus esforços para a conversão de seus velhos amigos e compatriotas, que falavam o grego, Atos 9:28-29. Como em Damasco, estes também conspiraram contra ele. A situação ameaçadora e perigosa em que se achava, fez com que os irmãos o conduzissem a Cesaréia e dali para Tarso, Atos 9:29, 30; Gálatas 1:21. Saiu mais depressa de Jerusalém, por haver tido uma visão no templo, na qual o Senhor lhe ordenou que sem detenção se afastasse dali para ir às nações de longe, Atos 22:17-21. As duas notícias sobre esta visita a Jerusalém, que se encontram nos Atos e na carta aos Gálatas, parecem inconsistentes, porém, harmonizam-se naturalmente. É muitíssimo provável que Paulo quisesse visitar a Pedro a fim de que o trabalho que lhe estava destinado fosse feito em harmonia com os primitivos apóstolos, dos quais Pedro se destacava. É igualmente provável que os cristãos de Jerusalém, a princípio, tivessem receio dele, e que o proceder de Barnabé, que era como Paulo, helenista judeu, fosse recebido com algumas reservas. Além disso, quinze dias de estada na cidade, é tempo suficiente para os acontecimentos descritos nos Atos. A ordem do Senhor para que Paulo deixasse logo a cidade, é de fato confirmada, Atos 22:18. A notícia que Lucas dá de que Barnabé apresentou Paulo aos apóstolos, não contradiz a afirmação de Paulo de que somente viu a Pedro e Tiago. A recepção feita ao novo convertido pelo apóstolo Pedro, para não falar também de Tiago que ocupava posição quase apostólica, Gálatas 2:9, equivalia ao oficial do novo apóstolo, e é isto mesmo que Lucas queria significar. É ainda digno de nota que achava completamente confirmado, tanto por parte de Paulo como dos irmãos principais de Jerusalém, que o novo convertido havia sido escolhido apóstolo, e que a sua missão seria entre os gentios. Nesta ocasião se cogitava das relações dos gentios convertidos para com a lei mosaica. Ninguém poderia ainda avaliar a importância e a extensão da obra de Paulo. Contudo foi ele reconhecido como tal e enviado a Tarso para iniciar a seu trabalho.

A demora dele nesta cidade é quase um enigma; parece que foi de seis ou sete anos (veja a cronologia abaixo), durante os quais se ocupou de evangelização e provavelmente fundou as igrejas da Cilícia, incidentalmente referidas em Atos 15:41. Se alguma vez sentiu a influência intelectual de Tarso, esta devia ser-lhe muito propícia. Como já foi dito, Tarso era um dos centros da filosofia estóica. Em seu discurso em Atenas, Paulo faz apreciações sobre esta escola, suficientes a satisfazer a nossa curiosidade. Ainda que em atividade, Paulo aguardava as indicações providenciais sobre o caminho que devia tomar no serviço do Mestre. Finalmente começaram a aparecer. Alguns dos judeus convertidos que falavam a língua grega, que haviam saído de Jerusalém, fugindo à perseguição que se seguiu à morte de Estevão, chegaram à grande cidade de Antioquia da Síria, situada às margens do Orontes, ao norte da cordilheira do Líbano. Tinha sido capital do reino e era naquele tempo, a residência oficial do governador romano da província. Era contada entre cidades principais do império, por causa de sua população mista e da extensão de seu comércio.

Situada fora dos limites da Palestina, e às portas da Ásia Menor, ligada também pelo tráfego e pela política com todo o império, servia de base natural de operações, de onde a nova fé, separada do judaísmo sairia à conquista do mundo. Nesta cidade, os cristãos refugiados começaram a pregar aos gentios, Atos 11:20. Há uma dificuldade no texto original para determinar com clareza se era mesmo aos gentios que eles pregavam; mas no contexto não há lugar a dúvidas. Muitos gentios se converteram ali de modo a formarem uma igreja gentílica na metrópole da Síria.

Quando a notícia chegou a Jerusalém, enviaram lá a Barnabé para investigar o caso. Claramente descobriu a mão de Deus neste movimento, não obstante serem os recém-convertidos incircuncidados. Parece que ele também percebeu que Deus estava abrindo a porta aos trabalhos de Paulo, porque dali foi buscá-lo a Tarso e levou-o para Antioquia. Ambos trabalharam naquela cidade um ano inteiro. Muitos outros gentios se converteram, de modo que a nova igreja, sem vestígios de judaísmo, foi denominada dos cristãos pelos habitantes gentios da cidade. Começaram por este modo as relações do apóstolo com Antioquia. Nas páginas da história foi registrada a primeira igreja cristã formada de elementos gentílicos, ponto de partida para a obra de Paulo no mundo pagão.

Quando Paulo estava em Antioquía, um profeta por nome Ágabo, vindo da Judéia, predisse na assembléia dos cristãos, que em breve haveria uma grande fome na terra. Serviu esta profecia de motivo para que os irmãos manifestassem o seu extremado amor para com os cristãos da Judéia. Este fato é prova notável do sentimento de obrigação destes gentios para com àqueles de quem haviam recebido a nova fé, e também para mostrar quão depressa haviam sido destruídos os muros de inimizade que separava as raças e as classes. Em Antioquia fizeram-se logo contribuições para aliviar as necessidades dos irmãos da Judéia enviadas por mão de Barnabé e de Saulo, Atos 11:29-30. Esta visita de Paulo a Jerusalém deveria ser no ano 44, ou pouco antes, e a ela não se refere na sua epístola aos Gálatas, talvez por não ter visto nenhum dos apóstolos. Alguns escritores tentaram identificar esta visita com a que se acha mencionada em Gálatas 2:1-10; porém deu-se esta depois de discutida a circuncisão dos gentios, como se depreende de Atos 15:1. O propósito de Paulo, na epístola aos Gálatas, foi o de contar de novo às oportunidades que ele havia tido, de obter a confirmação de seu evangelho pelos apóstolos mais velhos, e se nesta ocasião, como diz Lucas, ele encontrou somente os anciãos da igreja, a sua rápida visita era de simples caridade, o seu argumento na carta aos Gálatas não exigia menção desta viagem. Barnabé e Paulo voltaram novamente a Antioquia, levando consigo a João Marcos, Atos 12:25.

Havia chegado o tempo de iniciar a história missionária da evangelização dos gentios, indicada pelo Espírito aos profetas pertencentes à igreja de Antioquia, Atos 13:1-3, os quais, por ordem divina separam a Barnabé e a Paulo esta obra a que Deus os havia chamado. Obedecendo à direção divina e sob os auspícios da igreja de Antioquia, o apóstolo principiou a primeira viagem missionária, sem podermos determinar a data, que deveria ser entre 45 e 50, ou 46 e 48, e sem sabermos quanto tempo durou. Barnabé que era o mais velho, dirigia o movimento, mas Paulo, em breve, ocupou o primeiro lugar por causa de seus dotes oratórios. João Marcos entrou nesta comissão. Saíram de Antioquia para Selêucida, situada na foz do Orontes e dali para Chipre, pátria de Barnabé. Desembarcando em Salamina, na costa de Chipre, começaram a trabalhar, como de costume, nas sinagogas. Percorreram toda a ilha até chegarem a Pafos na costa sudoeste. Neste lugar, despertaram a atenção de Sérgio Paulo, procônsul romano. Saiu-lhes ao encontro, com violenta oposição, um feiticeiro judeu, chamado Barjesus, também conhecido por Elimas, o mago que previamente havia conseguido a proteção do procônsul, Atos 13:6-7. Paulo resistiu-lhe indignado e repreendeu-o severamente, e feriu-o de cegueira. Resultou disto a conversão de Sérgio Paulo, Atos 13:8-12. Partindo de Chipre, o grupo de missionários de que Paulo era agora o chefe, Atos 13:13, navegaram para a Ásia Menor e chegaram a Perge na Panfília. Ali João Marcos, por motivos ignorados, deixou os seus companheiros e regressou a Jerusalém. Os dois, Paulo e Barnabé, não se detiveram em Perge, dirigiram-se para o norte, chegaram a Frígia e foram até Antioquia da Pisídia.

Esta era a cidade principal da província romana de Galácia. Entraram na sinagoga judaica, e a convite dos chefes da sinagoga, proferiu o grande discurso, registrado, em Atos 13:16-41, primeira espécime de sua pregação de que há notícia. Depois de narrar a missão dos chefes de Israel, com vistas ao Messias, que tinha de vir, falou do testemunho de João Batista e do modo por que Jesus foi rejeitado pelos judeus; declarou que Deus o havia ressuscitado dentre os mortos, cumprindo na sua pessoa as promessas feitas a Israel pelos antigos e que, somente pela fé nele, os homens podem ser justificados. Admoestou os judeus a não repetirem o crime cometido pelas autoridades de Jerusalém. Este discurso fomentou a odiosidade dos judeus, mas impressionou a alguns outros e ainda mais aos gentios que já estavam sob a influência da sinagoga e formavam o laço de união entre esta e o mundo gentílico para o trabalho de Paulo. No sábado seguinte deu-se o rompimento entre a sinagoga e os missionários cristãos, de modo que estes passaram a dirigir-se aos gentios. O povo da cidade, excitado pelos judeus, levantou-se contra Paulo e Barnabé e os lançaram fora, Atos 13:50.

De Antioquia passaram a Icônio, outra cidade da Frígia, onde uma copiosa multidão de judeus e de gregos se converteu à fé, Atos 13:51. Aqui também encontraram forte resistência da parte dos judeus incrédulos, irritando os ânimos dos gentios contra seus irmãos. Daqui passaram para Listra e Derbe, cidades importantes da Licaônia, Atos 14:1-6. Em Listra, o apóstolo Paulo curou um homem coxo desde o ventre materno. O povo tendo visto o milagre, levantou a voz dizendo: “Estes, são deuses que baixaram a nós em figura de homens; chamavam a Barnabé, Júpiter e a Paulo Mercúrio”. Este fato ocasionou o segundo discurso feito por Paulo, registrado nos Atos 15-18, no qual pós em evidência a estultícia da idolatria. É quase certo que a conversão de Timóteo se deu em Listra, Atos 16:1; II Timóteo 1:2; 3:11. A popularidade de Paulo durou pouco. Irrompeu nova perseguição, instigada pelos judeus, Atos 14:19, apedrejando-o e lançando-o fora da cidade como morto, Atos 14:19. Rodeando-o os discípulos, e levantando-se ele, entrou na cidade e no dia seguinte partiu com Barnabé para Derbe, limite provável da província da Galácia a sudeste, Atos 14:20. Seria possível aos dois missionários atravessar a cordilheira indo a Cilícia e passando por Tarso, irem diretamente de regresso a Antioquia da Síria. Fizeram um novo círculo; não quiseram voltar antes de consolidar a existência das novas Igrejas. Portanto, passaram de Derbe a Listra, de Listra a Icônio, de Icônio a Antioquia da Pisídia, de Antioquia a Perge, organizando igrejas e animando os discípulos. Nesta cidade pregaram o Evangelho que parece não haviam feito na primeira visita; dirigiram-se ao porto de Atalia e dali regressaram a Antioquia da Síria, Atos 14:21-26. E assim terminou a primeira viagem missionária do apóstolo. Esta viagem compreendia todas, as regiões para o lado do ocidente, já ocupadas pelo Evangelho.

O método de trabalho consistia em oferecer em primeiro lugar a salvação aos judeus e depois aos gentios. Encontrou o apóstolo grande número deles influenciados pelo judaísmo, e, portanto, em condições de receber a nova doutrina. O seu objetivo consistia em formar igrejas nas cidades principais. As boas estradas de rodagem abertas pelo governo romano, entre os postos militares, contribuíram muito para facilitar as viagens missionárias. A língua grega, por ser geralmente falada, serviu de veículo à pregação da verdade. A Providência havia por este modo preparado o caminho para a difusão do Evangelho no mundo. Sobre as viagens missionárias, podem os leitores consultar Conybeare e Howson que escreveram sobre a primeira viagem de Paulo, Life and Epistles of St. Paul; e especialmente, em referência à primeira viagem, a primeira parte da obra de Ramsay, Church in the Roman Empire.

Os grandes resultados da obra de Paulo entre os gentios provocaram sérias controvérsias dentro da igreja. Certo número de cristãos, vindos do judaísmo, foram de Jerusalém para Antioquia, ensinando ali que não poderiam ser salvos os gentios convertidos a menos que fossem primeiramente circuncidados, Atos 15:1. Alguns anos antes, Deus havia revelado à igreja por meio do apóstolo Pedro, que os gentios deviam ser recebidos na igreja sem a observância das leis de Moisés, Atos 10:1 até Atos 11:18. Porém os fariseus restritos, convertidos ao Cristianismo, Atos 15:5, não se podiam conformar com esta doutrina vencedora na igreja da Antioquia, e de tal maneira perturbaram a consciência dos irmãos, que eles resolveram mandar Paulo e Barnabé, acompanhados de outros irmãos a Jerusalém, para consultarem os apóstolos e os anciãos sobre este assunto. Esta viagem é a que vem descrita em Atos cap. 15 e em Gálatas 2:1-10. Ambas estas descrições são inteiramente acordes, posto que feitas sob pontos de vista diferente. Paulo diz que foi lá em consequência de uma revelação divina, Gálatas 2:2. A situação era delicada e muito crítica. O futuro da nova religião dependia de uma resolução sábia. Dela resultou a vitória da lealdade cristã e da caridade. Paulo e Barnabé mostraram à igreja mãe o que Deus havia feito por intermédio deles. Diante da oposição dos elementos judaicos reuniu-se um concílio dos apóstolos e dos anciãos, Atos 15:6-29, Pedro recordou o fato da conversão de Cornélio; Paulo e Barnabé relataram os fatos que se deram em sua viagem missionária; Tiago, irmão do Senhor, fez lembrar a profecia, anunciando a vocação dos gentios. Resolveram então aceitar como irmãos os convertidos não circuncidados, exortando-os apenas a se absterem de certas práticas altamente ofensivas aos judeus. Diz o apóstolo na carta aos Gálatas, que ele advertiu a igreja de Jerusalém contra os falsos irmãos, e também que Tiago, Pedro e João lhe haviam dado as mãos em sinal de companhia para que ele fosse aos gentios e eles aos judeus. Deste modo, o apóstolo manteve as relações com os outros apóstolos, continuando livremente o seu trabalho missionário para o qual havia sido divinamente destinado. O quanto esta controvérsia acirrou os ódios do judaísmo, pode ver-se na subsequente perseguição contra Paulo. A sua vitória nesta questão serviu para conservar a unidade da igreja e garantir a liberdade dos gentios.

Um sábio ajustamento de idéias, de resultados práticos, conciliou os prejuízos razoáveis dos judeus, ao mesmo tempo em que o caminho para a evangelização dos gentios em todas as direções ficou aberto e livre das cerimônias judaicas. Na carta aos Gálatas 2:11-21, existe rápida alusão a uma controvérsia sobre o assunto em Antioquia, de que não há registro. Pedro tinha ido lá, e, estando de pleno acordo com as ideias de Paulo, mantinha livres relações com os gentios; mas, chegando ali alguns judeus de Jerusalém, Pedro e Barnabé, como que haviam cortado relações com os gentios. Esta maneira de proceder repreensível foi severamente condenada por Paulo, que ao mesmo tempo esboçou a doutrina da justificação pela fé sem as obras da lei, porque, dizia ele, eu estou morto à lei pela mesma lei, querendo com isso dizer que pela morte de Cristo ficaram prejudicadas todas as obrigações, impostas pela lei cerimonial. A única condição para se tornarem discípulos de Cristo, era crer nele para a obter a salvação. Vê-se, pois, que os direitos dos gentios na igreja cristã eram para o apóstolo, mais do que uma questão de unidade: envolvia um princípio essencial do Evangelho. Na defesa deste princípio, tanto como pela sua obra missionária, Paulo foi o principal agente para se estabelecer o Cristianismo universal.

O concílio de Jerusalém se efetuou no ano 50. Não muito depois, Paulo propôs a Barnabé uma segunda viagem missionária, Atos 15:36. Nesta ocasião não quis que João Marcos fosse com eles, ficando desde aí separados os dois grandes missionários. Desta vez acompanhou-o Silas. Primeiro visitaram as igrejas da Síria e da Cilícia; depois passaram para os lados do norte, atravessaram as montanhas do Tauro e passaram às igrejas que Paulo havia fundado na sua primeira viagem. Foram a Derbe e a Listra. Nesta última cidade, determinou levar a Timóteo, e o circuncidou por causa dos judeus que lá havia, impedindo por este modo que eles se escandalizassem, porque sua mãe era judia. Por este modo mostrou ele desejos de conciliar os prejuízos judaicos e ao mesmo tempo não cedendo uma linha em questão de princípios. De Listra passou para Icônio e para Antioquia da Pisídia. Neste lugar encontrou a oposição dos filósofos. Diz Ramsay, e com ele outros, que ele seguiu diretamente para o norte, quando deixou Antioquia da Pisídia, atravessando a província romana da Ásia, porém sem pregar ali, por haver sido proibido pelo Espírito Santo, Atos 16:6, e tendo chegado à Mísia, intentavam passar à Bitínia, Atos 16:7, mas foram de novo proibidos de pregar ali. Passando depois à Misia, voltaram-se para o ocidente, e foram para Trôade. A opinião mais comum é que eles, de Antioquia da Pisídia passaram para nordeste e foram para Galácia própria; nesta viagem Paulo adoeceu, aproveitando esta oportunidade, apesar de enfermo, para pregar na Galácia e fundar igrejas, Gálatas 4:13-15; que este movimento ao nordeste foi por causa de terem sido proibidos de pregar na Ásia; que terminado que foi o trabalho na Galácia própria, tentaram entrar na Bitínia, sendo outra vez proibidos. E assim, adotando a primeira teoria, o apóstolo voltou para o ocidente para Trôade. Todo este período é rapidamente descrito por Lucas. O Espírito estava dirigindo os missionários para a Europa. A narração dos Atos assim o indica.

Em Trôade apareceu a visão do homem de Macedônia, Atos 16:9. Obedecendo a esta chamada, os missionários juntamente com Lucas, dirigem-se para a Europa e desembarcando em Neápolis, seguem logo para a importante cidade de Filipos. Ali fundaram uma igreja, Atos 16:1-40, que sempre foi cara ao coração de Paulo, Filipenses 1:4-7; 4:1, 15. Aqui também, pela primeira vez, entrou em conflito com os magistrados romanos, servindo-se dos seus direitos de cidadão romano em favor de seu trabalho, Atos 16:20-24, 37-39. De Filipos, onde Lucas ficou, Paulo, Silas e Timóteo foram para Tessalônica. A deficiência de informações sobre o trabalho neste lugar, Atos 17:1-9, é suprida pelas alusões que a ele fazem as duas epístolas àquela igreja.

Alcançaram grandes resultados entre os gentios e lançou com grande cuidados os alicerces da igreja, servindo-lhe de exemplo de indústria e sobriedade, provendo pelo trabalho manual, o seu sustento e o de seus companheiros enquanto ali esteve a serviço do Evangelho, I Tessalonicenses cap. 2, etc. Veio a perseguição instigada pelos judeus, e por isso os irmãos enviaram Paulo para a Beréia; deste lugar, após valiosos resultados, até mesmo dentro da sinagoga, seguiu para Atenas.

A sua estada nesta cidade foi sem resultados. O que de mais importante se deu, foi o brilhante discurso por ele proferido no Areópago em presença dos filósofos gregos, Atos 17:22-31, no qual o apóstolo fez apreciações sobre as verdades que o Evangelho continha em comum com o estoicismo, e ao mesmo tempo proclamando a seu auditório os deveres que tinha para com Deus e o que deveriam crer a seu respeito. Em Corinto, onde se deteve dezoito meses, ao contrário de Atenas, seus trabalhos surtiram efeito admirável. Travou relações com Áquila e Priscila e hospedou-se em sua casa, Atos 18:1-3. A princípio pregava na sinagoga, depois, por causa da oposição dos judeus, passou a pregar em casa de certo Tito Justo, próximo à sinagoga, Atos 18:5-7. Tanto no livro dos Atos 18: 9-10, como na I Coríntios 2:1-5, encontram-se alusões à grande ansiedade com que o apóstolo prosseguia na sua missão em Corinto, e o seu desejo ardente de proclamar o evangelho na Grécia e em outros lugares. Na carta de I aos Coríntios refere-se aos bons resultados de seus trabalhos e às muitas tentações a que a igreja de Corinto estava exposta e que desde o princípio ocasionou cuidados especiais da parte do apóstolo.

As necessidades de outras igrejas também serviam de objeto a seus constantes cuidados. De Corinto escreveu as duas epístolas aos Tessalonicenses, com o propósito de advertir os irmãos contra certas doutrinas e práticas nocivas que ameaçavam a igreja. As hostilidades dos judeus continuavam. Por ocasião da chegada a Corinto do procônsul Gálio, acusaram a Paulo de violar a lei. O procônsul decidiu que a questão devia ser resolvida pelo pessoal da sinagoga, que o apóstolo não havia violado lei alguma que exigisse a sua intervenção. Nesta época, o império romano defendia os cristãos das violências dos judeus, identificando-os com eles e deste modo, o apóstolo podia continuar o seu trabalho sem embaraço algum. A missão de Paulo em Corinto é uma das mais frutíferas que a história da igreja primitiva registra.

Finalmente, o apóstolo volta-se outra vez para o oriente. De Corinto vai para Éfeso, onde não se demorou, e segue para Cesaréia indo apressadamente para Jerusalém. Havendo saudado a igreja desta cidade, voltou a Antioquia, de onde havia partido, Atos 18:22. Assim terminou ele a segunda viagem missionária de que resultou o estabelecimento do Cristianismo na Europa. A Macedônia e a Acaia estavam evangelizadas. O Evangelho havia dado grande passo para a conquista do império romano. Depois de algum tempo em Antioquia, o apóstolo Paulo, talvez no ano 54, deu início à sua terceira viagem. Primeiro atravessou a região da Galácia e da Frígia a fim de fortalecer os discípulos, Atos 18:23, depois vai a Éfeso. Parece que a anterior proibição de pregar o evangelho na Ásia, havia sido removida. Éfeso era a capital da Ásia e uma das cidades de maior influência no oriente. Permaneceu três anos estabelecendo ali o centro de operações, Atos 19:8-9; 20:31. Durante três meses ensinava na sinagoga, Atos 18:8, e depois durante dois anos na escola de certo Tirano, Atos 18:9. O seu trabalho nesta cidade se tornou notável pela riqueza de instrução, Atos 20:18-31, pela operação de portentosos milagres, Atos 19:11-12, pelos resultados obtidos, porque todos que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor, Atos 19:10, e até mesmo alguns dos principais da Ásia eram seus amigos, Atos 19:31, também pela constante e feroz perseguição, Atos 19:23-41; I Coríntios 4:9-13; 15:32, e finalmente pelo cuidado que tinha de todas as igrejas,II Coríntios 11:28. Este período da vida do apóstolo é rico em incidentes. Muitas cousas se deram que não se encontram nos Atos.

Em Corinto, o apóstolo soube dos ataques que lhe faziam e à sua doutrina os mestres judaizantes da Galácia, o que deu origem à epístola aos Gálatas, na qual defende a sua autoridade apostólica e os primeiros ensinos formais sobre a doutrina da graça. O estado da Igreja de Corinto também lhe deu motivo a constantes aflições. Em resposta às perguntas que a igreja lhe fez, escreveu uma carta que se perdeu, a respeito das relações dos crentes com a sociedade pagã, I Coríntios 5:9. Notícias posteriores dão a entender que haviam surgido dificuldades mais sérias. A primeira epístola aos Coríntios foi escrita de modo a mostrar a sabedoria prática do apóstolo; no modo de instruir e disciplinar as igrejas nascentes. Apesar disso, os elementos sediciosos da igreja de Corinto, continuaram em ação. Pensam alguns que depois de haver enviado a carta, ele próprio foi a Corinto apressadamente para corrigir os crentes indisciplinados, II Coríntios 12:14; 13:1.

É certo, porém, que antes de sair de Éfeso enviou Tito a Corinto, talvez levando instruções sobre o caso de um membro refratário da igreja. Tito deveria encontrar-se outra vez com o apóstolo em Trôade. Falhando este encontro, Paulo passou para a Macedônia, muito ansioso, aonde haviam chegado Timóteo e Erasto, Atos 19:22.

Finalmente, Tito chegou ao encontro desejado, II Coríntios 2:12-14; 7:5-16, levando boas notícias: a igreja havia obedecido às instruções do apóstolo e permanecia fiel. Isto deu assunto para escrever a segunda epístola, a que contém as mais completas notas biográficas, e em que ele se regozija pela obediência dos irmãos, e dá instruções sobre o serviço das contribuições destinadas aos santos da Judéia; mais uma vez defende a sua autoridade apostólica. Da Macedônia seguiu para Corinto, onde foi passar o inverno do ano 57-58. Durante a sua estada, completou o serviço de organização e regulou a disciplina da igreja. Foi ainda memorável a visita que ele fez a Corinto, porque nessa ocasião é que ele escreveu a epístola aos romanos, em que expõe com toda a Clareza a doutrina referente à salvação da alma. Evidentemente, considerava a cidade de Roma como o ponto culminante de suas operações mas não podia ir já, porque tinha necessidade de voltar a Jerusalém para levar as ofertas das igrejas dos gentios à igreja mãe. O trabalho cristão Já havia sido iniciado em Roma, e continuava a ser feito pelos amigos de Paulo, Romanos 16.

Enviou a epístola escrita em Corinto para que os cristãos da capital possuíssem instruções completas sobre o Evangelho que ele pregava em todo o mundo. Agora inicia a sua última viagem a Jerusalém, acompanhada de amigos, representantes das várias igrejas dos gentios, Atos 20:4. O trabalho do apóstolo entre os gentios sofreu grande oposição da parte dos judeus e até mesmo de cristãos vindos do judaísmo que tentavam desprestigiá-lo. Resultou daí o plano de provar a lealdade das igrejas dos gentios, induzindo-as a enviar ofertas liberais aos pobres da Judéia. Foi para este fim que ele e seus amigos saíram de Corinto com destino a Jerusalém. O seu primitivo plano era de navegar diretamente para a Síria, mas uma conspiração dos judeus, o obrigou a voltar pela Macedônia, Atos 20:3. Demorou-se em Filipos enquanto que seus companheiros caminhavam para Trôade. Depois da festa da páscoa ele e Lucas foram para Trôade, Atos 20:5, onde os companheiros o esperavam e onde se demoraram sete dias, Atos 20:6. Havia lá uma igreja. Lucas dá-nos interessante notícia do que se passou nas vésperas da partida do apóstolo, Atos 20:7-12. De Trôade caminhou Paulo para Assôs que ficava distante cerca de vinte milhas, para onde haviam embarcado seus companheiros, Atos 20:13. Deste porto, navegaram para Mitilene, que ficava na costa oriental da ilha de Lesbos, e costeando pela banda do sul, passaram entre a terra firme e a ilha de Quios; no dia seguinte aportaram em Samos e no outro, chegaram a Mileto, Atos 20:14-15. Esta cidade estava a 36 milhas de Éfeso, e, como Paulo tivesse pressa, resolveu não ir lá, e, por isso, mandou chamar os presbíteros da igreja. Em Mileto fez as suas despedidas de modo muito emocionante, como se lê em Atos 20:18-35. Não havia palavras capazes de exprimir mais vivamente a dedicação pela sua obra e o amor que votava a seus irmãos convertidos. Partindo de Mileto, o navio seguiu diretamente a Cós, Atos 21:1, nome de uma ilha situada a 40 milhas para o sul; no seguinte dia, chegaram a Rodes, distante 50 milhas de Cós; de Rodes passaram a Pátara, nas costas da Lícia, Atos 21:1. Encontrando um navio que passava à Fenícia, entraram nele, e fizeram-se à vela. Depois de estarem à vista de Chipre deixando-a a esquerda, chegaram a Tiro, Atos 21:3, onde se demoraram sete dias. Inspirados pelo Espírito Santo, os discípulos instavam com Paulo para não ir a Jerusalém, Atos 21:4. Depois de uma afetuosa despedida, partiram para Ptolemaida, que hoje se chama Acre, Atos 21:5-6, e no seguinte dia chegaram a Cesaréia, Atos 21:7-8, aboletando-se em casa de Filipe, o evangelista. Aqui também o profeta Ágabo, que tempo antes havia profetizado a fome, Atos 11:28, tomando a cinta de Paulo, e atando-se os pés e as mãos, disse: “Assim atarão os judeus em Jerusalém, ao dono deste cinto e o entregarão nas mãos dos gentios”. A despeito destas alarmantes predições e das lágrimas dos irmãos, ele seguiu viagem, Atos 21:11-14, acompanhado dos irmãos, e assim terminou a terceira viagem missionária.

Em breve se cumpriram as palavras de Ágabo. A princípio foi bem recebido pelos irmãos. No seguinte dia à sua chegada, foi à casa de Tiago, irmão do Senhor, onde se haviam congregado os anciãos, aos quais contou todas as cousas que Deus tinha feito entre os gentios por seu ministério. Ouvindo isto, engrandeceram a Deus. Ao mesmo tempo disseram-lhe os irmãos que muitos dos judeus que estavam entre os gentios, haviam dado más notícias a seu respeito, que punham em dúvida a sua fidelidade às leis de Moisés. Era necessário, pois, que ele desse provas visíveis que o justificassem. Aconselharam-no a que tomasse consigo a quatro varões que tinham voto sobre si, que os levasse ao templo, que se santificasse com eles e fizesse as despesas da cerimônia. A isto Paulo acedeu de bom grado porque era seu desejo agradar aos judeus. A cerimônia era pouco mais do que a que havia feito em Corinto, Atos 18:18.

Conquanto o apóstolo insistisse em que os gentios não eram obrigados às cerimônias judaicas, e nenhum dos cristãos vindos do judaísmo não mais estava na obrigação de observá-las, ele, contudo reserva-se o direito de praticar, ou não, certas cerimônias de acordo com as circunstâncias. Este ato, portanto, não era inconsistente com o seu proceder em outras ocasiões. Mas o expediente tomado não surtiu efeito. Certos judeus da Ásia o viram no templo e deram alarma. Acusaram-no de haver introduzido gentios no templo, amotinaram todo o povo dizendo que havia profanado o lugar santo, Atos 21:27-29. Seguiu-se um tumulto. O povo arrastou a Paulo para fora do templo e o teriam assassinado, se o tribuno Cláudio Lísias não tivesse corrido para o lugar do conflito, arrebatando a Paulo das mãos do povo e fazendo-o liar com cadeias o meteu na prisão. Paulo, com permissão do tribuno, pondo-se em pé sobre os degraus, fez sinal ao povo com a mão, para falar. O tribuno pensou a princípio que ele era certo egípcio que tempo antes havia dado muito trabalho ao governo. Quando Paulo contou que era judeu de Tarso, consentiu que falasse ao povo, o que ele fez em língua hebraica, Atos 22:2. Contou a história do seu nascimento, da sua vida e da sua conversão, até ao ponto em que falou em nações de longe, quando romperam em gritos para que o matassem. Neste ponto o tribuno o mandou recolher à cidadela, e que o açoitassem e lhe dessem tormento. Tendo-o liado com umas correias, disse Paulo a um centurião: “É-vos permitido açoitar um cidadão romano e que não foi condenado?”, Atos 22:25. Sabendo disto, Lísias, o mandou desatar, ordenando que e conselho dos sacerdotes tomasse conhecimento do caso. O comparecimento de Paulo perante o conselho provocou novo tumulto, Atos 23:1-10. O apóstolo estava agora defendendo a vida, não podia esperar justiça. Se fosse condenado, o tribuno Lísias o entregaria para ser executado. Com muita habilidade dividiu a opinião de seus inimigos; dizendo que professava ser fariseu, e queriam condená-lo por pregar a ressurreição dos mortos. Isto era verdade e, até certo ponto, prestava-se aos fins em vista. O ódio entre fariseus e saduceus era mais forte do que os dois juntos contra Paulo.

As duas seitas tomaram posições opostas. O tribuno, receando que Paulo fosse trucidado entre as duas facções, mandou que os soldados o arrebatassem das mãos da multidão e o metessem na prisão. Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo em visão, dizendo-lhe: “Coragem! porque assim como deste testemunho em Jerusalém assim importa que também o dês em Roma”, Atos 23:11. A morte de Paulo estava decretada devendo efetuar-se de modo inesperado. Alguns dos judeus combinaram em pedir ao tribuno que mais uma vez mandasse vir o prisioneiro perante o concílio. Um filho da irmã de Paulo soube do plano e informou a seu tio, que por sua vez, mandou o pequeno dar notícia ao tribuno, Atos 23:12-22. Por este motivo, Lísias mandou aprontar forte contingente de tropas para conduzir Paulo a Cesaréía, com uma carta ao presidente Félix, para que ele resolvesse o caso. Quando Félix soube que o acusado era da Cilícia, determinou que se esperasse a vinda dos acusadores. Entretanto, conservou-o em segurança no palácio de Herodes, que servia de pretório, ou residência do procurador. Passaram-se dois anos de prisão em Cesaréia. Quando os judeus compareceram perante Félix, fizeram uma acusação em termos gerais, dizendo que Paulo era sedicioso, que havia profanado o templo, e queixaram-se da violência com que o tribuno Lísias o havia arrebatado das suas mãos, Atos 24:1-9. A isto, Paulo respondeu com formal negação apelando para o testemunho de seus acusadores, Atos 24:10-21. Félix estava perfeitamente informado, e sabia que Paulo não havia cometido nenhum crime que merecesse a morte. Despediu os acusadores adiando o julgamento para quando chegasse o tribuno Lísias. E mandou a um centurião que o tivesse em custódia sem tanto aperto e sem proibir que os seus o servissem.

Passados alguns dias, vindo Félix com sua mulher Drusila, que era judia, mandou chamar a Paulo e o esteve ouvindo falar da fé que há em Jesus Cristo, Atos 24:24. O apóstolo parece ter exercido estranha fascinação sobre o procurador que tremeu na sua presença, prometendo ouvi-lo de novo quando tivesse tempo. Esperava também que Paulo lhe desse algum dinheiro em troca de sua liberdade, Atos 25:26. O apóstolo não quis subornar o procurador, que adiou o julgamento. Dois anos depois, veio Pórcio Festo substituí-lo no governo, e Paulo ainda estava na prisão, Atos 25:27. Os judeus esperavam que o novo governador lhes fosse mais favorável do que o tinha sido Félix. Festo recusou-se a enviar Paulo a Jerusalém para ser julgado; que estando preso em Cesaréia partiria para lá dentro de poucos dias, a fim de tomar conhecimento das acusações, Atos 25:1-6. Ainda desta vez nada puderam provar. Paulo continuava afirmando a sua inocência, Atos 25:7-8. Festo, querendo agradar aos judeus, perguntou a Paulo se queria ser julgado em Jerusalém. Sabendo que a sua vida corria perigo se fosse ali julgado, serviu-se de seus privilégios de cidadão romano e apelou para César, Atos 25:9-11. Por este modo o julgamento escapou das mãos do procurador, e o prisioneiro tinha de ser remetido para Roma. Antes da saída de Paulo, Agripa II e sua irmã Berenice vieram visitar a Festo talvez por motivo de sua nomeação.

O novo procurador que não era muito versado em controvérsias judaicas, e como tinha de enviar ao imperador um relatório de informações sobre o caso, contou a Agripa o caso de Paulo. Por sua vez, o rei mostrou desejos de saber o que o prisioneiro dizia em defesa. Arranjaram-se as cousas de modo que Paulo comparecesse a uma assembleia destas notáveis personagens. Agripa era versado em casos de doutrina e poderia servir de muito para instruir o relatório que o procurador tinha de mandar para Roma, Atos 25:12-27. A defesa de Paulo perante o rei Agripa, é um dos seus mais notáveis discursos. Nele revela as qualidades de homem de elevada educação, a eloquência de orador e firmeza de cristão. Passa revista ao seu passado a fim de provar que em todos os seus atos procurou sempre servir a Deus, e que a sua carreira como cristão, não só obedecia a uma direção divina, como ao cumprimento das profecias, Atos 26:1-23. Quando Festo o interrompeu, exclamando: “Tu estás louco, Paulo”, apelou energicamente para Agripa. Porém o rei estava disposto a ser simples observador e crítico do que ele julgava ser um novo fanatismo, e respondeu com uma frase de desprezo: “Por pouco me persuades a me fazer cristão”, Atos 26:28. Contudo estava convencido de que Paulo não tinha crime e que poderia ser posto em liberdade se não tivesse apelado para César, Atos 26:31-32.

No outono do mesmo ano 60, Paulo foi enviado para Roma, confiado juntamente com outros presos ao cuidado de um centurião chamado Júlio, da coorte Augusta. Lucas foi seu companheiro juntamente com Aristarco de Tessalônica, Atos 27:1-2. Lucas é quem dá o relatório desta viagem com minúcias muito particulares e admirável exatidão. Veja James Smith, Voyage and Shipwreck of St. Paul. O apóstolo foi tratado com muita cortesia pelo centurião. Embarcando em um navio de Adrumete, chegaram a Sidom, donde partiram para a Mirra na Lícia. E achando ali o centurião um navio de Alexandria que fazia viagem para a Itália, embarcaram nele. Os ventos não eram favoráveis, e por isso foram obrigados a navegar lentamente e apenas puderam avistar a Cnido na costa da Cária. Tomando o rumo sul, foram costeando a ilha de Creta, junto a Salmona com dificuldade ao longo da costa, abordaram a um lugar a que chamam Bons Portos, Atos 27:3-8. Havia passado o jejum do décimo dia do mês de Tisri, o dia da expiação Atos 27:9, quando chegaram ao termo da viagem. O tempo continuava ameaçador. Paulo mostrou a inconveniência de continuar a viagem, mas o centurião deu mais crédito ao mestre e ao comandante do navio que eram contrários e desejavam chegar a Fênix e invernar ali por ser porto de Creta, onde havia bom ancoradouro, Atos 27:9-12. Mas logo que largaram de Bons Portos veio contra a ilha um tufão e vento, chamado Euro-aquilão, que arrojou a nau para o sul, indo dar a uma pequena Clauda (a moderna Gozzo). Alijada que foi a carga, e os aparelhos do navio, correram assim durante catorze dias à mercê dos ventos para os lados do ocidente. Paulo mostrava-se animado e animava os companheiros, porque o Senhor lhe havia revelado em sonhos que nenhum deles havia de perecer, Atos 27:13-26. Lançando eles a sonda, perceberam que estavam perto de terra, e, lançando as quatro âncoras, esperavam que viesse o dia. Como tivesse aclarado o dia, não conheceram a terra: somente viram uma enseada que tinha ribeira, na qual intentavam encalhar o navio. Pelo que, tendo levantado âncoras, se entregaram ao mar, e se encaminharam à praia, Atos 27:27-40. O navio deu numa língua de terra; a proa afincada permanecia imóvel, ao mesmo tempo em que a popa se abria com a força do mar. Todos se lançaram às ondas; e, como Paulo havia dito, nenhum deles pereceu, Atos 27:41-44.

Nesta emocionante aventura, que Lucas descreve com tanta minúcia, o proceder de Paulo ilustra muito bem a coragem de um cristão e a influência que um homem de fé exerce sobre os outros indivíduos, em tempos de perigo. A terra a que haviam chegado era a ilha de Melita, que hoje se apelida Malta, situada a 58 milhas ao sul da Sicília, cujos habitantes receberam os náufragos com muita cordialidade. O procedimento maravilhoso de Paulo ganhou para ele multa honra e simpatia, Atos 28:1-10. Três meses depois, embarcaram em um navio de Alexandria que tinha invernado na ilha, no qual arribaram em Siracusa, onde ficaram três dias. De lá, correndo a costa, foram a Régio, e depois dias mais, apartaram a Potéoli, a sudoeste da Itália. Ali, Paulo encontrou irmãos em cuja companhia se demorou sete dias, Atos 28:11-14. Entretanto a notícia chegou a Roma. Os irmãos vieram encontrá-lo à Praça de Ápio e às Três Vendas, nomes de dois lugares distantes de Roma, 43 e 33 milhas, respectivamente. O centurião entregou os prisioneiros ao capitão da guarda, que era o prefeito da guarda pretoriana, cargo este exercido nesta ocasião, a.D. 61, pelo célebre Burro. Mommsen e Ramsay pensam que os prisioneiros foram entregues ao capitão de outro corpo a que o centurião Júlio pertencia, cujo ofício consistia em superintender o transporte dos cereais para a capital e outros encargos policiais. Realmente não sabemos quem foi que tomou sobre si a guarda de Paulo. O que se pode dizer é que ele ficou sob a guarda de um soldado com licença de habitar onde quisesse, Atos 28:16; Filipenses 1:7, 13. As apelações para César eram atendidas com muita morosidade. Dois anos inteiros permaneceu Paulo em um aposento que alugara, onde recebia a todos que o queriam ver, Atos 28:30. E assim termina a narrativa da primeira detenção de Paulo em Roma. Os Atos dos Apóstolos concluem dizendo que, passados três dias, convocou Paulo os principais dos judeus para informá-los dos motivos de sua prisão na capital, tendo-lhe aprazado dia para dar testemunho do Reino de Deus, convencendo-os a respeito de Jesus, pela lei de Moisés e pelos profetas, desde pela manhã até à tarde. Como não o quisessem crer, declarou mais uma vez que aos Gentios era enviada esta salvação. A prisão não o impedia de exercer a sua atividade missionária, Atos 28:17-31. As epístolas que ele escreveu neste período iluminam mais de perto esta faze de sua história: são as epístolas aos Colossenses, a Filemom, aos Efésios e aos Filipenses.

As primeiras três foram provavelmente escritas no princípio deste período, e a última no fim. Por elas se vê que o apóstolo tinha muitos amigos fiéis em Roma trabalhando com ele, entre os quais se contam: Timóteo, Colossenses 1:1; Filipenses 1:1; 2:19; Filemom 1:1; Tíquico, Efésios 6:21; Colossenses 4:7; Aristarco, Colossenses 4:7, 10; Filemom 24; João Marcos, Colossenses 4:10; Filemom 24, e Lucas, Colossenses 4:14; Filemom 24. Estes amigos tinham livre acesso à sua pessoa e operavam como mensageiros para as igrejas e como cooperadores em Roma. Paulo na prisão era o centro de onde irradiava a luz do Evangelho para todo o império. As epístolas citadas põem em relevo a atividade pessoal do eminente apóstolo. Com grande zelo e apreciáveis resultados, apesar das suas cadeias, pregava o Evangelho: estando em cadeias fazia o ofício de embaixador, Efésios 6:20. Pedia a seus amigos que orassem a Deus para que se lhe abrisse a porta da palavra para anunciar o mistério de Cristo, Colossenses 4:3. Em Onésimo, escravo fugido, vemos um exemplo vivo do fruto de seu trabalho, Filemom 10. À medida que o tempo corria, aumentava também o seu trabalho. Escreveu aos Filipenses 1:12-13, que todas as cousas que lhe tinham acontecido haviam contribuído para proveito do Evangelho, de maneira que as suas prisões se tinham feito notícias em Cristo por toda a corte do Imperador e em todos os outros lugares. Enviou saudações dos que eram da família de César. Ao mesmo tempo sofria oposição até mesmo de alguns dos crentes, provavelmente do tipo judaico, Filipenses 1:15-18, e que ele enfrentava com ânimo sereno, esperando ser em breve livre das prisões, Filipenses 1:25; 2:17, 24; Filemom 22.

A detenção de Paulo serviu nas mãos de Deus para habilitá-lo a exercer com mais precisão o ofício de embaixador de Cristo. Finalmente, as epístolas provam que o apóstolo superintendia a todas as igrejas espalhadas pelo território do grande império. Na Ásia surgiram novas heresias. Nas epístolas que escreveu na prisão, forneceu as mais preciosas instruções acerca da pessoa de Cristo e dos eternos propósitos de Deus revelados no Evangelho, e ao mesmo tempo as direções práticas que elas contém descobrem a largueza do círculo em que exercia a sua atividade, e o fervor de sua vida cristã.

O livro dos Atos termina deixando a Paulo na prisão em Roma. Existem abundante provas que nos levam a crer que ao cabo de dois anos foi solto, continuando as suas viagens missionárias. As provas referidas podem ser condensadas da seguinte forma:-

Primeiro: Os versículos finais dos Atos acomodam-se melhor com esta ideia, do que pensando que a prisão do apóstolo terminou pela condenação e morte. Lucas dá relevo ao fato de que o apóstolo pregava o Reino de Deus e ensinava as cousas concernentes ao Senhor Jesus Cristo com toda a liberdade e sem proibição, dando-nos a entender que o fim de sua atividade não estava próximo.

Segundo: Na epístola aos Filipenses 1:25; 2:17, 24, em Filemom 22, diz claramente que cedo ficaria livre. Esta esperança encontra apoio no tratamento que havia recebido dos oficiais romanos. Deve-se notar que as perseguições de Nero contra os cristãos ainda não haviam começado; que se o apóstolo fosse condenado, seria um ato sem precedentes nas relações do governo com os cristãos; que em face das leis do império, sendo os cristãos tidos como seita judaica, eram garantidos no exercício de suas crenças. É provável também que na acusação contra Paulo entrasse algum crime contra as leis romanas. Contudo, o relatório enviado por Festo nada continha que o desabonasse, Atos 26:31, nem parece que os judeus tivessem mandado algum acusador a Roma, Atos 28:21.

Terceiro: Afirma a tradição que Paulo foi solto e reassumiu a sua atividade missionária sendo mais tarde novamente preso. Clemente de Alexandria a.D. 96, dá a entender claramente que o apóstolo chegou a ir à Espanha, quando diz que em suas viagens “chegou ao extremo ocidente”. Este fato é confirmado pelo Fragmento Muratório, a.D. 170. Com isto concorda a história de Euzébio, a.D. 324, onde se diz que, segundo a tradição comum, depois que Paulo saiu da prisão, tendo feito a sua defesa, se entregou de novo ao ministério da pregação, e mais uma vez foi a Roma, onde sofreu o martírio. É admissível que esta evidência tradicional não seja suficientemente forte para uma demonstração absolutamente exata; porém, pertence a uma época remota e é em si mesma bastante forte para confirmar a evidência contra a qual não se pode opor nenhuma outra.

Quarto: Ninguém pode contestar que as epístolas a Timóteo e a Tito não sejam genuínas em razão da evidência interna e externa a seu favor. Ora, nenhuma delas é mencionada na história de Paulo, como a dá o livro de Atos. Logo, devem pertencer a uma época posterior, o que nos leva a aceitar a tradição referida por Euzébio. Devemos, pois, acreditar que o apelo feito do tribunal de Festo para o de César, deu em resultado a sua liberdade.

Os trabalhos subsequentes somente poderão ser avaliados pelas alusões que se encontram nas epístolas a Timóteo e a Tito e pelo testemunho da tradição. Podemos supor que depois de solto, seguiu para a Ásia e Macedônia como desejava, Filipenses 2:24; Filemom 22. Pelo que se lê, era I Timóteo 1:3, sabe-se que ele deixou a Timóteo encarregado de cuidar das igrejas em Éfeso, indo para a Macedônia. Onde se achava, quando escreveu a sua primeira carta a Timóteo, não é fácil saber, mas ele esperava regressar brevemente a Éfeso, I Timóteo 3:14. Pela carta a Tito, sabe-se que havia confiado a ele o cuidado das igrejas de Creta e que esperava passar o inverno em Nicópolis, Tito 3:12. Havia três cidades com este nome, a que se pode aplicar esta referência, uma na Trácia perto de Macedônia, outra na Cilícia e a terceira, no Epiro; de modo que não podemos dizer a qual delas se refere o apóstolo. É provável, porém, que fosse a do Epiro. Se aceitarmos o que diz a tradição sobre a ida de Paulo à Espanha, é lícito supor que só poderia ser depois de haver estado na Ásia e na Macedônia; e que, depois de regressar da Espanha, é que ele se demorou em Creta, onde deixou a Tito, voltando para a Ásia, de onde provavelmente escreveu a carta a Tito. Sabe-se mais pela leitura em II Timóteo, 4:20, que ele passou pela cidade de Corinto e por Mileto, uma na Grécia e outra na Ásia. Ignora-se se realizou o intento de invernar em Nicópolis. Muitos são de parecer que ele seguiu para Nicópolis do Epiro e que ali foi novamente preso e enviado para Roma. Apesar de serem muito incertos os movimentos do apóstolo durante o final de sua existência, as epístolas neste período, dizem o bastante para sabermos que empregava a sua atividade, evangelizando novas regiões e fundando igrejas nos moldes das já existentes, perfeitamente organizadas. Sabia que pouco lhe restava de vida e que as igrejas ficariam expostas a novos perigos, tanto internos como externos. Daqui vem que as epístolas pastorais, como são chamadas, serviam de veículo para levar às igrejas as instruções apostólicas necessárias à consolidação de sua fé e equipando-as praticamente para a obra do futuro.

O livramento de Paulo, quando foi preso a primeira vez, deu-se pelo ano 63; a sua subsequente atividade durou quatro anos. Segundo Euzébio a morte de Paulo deu-se no ano 67, e segundo Jerônimo, no ano 68. Qual foi o motivo de ser outra vez preso não se sabe. Na II segunda epístola a Timóteo, escrita de Roma pouco antes de morrer, encontram-se alguns indícios. Devemos recordar que a perseguição de Nero aos cristãos explodiu no ano 64, seguida de outras em várias províncias do império, I Pedro 4:33,19. Pode bem ser, como alguns presumem, que o apóstolo foi apontado como o chefe da nova seita pelo Alexandre por ele mencionado na carta a Timóteo, II Timóteo 4:14. Seja como for, foi preso e remetido para Roma a fim de ser julgado, ou por que tenha apelado para César, como fez antes, ou por ser acusado de algum crime cometido na Itália, talvez de cumplicidade no incêndio de Roma ou ainda por causa da oficiosidade de algum procurador provincial que desejava gratificar a vaidade do tirano, enviando-lhe tão preciosa presa. Somente o seu amigo Lucas se achava com ele, quando escreveu a carta a Timóteo, II Timóteo 4:11. Alguns o haviam abandonado, II Timóteo 1:15; 4:10, 16 e outros se haviam ausentado para lugares diferentes, II Timóteo 10:12. A primeira vez que compareceu ao tribunal, foi absolvido, II Timóteo 10:17, continuando na prisão por algum motivo diferente. Quem sabe se, tendo sido absolvido por algum crime, ficou na prisão por ser cristão. Fala de si como prisioneiro, II Timóteo 1:8, e em cadeias, II Timóteo 1:16, como malfeitor, II imóteo 2:9, e estava a ponto de ser sacrificado, II Timóteo 4-6-8. É certo que afinal foi condenado à morte simplesmente por ser cristão, de acordo com a política de Nero iniciada no ano 64. Diz a tradição que foi decapitado, sendo cidadão romano, na via Óstia.

Dando o esboço biográfico do apóstolo, referimo-nos ao testemunho dos Atos e das epístolas. Não devemos contudo, ignorar que muitos outros fatos se deram durante a sua carreira ativa e fecunda. A alguns destes fatos, encontram-se alusões em várias epístolas, Romanos 15:18-19; II Coríntios 11:24-33. Os fatos bem averiguados da sua vida, conforme o testemunho das epístolas, revelam claramente o caráter do grande apóstolo e o valor supremo de sua obra. É difícil esboçar todas as linhas de seu caráter versátil.

Era por natureza intensamente religioso: a sua natureza obedecia inteiramente a esta influência quando fariseu, e muito mais depois da sua conversão. Dotado de alto vigor intelectual, apreendia todo o valor da verdade e logicamente obedecia a todas as suas injunções.

A verdade dominava-lhe o coração e a mente. As emoções que ele produzia eram tão ardentes quanto vigorosos os processos lógicos de seu raciocínio. Ao mesmo tempo, os aspectos práticos da verdade, ele os via com a mesma nitidez como o seu teórico. Se por um lado tirava conclusões lógicas das suas idéias doutrinais, por outro, aplicava o Cristianismo à vida prática com a sabedoria e compreensão de um homem de negócios.

Era intensamente afetivo e às vezes estático em suas experiências religiosas, sempre progressivo nas suas exposições da verdade, capaz de remontar-se às mais elevadas culminâncias do pensamento religioso e de vida e movimento à verdade pela qual se batia.

A flexibilidade de caráter, a intensidade de espírito, a pureza de sentimentos, a vida espiritual, o vigor mental, dotes estes governados pelo espírito de Deus, habilitaram o apóstolo para a obra que a Providência Divina lhe havia destinado.

Esta obra consistia em interpretar ao mundo gentílico por meio da palavra e escrita, e por atos sobrenaturais, a missão de Cristo e a mensagem de salvação que ele trouxe. O modo prático de realizar esta obra encontra-se bem descrito nos Atos dos Apóstolos. Por meio de sua ação inteligente, estabeleceu-se no mundo a catolicidade do Cristianismo, independente do ritualismo judaico e adaptável a todo o gênero humano, como bem o confirma a história.

Outros obreiros colaboraram neste mesmo trabalho, porém só ao apóstolo Paulo foi divinamente confiada esta missão especial; a ele, mas do que a qualquer outro se devem às conquistas do Evangelho. É verdade que tudo isto se efetuou de acordo com os propósitos divinos. Mas os que estudam a história do Cristianismo devem reconhecer na pessoa de Paulo o agente desta grande obra.

Por outro lado, as epístolas de Paulo expõem de modo claro a palavra do Cristo, dão-nos a interpretação doutrinal e ética das doutrinas e das obras por ele realizadas e a que serviram ao grande apóstolo para auxiliá-lo no exercício de sua grande atividade; sem isto, o Cristianismo não teria existência permanente nem exerceria tão profunda influência.

É, pois, ao apóstolo das gentes que devemos admirar como grande teólogo. A sua teologia reflete a experiência peculiar de sua conversão. Por meio da repentina transição que se operou na sua vida religiosa, chegou a conhecer que era impossível salvar-se por si mesmo, e que o pecador depende exclusivamente da graça soberana de Deus, e da obra redentora de Jesus, o Filho de Deus, por meio de sua morte e ressurreição.

Segue-se daí que, somente pela união com Cristo por meio da fé, é que o pecador poderá ser salvo. A salvação consiste na justificação do pecador que só Deus faz, baseada na obediência de Cristo, participando de todos os benefícios espirituais, tanto internos como externos, no céu e na terra, adquiridos para ele. O Espírito Santo deu a Paulo intuição necessária para lançar como fundamento de todo o seu trabalho, a verdade e a pessoa de Cristo.

Nas epístolas aos Gálatas e aos Romanos, o meio de salvação acha-se plenamente elaborado, nas epístolas que escreveu nas prisões, encontram-se a exaltação da dignidade de Cristo e a inteira e completa demonstração dos fins e propósitos divinos em referências à igreja de Cristo. Além destes assuntos fundamentais, ele traça as linhas características do dever e da verdade cristã.

A sua teoria predileta é a que fala da graça, cujas profundezas ilumina; interpreta o Messias hebreu ao mundo gentílico; ergue-se para explicar a doutrina do Salvador, em que ele creu e a obra redentora por ele realizada. Paulo teve a primazia como professor de teologia, e ao mesmo tempo salientou-se como o mais agressivo de todos os missionários.

É impossível compreender o Cristianismo, sem os ensinos e as obras de Cristo e a interpretação fornecia pelo apóstolo Paulo. Cronologia da vida de Paulo. Conquanto a ordem dos acontecimentos da vida de Paulo e as datas relativas das suas epístolas sejam em grande parte bem claras, existem, contudo algumas divergências quanto aos anos em que se deram os fatos e em que foram escritas as epístolas.

Nos Atos dos Apóstolos existem duas datas rigorosamente exatas, que são a data da ascensão de Cristo no ano 30, (posto que alguns dizem que é 29), e da morte de Herodes Agripa, Atos 12:23, que todos admitem ter sido no ano 44. Contudo nenhuma delas serve para determinar com absoluta certeza a cronologia da vida de Paulo, que depende principalmente de assinalar a data da posse do procurador Festo no governo da Judéia. Segundo a opinião mais geralmente aceita, que é a mais provável, Festo tomou posse do governo no ano 60, Atos 24:27. Josefo diz que quase todos os acontecimentos que se deram na Judéia durante o governo de Félix, se efetuaram no reinado de Nero, que começou em outubro do ano 54. Paulo em sua defesa perante Félix diz: “Sabendo que tu és juiz desta nação muitos anos há, com bom ânimo satisfarei por mim”, Atos 24:10. Em vista do que, a prisão de Paulo quando compareceu diante de Félix, não podia ser antes do ano 58. Paulo esteve dois anos na cadeia de Cesaréia, e por isso a substituição de Félix deveria ter sido no ano 60 e não depois, porque no ano 62 o procurador Festo era substituído por Albio, sendo certo, pois, que ele governou mais de um ano. Se Festo tomou posse do cargo no ano 60, Paulo deveria ter seguido para Roma no outono desse ano, chegando a Roma na primavera do ano seguinte depois de passar o inverno em viagem. Portanto a narrativa final dos Atos e o provável livramento de Paulo, quando pela primeira vez esteve em Roma devem ser datados do ano 63, Atos 28:30.

Os acontecimentos da vida de Paulo, anteriores a esta data, precedem ao governo de Festo começado no ano 60. Sendo assim, a prisão de Paulo deu-se no ano 58, dois anos antes, Atos 24:27, isto é, no fim da terceira viagem missionária. O inverno que precedeu a sua prisão, passou-o ele em Corinto, Atos 20:3, e o outono anterior, na Macedônia, Atos 20:2, e antes desta época demorou-se três anos em Éfeso, Atos 20:31, para onde havia ido, quando deixou Antioquia, depois de uma rápida excursão pela Galácia e pela Frígia, Atos 28:23.

Conclui-se pois, que na terceira viagem gastou quatro anos. Se ele foi preso em Jerusalém na primavera do ano 58, segue-se que começou esta viagem na primavera do ano 54. A terceira viagem foi iniciada pouco depois da segunda, Atos 28:23, talvez dois anos e meio, visto que ele se demorou dezoito meses em Corinto, Atos 28:11, e que os fatos precedentes teriam consumido mais um ano, Atos 15:36 até Atos 17:34. Portanto, se a segunda viagem terminou no outono de 53, provavelmente começou na primavera de 51. A segunda viagem começou alguns dias, Atos 15:36, depois do concilio de Jerusalém que se efetuou no ano 50. A primeira viagem missionária não poderia realizar-se senão entre o ano 44, em que morreu Herodes, Atos cap. 12, e o ano 50, em que se deu o concílio, Atos cap. 15. Poder-se-á, pois, dar-se o período de 46-48, não sendo provável que gastasse tanto tempo.

Para determinar a data da conversão de Paulo, precisamos combinar os cálculos acima referidos com o que diz a epístola aos Gálatas. Diz ele em Atos 2:1: “Catorze anos depois subi dali, outra vez a Jerusalém com Barnabé”. Esta visita não pode ser outra senão a que ele fez para assistir ao concílio no ano 50. Mas desde quando começou ele a contar estes catorze anos? Segundo alguns comentadores, devem ser calculados desde a data de sua conversão, mencionada em Gálatas 1:15, no ano 36 ou 37, segundo o modo de contar os catorze anos, incluindo ou excluindo o primeiro deles. Mas em Colossenses 1:18, Paulo nota que ele visitou Jerusalém três anos depois de ser convertido. É mais lógico datar os catorze anos, mencionados em Gálatas 2:1, desde fim dos três anos prévios. Neste caso, de qualquer modo que se faça o cálculo, a conversão deu-se no ano 33 ou 35. Está mais de acordo com o sistema hebraico de calcular e incluir o ano anterior, e por isso podemos dizer que a conversão se deu no ano 35 e que sua primeira visita à cidade de Jerusalém, Gálatas 1:18, foi no ano 37, e que os catorze anos depois, Gálatas 2:1, vão ao ano 50. Como já dissemos, todas estas datas são discutidas. Alguns dão o ano 55 para a posse de Festo, e, portanto alteram todas as outras datas em cinco anos menos. Outros críticos divergem em certos pontos especiais, como por exemplo, a respeito da morte do apóstolo, dizendo que foi no ano 64, supondo ter sido no primeiro ano da perseguição de Nero. Contudo, as datas que acima demos, parecem aproximar-se muito da verdade e podem ser vistas na seguinte Tabua Cronológica:

Morte, ressurreição e ascensão de Cristo a.D. 30
Conversão de Paulo a.D. 35?
Primeira visita subseqüente a Jerusalém, Gálatas 1: 18 a.D. 37
Paulo em Tarso a.D. 37-43
Visita a Jerusalém, levando ofertas de Antioquia, Atos 11: 30 a.D. 44
Primeira jornada missionária a.D. 46-48
Concílio de Jerusalém a.D. 50
Segunda jornada missionária a.D. 51-53, I e II aos Tessalonicenses a.D. 52
Terceira jornada missionária a.D. 54-58
Gálatas a.D. 55
I Coríntios a.D. 56 ou 57
II Coríntios a.D. 57
Romanos a.D. 57-58
Prisão de Paulo a.D. 58
Encarceramento em Cesaréia a.D. 58-60
Festo sob ao poder a.D. 60
Paulo chega a Roma a.D. 61
ColossensesFilemomEfésios a.D. 61 ou 62
Filipenses a.D. 62 ou 63
Absolvido em primeiro julgamento a.D. 63 I Timóteo a.D. 64 ou 65
Tito a.D. 65 ou 66
Hebreus (se foi de Paulo) a.D. 66 ou 67 II Timóteo a.D. 67
Morte de Paulo a.D. 67.

Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

I Coríntios 13:1-2