A Origem do Natal
No hemisfério norte, o solstício de inverno ocorre entre os dias 21 e 22 de dezembro, quando o sol atinge o seu afastamento máximo da linha do Equador, tornando as noites mais longas e marcando o inicio do inverno. O mitraístas estabeleceram o dia 25 de dezembro como a data do Natalis Solis Invicti, ou Nascimento do Sol Invencível, festividade esta que coincidia com Saturnalia, uma orgia em homenagem a Saturno, que, mais tarde, deu origem ao carnaval.
A influencia do culto pagão celebrado em honra ao Sol sobre o calendário litúrgico cristão conduziu à adoção do dia 25 de dezembro como data oficial do nascimento de Cristo. A adoção de uma festividade pagã, como o dia do Nascimento do Sol Invencível, embora reinterpretada, sincretizada, cristianizada, equivale “a uma traição da fé ” cristã (S. Bacchiocchi).
As festividades pagãs do Natalis Solis Invicti envolviam a decoração de arvores com luzes (velas) e a troca de presentes. Mesmo depois de se converterem ao cristianismo, os pagãos transferiram esse costume para a sua nova fé.
Foi a Igreja de Roma a pioneira na adoção e institucionalização da celebração do Natal em 25 de dezembro. E isso é reconhecido por ela mesma, conforme afirma Mário Righetti, celebre teólogo católico:
“… a Igreja de Roma, para facilitar a aceitação da fé pelas massas pagãs, achou conveniente instituir o 25 de dezembro como a festa do nascimento temporal de Cristo, para desvia-las da festa pagã, celebrada no mesmo dia, em honra do Mithras ‘Sol Invencível’, o conquistador das trevas“.
Juliano, o apóstata, sobrinho de Constantino, que também era adorador de Mitra, comentou a festa de 25 de dezembro:
“Antes do inicio do ano, no final do mês cujo nome é segundo Saturno (dezembro), celebramos em honra de Helios (o Sol), os jogos mais esplendidos e dedicamos o festival ao Invencível Sol… Que os deuses governantes me concedam louvar e sacrificar neste festival com sacrifícios! E sobre todos os outros, que Helios mesmo, o rei de todos, conceda-me isto”.
Em seu livro Astrologia e Religião entre os romanos, Franz Cumont comenta:
“Parece certo que a comemoração da natividade foi posta em 25 de dezembro porque no solstício de inverno era celebrado o renascimento do deus invencível. A adotar esta data… as autoridades eclesiásticas purificaram, de algum modo, alguns costumes pagãos que não conseguiram suprimir”.
Em toda a Escritura hebraica há apenas a menção da comemoração de um único aniversario: O do faraó, no qual o padeiro do rei foi enforcado “E aconteceu ao terceiro dia, o dia do nascimento de Faraó, que fez um banquete a todos os seus servos; e levantou a cabeça do copeiro-mor, e a cabeça do padeiro-mor, no meio dos seus servos. E fez tornar o copeiro-mor ao seu ofício de copeiro, e este deu o copo na mão de Faraó, mas ao padeiro-mor enforcou, como José havia interpretado”. (Gênesis 40:20-22). No Novo Testamento o único festejo similar mencionado é o natalício de Herodes, no dia em que a cabeça de João Batista foi decepada e oferecida num prato a Salomé (Marcos 6:21-28). É bastante significativo que as duas únicas menções bíblicas a festas comemorativas de datas natalícias, isto é, de aniversários, tenham a ver com execuções, com mortes, e estejam, invariavelmente, relacionadas a orgias gastronômicas, bebedeiras e lascívia. Há apenas duas comemorações natalícias em toda a Bíblia, ambas em homenagens a dois governantes pagãos e idolatras. Ambas terminaram em mortes. Um historiador comentou: “A noção de uma festa de aniversario era desconhecida aos cristãos da igreja primitiva”.
Um escritor do terceiro século da era cristã afirma: “dentre todas as pessoas santas nas Escrituras não se registra nenhuma delas como tendo realizado festa ou banquete em seu aniversário natalício. São apenas governantes pagãos que aparecem comemorando seus aniversários”. Fica claro, então, que a pratica de celebração festiva de aniversários natalícios não teve origem nem no Antigo nem no Novo Testamento. Outros historiadores atestam que os judeus “consideravam as celebrações de aniversários natalícios como parte da adoração idólatra … e isto devia-se aos ritos idólatras que eram praticados em honra a divindades padroeiras de cada dia, ou seja, do dia em que a pessoa nascia”; Essa prática é adotada até os dias de hoje, quando ainda muitas pessoas consultam o calendário para ver qual o santo padroeiro do dia do nascimento de algum bebê, para dele tirar o nome do recém-nascido. Essa idolatria para com o deus ou santo padroeiro do dia natalício acabou se transformando num outro tipo de idolatria: a egolatria, que é adoração do próprio eu. A pratica da celebração do aniversario conduz ao culto da personalidade do aniversariante. Com o advento de Cristo e o inicio do cristianismo, nada mudou em relação à pratica de festejos de aniversários. Ora, se os cristãos primitivos não tinham o habito de celebrar seus próprios aniversários por ser isso um costume pagão e idolatra, muito menos celebrariam o nascimento do Salvador.
O próprio Senhor Jesus nos deixou uma clara instrução para que celebrássemos uma data especifica. Durante a ultima ceia com os apóstolos, Jesus ordenou que os cristãos celebrassem a Sua morte, dizendo: Fazei isto em memória de mim; “E, tomando o pão, e havendo dado graças, partiu-o, e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que por vós é dado; fazei isto em memória de mim”. (Lucas 22:19). Portanto, Cristo é a nossa Páscoa. O Senhor Jesus jamais ordenou, nem sugeriu, que se comemorasse a data de seu nascimento, mas sim a Sua entrega para morrer pelos nossos pecados.
Para que os pagãos pudessem continuar adorando o Sol, festejando o renascimento do astro-rei, a festividade do natal do Sol foi transformada na celebração da natividade do Salvador Jesus. Mais uma vez o engano foi semeado junto a fé dos santos, o profano foi misturado ao sagrado, o joio ao trigo, o paganismo e o cristianismo deram-se as mãos para, juntos, fazer prosperar o erro.
Não foi difícil convencer os cristãos a guardar o dia 25 de dezembro como o dia do nascimento de Jesus. Com a argumentação de que Jesus é o Sol da Justiça não demorou muito para que os pagãos convencessem os cristãos a adotar essa data. Assim, tanto pagãos quanto cristãos, todos ficaram satisfeitos. Alguns afirmam que isso foi apenas uma forma de atrair pagãos para o cristianismo; mas, na realidade, foi uma forma de introduzir o paganismo dentro do cristianismo.
Roma pagã comemorava, ainda nesta data, duas festividades: as Saturnálias, que terminavam com o solstício, e as Calendas, festa que celebrava a chegada do ano novo. As Saturnálias (ou Saturnais) eram orgias carnavalescas, onde havia muito vinho e muita depravação, tudo em homenagem ao deus Saturno. Durante as Saturnais havia muita licenciosidade e anarquia comandadas por um chefe de folia, uma espécie de rei momo, um homem gordo, que representava Saturno, mas que em muito se assemelhava ao Papai Noel. Havia, ainda, as ceias fartas, a tradicional troca de presentes e a queima de velas. O resultado da assimilação dessas festas foi uma estranha mistura de festivais pagãos com falsas datas e falsos motivos cristãos, que passamos a chamar de Natal e Ano Novo.
No ano 245 A.D., Orígenes repudiou a comemoração do nascimento de Cristo “como se fosse ele um faraó”. Mas, em 275 A.D., o imperador romano Aureliano estabeleceu, como festividade obrigatória, a comemoração do Natalis Solis Invicti no dia 25 de dezembro, data solstício de inverno. No ano 336, a Igreja de Roma assimilou essa festividade pagã como data do nascimento de Jesus Cristo, prática essa que começou a ser difundida a partir de Roma para as demais igrejas cristãs. Finalmente, em 440 A.D., o dia 25 de dezembro foi oficialmente estabelecido como data do nascimento de Jesus, o que, até hoje, é aceito por toda cristandade.
A Nova Enciclopédia Católica reconhece: “A data do nascimento de Cristo não é conhecida. Os evangelhos não indicam nem o dia nem o mês”. A revista católica americana U.S. Catholic diz: “É impossível separar o Natal de suas origens pagãs”.
A maioria dos cristãos desconhece as origens do natal. Poucos pastores se deram ao trabalho de informá-los. Não julgam importante esse detalhe e muito menos irem contra uma tradição milenar, mesmo que Jesus não tenha ordenado. O que precisa ser feito é conscientizar o povo a respeito, pois o natal é uma forma de idolatria a outros deuses. E o nosso Deus verdadeiro, onde fica?
Igreja Batista de Catanduva
Paulo de Tarso
Em grego Paulos, derivado do latim Paulus, que quer dizer pequeno.
Nome do grande apóstolo dos gentios. O nome judaico anterior era Saulo; no hebreu Shaul, no grego, Saulos; assim denominado nos Atos dos Apóstolos, mesmo até depois da conversão de Sérgio Paulo, procônsul de Chipre, Atos 13:9. Daqui em diante, só tem o nome de Paulo, que ele a si mesmo dá em todas as suas cartas. Não é de estranhar que alguns pensem que tomou este nome do procônsul Sérgio. Isto, porém, não é de modo algum aceitável, tendo em vista o modo gentil pelo qual Lucas o apresenta, dando-lhe o nome de Paulo, quando começou a sua obra de apóstolo. É mais provável que, acompanhando o costume de muitos judeus, Atos 1:23; 12:12; Colossenses 4:11, e principalmente os judeus da dispersão, o apóstolo usasse de ambos os nomes. Paulo nasceu em Tarso, cidade principal da Cilícia, Atos 9:11; 21:39; 22:3, e pertencia à tribo de Benjamim, Filipenses 3:5. Não se sabe como é que a sua família foi residir em Tarso.
Uma antiga tradição afirma que ele havia sido levado de Giscala em Galiléia, pelos romanos, depois que tomaram este último lugar. É possível, pois, que a família de Saulo em tempos anteriores, tivesse fixado residência em Tarso, com alguma das colônias que os reis da Síria estabeleceram ali (Ramsay, St. Paul the Traveler, p. 31) ou que tivesse imigrado voluntariamente, como faziam muitos judeus por motivos de ordem comercial.
Parece que Paulo tinha relações familiares de alto valor e de grande influência. Em Romanos 16:7, 11, manda saudar a três pessoas, seus parentes, das quais Andrônico e Júnias, que se haviam assinalado entre os apóstolos e que foram cristãos primeiro que ele. Pela leitura de Atos 23:16 sabe-se que “um filho de sua irmã” que provavelmente morava em Jerusalém com sua mãe, deu informações ao tribuno sobre a conspiração tramada contra a vida de Paulo. Dá isto a entender que este moço pertencia a alguma das famílias importantes da cidade, o que parece confirmado pelo fato de Paulo haver presidido à morte de Estevão. É provável que já fosse membro do concílio, Atos 26:10, pois que não tardou a receber comissão do sumo sacerdote para perseguir os cristãos, Atos 9:1-2; 22:5.
Os seus dizeres na epístola aos Filipenses 3:4-7, nos leva a crer que ocupava posição de grande influência que lhe dava margem para conseguir lucros e grandes honras.
As suas relações de família não podiam ser obscuras. Apesar de receber uma educação subordinada às tradições e às doutrinas da fé hebraica, e de ter pai fariseu, Atos 23:6, ele era cidadão romano. Ignora-se por que meios havia alcançado este privilégio; teria sido por serviços prestados ao estado ou talvez por compra, e pode bem ser que o nome Paulo tenha alguma relação com o título de cidadão romano. De qualquer modo que seja, dava-lhe grande importância na sequência de seu trabalho cristão, e serviu mais de uma vez para salvar-lhe a vida.
Tarso era centro intelectual do oriente onde existia uma escola famosa e onde dominava a filosofia estóica. É possível que Paulo crescesse ali sob estas influências. Seus pais, sendo como eram, fiéis à lei mosaica, o mandaram logo para Jerusalém para ser educado lá. À semelhança de outros rapazes da mesma raça, tinha de aprender um ofício, que, no seu caso, foi o de fazedor de tendas, das que se usavam nas viagens, Atos 18:3. Como ele mesmo diz, Atos 22:3 foi educado em Jerusalém, para onde o mandaram, quando muito jovem. A educação consistia principalmente em fixar nele as tradições farisaicas. “Foi instruído conforme a verdade da lei de seus pais”, ibid. Teve como preceptor, um dos mais sábios e notáveis rabinos daquele tempo, o grande Gamaliel, neto do ainda mais famoso Hilel. Foi este Gamaliel, cujo discurso se podemos verificar em Atos 5:34-39, que aconselhou o sanedrim a não tentar contra a vida dos apóstolos. Este Gamaliel possuía alguma cousa estranha ao espírito farisaico, a qual se avizinhava da cultura grega. O seu discurso já referido, demonstra que ele não possuía o espírito intolerante e perseguidor, característico da seita dos fariseus. Celebrizou-se por seus vastos conhecimentos rabínicos. A seus pés o jovem Saulo, vindo de Tarso, recebeu as lições sobre os ensinos do Antigo Testamento, porém já se vê, de acordo com as sutilezas e interpretações dos doutores que acenderam no espírito ardente do jovem discípulo, um zelo feroz para defender as tradições de seus antepassados. Assim, pois, o futuro apóstolo tornou-se fariseu zeloso, disciplinado nas idéias religiosas e intelectuais de seu povo. Por este modo, as suas qualidades pessoais, o seu preparo intelectual, e, talvez ainda, as relações de família, preparavam-lhe posição de destaque na sociedade judaica.
Aparece no cenário da história cristã, como presidente da execução de Estevão, o protomártir do Cristianismo, a cujos pés as testemunhas depuseram suas vestimentas, Atos 7:58, quando ainda moço. A sua posição neste caso, não queria dizer que estivesse investido de funções oficiais. De acordo com os dizeres da passagem referida acima, ele apenas era consentidor na morte de Estevão.
Contudo, vê-se, sem dúvida, que perseguia com rigidez os primeiros cristãos. Sem dúvida entrava no número daqueles helenistas ou judeus que falavam o grego, mencionados nos Atos dos Apóstolos, 6: 9, que promoveram a acusação contra Estevão. Não erramos dizendo que o ódio de Paulo contra a nova seita já estava aceso; não só desprezava o crucificado Messias, como considerava os seus discípulos um elemento perigoso, tanto para a religião como para o Estado. Não é para admirar, pois, que fosse tão feroz o seu ódio a ponto de promover-lhes o extermínio pela morte.
Logo após o martírio de Estevão, tomou parte ativa, dirigindo o movimento de perseguição contra os cristãos, Atos 8:2-3; 22:4; 26:10-11; I Coríntios 15:9; Gálatas 1:13; Filipenses 3:6; I Timóteo 1:13. Fazia tudo isto guiado por uma consciência mal informada, daqueles que ouviam falar. Era o tipo do inquisidor religioso. Não satisfeito com a perseguição devastadora que fazia em Jerusalém, pediu cartas ao príncipe dos sacerdotes para as sinagogas de Damasco com o fim de levar presos para Jerusalém quantos achasse desta profissão, Atos 9:1, 2. Os romanos davam largos poderes aos judeus para exercerem a sua administração interna. O governador de Damasco que obedecia à direção do rei Aretas, era particularmente favorável aos judeus, Atos 9:23-24; II Coríntios 11:32, favorecendo por este modo a perseguição de Paulo aos cristãos.
Nota importante a observar, segundo o testemunho expresso de Lucas e do próprio Paulo, é que respirava ameaças de morte contra os discípulos de Jesus até ao momento da sua conversão, crendo que assim fazendo, prestava grande serviço a Deus. Não tinha dúvida quanto à justiça da sua empresa, nem sentia desfalecimento de coração para executá-la.
Foi no caminho de Damasco que se deu à repentina conversão. Paulo e seus companheiros provavelmente iam a cavalo, como era costume nas viagens pelos caminhos desertos da Galiléia, para a antiga cidade. Estavam perto da cidade. Era meio-dia, o sol ardente estava no seu zênite, Atos 26:13. Repentinamente, uma luz vinda do céu, mais brilhante que a luz do sol, caiu sobre eles, derrubando-os. Todos se ergueram, continuando Paulo prostrado por terra, Atos 9:7-8. Ouviu-se então uma voz que dizia em língua hebraica: “Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura cousa é recalcitrares contra o aguilhão”, Atos 26:14. Respondeu ele então: “Quem és tu, Senhor?” Ele respondeu: “Eu sou Jesus a quem tu persegues, Atos 26:15. Levanta-te e vai à cidade e aí se te dirá o que te convém fazer”, Atos 9:6; 22:10. Os companheiros que o seguiam ouviam a voz sem nada ver, Atos 9:7, nem entender, Atos 22:9. Paulo sentiu-se cego pelo intenso clarão da luz, e foi conduzido pela mão dos companheiros, Atos 9:7-8 entrou em Damasco, hospedou-se na casa de Judas, Atos 9:11, onde permaneceu três dias sem vista e sem comer, nem beber, orando, Atos 9:11, e meditando sobre a revelação que Deus lhe fizera.
Ao terceiro dia, o Senhor mandou a certo judeu convertido, chamado Ananias, que fosse ter com Paulo e impor-lhe as mãos para recobrar a vista.
O Senhor garantiu a Ananias, o qual tinha receio de encontrar-se com o grande perseguidor, que este quando em oração, já o tinha visto aproximar-se dele. Portanto, Ananias obedeceu. Paulo confessou a sua fé em Jesus, recobrou a vista, e recebeu o batismo; e daqui em diante, com a energia que o caracterizava, e com grande espanto dos judeus, começou a pregar nas sinagogas que Jesus era o Cristo, Filho de Deus vivo, Atos 9:10-22. Tal é a narrativa da conversão de Saulo de Tarso. Há três narrativas deste fato nos Atos; uma feita por Lucas, Atos 9:3-22, outra pelo próprio Paulo, diante dos judeus, Atos 22:1-16, e outra pelo mesmo Paulo, diante de Festo e do rei Agripa, Atos 26:1-20. As três narrativas combinam-se entre si, posto que nem todos os incidentes se achem em cada uma delas. Em todo caso, cada uma foi escrita com referência ao fim que o narrador tinha em vista. Em suas epístolas, o apóstolo alude frequentemente à sua conversão, atribuindo-a à graça e poder de Deus, ainda que a não descreve em minúcias, I Coríntios 9:1-16; 15:8-10; Gálatas 1:12-16; Efésios 3:1-8; Filipenses 3:5-7; I Timóteo 1:12-16; II Timóteo 1:9-11.
Este fato, pois, é atestado pelo testemunho mais forte possível. É certo também que Jesus, não somente falou a Paulo, mas também lhe apareceu, Atos 9:17, 27; 22:14; 26:16; I Coríntios 9:1. Não se diz de que forma; com certeza foi de modo tão glorioso, que o apóstolo conheceu logo no Jesus crucificado, o Cristo, Filho do Deus Vivo, que lhe falava; e ele chama a isto, “visão celestial” Atos 26:19, ou um espetáculo, palavra esta empregada em Lucas 1:22; 24:23, para descrever o aparecimento de entes celestiais. Não há lugar para dizer-se que seja ilusão de qualquer espécie. Contudo, o aparecimento de Cristo não foi à causa da conversão de Saulo, e, sim a obra do Espírito Santo no coração, habilitando-o a receber e aceitar a verdade que lhe havia sido revelada, Gálatas 1:15. Foi o mesmo Espírito que convenceu a Ananias e que o levou a impor as mãos e a unir à igreja nascente, o novo convertido. Vários racionalistas pretendem explicar a conversão de Paulo, sem tomar em conta a intervenção sobrenatural; essas opiniões são destruídas pelo testemunho do mesmo Paulo. Afirmando a sua atitude de perseguidor, obedecia a motivos de consciência e que a sua mudança era devida ao soberano exercício do poder de Deus e à sua graça infinita. A frase “Dura cousa é recalcitrares contra o aguilhão”, não quer dizer que ele agia contra a sua vontade ou que já reconhecia a verdade do Cristianismo, quer dizer antes que era insensatez resistir aos propósitos divinos. A sua vida anterior deve ser reconhecida como um período de iniciação inconsciente para a sua missão futura.
Os foros de cidadão romano, a instrução recebida nas escolas, as suas qualidades pessoais, tudo isto serviu para fazer dele um instrumento especial para a obra missionária. Há motivos para crer que o seu espírito não tinha paz na prática do Judaísmo, Romanos 7:7-25. Se assim não fora, não chegaria a compreender verdadeiramente que a salvação somente se alcança por meio da graça de Deus em Cristo. O que Paulo tinha era nada mais nada menos que experiência religiosa que, certamente teve o efeito de prepará-lo para ser grande expositor da doutrina da justificação pelos méritos de Cristo, alcançados somente pela fé.
Após a sua conversão, Paulo deu início à obra da evangelização; em parte graças à sua natural energia, e também por haver Deus revelado que ele ia ser vaso escolhido para levar o seu nome diante das gentes, dos reis e dos filhos de Israel, isto é, missionário e apóstolo, Atos 9:15; 26:16-20; Gálatas 1:15-16. Começou a sua obra nas sinagogas de Damasco com muito bom êxito, provocando contra si a perseguição dos judeus de Damasco, auxiliados pelo governador da cidade, II Coríntios 11:32, de modo que foi preciso fugir. Os discípulos, de noite, o desceram pela muralha da cidade, colocando-o num cesto, Atos 9:23-25; II Coríntios 11:33. Em vez de regressar a Jerusalém, dirigiu-se para a Arábia e de lá voltou a Damasco, Gálatas 1:17. Não se sabe em que lugar da Arábia ele esteve, nem quanto tempo lá se demorou, nem o que foi fazer naquele lugar. Presume-se que meditasse sobre os grandes acontecimentos de sua vida religiosa e das revelações que Deus lhe havia feito.
Três anos depois da sua conversão, determinou sair de Damasco e ir outra vez a Jerusalém. Diz-nos ele que o principal objetivo desta viagem foi visitar a Pedro, Gálatas 1:18-19, demorando-se com ele quinze dias não tendo visto mais nenhum dos apóstolos senão a Tiago, irmão do Senhor. Lucas menciona mais alguns particulares, Atos 9:26-29. A igreja de Jerusalém teve medo dele, não acreditando que agora fosse discípulo de Cristo. Foi necessário que Barnabé o levasse consigo e o apresentasse aos apóstolos, contando como havia visto ao Senhor e como depois em Damasco ele se portou com toda a liberdade em nome de Jesus.
Diz ainda Lucas que Paulo pregava em Jerusalém com o mesmo desassombro como havia feito em Damasco, empregando seus esforços para a conversão de seus velhos amigos e compatriotas, que falavam o grego, Atos 9:28-29. Como em Damasco, estes também conspiraram contra ele. A situação ameaçadora e perigosa em que se achava, fez com que os irmãos o conduzissem a Cesaréia e dali para Tarso, Atos 9:29, 30; Gálatas 1:21. Saiu mais depressa de Jerusalém, por haver tido uma visão no templo, na qual o Senhor lhe ordenou que sem detenção se afastasse dali para ir às nações de longe, Atos 22:17-21. As duas notícias sobre esta visita a Jerusalém, que se encontram nos Atos e na carta aos Gálatas, parecem inconsistentes, porém, harmonizam-se naturalmente. É muitíssimo provável que Paulo quisesse visitar a Pedro a fim de que o trabalho que lhe estava destinado fosse feito em harmonia com os primitivos apóstolos, dos quais Pedro se destacava. É igualmente provável que os cristãos de Jerusalém, a princípio, tivessem receio dele, e que o proceder de Barnabé, que era como Paulo, helenista judeu, fosse recebido com algumas reservas. Além disso, quinze dias de estada na cidade, é tempo suficiente para os acontecimentos descritos nos Atos. A ordem do Senhor para que Paulo deixasse logo a cidade, é de fato confirmada, Atos 22:18. A notícia que Lucas dá de que Barnabé apresentou Paulo aos apóstolos, não contradiz a afirmação de Paulo de que somente viu a Pedro e Tiago. A recepção feita ao novo convertido pelo apóstolo Pedro, para não falar também de Tiago que ocupava posição quase apostólica, Gálatas 2:9, equivalia ao oficial do novo apóstolo, e é isto mesmo que Lucas queria significar. É ainda digno de nota que achava completamente confirmado, tanto por parte de Paulo como dos irmãos principais de Jerusalém, que o novo convertido havia sido escolhido apóstolo, e que a sua missão seria entre os gentios. Nesta ocasião se cogitava das relações dos gentios convertidos para com a lei mosaica. Ninguém poderia ainda avaliar a importância e a extensão da obra de Paulo. Contudo foi ele reconhecido como tal e enviado a Tarso para iniciar a seu trabalho.
A demora dele nesta cidade é quase um enigma; parece que foi de seis ou sete anos (veja a cronologia abaixo), durante os quais se ocupou de evangelização e provavelmente fundou as igrejas da Cilícia, incidentalmente referidas em Atos 15:41. Se alguma vez sentiu a influência intelectual de Tarso, esta devia ser-lhe muito propícia. Como já foi dito, Tarso era um dos centros da filosofia estóica. Em seu discurso em Atenas, Paulo faz apreciações sobre esta escola, suficientes a satisfazer a nossa curiosidade. Ainda que em atividade, Paulo aguardava as indicações providenciais sobre o caminho que devia tomar no serviço do Mestre. Finalmente começaram a aparecer. Alguns dos judeus convertidos que falavam a língua grega, que haviam saído de Jerusalém, fugindo à perseguição que se seguiu à morte de Estevão, chegaram à grande cidade de Antioquia da Síria, situada às margens do Orontes, ao norte da cordilheira do Líbano. Tinha sido capital do reino e era naquele tempo, a residência oficial do governador romano da província. Era contada entre cidades principais do império, por causa de sua população mista e da extensão de seu comércio.
Situada fora dos limites da Palestina, e às portas da Ásia Menor, ligada também pelo tráfego e pela política com todo o império, servia de base natural de operações, de onde a nova fé, separada do judaísmo sairia à conquista do mundo. Nesta cidade, os cristãos refugiados começaram a pregar aos gentios, Atos 11:20. Há uma dificuldade no texto original para determinar com clareza se era mesmo aos gentios que eles pregavam; mas no contexto não há lugar a dúvidas. Muitos gentios se converteram ali de modo a formarem uma igreja gentílica na metrópole da Síria.
Quando a notícia chegou a Jerusalém, enviaram lá a Barnabé para investigar o caso. Claramente descobriu a mão de Deus neste movimento, não obstante serem os recém-convertidos incircuncidados. Parece que ele também percebeu que Deus estava abrindo a porta aos trabalhos de Paulo, porque dali foi buscá-lo a Tarso e levou-o para Antioquia. Ambos trabalharam naquela cidade um ano inteiro. Muitos outros gentios se converteram, de modo que a nova igreja, sem vestígios de judaísmo, foi denominada dos cristãos pelos habitantes gentios da cidade. Começaram por este modo as relações do apóstolo com Antioquia. Nas páginas da história foi registrada a primeira igreja cristã formada de elementos gentílicos, ponto de partida para a obra de Paulo no mundo pagão.
Quando Paulo estava em Antioquía, um profeta por nome Ágabo, vindo da Judéia, predisse na assembléia dos cristãos, que em breve haveria uma grande fome na terra. Serviu esta profecia de motivo para que os irmãos manifestassem o seu extremado amor para com os cristãos da Judéia. Este fato é prova notável do sentimento de obrigação destes gentios para com àqueles de quem haviam recebido a nova fé, e também para mostrar quão depressa haviam sido destruídos os muros de inimizade que separava as raças e as classes. Em Antioquia fizeram-se logo contribuições para aliviar as necessidades dos irmãos da Judéia enviadas por mão de Barnabé e de Saulo, Atos 11:29-30. Esta visita de Paulo a Jerusalém deveria ser no ano 44, ou pouco antes, e a ela não se refere na sua epístola aos Gálatas, talvez por não ter visto nenhum dos apóstolos. Alguns escritores tentaram identificar esta visita com a que se acha mencionada em Gálatas 2:1-10; porém deu-se esta depois de discutida a circuncisão dos gentios, como se depreende de Atos 15:1. O propósito de Paulo, na epístola aos Gálatas, foi o de contar de novo às oportunidades que ele havia tido, de obter a confirmação de seu evangelho pelos apóstolos mais velhos, e se nesta ocasião, como diz Lucas, ele encontrou somente os anciãos da igreja, a sua rápida visita era de simples caridade, o seu argumento na carta aos Gálatas não exigia menção desta viagem. Barnabé e Paulo voltaram novamente a Antioquia, levando consigo a João Marcos, Atos 12:25.
Havia chegado o tempo de iniciar a história missionária da evangelização dos gentios, indicada pelo Espírito aos profetas pertencentes à igreja de Antioquia, Atos 13:1-3, os quais, por ordem divina separam a Barnabé e a Paulo esta obra a que Deus os havia chamado. Obedecendo à direção divina e sob os auspícios da igreja de Antioquia, o apóstolo principiou a primeira viagem missionária, sem podermos determinar a data, que deveria ser entre 45 e 50, ou 46 e 48, e sem sabermos quanto tempo durou. Barnabé que era o mais velho, dirigia o movimento, mas Paulo, em breve, ocupou o primeiro lugar por causa de seus dotes oratórios. João Marcos entrou nesta comissão. Saíram de Antioquia para Selêucida, situada na foz do Orontes e dali para Chipre, pátria de Barnabé. Desembarcando em Salamina, na costa de Chipre, começaram a trabalhar, como de costume, nas sinagogas. Percorreram toda a ilha até chegarem a Pafos na costa sudoeste. Neste lugar, despertaram a atenção de Sérgio Paulo, procônsul romano. Saiu-lhes ao encontro, com violenta oposição, um feiticeiro judeu, chamado Barjesus, também conhecido por Elimas, o mago que previamente havia conseguido a proteção do procônsul, Atos 13:6-7. Paulo resistiu-lhe indignado e repreendeu-o severamente, e feriu-o de cegueira. Resultou disto a conversão de Sérgio Paulo, Atos 13:8-12. Partindo de Chipre, o grupo de missionários de que Paulo era agora o chefe, Atos 13:13, navegaram para a Ásia Menor e chegaram a Perge na Panfília. Ali João Marcos, por motivos ignorados, deixou os seus companheiros e regressou a Jerusalém. Os dois, Paulo e Barnabé, não se detiveram em Perge, dirigiram-se para o norte, chegaram a Frígia e foram até Antioquia da Pisídia.
Esta era a cidade principal da província romana de Galácia. Entraram na sinagoga judaica, e a convite dos chefes da sinagoga, proferiu o grande discurso, registrado, em Atos 13:16-41, primeira espécime de sua pregação de que há notícia. Depois de narrar a missão dos chefes de Israel, com vistas ao Messias, que tinha de vir, falou do testemunho de João Batista e do modo por que Jesus foi rejeitado pelos judeus; declarou que Deus o havia ressuscitado dentre os mortos, cumprindo na sua pessoa as promessas feitas a Israel pelos antigos e que, somente pela fé nele, os homens podem ser justificados. Admoestou os judeus a não repetirem o crime cometido pelas autoridades de Jerusalém. Este discurso fomentou a odiosidade dos judeus, mas impressionou a alguns outros e ainda mais aos gentios que já estavam sob a influência da sinagoga e formavam o laço de união entre esta e o mundo gentílico para o trabalho de Paulo. No sábado seguinte deu-se o rompimento entre a sinagoga e os missionários cristãos, de modo que estes passaram a dirigir-se aos gentios. O povo da cidade, excitado pelos judeus, levantou-se contra Paulo e Barnabé e os lançaram fora, Atos 13:50.
De Antioquia passaram a Icônio, outra cidade da Frígia, onde uma copiosa multidão de judeus e de gregos se converteu à fé, Atos 13:51. Aqui também encontraram forte resistência da parte dos judeus incrédulos, irritando os ânimos dos gentios contra seus irmãos. Daqui passaram para Listra e Derbe, cidades importantes da Licaônia, Atos 14:1-6. Em Listra, o apóstolo Paulo curou um homem coxo desde o ventre materno. O povo tendo visto o milagre, levantou a voz dizendo: “Estes, são deuses que baixaram a nós em figura de homens; chamavam a Barnabé, Júpiter e a Paulo Mercúrio”. Este fato ocasionou o segundo discurso feito por Paulo, registrado nos Atos 15-18, no qual pós em evidência a estultícia da idolatria. É quase certo que a conversão de Timóteo se deu em Listra, Atos 16:1; II Timóteo 1:2; 3:11. A popularidade de Paulo durou pouco. Irrompeu nova perseguição, instigada pelos judeus, Atos 14:19, apedrejando-o e lançando-o fora da cidade como morto, Atos 14:19. Rodeando-o os discípulos, e levantando-se ele, entrou na cidade e no dia seguinte partiu com Barnabé para Derbe, limite provável da província da Galácia a sudeste, Atos 14:20. Seria possível aos dois missionários atravessar a cordilheira indo a Cilícia e passando por Tarso, irem diretamente de regresso a Antioquia da Síria. Fizeram um novo círculo; não quiseram voltar antes de consolidar a existência das novas Igrejas. Portanto, passaram de Derbe a Listra, de Listra a Icônio, de Icônio a Antioquia da Pisídia, de Antioquia a Perge, organizando igrejas e animando os discípulos. Nesta cidade pregaram o Evangelho que parece não haviam feito na primeira visita; dirigiram-se ao porto de Atalia e dali regressaram a Antioquia da Síria, Atos 14:21-26. E assim terminou a primeira viagem missionária do apóstolo. Esta viagem compreendia todas, as regiões para o lado do ocidente, já ocupadas pelo Evangelho.
O método de trabalho consistia em oferecer em primeiro lugar a salvação aos judeus e depois aos gentios. Encontrou o apóstolo grande número deles influenciados pelo judaísmo, e, portanto, em condições de receber a nova doutrina. O seu objetivo consistia em formar igrejas nas cidades principais. As boas estradas de rodagem abertas pelo governo romano, entre os postos militares, contribuíram muito para facilitar as viagens missionárias. A língua grega, por ser geralmente falada, serviu de veículo à pregação da verdade. A Providência havia por este modo preparado o caminho para a difusão do Evangelho no mundo. Sobre as viagens missionárias, podem os leitores consultar Conybeare e Howson que escreveram sobre a primeira viagem de Paulo, Life and Epistles of St. Paul; e especialmente, em referência à primeira viagem, a primeira parte da obra de Ramsay, Church in the Roman Empire.
Os grandes resultados da obra de Paulo entre os gentios provocaram sérias controvérsias dentro da igreja. Certo número de cristãos, vindos do judaísmo, foram de Jerusalém para Antioquia, ensinando ali que não poderiam ser salvos os gentios convertidos a menos que fossem primeiramente circuncidados, Atos 15:1. Alguns anos antes, Deus havia revelado à igreja por meio do apóstolo Pedro, que os gentios deviam ser recebidos na igreja sem a observância das leis de Moisés, Atos 10:1 até Atos 11:18. Porém os fariseus restritos, convertidos ao Cristianismo, Atos 15:5, não se podiam conformar com esta doutrina vencedora na igreja da Antioquia, e de tal maneira perturbaram a consciência dos irmãos, que eles resolveram mandar Paulo e Barnabé, acompanhados de outros irmãos a Jerusalém, para consultarem os apóstolos e os anciãos sobre este assunto. Esta viagem é a que vem descrita em Atos cap. 15 e em Gálatas 2:1-10. Ambas estas descrições são inteiramente acordes, posto que feitas sob pontos de vista diferente. Paulo diz que foi lá em consequência de uma revelação divina, Gálatas 2:2. A situação era delicada e muito crítica. O futuro da nova religião dependia de uma resolução sábia. Dela resultou a vitória da lealdade cristã e da caridade. Paulo e Barnabé mostraram à igreja mãe o que Deus havia feito por intermédio deles. Diante da oposição dos elementos judaicos reuniu-se um concílio dos apóstolos e dos anciãos, Atos 15:6-29, Pedro recordou o fato da conversão de Cornélio; Paulo e Barnabé relataram os fatos que se deram em sua viagem missionária; Tiago, irmão do Senhor, fez lembrar a profecia, anunciando a vocação dos gentios. Resolveram então aceitar como irmãos os convertidos não circuncidados, exortando-os apenas a se absterem de certas práticas altamente ofensivas aos judeus. Diz o apóstolo na carta aos Gálatas, que ele advertiu a igreja de Jerusalém contra os falsos irmãos, e também que Tiago, Pedro e João lhe haviam dado as mãos em sinal de companhia para que ele fosse aos gentios e eles aos judeus. Deste modo, o apóstolo manteve as relações com os outros apóstolos, continuando livremente o seu trabalho missionário para o qual havia sido divinamente destinado. O quanto esta controvérsia acirrou os ódios do judaísmo, pode ver-se na subsequente perseguição contra Paulo. A sua vitória nesta questão serviu para conservar a unidade da igreja e garantir a liberdade dos gentios.
Um sábio ajustamento de idéias, de resultados práticos, conciliou os prejuízos razoáveis dos judeus, ao mesmo tempo em que o caminho para a evangelização dos gentios em todas as direções ficou aberto e livre das cerimônias judaicas. Na carta aos Gálatas 2:11-21, existe rápida alusão a uma controvérsia sobre o assunto em Antioquia, de que não há registro. Pedro tinha ido lá, e, estando de pleno acordo com as ideias de Paulo, mantinha livres relações com os gentios; mas, chegando ali alguns judeus de Jerusalém, Pedro e Barnabé, como que haviam cortado relações com os gentios. Esta maneira de proceder repreensível foi severamente condenada por Paulo, que ao mesmo tempo esboçou a doutrina da justificação pela fé sem as obras da lei, porque, dizia ele, eu estou morto à lei pela mesma lei, querendo com isso dizer que pela morte de Cristo ficaram prejudicadas todas as obrigações, impostas pela lei cerimonial. A única condição para se tornarem discípulos de Cristo, era crer nele para a obter a salvação. Vê-se, pois, que os direitos dos gentios na igreja cristã eram para o apóstolo, mais do que uma questão de unidade: envolvia um princípio essencial do Evangelho. Na defesa deste princípio, tanto como pela sua obra missionária, Paulo foi o principal agente para se estabelecer o Cristianismo universal.
O concílio de Jerusalém se efetuou no ano 50. Não muito depois, Paulo propôs a Barnabé uma segunda viagem missionária, Atos 15:36. Nesta ocasião não quis que João Marcos fosse com eles, ficando desde aí separados os dois grandes missionários. Desta vez acompanhou-o Silas. Primeiro visitaram as igrejas da Síria e da Cilícia; depois passaram para os lados do norte, atravessaram as montanhas do Tauro e passaram às igrejas que Paulo havia fundado na sua primeira viagem. Foram a Derbe e a Listra. Nesta última cidade, determinou levar a Timóteo, e o circuncidou por causa dos judeus que lá havia, impedindo por este modo que eles se escandalizassem, porque sua mãe era judia. Por este modo mostrou ele desejos de conciliar os prejuízos judaicos e ao mesmo tempo não cedendo uma linha em questão de princípios. De Listra passou para Icônio e para Antioquia da Pisídia. Neste lugar encontrou a oposição dos filósofos. Diz Ramsay, e com ele outros, que ele seguiu diretamente para o norte, quando deixou Antioquia da Pisídia, atravessando a província romana da Ásia, porém sem pregar ali, por haver sido proibido pelo Espírito Santo, Atos 16:6, e tendo chegado à Mísia, intentavam passar à Bitínia, Atos 16:7, mas foram de novo proibidos de pregar ali. Passando depois à Misia, voltaram-se para o ocidente, e foram para Trôade. A opinião mais comum é que eles, de Antioquia da Pisídia passaram para nordeste e foram para Galácia própria; nesta viagem Paulo adoeceu, aproveitando esta oportunidade, apesar de enfermo, para pregar na Galácia e fundar igrejas, Gálatas 4:13-15; que este movimento ao nordeste foi por causa de terem sido proibidos de pregar na Ásia; que terminado que foi o trabalho na Galácia própria, tentaram entrar na Bitínia, sendo outra vez proibidos. E assim, adotando a primeira teoria, o apóstolo voltou para o ocidente para Trôade. Todo este período é rapidamente descrito por Lucas. O Espírito estava dirigindo os missionários para a Europa. A narração dos Atos assim o indica.
Em Trôade apareceu a visão do homem de Macedônia, Atos 16:9. Obedecendo a esta chamada, os missionários juntamente com Lucas, dirigem-se para a Europa e desembarcando em Neápolis, seguem logo para a importante cidade de Filipos. Ali fundaram uma igreja, Atos 16:1-40, que sempre foi cara ao coração de Paulo, Filipenses 1:4-7; 4:1, 15. Aqui também, pela primeira vez, entrou em conflito com os magistrados romanos, servindo-se dos seus direitos de cidadão romano em favor de seu trabalho, Atos 16:20-24, 37-39. De Filipos, onde Lucas ficou, Paulo, Silas e Timóteo foram para Tessalônica. A deficiência de informações sobre o trabalho neste lugar, Atos 17:1-9, é suprida pelas alusões que a ele fazem as duas epístolas àquela igreja.
Alcançaram grandes resultados entre os gentios e lançou com grande cuidados os alicerces da igreja, servindo-lhe de exemplo de indústria e sobriedade, provendo pelo trabalho manual, o seu sustento e o de seus companheiros enquanto ali esteve a serviço do Evangelho, I Tessalonicenses cap. 2, etc. Veio a perseguição instigada pelos judeus, e por isso os irmãos enviaram Paulo para a Beréia; deste lugar, após valiosos resultados, até mesmo dentro da sinagoga, seguiu para Atenas.
A sua estada nesta cidade foi sem resultados. O que de mais importante se deu, foi o brilhante discurso por ele proferido no Areópago em presença dos filósofos gregos, Atos 17:22-31, no qual o apóstolo fez apreciações sobre as verdades que o Evangelho continha em comum com o estoicismo, e ao mesmo tempo proclamando a seu auditório os deveres que tinha para com Deus e o que deveriam crer a seu respeito. Em Corinto, onde se deteve dezoito meses, ao contrário de Atenas, seus trabalhos surtiram efeito admirável. Travou relações com Áquila e Priscila e hospedou-se em sua casa, Atos 18:1-3. A princípio pregava na sinagoga, depois, por causa da oposição dos judeus, passou a pregar em casa de certo Tito Justo, próximo à sinagoga, Atos 18:5-7. Tanto no livro dos Atos 18: 9-10, como na I Coríntios 2:1-5, encontram-se alusões à grande ansiedade com que o apóstolo prosseguia na sua missão em Corinto, e o seu desejo ardente de proclamar o evangelho na Grécia e em outros lugares. Na carta de I aos Coríntios refere-se aos bons resultados de seus trabalhos e às muitas tentações a que a igreja de Corinto estava exposta e que desde o princípio ocasionou cuidados especiais da parte do apóstolo.
As necessidades de outras igrejas também serviam de objeto a seus constantes cuidados. De Corinto escreveu as duas epístolas aos Tessalonicenses, com o propósito de advertir os irmãos contra certas doutrinas e práticas nocivas que ameaçavam a igreja. As hostilidades dos judeus continuavam. Por ocasião da chegada a Corinto do procônsul Gálio, acusaram a Paulo de violar a lei. O procônsul decidiu que a questão devia ser resolvida pelo pessoal da sinagoga, que o apóstolo não havia violado lei alguma que exigisse a sua intervenção. Nesta época, o império romano defendia os cristãos das violências dos judeus, identificando-os com eles e deste modo, o apóstolo podia continuar o seu trabalho sem embaraço algum. A missão de Paulo em Corinto é uma das mais frutíferas que a história da igreja primitiva registra.
Finalmente, o apóstolo volta-se outra vez para o oriente. De Corinto vai para Éfeso, onde não se demorou, e segue para Cesaréia indo apressadamente para Jerusalém. Havendo saudado a igreja desta cidade, voltou a Antioquia, de onde havia partido, Atos 18:22. Assim terminou ele a segunda viagem missionária de que resultou o estabelecimento do Cristianismo na Europa. A Macedônia e a Acaia estavam evangelizadas. O Evangelho havia dado grande passo para a conquista do império romano. Depois de algum tempo em Antioquia, o apóstolo Paulo, talvez no ano 54, deu início à sua terceira viagem. Primeiro atravessou a região da Galácia e da Frígia a fim de fortalecer os discípulos, Atos 18:23, depois vai a Éfeso. Parece que a anterior proibição de pregar o evangelho na Ásia, havia sido removida. Éfeso era a capital da Ásia e uma das cidades de maior influência no oriente. Permaneceu três anos estabelecendo ali o centro de operações, Atos 19:8-9; 20:31. Durante três meses ensinava na sinagoga, Atos 18:8, e depois durante dois anos na escola de certo Tirano, Atos 18:9. O seu trabalho nesta cidade se tornou notável pela riqueza de instrução, Atos 20:18-31, pela operação de portentosos milagres, Atos 19:11-12, pelos resultados obtidos, porque todos que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor, Atos 19:10, e até mesmo alguns dos principais da Ásia eram seus amigos, Atos 19:31, também pela constante e feroz perseguição, Atos 19:23-41; I Coríntios 4:9-13; 15:32, e finalmente pelo cuidado que tinha de todas as igrejas,II Coríntios 11:28. Este período da vida do apóstolo é rico em incidentes. Muitas cousas se deram que não se encontram nos Atos.
Em Corinto, o apóstolo soube dos ataques que lhe faziam e à sua doutrina os mestres judaizantes da Galácia, o que deu origem à epístola aos Gálatas, na qual defende a sua autoridade apostólica e os primeiros ensinos formais sobre a doutrina da graça. O estado da Igreja de Corinto também lhe deu motivo a constantes aflições. Em resposta às perguntas que a igreja lhe fez, escreveu uma carta que se perdeu, a respeito das relações dos crentes com a sociedade pagã, I Coríntios 5:9. Notícias posteriores dão a entender que haviam surgido dificuldades mais sérias. A primeira epístola aos Coríntios foi escrita de modo a mostrar a sabedoria prática do apóstolo; no modo de instruir e disciplinar as igrejas nascentes. Apesar disso, os elementos sediciosos da igreja de Corinto, continuaram em ação. Pensam alguns que depois de haver enviado a carta, ele próprio foi a Corinto apressadamente para corrigir os crentes indisciplinados, II Coríntios 12:14; 13:1.
É certo, porém, que antes de sair de Éfeso enviou Tito a Corinto, talvez levando instruções sobre o caso de um membro refratário da igreja. Tito deveria encontrar-se outra vez com o apóstolo em Trôade. Falhando este encontro, Paulo passou para a Macedônia, muito ansioso, aonde haviam chegado Timóteo e Erasto, Atos 19:22.
Finalmente, Tito chegou ao encontro desejado, II Coríntios 2:12-14; 7:5-16, levando boas notícias: a igreja havia obedecido às instruções do apóstolo e permanecia fiel. Isto deu assunto para escrever a segunda epístola, a que contém as mais completas notas biográficas, e em que ele se regozija pela obediência dos irmãos, e dá instruções sobre o serviço das contribuições destinadas aos santos da Judéia; mais uma vez defende a sua autoridade apostólica. Da Macedônia seguiu para Corinto, onde foi passar o inverno do ano 57-58. Durante a sua estada, completou o serviço de organização e regulou a disciplina da igreja. Foi ainda memorável a visita que ele fez a Corinto, porque nessa ocasião é que ele escreveu a epístola aos romanos, em que expõe com toda a Clareza a doutrina referente à salvação da alma. Evidentemente, considerava a cidade de Roma como o ponto culminante de suas operações mas não podia ir já, porque tinha necessidade de voltar a Jerusalém para levar as ofertas das igrejas dos gentios à igreja mãe. O trabalho cristão Já havia sido iniciado em Roma, e continuava a ser feito pelos amigos de Paulo, Romanos 16.
Enviou a epístola escrita em Corinto para que os cristãos da capital possuíssem instruções completas sobre o Evangelho que ele pregava em todo o mundo. Agora inicia a sua última viagem a Jerusalém, acompanhada de amigos, representantes das várias igrejas dos gentios, Atos 20:4. O trabalho do apóstolo entre os gentios sofreu grande oposição da parte dos judeus e até mesmo de cristãos vindos do judaísmo que tentavam desprestigiá-lo. Resultou daí o plano de provar a lealdade das igrejas dos gentios, induzindo-as a enviar ofertas liberais aos pobres da Judéia. Foi para este fim que ele e seus amigos saíram de Corinto com destino a Jerusalém. O seu primitivo plano era de navegar diretamente para a Síria, mas uma conspiração dos judeus, o obrigou a voltar pela Macedônia, Atos 20:3. Demorou-se em Filipos enquanto que seus companheiros caminhavam para Trôade. Depois da festa da páscoa ele e Lucas foram para Trôade, Atos 20:5, onde os companheiros o esperavam e onde se demoraram sete dias, Atos 20:6. Havia lá uma igreja. Lucas dá-nos interessante notícia do que se passou nas vésperas da partida do apóstolo, Atos 20:7-12. De Trôade caminhou Paulo para Assôs que ficava distante cerca de vinte milhas, para onde haviam embarcado seus companheiros, Atos 20:13. Deste porto, navegaram para Mitilene, que ficava na costa oriental da ilha de Lesbos, e costeando pela banda do sul, passaram entre a terra firme e a ilha de Quios; no dia seguinte aportaram em Samos e no outro, chegaram a Mileto, Atos 20:14-15. Esta cidade estava a 36 milhas de Éfeso, e, como Paulo tivesse pressa, resolveu não ir lá, e, por isso, mandou chamar os presbíteros da igreja. Em Mileto fez as suas despedidas de modo muito emocionante, como se lê em Atos 20:18-35. Não havia palavras capazes de exprimir mais vivamente a dedicação pela sua obra e o amor que votava a seus irmãos convertidos. Partindo de Mileto, o navio seguiu diretamente a Cós, Atos 21:1, nome de uma ilha situada a 40 milhas para o sul; no seguinte dia, chegaram a Rodes, distante 50 milhas de Cós; de Rodes passaram a Pátara, nas costas da Lícia, Atos 21:1. Encontrando um navio que passava à Fenícia, entraram nele, e fizeram-se à vela. Depois de estarem à vista de Chipre deixando-a a esquerda, chegaram a Tiro, Atos 21:3, onde se demoraram sete dias. Inspirados pelo Espírito Santo, os discípulos instavam com Paulo para não ir a Jerusalém, Atos 21:4. Depois de uma afetuosa despedida, partiram para Ptolemaida, que hoje se chama Acre, Atos 21:5-6, e no seguinte dia chegaram a Cesaréia, Atos 21:7-8, aboletando-se em casa de Filipe, o evangelista. Aqui também o profeta Ágabo, que tempo antes havia profetizado a fome, Atos 11:28, tomando a cinta de Paulo, e atando-se os pés e as mãos, disse: “Assim atarão os judeus em Jerusalém, ao dono deste cinto e o entregarão nas mãos dos gentios”. A despeito destas alarmantes predições e das lágrimas dos irmãos, ele seguiu viagem, Atos 21:11-14, acompanhado dos irmãos, e assim terminou a terceira viagem missionária.
Em breve se cumpriram as palavras de Ágabo. A princípio foi bem recebido pelos irmãos. No seguinte dia à sua chegada, foi à casa de Tiago, irmão do Senhor, onde se haviam congregado os anciãos, aos quais contou todas as cousas que Deus tinha feito entre os gentios por seu ministério. Ouvindo isto, engrandeceram a Deus. Ao mesmo tempo disseram-lhe os irmãos que muitos dos judeus que estavam entre os gentios, haviam dado más notícias a seu respeito, que punham em dúvida a sua fidelidade às leis de Moisés. Era necessário, pois, que ele desse provas visíveis que o justificassem. Aconselharam-no a que tomasse consigo a quatro varões que tinham voto sobre si, que os levasse ao templo, que se santificasse com eles e fizesse as despesas da cerimônia. A isto Paulo acedeu de bom grado porque era seu desejo agradar aos judeus. A cerimônia era pouco mais do que a que havia feito em Corinto, Atos 18:18.
Conquanto o apóstolo insistisse em que os gentios não eram obrigados às cerimônias judaicas, e nenhum dos cristãos vindos do judaísmo não mais estava na obrigação de observá-las, ele, contudo reserva-se o direito de praticar, ou não, certas cerimônias de acordo com as circunstâncias. Este ato, portanto, não era inconsistente com o seu proceder em outras ocasiões. Mas o expediente tomado não surtiu efeito. Certos judeus da Ásia o viram no templo e deram alarma. Acusaram-no de haver introduzido gentios no templo, amotinaram todo o povo dizendo que havia profanado o lugar santo, Atos 21:27-29. Seguiu-se um tumulto. O povo arrastou a Paulo para fora do templo e o teriam assassinado, se o tribuno Cláudio Lísias não tivesse corrido para o lugar do conflito, arrebatando a Paulo das mãos do povo e fazendo-o liar com cadeias o meteu na prisão. Paulo, com permissão do tribuno, pondo-se em pé sobre os degraus, fez sinal ao povo com a mão, para falar. O tribuno pensou a princípio que ele era certo egípcio que tempo antes havia dado muito trabalho ao governo. Quando Paulo contou que era judeu de Tarso, consentiu que falasse ao povo, o que ele fez em língua hebraica, Atos 22:2. Contou a história do seu nascimento, da sua vida e da sua conversão, até ao ponto em que falou em nações de longe, quando romperam em gritos para que o matassem. Neste ponto o tribuno o mandou recolher à cidadela, e que o açoitassem e lhe dessem tormento. Tendo-o liado com umas correias, disse Paulo a um centurião: “É-vos permitido açoitar um cidadão romano e que não foi condenado?”, Atos 22:25. Sabendo disto, Lísias, o mandou desatar, ordenando que e conselho dos sacerdotes tomasse conhecimento do caso. O comparecimento de Paulo perante o conselho provocou novo tumulto, Atos 23:1-10. O apóstolo estava agora defendendo a vida, não podia esperar justiça. Se fosse condenado, o tribuno Lísias o entregaria para ser executado. Com muita habilidade dividiu a opinião de seus inimigos; dizendo que professava ser fariseu, e queriam condená-lo por pregar a ressurreição dos mortos. Isto era verdade e, até certo ponto, prestava-se aos fins em vista. O ódio entre fariseus e saduceus era mais forte do que os dois juntos contra Paulo.
As duas seitas tomaram posições opostas. O tribuno, receando que Paulo fosse trucidado entre as duas facções, mandou que os soldados o arrebatassem das mãos da multidão e o metessem na prisão. Naquela noite, o Senhor apareceu a Paulo em visão, dizendo-lhe: “Coragem! porque assim como deste testemunho em Jerusalém assim importa que também o dês em Roma”, Atos 23:11. A morte de Paulo estava decretada devendo efetuar-se de modo inesperado. Alguns dos judeus combinaram em pedir ao tribuno que mais uma vez mandasse vir o prisioneiro perante o concílio. Um filho da irmã de Paulo soube do plano e informou a seu tio, que por sua vez, mandou o pequeno dar notícia ao tribuno, Atos 23:12-22. Por este motivo, Lísias mandou aprontar forte contingente de tropas para conduzir Paulo a Cesaréía, com uma carta ao presidente Félix, para que ele resolvesse o caso. Quando Félix soube que o acusado era da Cilícia, determinou que se esperasse a vinda dos acusadores. Entretanto, conservou-o em segurança no palácio de Herodes, que servia de pretório, ou residência do procurador. Passaram-se dois anos de prisão em Cesaréia. Quando os judeus compareceram perante Félix, fizeram uma acusação em termos gerais, dizendo que Paulo era sedicioso, que havia profanado o templo, e queixaram-se da violência com que o tribuno Lísias o havia arrebatado das suas mãos, Atos 24:1-9. A isto, Paulo respondeu com formal negação apelando para o testemunho de seus acusadores, Atos 24:10-21. Félix estava perfeitamente informado, e sabia que Paulo não havia cometido nenhum crime que merecesse a morte. Despediu os acusadores adiando o julgamento para quando chegasse o tribuno Lísias. E mandou a um centurião que o tivesse em custódia sem tanto aperto e sem proibir que os seus o servissem.
Passados alguns dias, vindo Félix com sua mulher Drusila, que era judia, mandou chamar a Paulo e o esteve ouvindo falar da fé que há em Jesus Cristo, Atos 24:24. O apóstolo parece ter exercido estranha fascinação sobre o procurador que tremeu na sua presença, prometendo ouvi-lo de novo quando tivesse tempo. Esperava também que Paulo lhe desse algum dinheiro em troca de sua liberdade, Atos 25:26. O apóstolo não quis subornar o procurador, que adiou o julgamento. Dois anos depois, veio Pórcio Festo substituí-lo no governo, e Paulo ainda estava na prisão, Atos 25:27. Os judeus esperavam que o novo governador lhes fosse mais favorável do que o tinha sido Félix. Festo recusou-se a enviar Paulo a Jerusalém para ser julgado; que estando preso em Cesaréia partiria para lá dentro de poucos dias, a fim de tomar conhecimento das acusações, Atos 25:1-6. Ainda desta vez nada puderam provar. Paulo continuava afirmando a sua inocência, Atos 25:7-8. Festo, querendo agradar aos judeus, perguntou a Paulo se queria ser julgado em Jerusalém. Sabendo que a sua vida corria perigo se fosse ali julgado, serviu-se de seus privilégios de cidadão romano e apelou para César, Atos 25:9-11. Por este modo o julgamento escapou das mãos do procurador, e o prisioneiro tinha de ser remetido para Roma. Antes da saída de Paulo, Agripa II e sua irmã Berenice vieram visitar a Festo talvez por motivo de sua nomeação.
O novo procurador que não era muito versado em controvérsias judaicas, e como tinha de enviar ao imperador um relatório de informações sobre o caso, contou a Agripa o caso de Paulo. Por sua vez, o rei mostrou desejos de saber o que o prisioneiro dizia em defesa. Arranjaram-se as cousas de modo que Paulo comparecesse a uma assembleia destas notáveis personagens. Agripa era versado em casos de doutrina e poderia servir de muito para instruir o relatório que o procurador tinha de mandar para Roma, Atos 25:12-27. A defesa de Paulo perante o rei Agripa, é um dos seus mais notáveis discursos. Nele revela as qualidades de homem de elevada educação, a eloquência de orador e firmeza de cristão. Passa revista ao seu passado a fim de provar que em todos os seus atos procurou sempre servir a Deus, e que a sua carreira como cristão, não só obedecia a uma direção divina, como ao cumprimento das profecias, Atos 26:1-23. Quando Festo o interrompeu, exclamando: “Tu estás louco, Paulo”, apelou energicamente para Agripa. Porém o rei estava disposto a ser simples observador e crítico do que ele julgava ser um novo fanatismo, e respondeu com uma frase de desprezo: “Por pouco me persuades a me fazer cristão”, Atos 26:28. Contudo estava convencido de que Paulo não tinha crime e que poderia ser posto em liberdade se não tivesse apelado para César, Atos 26:31-32.
No outono do mesmo ano 60, Paulo foi enviado para Roma, confiado juntamente com outros presos ao cuidado de um centurião chamado Júlio, da coorte Augusta. Lucas foi seu companheiro juntamente com Aristarco de Tessalônica, Atos 27:1-2. Lucas é quem dá o relatório desta viagem com minúcias muito particulares e admirável exatidão. Veja James Smith, Voyage and Shipwreck of St. Paul. O apóstolo foi tratado com muita cortesia pelo centurião. Embarcando em um navio de Adrumete, chegaram a Sidom, donde partiram para a Mirra na Lícia. E achando ali o centurião um navio de Alexandria que fazia viagem para a Itália, embarcaram nele. Os ventos não eram favoráveis, e por isso foram obrigados a navegar lentamente e apenas puderam avistar a Cnido na costa da Cária. Tomando o rumo sul, foram costeando a ilha de Creta, junto a Salmona com dificuldade ao longo da costa, abordaram a um lugar a que chamam Bons Portos, Atos 27:3-8. Havia passado o jejum do décimo dia do mês de Tisri, o dia da expiação Atos 27:9, quando chegaram ao termo da viagem. O tempo continuava ameaçador. Paulo mostrou a inconveniência de continuar a viagem, mas o centurião deu mais crédito ao mestre e ao comandante do navio que eram contrários e desejavam chegar a Fênix e invernar ali por ser porto de Creta, onde havia bom ancoradouro, Atos 27:9-12. Mas logo que largaram de Bons Portos veio contra a ilha um tufão e vento, chamado Euro-aquilão, que arrojou a nau para o sul, indo dar a uma pequena Clauda (a moderna Gozzo). Alijada que foi a carga, e os aparelhos do navio, correram assim durante catorze dias à mercê dos ventos para os lados do ocidente. Paulo mostrava-se animado e animava os companheiros, porque o Senhor lhe havia revelado em sonhos que nenhum deles havia de perecer, Atos 27:13-26. Lançando eles a sonda, perceberam que estavam perto de terra, e, lançando as quatro âncoras, esperavam que viesse o dia. Como tivesse aclarado o dia, não conheceram a terra: somente viram uma enseada que tinha ribeira, na qual intentavam encalhar o navio. Pelo que, tendo levantado âncoras, se entregaram ao mar, e se encaminharam à praia, Atos 27:27-40. O navio deu numa língua de terra; a proa afincada permanecia imóvel, ao mesmo tempo em que a popa se abria com a força do mar. Todos se lançaram às ondas; e, como Paulo havia dito, nenhum deles pereceu, Atos 27:41-44.
Nesta emocionante aventura, que Lucas descreve com tanta minúcia, o proceder de Paulo ilustra muito bem a coragem de um cristão e a influência que um homem de fé exerce sobre os outros indivíduos, em tempos de perigo. A terra a que haviam chegado era a ilha de Melita, que hoje se apelida Malta, situada a 58 milhas ao sul da Sicília, cujos habitantes receberam os náufragos com muita cordialidade. O procedimento maravilhoso de Paulo ganhou para ele multa honra e simpatia, Atos 28:1-10. Três meses depois, embarcaram em um navio de Alexandria que tinha invernado na ilha, no qual arribaram em Siracusa, onde ficaram três dias. De lá, correndo a costa, foram a Régio, e depois dias mais, apartaram a Potéoli, a sudoeste da Itália. Ali, Paulo encontrou irmãos em cuja companhia se demorou sete dias, Atos 28:11-14. Entretanto a notícia chegou a Roma. Os irmãos vieram encontrá-lo à Praça de Ápio e às Três Vendas, nomes de dois lugares distantes de Roma, 43 e 33 milhas, respectivamente. O centurião entregou os prisioneiros ao capitão da guarda, que era o prefeito da guarda pretoriana, cargo este exercido nesta ocasião, a.D. 61, pelo célebre Burro. Mommsen e Ramsay pensam que os prisioneiros foram entregues ao capitão de outro corpo a que o centurião Júlio pertencia, cujo ofício consistia em superintender o transporte dos cereais para a capital e outros encargos policiais. Realmente não sabemos quem foi que tomou sobre si a guarda de Paulo. O que se pode dizer é que ele ficou sob a guarda de um soldado com licença de habitar onde quisesse, Atos 28:16; Filipenses 1:7, 13. As apelações para César eram atendidas com muita morosidade. Dois anos inteiros permaneceu Paulo em um aposento que alugara, onde recebia a todos que o queriam ver, Atos 28:30. E assim termina a narrativa da primeira detenção de Paulo em Roma. Os Atos dos Apóstolos concluem dizendo que, passados três dias, convocou Paulo os principais dos judeus para informá-los dos motivos de sua prisão na capital, tendo-lhe aprazado dia para dar testemunho do Reino de Deus, convencendo-os a respeito de Jesus, pela lei de Moisés e pelos profetas, desde pela manhã até à tarde. Como não o quisessem crer, declarou mais uma vez que aos Gentios era enviada esta salvação. A prisão não o impedia de exercer a sua atividade missionária, Atos 28:17-31. As epístolas que ele escreveu neste período iluminam mais de perto esta faze de sua história: são as epístolas aos Colossenses, a Filemom, aos Efésios e aos Filipenses.
As primeiras três foram provavelmente escritas no princípio deste período, e a última no fim. Por elas se vê que o apóstolo tinha muitos amigos fiéis em Roma trabalhando com ele, entre os quais se contam: Timóteo, Colossenses 1:1; Filipenses 1:1; 2:19; Filemom 1:1; Tíquico, Efésios 6:21; Colossenses 4:7; Aristarco, Colossenses 4:7, 10; Filemom 24; João Marcos, Colossenses 4:10; Filemom 24, e Lucas, Colossenses 4:14; Filemom 24. Estes amigos tinham livre acesso à sua pessoa e operavam como mensageiros para as igrejas e como cooperadores em Roma. Paulo na prisão era o centro de onde irradiava a luz do Evangelho para todo o império. As epístolas citadas põem em relevo a atividade pessoal do eminente apóstolo. Com grande zelo e apreciáveis resultados, apesar das suas cadeias, pregava o Evangelho: estando em cadeias fazia o ofício de embaixador, Efésios 6:20. Pedia a seus amigos que orassem a Deus para que se lhe abrisse a porta da palavra para anunciar o mistério de Cristo, Colossenses 4:3. Em Onésimo, escravo fugido, vemos um exemplo vivo do fruto de seu trabalho, Filemom 10. À medida que o tempo corria, aumentava também o seu trabalho. Escreveu aos Filipenses 1:12-13, que todas as cousas que lhe tinham acontecido haviam contribuído para proveito do Evangelho, de maneira que as suas prisões se tinham feito notícias em Cristo por toda a corte do Imperador e em todos os outros lugares. Enviou saudações dos que eram da família de César. Ao mesmo tempo sofria oposição até mesmo de alguns dos crentes, provavelmente do tipo judaico, Filipenses 1:15-18, e que ele enfrentava com ânimo sereno, esperando ser em breve livre das prisões, Filipenses 1:25; 2:17, 24; Filemom 22.
A detenção de Paulo serviu nas mãos de Deus para habilitá-lo a exercer com mais precisão o ofício de embaixador de Cristo. Finalmente, as epístolas provam que o apóstolo superintendia a todas as igrejas espalhadas pelo território do grande império. Na Ásia surgiram novas heresias. Nas epístolas que escreveu na prisão, forneceu as mais preciosas instruções acerca da pessoa de Cristo e dos eternos propósitos de Deus revelados no Evangelho, e ao mesmo tempo as direções práticas que elas contém descobrem a largueza do círculo em que exercia a sua atividade, e o fervor de sua vida cristã.
O livro dos Atos termina deixando a Paulo na prisão em Roma. Existem abundante provas que nos levam a crer que ao cabo de dois anos foi solto, continuando as suas viagens missionárias. As provas referidas podem ser condensadas da seguinte forma:-
Primeiro: Os versículos finais dos Atos acomodam-se melhor com esta ideia, do que pensando que a prisão do apóstolo terminou pela condenação e morte. Lucas dá relevo ao fato de que o apóstolo pregava o Reino de Deus e ensinava as cousas concernentes ao Senhor Jesus Cristo com toda a liberdade e sem proibição, dando-nos a entender que o fim de sua atividade não estava próximo.
Segundo: Na epístola aos Filipenses 1:25; 2:17, 24, em Filemom 22, diz claramente que cedo ficaria livre. Esta esperança encontra apoio no tratamento que havia recebido dos oficiais romanos. Deve-se notar que as perseguições de Nero contra os cristãos ainda não haviam começado; que se o apóstolo fosse condenado, seria um ato sem precedentes nas relações do governo com os cristãos; que em face das leis do império, sendo os cristãos tidos como seita judaica, eram garantidos no exercício de suas crenças. É provável também que na acusação contra Paulo entrasse algum crime contra as leis romanas. Contudo, o relatório enviado por Festo nada continha que o desabonasse, Atos 26:31, nem parece que os judeus tivessem mandado algum acusador a Roma, Atos 28:21.
Terceiro: Afirma a tradição que Paulo foi solto e reassumiu a sua atividade missionária sendo mais tarde novamente preso. Clemente de Alexandria a.D. 96, dá a entender claramente que o apóstolo chegou a ir à Espanha, quando diz que em suas viagens “chegou ao extremo ocidente”. Este fato é confirmado pelo Fragmento Muratório, a.D. 170. Com isto concorda a história de Euzébio, a.D. 324, onde se diz que, segundo a tradição comum, depois que Paulo saiu da prisão, tendo feito a sua defesa, se entregou de novo ao ministério da pregação, e mais uma vez foi a Roma, onde sofreu o martírio. É admissível que esta evidência tradicional não seja suficientemente forte para uma demonstração absolutamente exata; porém, pertence a uma época remota e é em si mesma bastante forte para confirmar a evidência contra a qual não se pode opor nenhuma outra.
Quarto: Ninguém pode contestar que as epístolas a Timóteo e a Tito não sejam genuínas em razão da evidência interna e externa a seu favor. Ora, nenhuma delas é mencionada na história de Paulo, como a dá o livro de Atos. Logo, devem pertencer a uma época posterior, o que nos leva a aceitar a tradição referida por Euzébio. Devemos, pois, acreditar que o apelo feito do tribunal de Festo para o de César, deu em resultado a sua liberdade.
Os trabalhos subsequentes somente poderão ser avaliados pelas alusões que se encontram nas epístolas a Timóteo e a Tito e pelo testemunho da tradição. Podemos supor que depois de solto, seguiu para a Ásia e Macedônia como desejava, Filipenses 2:24; Filemom 22. Pelo que se lê, era I Timóteo 1:3, sabe-se que ele deixou a Timóteo encarregado de cuidar das igrejas em Éfeso, indo para a Macedônia. Onde se achava, quando escreveu a sua primeira carta a Timóteo, não é fácil saber, mas ele esperava regressar brevemente a Éfeso, I Timóteo 3:14. Pela carta a Tito, sabe-se que havia confiado a ele o cuidado das igrejas de Creta e que esperava passar o inverno em Nicópolis, Tito 3:12. Havia três cidades com este nome, a que se pode aplicar esta referência, uma na Trácia perto de Macedônia, outra na Cilícia e a terceira, no Epiro; de modo que não podemos dizer a qual delas se refere o apóstolo. É provável, porém, que fosse a do Epiro. Se aceitarmos o que diz a tradição sobre a ida de Paulo à Espanha, é lícito supor que só poderia ser depois de haver estado na Ásia e na Macedônia; e que, depois de regressar da Espanha, é que ele se demorou em Creta, onde deixou a Tito, voltando para a Ásia, de onde provavelmente escreveu a carta a Tito. Sabe-se mais pela leitura em II Timóteo, 4:20, que ele passou pela cidade de Corinto e por Mileto, uma na Grécia e outra na Ásia. Ignora-se se realizou o intento de invernar em Nicópolis. Muitos são de parecer que ele seguiu para Nicópolis do Epiro e que ali foi novamente preso e enviado para Roma. Apesar de serem muito incertos os movimentos do apóstolo durante o final de sua existência, as epístolas neste período, dizem o bastante para sabermos que empregava a sua atividade, evangelizando novas regiões e fundando igrejas nos moldes das já existentes, perfeitamente organizadas. Sabia que pouco lhe restava de vida e que as igrejas ficariam expostas a novos perigos, tanto internos como externos. Daqui vem que as epístolas pastorais, como são chamadas, serviam de veículo para levar às igrejas as instruções apostólicas necessárias à consolidação de sua fé e equipando-as praticamente para a obra do futuro.
O livramento de Paulo, quando foi preso a primeira vez, deu-se pelo ano 63; a sua subsequente atividade durou quatro anos. Segundo Euzébio a morte de Paulo deu-se no ano 67, e segundo Jerônimo, no ano 68. Qual foi o motivo de ser outra vez preso não se sabe. Na II segunda epístola a Timóteo, escrita de Roma pouco antes de morrer, encontram-se alguns indícios. Devemos recordar que a perseguição de Nero aos cristãos explodiu no ano 64, seguida de outras em várias províncias do império, I Pedro 4:33,19. Pode bem ser, como alguns presumem, que o apóstolo foi apontado como o chefe da nova seita pelo Alexandre por ele mencionado na carta a Timóteo, II Timóteo 4:14. Seja como for, foi preso e remetido para Roma a fim de ser julgado, ou por que tenha apelado para César, como fez antes, ou por ser acusado de algum crime cometido na Itália, talvez de cumplicidade no incêndio de Roma ou ainda por causa da oficiosidade de algum procurador provincial que desejava gratificar a vaidade do tirano, enviando-lhe tão preciosa presa. Somente o seu amigo Lucas se achava com ele, quando escreveu a carta a Timóteo, II Timóteo 4:11. Alguns o haviam abandonado, II Timóteo 1:15; 4:10, 16 e outros se haviam ausentado para lugares diferentes, II Timóteo 10:12. A primeira vez que compareceu ao tribunal, foi absolvido, II Timóteo 10:17, continuando na prisão por algum motivo diferente. Quem sabe se, tendo sido absolvido por algum crime, ficou na prisão por ser cristão. Fala de si como prisioneiro, II Timóteo 1:8, e em cadeias, II Timóteo 1:16, como malfeitor, II imóteo 2:9, e estava a ponto de ser sacrificado, II Timóteo 4-6-8. É certo que afinal foi condenado à morte simplesmente por ser cristão, de acordo com a política de Nero iniciada no ano 64. Diz a tradição que foi decapitado, sendo cidadão romano, na via Óstia.
Dando o esboço biográfico do apóstolo, referimo-nos ao testemunho dos Atos e das epístolas. Não devemos contudo, ignorar que muitos outros fatos se deram durante a sua carreira ativa e fecunda. A alguns destes fatos, encontram-se alusões em várias epístolas, Romanos 15:18-19; II Coríntios 11:24-33. Os fatos bem averiguados da sua vida, conforme o testemunho das epístolas, revelam claramente o caráter do grande apóstolo e o valor supremo de sua obra. É difícil esboçar todas as linhas de seu caráter versátil.
Era por natureza intensamente religioso: a sua natureza obedecia inteiramente a esta influência quando fariseu, e muito mais depois da sua conversão. Dotado de alto vigor intelectual, apreendia todo o valor da verdade e logicamente obedecia a todas as suas injunções.
A verdade dominava-lhe o coração e a mente. As emoções que ele produzia eram tão ardentes quanto vigorosos os processos lógicos de seu raciocínio. Ao mesmo tempo, os aspectos práticos da verdade, ele os via com a mesma nitidez como o seu teórico. Se por um lado tirava conclusões lógicas das suas idéias doutrinais, por outro, aplicava o Cristianismo à vida prática com a sabedoria e compreensão de um homem de negócios.
Era intensamente afetivo e às vezes estático em suas experiências religiosas, sempre progressivo nas suas exposições da verdade, capaz de remontar-se às mais elevadas culminâncias do pensamento religioso e de vida e movimento à verdade pela qual se batia.
A flexibilidade de caráter, a intensidade de espírito, a pureza de sentimentos, a vida espiritual, o vigor mental, dotes estes governados pelo espírito de Deus, habilitaram o apóstolo para a obra que a Providência Divina lhe havia destinado.
Esta obra consistia em interpretar ao mundo gentílico por meio da palavra e escrita, e por atos sobrenaturais, a missão de Cristo e a mensagem de salvação que ele trouxe. O modo prático de realizar esta obra encontra-se bem descrito nos Atos dos Apóstolos. Por meio de sua ação inteligente, estabeleceu-se no mundo a catolicidade do Cristianismo, independente do ritualismo judaico e adaptável a todo o gênero humano, como bem o confirma a história.
Outros obreiros colaboraram neste mesmo trabalho, porém só ao apóstolo Paulo foi divinamente confiada esta missão especial; a ele, mas do que a qualquer outro se devem às conquistas do Evangelho. É verdade que tudo isto se efetuou de acordo com os propósitos divinos. Mas os que estudam a história do Cristianismo devem reconhecer na pessoa de Paulo o agente desta grande obra.
Por outro lado, as epístolas de Paulo expõem de modo claro a palavra do Cristo, dão-nos a interpretação doutrinal e ética das doutrinas e das obras por ele realizadas e a que serviram ao grande apóstolo para auxiliá-lo no exercício de sua grande atividade; sem isto, o Cristianismo não teria existência permanente nem exerceria tão profunda influência.
É, pois, ao apóstolo das gentes que devemos admirar como grande teólogo. A sua teologia reflete a experiência peculiar de sua conversão. Por meio da repentina transição que se operou na sua vida religiosa, chegou a conhecer que era impossível salvar-se por si mesmo, e que o pecador depende exclusivamente da graça soberana de Deus, e da obra redentora de Jesus, o Filho de Deus, por meio de sua morte e ressurreição.
Segue-se daí que, somente pela união com Cristo por meio da fé, é que o pecador poderá ser salvo. A salvação consiste na justificação do pecador que só Deus faz, baseada na obediência de Cristo, participando de todos os benefícios espirituais, tanto internos como externos, no céu e na terra, adquiridos para ele. O Espírito Santo deu a Paulo intuição necessária para lançar como fundamento de todo o seu trabalho, a verdade e a pessoa de Cristo.
Nas epístolas aos Gálatas e aos Romanos, o meio de salvação acha-se plenamente elaborado, nas epístolas que escreveu nas prisões, encontram-se a exaltação da dignidade de Cristo e a inteira e completa demonstração dos fins e propósitos divinos em referências à igreja de Cristo. Além destes assuntos fundamentais, ele traça as linhas características do dever e da verdade cristã.
A sua teoria predileta é a que fala da graça, cujas profundezas ilumina; interpreta o Messias hebreu ao mundo gentílico; ergue-se para explicar a doutrina do Salvador, em que ele creu e a obra redentora por ele realizada. Paulo teve a primazia como professor de teologia, e ao mesmo tempo salientou-se como o mais agressivo de todos os missionários.
É impossível compreender o Cristianismo, sem os ensinos e as obras de Cristo e a interpretação fornecia pelo apóstolo Paulo. Cronologia da vida de Paulo. Conquanto a ordem dos acontecimentos da vida de Paulo e as datas relativas das suas epístolas sejam em grande parte bem claras, existem, contudo algumas divergências quanto aos anos em que se deram os fatos e em que foram escritas as epístolas.
Nos Atos dos Apóstolos existem duas datas rigorosamente exatas, que são a data da ascensão de Cristo no ano 30, (posto que alguns dizem que é 29), e da morte de Herodes Agripa, Atos 12:23, que todos admitem ter sido no ano 44. Contudo nenhuma delas serve para determinar com absoluta certeza a cronologia da vida de Paulo, que depende principalmente de assinalar a data da posse do procurador Festo no governo da Judéia. Segundo a opinião mais geralmente aceita, que é a mais provável, Festo tomou posse do governo no ano 60, Atos 24:27. Josefo diz que quase todos os acontecimentos que se deram na Judéia durante o governo de Félix, se efetuaram no reinado de Nero, que começou em outubro do ano 54. Paulo em sua defesa perante Félix diz: “Sabendo que tu és juiz desta nação muitos anos há, com bom ânimo satisfarei por mim”, Atos 24:10. Em vista do que, a prisão de Paulo quando compareceu diante de Félix, não podia ser antes do ano 58. Paulo esteve dois anos na cadeia de Cesaréia, e por isso a substituição de Félix deveria ter sido no ano 60 e não depois, porque no ano 62 o procurador Festo era substituído por Albio, sendo certo, pois, que ele governou mais de um ano. Se Festo tomou posse do cargo no ano 60, Paulo deveria ter seguido para Roma no outono desse ano, chegando a Roma na primavera do ano seguinte depois de passar o inverno em viagem. Portanto a narrativa final dos Atos e o provável livramento de Paulo, quando pela primeira vez esteve em Roma devem ser datados do ano 63, Atos 28:30.
Os acontecimentos da vida de Paulo, anteriores a esta data, precedem ao governo de Festo começado no ano 60. Sendo assim, a prisão de Paulo deu-se no ano 58, dois anos antes, Atos 24:27, isto é, no fim da terceira viagem missionária. O inverno que precedeu a sua prisão, passou-o ele em Corinto, Atos 20:3, e o outono anterior, na Macedônia, Atos 20:2, e antes desta época demorou-se três anos em Éfeso, Atos 20:31, para onde havia ido, quando deixou Antioquia, depois de uma rápida excursão pela Galácia e pela Frígia, Atos 28:23.
Conclui-se pois, que na terceira viagem gastou quatro anos. Se ele foi preso em Jerusalém na primavera do ano 58, segue-se que começou esta viagem na primavera do ano 54. A terceira viagem foi iniciada pouco depois da segunda, Atos 28:23, talvez dois anos e meio, visto que ele se demorou dezoito meses em Corinto, Atos 28:11, e que os fatos precedentes teriam consumido mais um ano, Atos 15:36 até Atos 17:34. Portanto, se a segunda viagem terminou no outono de 53, provavelmente começou na primavera de 51. A segunda viagem começou alguns dias, Atos 15:36, depois do concilio de Jerusalém que se efetuou no ano 50. A primeira viagem missionária não poderia realizar-se senão entre o ano 44, em que morreu Herodes, Atos cap. 12, e o ano 50, em que se deu o concílio, Atos cap. 15. Poder-se-á, pois, dar-se o período de 46-48, não sendo provável que gastasse tanto tempo.
Para determinar a data da conversão de Paulo, precisamos combinar os cálculos acima referidos com o que diz a epístola aos Gálatas. Diz ele em Atos 2:1: “Catorze anos depois subi dali, outra vez a Jerusalém com Barnabé”. Esta visita não pode ser outra senão a que ele fez para assistir ao concílio no ano 50. Mas desde quando começou ele a contar estes catorze anos? Segundo alguns comentadores, devem ser calculados desde a data de sua conversão, mencionada em Gálatas 1:15, no ano 36 ou 37, segundo o modo de contar os catorze anos, incluindo ou excluindo o primeiro deles. Mas em Colossenses 1:18, Paulo nota que ele visitou Jerusalém três anos depois de ser convertido. É mais lógico datar os catorze anos, mencionados em Gálatas 2:1, desde fim dos três anos prévios. Neste caso, de qualquer modo que se faça o cálculo, a conversão deu-se no ano 33 ou 35. Está mais de acordo com o sistema hebraico de calcular e incluir o ano anterior, e por isso podemos dizer que a conversão se deu no ano 35 e que sua primeira visita à cidade de Jerusalém, Gálatas 1:18, foi no ano 37, e que os catorze anos depois, Gálatas 2:1, vão ao ano 50. Como já dissemos, todas estas datas são discutidas. Alguns dão o ano 55 para a posse de Festo, e, portanto alteram todas as outras datas em cinco anos menos. Outros críticos divergem em certos pontos especiais, como por exemplo, a respeito da morte do apóstolo, dizendo que foi no ano 64, supondo ter sido no primeiro ano da perseguição de Nero. Contudo, as datas que acima demos, parecem aproximar-se muito da verdade e podem ser vistas na seguinte Tabua Cronológica:
Morte, ressurreição e ascensão de Cristo a.D. 30
Conversão de Paulo a.D. 35?
Primeira visita subseqüente a Jerusalém, Gálatas 1: 18 a.D. 37
Paulo em Tarso a.D. 37-43
Visita a Jerusalém, levando ofertas de Antioquia, Atos 11: 30 a.D. 44
Primeira jornada missionária a.D. 46-48
Concílio de Jerusalém a.D. 50
Segunda jornada missionária a.D. 51-53, I e II aos Tessalonicenses a.D. 52
Terceira jornada missionária a.D. 54-58
Gálatas a.D. 55
I Coríntios a.D. 56 ou 57
II Coríntios a.D. 57
Romanos a.D. 57-58
Prisão de Paulo a.D. 58
Encarceramento em Cesaréia a.D. 58-60
Festo sob ao poder a.D. 60
Paulo chega a Roma a.D. 61
Colossenses, Filemom, Efésios a.D. 61 ou 62
Filipenses a.D. 62 ou 63
Absolvido em primeiro julgamento a.D. 63 I Timóteo a.D. 64 ou 65
Tito a.D. 65 ou 66
Hebreus (se foi de Paulo) a.D. 66 ou 67 II Timóteo a.D. 67
Morte de Paulo a.D. 67.
A Justificação pela Fé
“Pois, que diz a Escritura? Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça”. (Romanos 4.3).
Completamos a primeira etapa da exposição que o grande apóstolo faz da fé cristã, nestes estudos da carta de Paulo aos Romanos. Na parte anterior da carta, demonstrou a necessidade universal que há da salvação. Tendo examinado a condição de justiça, isto é, a situação e desempenho morais tanto dos judeus como dos gentios, conclui que não há diferença, sendo que todos pecaram e carecem da glória de Deus. Então, passa a nos mostrar que é exatamente a esta altura que Deus assume o comando da situação. As divisões em versículos são convenientes para achar referências na Bíblia, mas – às vezes – perdemos alguma verdade muito importante se lemos a Bíblia por versículos ao invés de por frases completas como se faz em livros comuns. Gostaria de mostrar-lhe como se aplica isto numa passagem-chave no capítulo 3. Aqui está a frase completa: “pois não há distinção. Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; sendo justificados gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue,” (Romanos 3:22b-25a). Esta frase nos ensina não somente como Deus solucionou o problema do pecado e da culpa do homem, como também que Ele o solucionou quando o homem estava completamente sem esperança. A solução que Deus oferece ao problema da culpa do homem, justificando o pecador culposo pela graça, mediante a fé, e a mensagem central da Bíblia. É este o Evangelho de Jesus Cristo.
No começo desta série de estudos, indiquei o fato de que esta carta de Romanos já foi usada para chamar a igreja do meio da apatia e do erro mais de que qualquer outra parte da Bíblia. A carta aos Romanos trouxe esta renovação e reavivamento à igreja porque nela temos a declaração mais plena deste princípio essencial da salvação – a justificação pela fé. Esta é a doutrina principal da fé cristã. Qualquer erro nesta matéria nos fará incidir em erro e em tudo o mais que se referir à salvação.
Antes de examinar a clara e inspirada exposição que Paulo faz desta doutrina, gostaria de tecer dois comentários preliminares. O primeiro diz respeito à nossa indiferença a essa doutrina, e à nossa negligência da mesma. A doutrina da justificação pela fé é a doutrina em cuja defesa nossos pais sofreram, se sacrificaram e morreram. Era a descoberta principal da Reforma Protestante do século dezesseis, e sua restauração resultou no maior reavivamento que a igreja já experimentou desde o Pentecostes. É a doutrina pela qual a igreja ou é sustentada ou cai, segundo Lutero, e que Wesley, duzentos anos mais tarde, chamou de a doutrina que revela se o crente está de pé ou não. Ambos queriam dizer a mesma coisa: crer e ensinar significa crer e ensinar o Evangelho de Jesus Cristo, enquanto negligenciá-la ou negá-la significa o abandono do Evangelho de Cristo. Paulo expõe isto de maneira lúcida em Romanos, e o defende em Gálatas. Quando estava sendo atacado este princípio fundamental de justificação pela fé somente, ou quando estava sendo ameaçado de meios termos, Paulo escreveu aos irmãos da Galácia: “Mas, ainda que nós, ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vai além do que vos temos pregado, seja anátema.” (Gálatas 1:8). Esta foi uma advertência à igreja do primeiro século, e, se entendemos a nossa própria época, perceberemos que a advertência se dirige à nossa situação hoje. Os que deixam de lado a doutrina da justificação do pecador, mediante a fé, e da total necessidade da salvação individuais, considerando-a irrelevante, e que mudam em evangelho de ação política, econômica e social que visam exclusivamente valores materiais, pregam, na realidade, outro evangelho, merecendo assim a condenação por parte do apóstolo. Devemos pregar o Evangelho da redenção mediante a morte de Cristo, o evangelho da necessidade da justificação do pecador, não somente por este ser o Evangelho que Deus nos revelou, e não somente porque satisfaz as necessidades mais profundas do homem, mas também porque a história nos ensina que somente mediante este evangelho é que recebemos as reformas sociais tão urgentemente desejadas e necessárias. A igreja dos nossos dias precisa mais uma vez atender a chamada que nos manda pregar o Evangelho, o Evangelho da justificação pela graça mediante a fé.
O segundo comentário preliminar diz respeito ao método que Paulo usa quando trata do assunto. Em primeiro lugar, há a exposição completa da doutrina propriamente dita, que começa no versículo 21 do capitulo 3, e continua para dentro da primeira parte do capítulo 4. Então, após a exposição, Paulo ilustra a doutrina evangélica ao descrever a salvação de Abraão. Desta forma, ensina de dois modos diferentes a justificação pela fé: pelo preceito e pelo exemplo. É importante que percebamos isto, porque assim poderemos entender o capítulo 4, que parece ocupar-se exclusivamente com a fé de Abraão. Esta longa explicitação da fé de Abraão, com um referência adicional a Davi, nos mostra que existiu sempre um único meio de salvação. Tanto na época do Antigo Testamento como na do Novo Testamento, os homens têm sido salvos pela graça e justificados pela fé. O princípio pela graça mediante a fé é o ensino de toda a Bíblia. Paulo cita o exemplo de Abraão para demonstrar que esta não é uma nova doutrina: o Evangelho de Cristo é o cumprimento da promessa original que Deus fez a Abraão e a todo o Seu povo.
Esta explicação se faz necessária nesta altura, porque existem muitos que têm um conceito errado da Bíblia nesta matéria, pensando que o Antigo Testamento ensina a salvação mediante a lei e as obras, e que o Novo Testamento é que ensina a salvação pela graça. Paulo demonstra a falsidade de tal conceito. Quando introduz o princípio da graça no capítulo 3, diz que foi testemunhada pela lei e pelos profetas (Romanos 3:21). A unidade da Bíblia a respeito dessa matéria ilustra-se com clareza no fato de que neste capítulo, tratando da doutrina da justificação pela fé, tomamos nosso texto do quarto capitulo de Romanos, que diz: “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi imputado para justiça”, sendo que esta expressão é uma citação direta que Paulo tira do Antigo Testamento. Quando Paulo procura uma declaração nítida do princípio da justificação pela fé, pergunta: “Pois, que diz a Escritura?” e tira a sua própria resposta, citando este versículo de Gênesis. Gênesis nos ensina o significado da justificação pela fé. Numa declaração expandida, podemos dizer: “Deus, sem nenhum mérito realmente meu, concede-me, apenas por sua graça, os benefícios da perfeita expiação de Cristo, imputando-me sua justiça e santidade, como se eu nunca tivesse cometido um simples pecado ou jamais tivesse sido pecador, tendo cumprido eu mesmo, toda a obediência que Cristo executou por mim, se somente aceito tal favor com um coração confiante.” (Catecismo de Heidelberg, pergunta 60 – Transcrito de “O Livro de Confissões”).
Gostaria agora de convidar o leitor a prestar atenção a quatro pontos chaves na doutrina bíblica da justificação.
Em primeiro lugar, a justificação é um ato de Deus. É aqui que Paulo começa. Indica que Abraão creu em Deus, o que significa que creu na promessa de Deus. No capitulo 8, diz: “É Deus quem os justifica”. “Quem os condenará?”. A justificação é um ato de Deus; não somos nós que nos justificamos a nós mesmos. Esta verdade deve ser enfatizada porque o nosso modo de pensar centraliza o homem, hoje em diz, que até nosso conceito da salvação é completamente baseado no homem. Tal conceito invade nosso pensamento de modo inconsciente. Recentemente, um estudioso no campo da teologia histórica mencionou-me que tinha saído um novo livro sobre a justificação, escrito por um evangélico. Reconheceu os méritos do livro, porém, passou a mostrar que, no livro inteiro, o escritor não citou uma só vez que é Deus quem justifica o pecador. Sutilmente, hoje em dia, encontra-se uma forma de se falar da própria graça, sem contudo mencionar-se o Deus dessa graça.
Essa falha de não haver ressalvas, de que é Deus quem justifica o pecador, é também uma das raízes da insegurança e instabilidade de tantos cristãos atualmente.
É somente porque Deus justifica o pecador, que temos a segurança da salvação. Atente mais uma vez para aquela declaração triunfante: “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará?” (Romanos 8:33-34a.) É somente porque Deus justifica o pecador que podemos cantar: “Meu Deus está reconciliando, Ouço Sua voz pronunciando o perdão, Ele me chama Seu filho, Nada mais posso temer”.
O segundo ponto do argumento de Paulo é que a justificação é pela graça, sem qualquer mérito nosso. A graça é a atitude favorável de Deus para com o pecador, e não a inserção de alguma qualidade em sua vida. A graça é o favor não merecido. O perdão que recebemos pelos nossos pecados é o dom de Deus, não merecido da nossa parte. Veja com quanta clareza Paulo exclui quaisquer razoes humanas quanto à base ou razão de ser da nossa aceitação diante de Deus: “concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei”. (Romanos 3:28). No capítulo 4, a mesma doutrina aparece nas seguintes palavras: “Ora, ao que trabalha não se lhe conta a recompensa como dádiva, mas sim como dívida; porém ao que não trabalha, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é contada como justiça”; (Romanos 4:4-5).
Paulo cita Abraão como exemplo da justificação somente pela fé, porque Abraão creu na promessa de Deus, e isso lhe foi imputado como justiça, e também para demonstrar que, se um homem como Abraão, que foi chamado amigo de Deus, não pudesse ser justificado pelas obras, então, não existe pessoa alguma que possa ser justificada assim. O próprio Abraão é um exemplo do principio de que todos pecaram e carecem da glória de Deus. O pecar significa errar o alvo. Alguns ficam longe mais do alvo do que outros, mas todos erram o alvo. No verão passado, estive com uns amigos no cume da maior duna de areia do mundo, a duna do Urso Adormecido, no norte de Michigan, EUA. Esta grande duna de areia tem vários quilômetros de comprimento, e mais de seis quilômetros de largura. A orla ocidental é um declive íngreme e abrupto que cai até chegar ao Lago Michigan. Estávamos em pé na beira da duna, olhando para baixo, de onde se descortinava o lago, a umas centenas de metros. Tinha-se a impressão de que o lago ficava exatamente abaixo dos nossos pés; parecia-nos a coisa mais fácil de se fazer, o jogar-se uma pedra na água. Começamos então a atirá-las, e alguns conseguiram atirar mais longe do que outros, mas nenhuma das pedras conseguiu sequer atingir o lago lá embaixo. Foi uma experiência frustrante; parecia tão fácil, porém, quando atirei a pedra usando toda a minha forca, ela se perdeu, sem produzir ruído algum nas areias da duna, não completando talvez a metade do percurso. Somos salvos exclusivamente pela graça, porque todos pecamos e carecemos da glória de Deus.
O terceiro ponto nesta declaração resumida diz respeito à natureza da justificação. Já vimos que é Deus que justifica o pecador, e que Ele o faz exclusivamente pela graça; mas, afinal, o que é que Deus faz quando nos justifica? O que é justificação? A justificação consiste de duas partes. A primeira é o perdão. Na justificação, Deus trata da culpa do pecado, e Seu modo de liquidar o assunto é cancelá-lo. Perdoa os culpados. Paulo tira do Salmo 32 apoio para o seu argumento: É “assim também Davi declara bem-aventurado o homem a quem Deus atribui a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas iniquidades são perdoadas, e cujos pecados são cobertos. Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputará o pecado”. (Romanos 4:6-8). Isto explica por que a justificação é sempre instantânea e completa. Não existem graus de justificação, porque não há diferentes graus de perdão. Ou um homem é perdoado ou não é. E já que a justificação é – antes de tudo – o perdão dos nossos pecados, uma vez que a pessoa é justificada, ela o é completamente. O mais novo crente é tão completamente justificado na totalidade do seu pecado como a pessoa que já é cristã durante muitos anos.
A segunda parte da justificação é a imputação da justiça de Cristo para conosco. Deus, como reto Juiz, exige a justiça naqueles que são aceitos e aprovados por Ele. Não temos em nos mesmos a capacidade para oferecer a Deus tal justiça. O pecado considerado de um ponto de vista é como uma dívida enorme, que não temos a mínima possibilidade de pagar, e até os respectivos juros estão fora do nosso alcance. Deus, porém, aceita a justiça de Cristo como se fosse a nossa própria. A palavra imputar significa literalmente lançar em nossa conta credora, e mediante o ato gracioso na Justificação, a Justiça de Cristo é computada em nosso crédito. É por essa razão que, na primeira declaração do evangelho que Paulo faz nesta carta, diz: “Porque não me envergonho do evangelho, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque no evangelho é revelada, de fé em fé, a justiça de Deus, como está escrito: Mas o justo viverá da fé”. (Romanos 1:16,17).
O quarto ponto salientado por Paulo na sua exposição da justificação é que ela é adquirida mediante a fé. Somente podemos recebê-la como dom de Deus; não há nenhuma outra maneira pela qual podemos merecê-la. Esta fé não é uma obra meritória da nossa parte, porque a própria capacidade de crer é, em última análise, um dos de Deus. É por isso que um dos pregadores puritanos da antiguidade, eliminando qualquer conceito de obras ou mérito inerente à fé, disse: “A fé é apenas a mão aberta que recebe”.
Neste capítulo, fica então esclarecido o princípio fundamental do Evangelho de Cristo. Seu pecado pode ser perdoado. Há em Jesus Cristo perdão para a sua culpa. Ele já pagou a penalidade mediante a Sua morte na cruz. Eliminou a culpa; e, se você deposita nEle toda a sua confiança, você também poderá ser justificado.
É o que queremos dizer a você em nosso convite: “Crê no Senhor Jesus, e serás salvo” ( Atos 16:31a ).
Que Diferença Fará?
01. Morou em um palacete – ou numa casinha alugada?
02. Se usou roupas sob medida – ou compradas em liquidação?
03. Se passou as férias na Europa – ou no quintal de casa?
04. Se comeu peru e filet mignon – ou feijão com farinha?
05. Se dormiu em colchão de espuma – numa rústica esteira?
06. Se possuiu seu próprio automóvel – ou andava de ônibus?
07. Se teve empregados às suas ordens – ou recebia ordens de um patrão?
08. Se andou sobre tapetes macios – ou ou num áspero chão de cimento?
09. Se pertenceu à classe social – ou era um simples cidadão?
10. Se teve 100 milhões reservados no banco – ou vivia num aperto tremendo?
Que diferença fará isso daqui a 100 anos? Nenhuma! Absolutamente Nenhuma!
… Fará muitíssima diferença daqui a 100 anos se você é HOJE uma pessoa SALVA ou PERDIDA, pois esse fato DETERMINA se daqui a 100 anos você estará no CÉU ou no INFERNO. Isso fará muitíssima diferença não somente daqui a 100 anos mas por toda a eternidade!
Jesus disse: “Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? (Mateus 16:26a; Marcos 8:36)
Você quer ser salvo, prezado internauta / leitor? Então, saiba que:
1. A Salvação é uma oferta GRATUITA de Deus. Tão gratuita quanto o sol e a chuva ( Romanos 6:23 ).
2. Que SÓ Jesus é Quem salva. Ele próprio disse: “Eu sou o caminho, e a verdade e a vida. NINGUÉM vem ao Pai, senão por Mim” ( João 14:6 ).
3. Para você ser salvo é necessário RECONHECER que é pecador, CRER que Jesus é capaz e suficiente para salvá-lo e RECEBÊ-LO como seu salvador pessoal.
Está disposto a fazê-lo?
“Jesus disse: “Aquele que vem a mim de modo nenhum o lançarei fora”. (João 6:37).
“Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim TEM a vida eterna”. (João 6:47).
Receba meu amigo (a), o Senhor Jesus Cristo, como o Senhor e Salvador de sua vida, pois isso fará uma imensa diferença não só daqui a 100 anos, mas neste exato minuto, agora e por toda a eternidade.
Decida-se agora, já que está informado da maneira de entregar-se a Cristo como seu Senhor e Salvador pessoal. E à medida que Ele te possibilitar, você O confessa perante os homens.
Não espere muito, pois poderá ser tarde demais. O tempo aceitável é agora,diz a Palavra de Deus: “(porque diz: No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação)”. (II Coríntios 6:2 ).
Arrependei-vos e Crede no Evangelho
Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho”. (Marcos 1:14-15).
Não só os mandamentos de Deus devem ser observados, mas a ordem destes mandamentos também.
De todas as perversões satânicas que se fazem da mensagem do evangelho, uma das mais perniciosas é a inversão da ordem bíblica do arrependimento e fé. Juntamente com esta inversão há uma completa falta de entendimento do significado de arrependimento e da natureza da fé salvadora. Não é por acidente que a única vez no Novo Testamento em elas aparecem juntas, são citadas pelo próprio Senhor Jesus Cristo, e o mandamento para se arrepender vem primeiro.
Arrependimento e Fé
Além disso, é necessário se notar que só duas vezes no Novo Testamento os substantivos arrependimento e fé aparecem juntos e nas duas vezes nesta ordem. Os falsos mestres da “fé e arrependimento” falsificados não podem justificar esta ordem inversa pelas Escrituras, e os argumentos que usam para defendê-la são baseados numa interpretação errônea do significado das duas palavras. Os dois lugares no Novo Testamento onde os substantivos arrependimento e fé são usados se encontram em Atos 20:21 e Hebreus 6:1.
Em Atos 20:20-21 o Apóstolo Paulo resume seu ministério dizendo: “como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa, testificando, tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.”.
Em Hebreus 6:1 somos exortados a “…que deixando os rudimentos da doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento de arrependimento de obras mortas e de fé em Deus”.
Para Crerdes
Há um lugar no Novo Testamento, onde na versão corrigida, as palavras arrepender e crer aparecem juntas, e embora no original a palavra arrepender seja diferente da que é usada nas outras passagens citadas, a mesma ordem prevalece. É em Mateus 21:32, onde vemos Jesus falando a “principais sacerdotes e os anciãos: “Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele.”.
Graças Inseparáveis
Neste último exemplo (Mateus 21:32) a palavra para “arrependestes” talvez fosse melhor traduzida por: “sentistes remorso“.
Quanto às palavras geralmente representadas por “arrepender” e “arrependimento” na versão corrigida, a verdade é igual ao que lê na declaração de fé de New Hampshire (Declaração de Fé das Igrejas Batistas do Brasil), que o arrependimento e a fé são “graças inseparáveis“. Isto é verdade não só porque está escrito na declaração, mas por ser apoiado por Batistas sãos na fé, como sendo a verdade revelada no Novo Testamento.
A verdade é que oradores e escritores divinamente inspirados do Novo Testamento geralmente consideravam suficiente referir-se ou só ao arrependimento ou só a fé, sabendo que qualquer uma das duas necessariamente implicaria na outra. Foi só para fazer ênfase especial, e talvez, para tornar claro o relacionamento entre elas, que nestas poucas vezes ambos os termos foram usados.
Um Erro Lamentável
Já ouvi pastores batistas, que deviam saber mais, dizer que o carcereiro filipense em Atos 16 ouviu Paulo e Silas dizerem que só precisava crer porque “ele já tinha arrependido“. O homem que faz tal afirmação ou não conhece o significado de arrependimento ou não considerou cuidadosamente suas próprias palavras.
O fato é que não pode existir tal coisa como um pecador verdadeiramente arrependido de “suas obras mortas” e “para Deus“, sem que também tenha fé salvadora em Cristo. Também não existe um crente salvo em Cristo que não haja se arrependido de acordo com o arrependimento do Novo Testamento.
O arrependimento e a fé não são “passos para a salvação; muito menos a inversão e a falsificação “fé e arrependimento“, a não ser ilusão e destruição.
O arrependimento e a fé do Novo Testamento são “graças inseparáveis”; dois dos muitos aspectos de uma experiência única da graça salvadora de Deus.
Significado dos Termos
O verdadeiro arrependimento é uma mudança de mente, e quando usado em conexão com o evangelho, significa para o pecador perdido uma mudança da descrença para a crença. É óbvio, então, que quando o pecador se arrepende de verdade, ele também passa a crer no que não cria antes, incluindo uma confiança em Quem antes não confiava.
A fé salvadora implica necessariamente numa confiança ou entrega pessoal, como se é ensinado claramente na Bíblia. Já que o pecador perdido está num estado natural de descrença, é óbvio que ele não pode crer sem uma mudança de mente, a qual é o significado de arrependimento no Novo Testamento.
Creia no Evangelho
Paulo, em I Coríntios 15:3-8, resume o Evangelho: “…que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia segundo as Escrituras, e que foi visto”.
Se você ainda não creu nesta mensagem a ponto de confiar em Cristo para a salvação, que possa agora, pela graça de Deus, se arrepender (mudar sua mente) e crer no evangelho para a salvação de sua alma. Hebreus 10:39.
1a Igr. Batista do Jd. das Oliveiras – Rosco Brong
Oração do Pai Nosso
Mateus 6:5 a 15 – (Base do Estudo)
6:5 “E, quando orardes, não sejais como os hipócritas ; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa”.
Os fariseus e religiosos da época profanavam a prática religiosa, transpondo-a em peças de teatro, agiam como se estivessem fazendo uma apresentação teatral ou algo parecido. Eles tinham hora e lugares certos para orarem, geralmente em praças e avenidas largas e de grande movimento. Seu objetivo era atrair a atenção do público e, esperavam como recompensa o aplauso daqueles que os rodeavam.
Quando Cristo usou o termo hipócritas, Ele sabia do que e porque estava falando. Jesus critica essa ação e não o ato de orar. Lucas 18: 9 à 14; Oração do fariseu e do publicano, chamada também de a Oração do pecador.
6:6 “Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”
Jesus requer das pessoas que oram a humildade de coração e, para orar a Deus, todos podem orar, mas nós os crentes em Jesus, sabemos que Deus não ouve a oração de pecadores.
“Sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve”. (João 9:31).
Sendo assim, para orar a Deus, sem hipocrisia e com humildade de coração e em espírito, tem que principalmente ser um verdadeiro convertido, um cristão genuíno. Em secreto, é onde falamos com Deus e nos abrimos para Ele, principalmente para agradecer e não somente para estarmos pedindo. Em secreto não quer dizer que você deva se esconder para que ninguém o veja… Mas sim que não seja para estar em evidência.
Jesus não censura a oração em público, nem estabelece regras acerca da oração, muito menos lugar específico ou maneira de se orar, mas enfatiza a necessidade de um “espírito humilde” nas orações. Devemos orar pela necessidade que sentimos de orar. A oração pode ser feita: Em qualquer lugar, inclusive na igreja, de pé, de joelhos, sentado, deitado, dentro de um carro, de um ônibus. A Bíblia nos diz que devemos orar sem cessar, mas cuidado! Para cumprirmos esse mandamento não precisamos fechar os olhos quando estivermos dirigindo. Devemos orar em espírito. “Orai sem cessar.” (I Tessalonicenses 5:17).
6:7 “E, orando, não useis de vãs repetições , como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos”
“Vãs repetições” Os 450 profetas de Baal e também os 450 profetas de Asera e seus respectivos adoradores, no Monte Carmelo (I Reis 18:17-40), e os adoradores da deusa Diana dos Efésios (Diana = latim; Artemis = grego), em Éfeso (Atos 19:34-35), são exemplos opostos, contrários a essa prática, pensavam que cansando seus deuses com repetições conseguiriam o que lhe pediam. Nos dias atuais, podemos observar estas vãs repetições com os seguidores de muitas seitas, tais como: “Hare Krishna” ou as “Ave-Marias” e “Salve-Rainhas” dos católicos.
Hare Krishna, no hinduísmo e no budismo, o mantra (frase ou sílaba), considerada uma fórmula sagrada, que deve ser repetida mais de mil vezes por dia pelos seus adeptos. Criada pelo mestre hindu Bhaktivedanta Swami Prabhupada nos EUA em 1966.
“Pelo seu muito falar“, pensavam também, que o acúmulo de orações repetidas além de obrigar os seus deuses a responder os impressionariam.
Essas idéias são características pagãs, de pessoas incrédulas. Como poderia um deus com olho, mas que não vê; com boca, mas que não fala; com ouvidos, mas que não ouvem ficarem impressionados com alguma coisa. Os discípulos de Cristo devem saber que Deus é Pai e, que não acolhe as orações daqueles que tem tais atitudes.
6:8 “Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes”
“Qual é o sentido e a necessidade da oração?” A oração nos aproxima de Deus, de sua vontade e leva-nos a perceber mais claramente os nossos desejos e necessidades espirituais, o que beneficia a nós mesmos.
a) A oração alimenta nosso espírito.
b) A oração nos fortalece para enfrentar as tribulações do nosso dia a dia.
c) A oração acrescenta a nossa fé.
d) A oração também serve de escola da alma, para ensinar a vontade de Deus na vida.
Não temos nada a ensinar para Deus, e sim só temos a aprender com Ele, quando oramos, quando ouvimos uma pregação na igreja e principalmente quando lemos a Bíblia.
6:9 “Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome“
“Pai nosso que estás nos céus“: Esta oração é diferente dos padrões, da maneira de oração dos judeus da época e também de muitas religiões de hoje em dia. Esta oração é breve, simples, franca e penetra nosso ser e atinge seu verdadeiro objetivo, que é alcançar a Deus. As dezoito petições feitas três vezes ao dia nas orações dos judeus piedosos, eram dez vezes mais longas.
“Pai nosso“: Jesus nestas primeira palavras, nos ensina a reverenciarmos e reconhecermos a grandeza do Deus com quem estamos falando. Sempre que oramos sabemos que Deus está acima de tudo, nos céus e na terra. Que não somos nada perante sua Estatura. Se Deus considera toda a humanidade como uma gota num balde, como seria apenas um de nós para suas vistas?
“que estás nos céus“: esta expressão sempre nos lembra:
a) Da Onipresença de Deus na vasta amplidão dos lugares celestiais. (Salmos 11:4).
b) Do poder e da Majestade de Deus, na forma de domínio sobre toda criação. (II Crônicas 20:6; Lucas 9:43).
c) Da Onipotência de Deus. (Ezequiel 1:24).
d) Da Onisciência de Deus, porque daquele lugar tão elevado, Ele vê tudo o que acontece em todos os lugares, em todas as partes da criação. (Salmos 11:4).
“santificado seja o teu nome“: Deus é santo, puro e, quando nos achegamos a Ele, devemos reconhecer a soberania do nome que está acima de todo nome. (Filipenses 2:9). Por isso, nos curvamos diante Dele deixando todo nosso ego, orgulho, sabendo que Ele conhece nossos corações e se agrada quando nos santificamos para ir à sua presença. No começo dessa oração, Jesus deixa claro que a necessidade básica do homem e obrigação do pecador é reconhecer Deus acima de tudo, como provedor de todas as coisas.
“santificado” significa: seja venerado ou honrado. Jesus ressalta a santidade de Deus, porque Ele habita no mais santo lugar. (Isaias 57:15).
É bom lembrar não só aos pecadores, mas também aos cristãos que o nome de Deus equivale à pessoa de Deus, aquilo que Ele é e faz. É por este motivo, que jamais devemos tomar o nome de Deus em vão. Com certeza não é a melhor atitude.
6:10 “venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu“
“Venha o teu reino” Jesus queria estabelecer seu reino literal sobre a terra, o que seria a manifestação de Deus no mundo. Devemos em nossas orações, ter o desejo de ver esse reino se manifestar em nossa vida, ter o deseja de estar em breve neste reino. O profeta Isaías nos fala um pouco desse reino no Cap. 65:17 à 25.
“seja feita a tua vontade“: É entregar nossa vida em total confiança a Deus. Deus se agrada quando andamos de acordo com os propósitos Dele para nossas vidas. Ele só quer nosso bem. Orando e lendo a sua Palavra, a Bíblia, nós conhecemos sua vontade e podemos aplicá-la em nossas vidas. Que pai iria quer o mal para seu filho?
“assim na terra como no céu“: É o desejo de todas coisas que ocorrem no céu, acontecerem também na terra. No céu está o exemplo perfeito de tudo, o padrão mais elevado do que precisa ser feito.
Até aqui Jesus tratou das necessidades espirituais do homem. Isso Ele deixa claro também em Mateus 6 :33, onde nos ensina a buscar seu reino e sua justiça em primeiro lugar.
6:11 “o pão nosso de cada dia nos dá hoje“
“o pão nosso de cada dia”: Aqui Cristo passa a nos ensinar acerca das nossas necessidades físicas ou materiais (alma e corpo), da qual Ele próprio conhecia, pois se fez carne entre os homens. (João 1:14).
Jesus nos ensina a orar pela nossa alimentação, aquilo que necessitamos para nossa subsistência, para que não pereçamos.
“nos dá hoje“, esta expressão: também ensina que não devemos nos preocupar com o dia de amanhã, devemos pedir apenas o necessário. Deus sabe do amanhã e suprirá nossa necessidade.
6:12 “e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores“
O perdão de Deus é condicional. E podemos notar isto nos versos 14 e 15 que mostra isso.
6:14-15 “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós; se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas”
Cristo nos ensina que não podemos guardar rancor, ira em nossos corações em relação às outras pessoas. Jesus quer que vivamos em paz, no que depender de nós, com nossos semelhantes. O cristão deve perdoar, mesmo antes de a pessoa pedir perdão para que Deus perdoe nossos pecados, e, caso a pessoa não peça perdão, não mais nos diz respeito, pois é a Deus quem ela prestará contas. Se fizermos desta maneira, podemos esperar pela misericórdia de Deus.
6:11 “E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória, para sempre. Amém”
“Não nos deixes cair em tentação, mas livrar-nos do mal“: Devemos pedir a Deus que em todas as circunstâncias de nossa vida, nós não caiamos nas tentações. O mundo que vivemos é cheio de males e tribulações. Mas se perseverarmos em oração e vigiarmos, estaremos sempre nos santificando e purificando cada vez mais e poderemos evitar muitas consequências ruins para nossa vida e estaremos sempre usufruindo das bênçãos de Deus.
Em “Mateus 26:41” diz: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito na verdade, está pronto, mas a carne é fraca”
Oração do Pecador
A Oração do Pecador
Lucas 18:9-14
Jesus falou esta parábola, a um grupo de pessoas que se achavam justas, consideravam-se pessoas boas.
Ele comparou as ações do fariseu, que se autodenominava justo, com as do publicano, o qual representa um pecador. No versículo 13, o publicano, ou pecador, orou, “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”, e como resultado, foi justificado ou salvo de seus pecados.
Em muitos círculos, esta oração é conhecida como “oração do pecador”, e passou a ser um meio pelo qual alguém é salvo, quando se ora esta oração. Muitos fazem declarações, tais como, “Nós tínhamos 42 orando a oração do pecador domingo passado”, e se referem a aqueles como salvos, por terem orado a “oração do pecador”. Eles se referem à “oração do pecador”, como que atendendo os requerimentos de Romanos 10:13, “invocar o nome do Senhor”. A oração não salva, Jesus salva! Ou, você pode ter estado orando quando foi salvo, mas não foi a oração que o salvou, foi uma obra de Deus, pois a salvação é de Deus.
A oração é a maneira de falarmos com Deus, em nome de Jesus, para pedirmos perdão pelos nossos pecados e, também para fazer nossos pedidos a Deus… não querendo dizer que tudo que pedirmos nos será concedido. Deus concede aos cristãos somente o que é de Sua vontade, aquilo que irá nos prejudicar ou até mesmo nos afastar de sua presença não será concedido. Jesus nos ensinou como orar em Mateus 6:5-15, a Oração do Pai Nosso, conhecida por todos os cristãos e também pelos pecadores os quais a usam de maneira incorreta, sem mesmo saber seu verdadeiro significado, sem conseguirem interpretar o que Cristo quis dizer.
Este publicano judeu, cresceu em um lar Judaico, onde havia o costume familiar de oferecer sacrifícios, e sendo assim, tinha conhecimento das razões pelas quais estes sacrifícios eram oferecidos.
Portanto, ele usou a palavra misericórdia, a qual no grego é uma palavra relativa à palavra traduzida “propiciação”, em Romanos 3:25. Este versículo diz que “Ao qual [Jesus] Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue.” A expressão “propôs” significa ser observado, ou ser exposto ao público. A palavra “propiciação” é traduzida “propiciatória”, em Hebreus 9:5, e significa que Jesus foi à realização da propiciação do Velho Testamento. O que está envolvido nisto? Sacrifício, substituto, e aspersão do sangue.
No Velho Testamento, uma vez ao ano havia o dia da expiação. Neste dia, haveriam dois bodes apresentados à porta do tabernáculo ao sumo sacerdote. Lançariam sorte sobre os bodes para determinar qual deles seria uma oferta pelos pecados ou sacrifício, e o outro seria um substituto, chamado de bode emissário. O sumo sacerdote deveria então fazer o sacrifício, seguindo os procedimentos apropriados, e levar o sangue dentro do véu, ao santuário, e aspergir o sangue sobre o propiciatório sete vezes. Então, ele pegaria o bode emissário, colocaria ambas as mãos sobre a sua cabeça, e confessaria todas as iniquidades (pecados) dos filhos de Israel. Uma vez que isto estivesse dado por terminado, o bode emissário seria enviado ao deserto, á terra solitária, onde seria devorado por animais selvagens, para que nunca mais retornasse ao arraial novamente (Levíticos 16:1-28).
Uma vez que isto fosse terminado e aceito por Deus, os pecados do povo estariam cobertos por mais um ano. Esta prática foi seguida ano após ano, até o aparecimento de Jesus, e João anunciou em João 1:29, “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Ele era para ser, e foi, a realização destas práticas do Velho Testamento, quando Deus o propôs para a propiciação. Isto fala de Jesus como nosso Sacrifício, Substituto (bode emissário), e Propiciatório.
No sacrifício, foi um cordeiro inocente que morreu pela culpa. Jesus foi inocente. Ele não tinha pecados. Ele foi sacrificado para mim, o culpado. “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos”. I Pedro 3:18
Jesus também foi meu substituto (bode emissário), quando Ele tomou meu lugar na cruz. Ele o fez voluntariamente, pois ele disse, “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem” ( Lucas 23:34 ). Então Deus permitiu que o meu pecado, e o de todas as pessoas, fossem postos sobre o imaculado Filho de Deus, cumprindo assim a simbologia do bode emissário. Naquela situação, Jesus exclamou: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparastes?” ( Mateus 27:46 ). Aquilo foi o clamor do meu pecado. Na cruz, Deus o “propôs”, exposto ao público, ao terrível sofrimento da cruz enquanto Jesus se tornou meu sacrifício, meu substituto.
Enquanto dependurado na cruz, Jesus, através de um milagre de Deus que não posso entender nem explicar, pagou uma eternidade de sofrimentos no inferno por mim. Quando Ele disse, “Tenho sede” (João 19:28), foi à mesma sede que o homem rico sentiu no inferno. Quando Ele disse, “Está consumado” ( João 19:30 ), meus pecados já foram pagos. Finalmente, Ele morreu, e levaram o seucorpo e o enterraram em um túmulo emprestado. Lá Ele foi escondido dos homens, realizando assim o símbolo, do bode emissário deixado em terra solitária para nunca ser visto novamente.
Após três dias e três noites, Jesus foi ressuscitado e ascendeu ao Pai.
Lá, no santuário do céu, dentro do véu, Jesus aspergiu seu próprio sangue sobre um propiciatório não feito por mãos e sentou-se ao lado direito do Pai, significando que o Pai aceitou o perfeito sacrifício pelo pecado. Isaías 53:11 fala do Pai sendo satisfeito, “Ele verá o fruto do trabalho da sua alma, e ficará satisfeito”. O que haveria de ser um julgamento, é agora um propiciatório.
O compositor que escreveu a música “Um Dia”, resume isto muito bem: “Vivo, me amou; morrendo, me salvou; sepultado, levou consigo meus pecados para longe; ressurgido, me justificou gratuitamente para sempre…” Este coro revela Jesus como nosso sacrifício, substituto, e que Ele aspergiu Seu sangue sobre o propiciatório.
Não é suficiente que isto foi feito, isto deve ser apropriado para cada indivíduo, e isto é feito pela fé em Seu sangue. (Romanos 3:25) Esta fé é mais que uma crença intelectual, tida pelos demônios (Tiago 2:19). Deve ser crido de coração, e para isso deve haver uma obra do Espírito Santo neste indivíduo. É imperativo que o Espírito Santo faça a abençoada obra da tristeza segundo Deus, convicção, arrependimento e fé num indivíduo, antes que este possa invocar o nome do Senhor. I Coríntios 12:3 diz, “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo”.
Portanto, quando o publicano clamou, “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”, ele entendeu que Jesus foi seu sacrifício, substituto e propiciatório. Ele concluiu isto pois foi criado em um lar onde lhe ensinaram algumas coisas sobre a verdade, e um dia o Espírito Santo alvejou seu coração, e ele se expressou pelo exercício da fé de seu coração em Seu sangue, e ele foi salvo.
Agora, rotular isto de “oração do pecador”, é como limitar Deus em uma caixa, e estereotipar todas as experiências de salvação em um pacote. Deus é um Deus de originalidade. Cada experiência de salvação de um homem é diferente, pois é pessoal, ainda que a experiência de cada contenha os mesmos ingredientes.
Você pode ter orado esta oração e ter sido salvo, mas não foi porque você orou. Foi porque o Espírito Santo fez uma obra em você. O problema de hoje é que muitos estão usando de uma estratégia, e pedindo aos homens para orarem a “oração do pecador”, então eles marcam pontos nos seus currículos, dizendo terem ganhado “tantos” ao Senhor, quando na verdade, tudo o que fizeram foi fazer os seus discípulos “duas vezes mais filhos do inferno” (Mateus 23:15). Você pergunta, Por quê? Porquê muitos que repetem esta oração, não têm nenhuma idéia do que “misericórdia” significa. Eles não entendem que Jesus é seu sacrifício, substituto e propiciatório, e eles não o saberão, até que o Espírito Santo tenha feito Sua obra Sagrada, nos seus corações.
Nós devemos sempre estar cientes de que estamos compactuando com as almas dos homens. Nós não somos Deus. Só porque alguém ora, “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” não significa que estão salvos. E só porque eles confessaram de boca, não significa que creram de coração. Porque nem todos que dizem: Senhor, Senhor entrarão no reino dos céus.
Mulher na Liderança da Igreja
Há duas Interpretações:
1a) – Alguns creem que o apóstolo se refere a uma senhora cristã e sua família, que viviam na Cidade de Éfeso.
2a) – Que é a personificação de uma Igreja e seus membros.
Observação: Se a primeira suposição é correta, este seria então o único livro do Novo Testamento dirigido a uma mulher, e alguns torcem esses versículos para apoiar os seus erros.
Ponto para se pensar e analisar:
Igreja Batista Tradicional Independente:
Quando nós queremos confirmar uma doutrina ou uma verdade bíblica, temos que ter várias correlações ou passagens em outros livros ou capítulos da Bíblia confirmando a mesma verdade; “E este é um assunto muito sério para que Deus deixasse alguma dúvida sobre a verdade”.
O Por que Deste Estudo:
1º) – Por que Deus colocou em mim um enorme desejo de preparar este estudo, e, que este seja somente para honrá-Lo e glorificá-Lo.
2º) – Judas 1:4; Atos 20:28-31 e Infelizmente vemos em nossos dias em várias denominações, mulheres tomando o lugar do homem de Deus.
Vejamos realmente o que, a palavra de Deus, nos diz a este respeito:
“O Ancião à Senhora Eleita e Seus Filhos”. (II João 1:1)
O Ancião = Tradução: Presbítero, Bispo ou Pastor.
Versículos da Bíblia: João Ferreira de Almeida revista e atualizada e Thompson, diz assim:
Presbítero e a Senhora Eleita e seus Filhos.
Seria pouco provável que o Apóstolo tivesse se referindo ao mesmo tempo ao Ancião como Bispo ou Pastor e a Senhora Eleita como Pastora ou Bispa. (Ele poderia simplesmente dizer: “O pastor e sua esposa”).
Não há sentido, ficaria assim:
O Pastor ou Presbítero e a Pastora ou Bispa e a seus filhos.
O Pastor e a Pastora e a seus filhos.
A Importância dos Anciãos começando pelo Velho testamento:
Os homens de Deus que tinham posição e tomavam decisões importantes.
Êxodo 18:12 “Comeram com Arão, Jetro sogro de Moisés e Moisés diante de Deus”.
Êxodo 24:1 e 9-11 “70 Anciãos escolhidos por Moisés para subirem até perto do Monte Sinai: “Momento importante para o povo de Israel”.
I Samuel 15:30 “Saul pede perdão a Deus diante dos Anciãos e Samuel”.
I Reis 12:6-7 “Roboão filho de Salomão tomou conselho com os Anciãos”.
Atos 14:23 “Provavelmente aqui nesse texto refere-se a eleição de Pastor nas Igrejas”.
Atos 15:2-4 “havia um problema a ser resolvido e os Anciãos subiram juntos para Igreja de Jerusalém e lá também encontraram outros apóstolos e Anciãos”.
Atos 15:22-23 “Rito Mosaico” – “Os Anciãos estavam sempre junto com os apóstolos para ajudar a resolver questões difíceis”.
Atos 20:17 “Apóstolo Paulo manda chamar os Anciãos da Igreja de Éfeso e exorta-os a permanecerem na mesma fé”.
As qualificações e os Deveres do Pastor:
Atos 1:21-26 “A Eleição de um Apóstolo para o lugar de Judas Iscariotes”;
Dois varões de bom exemplo que acompanhou todo o começo da Igreja de Cristo: “José e Matias (o eleito)”.
Atos 20:28 “Constitui Bispos”.
Tito 1:5 “Estabelecer Presbítero”.
Observação: Vemos que quando a Bíblia refere-se às qualificações para Bispo ou Pastor só, se refere ao lado masculino e nunca ao feminino”.
I Timóteo 3:1-7 e Tito 1:5-9 “Marido de uma só mulher, sóbrio, honesto, hospitaleiro, não cobiçoso, não espancador, não contencioso, não avarento, não neófito, não soberbo, não iracundo e moderado”.
I Pedro 5:1-4 “Responsabilidade aos Presbíteros”;
O homem de Deus deve ser justo, santo e temperante.
Nomes que a Bíblia se refere à Igreja de Cristo:
“A Senhora Eleita”
1. Salmos 149:1 “Congregação ou Assembléia dos Santos” = Igreja.
2. Hebreus 10:21 “Congregação” = Igreja.
3. I Coríntios 3:9 “Edifício de Deus” = Igreja.
4. Efésios 2:21 “Edifício” = Igreja.
5. I Timóteo 3:15 “Igreja do Deus Vivo Coluna e Firmeza da verdade” = Igreja.
6. I Coríntios 12:27 “Corpo” = Igreja.
7. I Pedro 5:13 “Co-Eleita “Provavelmente a Igreja que estava em Roma” = Igreja.
8. Apocalipse 1:20 “Sete Castiçais e Sete Igrejas da Ásia” = Igreja.
9. Apocalipse 21:9 “Esposa do Cordeiro” = Igreja.
Se a palavra de Deus se refere a Igreja com vários nomes, por que não: “Senhora Eleita” (II João 1:1).
“A Mulher e sua criação”
Agora vejamos na Palavra de Deus (Bíblia) por que e quais foram as necessidades da mulher ser criada, não a desqualificando, mas sim, elogiando a posição que Deus lhe deu.
Por que o homem não pode tomar a posição da mulher e por que foi criada a mulher?
Gênesis 2:18 “Não é bom que o homem fique só. Adjutora = Que auxilia, companheira”.
Gênesis 2:21-24 “A Criação”.
A mulher foi criada da costela do homem; não foi criada da cabeça para não ser o cabeça do lar e nem dos pés para ser pisada pelo homem, mas sim da costela para andar junto e ser companheira, ajudadora.
Qualidades da Mulher
Não há homem que possa fazer melhor o que foi instituído por Deus para a mulher fazer. Foi permitido por Deus o homem dar a luz a um filho? – Não. Da mesma forma também não é permitido por Deus a mulher ser uma Pastora ou dirigir o Rebanho de Deus.
Provérbios 14:1 “Mulher sábia edifica a sua casa”.
Provérbios 31:10 “Mulher de muito valor”.
Provérbios 31:27-31 “Deve ser elogiada e amada na sua posição”.
Efésios 5:22-28 “A esposa deve ser amada e respeitada e deve estar em sujeição ao marido com amor”.
O que é permitido por Deus a mulher fazer? “I Timóteo 2:9-15”
Tito 2:3-5 “Ensinar as mais novas amar os maridos e filhos”.
I Coríntios 14:34-35 “Nas Igrejas – Não somente na Igreja de Corinto”.
Mulheres Cooperadoras na Obra de Deus:
Atos 9:36-40 “Tabita que traduzido significa Dorcas foi ressuscitada pelo Apóstolo Pedro pois era cheia de boas obras”.
Atos 16:13-15 “Lídia servia a Deus”.
Filipenses 4:2-3 “Evódia e Síntique, cooperadoras”.
Colossenses 4:15 “Ninfa cedeu a sua casa para pregação do evangelho – “cooperadora”.
Romanos 16:1-15 “Mulheres cooperadoras Na obra de Deus”.
Nas passagens abaixo podemos ver muitas irmãs valiosas que cooperavam na obra de Deus:
1. “Febe” Serve na Igreja em Cencréia.
2. “Priscila” Esposa de Áquila – ambos cooperadores.
3. “Maria” Não a mãe de Jesus, mas cooperou muito.
4. “Trifena e Trifosa” Provavelmente duas irmãs em Cristo e no sangue que cooperavam muito com a Igreja em Roma.
5. “Pérside” Muito trabalhou para o Senhor.
6. “Mãe de Rufo” e a “mãe do Apóstolo Paulo”, provavelmente duas senhoras que também cooperavam muito com a Igreja.
7. “Júlia” cooperava também com a obra de Deus.
Observação: Analisando todas essas passagens na Bíblia, vemos que as mulheres “irmãs”, as esposas dos Pastores e dos Obreiros e as Senhoras eram de muito valor para a obra de Deus e para o crescimento e propagação do Evangelho de Cristo, mas notamos que a Palavra de Deus nunca se refere a essas “irmãs” como Ministras, Pastoras, Bispas ou até mesmo como Apóstolas, na verdade sim, como mulheres de muito valor que cooperavam com a obra de Deus.
O Ancião e a Senhora Eleita e seus Filhos:
Mateus 28:19-20 “Batizar”.
Bem já falamos do Ancião e da Senhora Eleita, agora falaremos de seus Filhos. Toda pessoa só pode se tornar filho de Deus quando se converte ou aceita a Jesus Cristo como Senhor e Salvador de sua vida e pode fazer parte da Igreja.
Quando eu escrevo uma carta, escrevo para quem eu desejar e me refiro a quem quiser. Então o João só poderia estar se referindo aos “Membros da Igreja” que são Filhos de Deus, irmãos em Cristo, quando enviou essa carta que é a verdadeira Palavra de Deus. Por que o apóstolo se referiria aos filhos de uma senhora cristã? Filhos de crentes não são “crentinhos” como costuma dizer o mundo: “filho de peixe, peixinho é”.
João 1: 11-12 “Filhos de Deus”.
Gálatas 4: 3-7 “Salvação através do sangue de Jesus Cristo” – “Filhos de Deus”.
I João 3: 1-2 “Filhos de Deus” – “Cristão”.
I João 3:9-10 “Nisto é manifesto os Filhos de Deus”
Apocalipse 21:7 “Filhos de Deus”
Da forma que foi escrita, certamente o Apóstolo enviou a carta: Ao Ancião a Senhora Eleita e a seus Filhos; em outras palavras: Ao Presbítero a Igreja Eleita e a seus Membros.
Defender a sã Doutrina: ( Atos 20:28-32 )
A Igreja de Deus foi resgatada com o seu próprio sangue, por isso irmãos e Pastores, vamos preservar a sã Doutrina e não deixar entrar heresias na Igreja e sermos bajuladores uns dos outros.
Elaborado por Sérgio Ricardo de Moraes / Daniel Borges 12/03/2002
Igreja Batista Independente Chácara Santa Maria