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11/03/2021

Mateus

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Marcos 1

  1. Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
  2. Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar o teu caminho;
  3. voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;
  4. assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados.
  5. E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
  6. Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.
  7. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas.
  8. Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo.
  9. E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão.
  10. E logo, quando saía da água, viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele;
  11. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.
  12. Imediatamente o Espírito o impeliu para o deserto.
  13. E esteve no deserto quarenta dias sentado tentado por Satanás; estava entre as feras, e os anjos o serviam.
  14. Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus
  15. e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.
  16. E, andando junto do mar da Galiléia, viu a Simão, e a André, irmão de Simão, os quais lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
  17. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens.
  18. Então eles, deixando imediatamente as suas redes, o seguiram.
  19. E ele, passando um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco, consertando as redes,
  20. e logo os chamou; eles, deixando seu pai Zebedeu no barco com os empregados, o seguiram.
  21. Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a ensinar.
  22. E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.
  23. Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou:
  24. Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
  25. Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele.
  26. Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele.
  27. E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
  28. E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia.
  29. Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.
  30. A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela.
  31. Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia.
  32. Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados;
  33. e toda a cidade estava reunida à porta;
  34. e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam.
  35. De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.
  36. Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;
  37. quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.
  38. Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim.
  39. Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.
  40. E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
  41. Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo.
  42. Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo.
  43. E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu,
  44. dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
  45. Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele.

Marcos 2

  1. Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa.
  2. Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra.
  3. Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro;
  4. e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
  5. E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados.
  6. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:
  7. Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus?
  8. Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações?
  9. Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda?
  10. Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ),
  11. a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
  12. Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.
  13. Outra vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a multidão ia ter com ele, e ele os ensinava.
  14. Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
  15. Ora, estando Jesus à mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam.
  16. Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores?
  17. Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.
  18. Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?
  19. Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar;
  20. dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar.
  21. Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura.
  22. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.
  23. E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando, começaram a colher espigas.
  24. E os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é lícito?
  25. Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?
  26. Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros?
  27. E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.
  28. Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor.

Marcos 3

  1. Outra vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada.
  2. E observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a fim de o acusarem.
  3. E disse Jesus ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te e vem para o meio.
  4. Então lhes perguntou: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calaram.
  5. E olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida.
  6. E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem.
  7. Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galiléia o seguiu; também da Judéia,
  8. e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele.
  9. Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse;
  10. porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem.
  11. E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus.
  12. E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer.
  13. Depois subiu ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria; e vieram a ele.
  14. Então designou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar;
  15. e para que tivessem autoridade de expulsar os demônios.
  16. Designou, pois, os doze, a saber: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;
  17. Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;
  18. André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu,
  19. e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
  20. Depois entrou numa casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal modo que nem podiam comer.
  21. Quando os seus ouviram isso, saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si.
  22. E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu; e: É pelo príncipe dos demônios que expulsa os demônios.
  23. Então Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás?
  24. Pois, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;
  25. ou, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir;
  26. e se Satanás se tem levantado contra si mesmo, e está dividido, tampouco pode ele subsistir; antes tem fim.
  27. Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a casa.
  28. Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem;
  29. mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno.
  30. Porquanto eles diziam: Está possesso de um espírito imundo.
  31. Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo.
  32. E a multidão estava sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram.
  33. Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos!
  34. E olhando em redor para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos!
  35. Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

Marcos 4

  1. Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do mar.
  2. Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino:
  3. Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear;
  4. e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
  5. Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
  6. mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.
  7. E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto.
  8. Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem.
  9. E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
  10. Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola.
  11. E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas;
  12. para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados.
  13. Disse-lhes ainda: Não percebeis esta parábola? como pois entendereis todas as parábolas?
  14. O semeador semeia a palavra.
  15. E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.
  16. Do mesmo modo, aqueles que foram semeados nos lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente com alegria a recebem;
  17. mas não têm raiz em si mesmos, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.
  18. Outros ainda são aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem a palavra;
  19. mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
  20. Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por um.
  21. Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não é antes para se colocar no velador?
  22. Porque nada está encoberto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para vir à luz.
  23. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
  24. Também lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.
  25. Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
  26. Disse também: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra,
  27. e dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse, sem ele saber como.
  28. A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.
  29. Mas assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.
  30. Disse ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos?
  31. É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra;
  32. mas, tendo sido semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
  33. E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender.
  34. E sem parábola não lhes falava; mas em particular explicava tudo a seus discípulos.
  35. Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
  36. E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também outros barcos.
  37. E se levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia.
  38. Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?
  39. E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança.
  40. Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?
  41. Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?

Marcos 5

  1. Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos.
  2. E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo,
  3. o qual tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém prendê-lo;
  4. porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia domar;
  5. e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras,
  6. Vendo, pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o;
  7. e, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes.
  8. Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo.
  9. E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
  10. E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região.
  11. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos.
  12. Rogaram-lhe, pois, os demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.
  13. E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram.
  14. Nisso fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido.
  15. Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em perfeito juízo; e temeram.
  16. E os que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos porcos.
  17. Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos.
  18. E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.
  19. Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti.
  20. Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam.
  21. Tendo Jesus passado de novo no barco para o outro lado, ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava à beira do mar.
  22. Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés.
  23. e lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.
  24. Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
  25. Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia,
  26. e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior,
  27. tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto;
  28. porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada.
  29. E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal.
  30. E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes?
  31. Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou?
  32. Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera.
  33. Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade.
  34. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal.
  35. Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?
  36. O que percebendo Jesus, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
  37. E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago.
  38. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto.
  39. E, entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu, mas dorme.
  40. E riam-se dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina estava.
  41. E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.
  42. Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram tomados de grande espanto.
  43. Então ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que lhe dessem de comer.

Marcos 6

  1. Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam.
  2. Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos?
  3. Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.
  4. Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa.
  5. E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
  6. E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando.
  7. E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos;
  8. ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto;
  9. mas que fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas.
  10. Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar.
  11. E se qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles.
  12. Então saíram e pregaram que todos se arrependessem;
  13. e expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.
  14. E soube disso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara célebre), e disse: João, o Batista, ressuscitou dos mortos; e por isso estes poderes milagrosos operam nele.
  15. Mas outros diziam: É Elias. E ainda outros diziam: É profeta como um dos profetas.
  16. Herodes, porém, ouvindo isso, dizia: É João, aquele a quem eu mandei degolar: ele ressuscitou.
  17. Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque ele se havia casado com ela.
  18. Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.
  19. Por isso Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia;
  20. porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava em segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o escutava.
  21. Chegado, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu aniversário natalício ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos principais da Galiléia,
  22. entrou a filha da mesma Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então o rei disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.
  23. E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino.
  24. Tendo ela saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o Batista.
  25. E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o Batista.
  26. Ora, entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por causa dos que estavam à mesa, não lha quis negar.
  27. O rei, pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere,
  28. e trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua mãe.
  29. Quando os seus discípulos ouviram isso, vieram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro.
  30. Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
  31. Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer.
  32. Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte.
  33. Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles.
  34. E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
  35. Estando a hora já muito adiantada, aproximaram-se dele seus discípulos e disseram: O lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada;
  36. despede-os, para que vão aos sítios e às aldeias, em redor, e comprem para si o que comer.
  37. Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe perguntaram: Havemos de ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer?
  38. Ao que ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E, tendo-se informado, responderam: Cinco pães e dois peixes.
  39. Então lhes ordenou que a todos fizessem reclinar-se, em grupos, sobre a relva verde.
  40. E reclinaram-se em grupos de cem e de cinquenta.
  41. E tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou; partiu os pães e os entregava a seus discípulos para lhos servirem; também repartiu os dois peixes por todos.
  42. E todos comeram e se fartaram.
  43. Em seguida, recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe.
  44. Ora, os que comeram os pães eram cinco mil homens.
  45. Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
  46. E, tendo-a despedido, foi ao monte para orar.
  47. Chegada a tardinha, estava o barco no meio do mar, e ele sozinho em terra.
  48. E, vendo-os fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta vigília da noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes adiante;
  49. eles, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram;
  50. porque todos o viram e se assustaram; mas ele imediatamente falou com eles e disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não temais.
  51. E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e ficaram, no seu íntimo, grandemente pasmados;
  52. pois não tinham compreendido o milagre dos pães, antes o seu coração estava endurecido.
  53. E, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré, e ali atracaram.
  54. Logo que desembarcaram, o povo reconheceu a Jesus;
  55. e correndo eles por toda aquela região, começaram a levar nos leitos os que se achavam enfermos, para onde ouviam dizer que ele estava.
  56. Onde quer, pois, que entrava, fosse nas aldeias, nas cidades ou nos campos, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos a orla do seu manto; e todos os que a tocavam ficavam curados.

Marcos 7

  1. Foram ter com Jesus os fariseus, e alguns dos escribas vindos de Jerusalém,
  2. e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar.
  3. Pois os fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente;
  4. e quando voltam do mercado, se não se purificarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.
  5. Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar?
  6. Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim;
  7. mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
  8. Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.
  9. Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de deus, para guardardes a vossa tradição.
  10. Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá.
  11. Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderías aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor,
  12. não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe,
  13. invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis.
  14. E chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e entendei.
  15. Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina.
  16. [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]
  17. Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola.
  18. Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
  19. porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.
  20. E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina.
  21. Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,
  22. a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez;
  23. todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem.
  24. Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sidom. E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pode ocultar-se;
  25. porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés;
  26. (ora, a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio.
  27. Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.
  28. Ela, porém, replicou, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos.
  29. Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha.
  30. E, voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demônio já havia saído.
  31. Tendo Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galiléia, passando pelas regiões de Decápolis.
  32. E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele.
  33. Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe na língua;
  34. e erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é Abre-te.
  35. E abriram-se-lhe os ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente.
  36. Então lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem; mas, quando mais lho proibia, tanto mais o divulgavam.
  37. E se maravilhavam sobremaneira, dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir e os mudos falar.

Marcos 8

  1. Naqueles dias, havendo de novo uma grande multidão, e não tendo o que comer, chamou Jesus os discípulos e disse-lhes:
  2. Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer.
  3. Se eu os mandar em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe.
  4. E seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto?
  5. Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Responderam: Sete.
  6. Logo mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os sete pães e havendo dado graças, partiu-os e os entregava a seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pela multidão.
  7. Tinham também alguns peixinhos, os quais ele abençoou, e mandou que estes também fossem distribuídos.
  8. Comeram, pois, e se fartaram; e dos pedaços que sobejavam levantaram sete alcofas.
  9. Ora, eram cerca de quatro mil homens. E Jesus os despediu.
  10. E, entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.
  11. Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o experimentarem.
  12. Ele, suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum.
  13. E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.
  14. Ora, eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão um pão.
  15. E Jesus ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.
  16. Pelo que eles arrazoavam entre si porque não tinham pão.
  17. E Jesus, percebendo isso, disse-lhes: Por que arrazoais por não terdes pão? não compreendeis ainda, nem entendeis? tendes o vosso coração endurecido?
  18. Tendo olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais?
  19. Quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Doze.
  20. E quando parti os sete para os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Sete.
  21. E ele lhes disse: Não entendeis ainda?
  22. Então chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse.
  23. Jesus, pois, tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?
  24. E, levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens; porque como árvores os vejo andando.
  25. Então tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atentamente, ficou restabelecido, pois já via nitidamente todas as coisas.
  26. Depois o mandou para casa, dizendo: Mas não entres na aldeia.
  27. E saiu Jesus com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e no caminho interrogou os discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?
  28. Responderam-lhe eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros: Algum dos profetas.
  29. Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo.
  30. E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem aquilo a respeito dele.
  31. Começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse.
  32. E isso dizia abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
  33. Mas ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens.
  34. E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.
  35. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.
  36. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
  37. Ou que diria o homem em troca da sua vida?
  38. Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.

Marcos 9

  1. Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.
  2. Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte sós, a um alto monte; e foi transfigurado diante deles;
  3. as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear.
  4. E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus.
  5. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui; faça-mos, pois, três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
  6. Pois não sabia o que havia de dizer, porque ficaram atemorizados.
  7. Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.
  8. De repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a Jesus.
  9. Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos.
  10. E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos.
  11. Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
  12. Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado?
  13. Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.
  14. Quando chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles.
  15. E logo toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o saudavam.
  16. Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com eles?
  17. Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo;
  18. e este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.
  19. Ao que Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? Trazei-mo.
  20. Então lho trouxeram; e quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o convulsionou; e o endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando.
  21. E perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância;
  22. e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
  23. Ao que lhe disse Jesus: Se podes! – tudo é possível ao que crê.
  24. Imediatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.
  25. E Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres nele.
  26. E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu.
  27. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé.
  28. E quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
  29. Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração [e jejum.]
  30. Depois, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e ele não queria que ninguém o soubesse;
  31. porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá.
  32. Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam interrogá-lo.
  33. Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho?
  34. Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior.
  35. E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.
  36. Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes:
  37. Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas àquele que me enviou.
  38. Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos seguia.
  39. Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim;
  40. pois quem não é contra nós, é por nós.
  41. Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
  42. Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar.
  43. E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
  44. [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
  45. Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno.
  46. [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
  47. Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno.
  48. onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
  49. Porque cada um será salgado com fogo.
  50. Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros.

Marcos 10

  1. Levantando-se Jesus, partiu dali para os termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se reuniram em torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por costume.
  2. Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher?
  3. Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?
  4. Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher.
  5. Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento.
  6. Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
  7. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]
  8. e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
  9. Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
  10. Em casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.
  11. Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela;
  12. e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.
  13. Então lhe traziam algumas crianças para que as tocasse; mas os discípulos o repreenderam.
  14. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
  15. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele.
  16. E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas.
  17. Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
  18. Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? ninguém é bom, senão um que é Deus.
  19. Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
  20. Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
  21. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
  22. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens.
  23. Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
  24. E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!
  25. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
  26. Com isso eles ficaram sobremaneira maravilhados, dizendo entre si: Quem pode, então, ser salvo?
  27. Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não para Deus; porque para Deus tudo é possível.
  28. Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.
  29. Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho,
  30. que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna.
  31. Mas muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.
  32. Ora, estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles, e eles se maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou consigo os doze e começou a contar-lhes as coisas que lhe haviam de sobrevir,
  33. dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios;
  34. e hão de escarnecê-lo e cuspir nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três dias ressurgirá.
  35. Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.
  36. Ele, pois, lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça?
  37. Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.
  38. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo, e ser batizados no batismo em que eu sou batizado?
  39. E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados;
  40. mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado.
  41. E ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
  42. Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade.
  43. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
  44. e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
  45. Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
  46. Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu.
  47. Este, quando ouviu que era Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
  48. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim.
  49. Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
  50. Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
  51. Perguntou-lhe o cego: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja.
  52. Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e foi seguindo pelo caminho.

Marcos 11

  1. Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos
  2. e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o.
  3. E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui.
  4. Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam.
  5. E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?
  6. Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar.
  7. Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele.
  8. Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos.
  9. E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor!
  10. Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas!
  11. Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.
  12. No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,
  13. e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
  14. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.
  15. Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas;
  16. e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;
  17. e ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores.
  18. Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina.
  19. Ao cair da tarde, saíam da cidade.
  20. Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes.
  21. Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste.
  22. Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.
  23. Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito.
  24. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.
  25. Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas.
  26. [Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.]
  27. Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,
  28. que lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade para fazê-las?
  29. Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.
  30. O batismo de João era do céu, ou dos homens? respondei-me.
  31. Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não o crestes?
  32. Mas diremos, porventura: Dos homens? – É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta.
  33. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.

Marcos 12

  1. Então começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
  2. No tempo próprio, enviou um servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto da vinha.
  3. Mas estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.
  4. E tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na cabeça e o ultrajaram.
  5. Então enviou ainda outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns espancaram e a outros mataram.
  6. Ora, tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes enviou por último, dizendo: A meu filho terão respeito.
  7. Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será nossa.
  8. E, agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da vinha.
  9. Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.
  10. Nunca lestes esta escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular;
  11. pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
  12. Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que contra eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se retiraram.
  13. Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
  14. Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?
  15. Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja.
  16. E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César.
  17. Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
  18. Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo:
  19. Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão.
  20. Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência;
  21. o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência.
  22. Depois de todos, morreu também a mulher.
  23. Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
  24. Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus?
  25. Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus.
  26. Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?
  27. Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.
  28. Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
  29. Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
  30. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
  31. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.
  32. Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro;
  33. e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.
  34. E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo.
  35. Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi?
  36. O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
  37. Davi mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.
  38. E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
  39. e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes,
  40. que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.
  41. E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito.
  42. Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante.
  43. E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre;
  44. porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.

Marcos 13

  1. Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios!
  2. Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
  3. Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular:
  4. Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir?
  5. Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane;
  6. muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão.
  7. Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim.
  8. Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.
  9. Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho.
  10. Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado entre todas as nações.
  11. Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo.
  12. Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
  13. E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
  14. Ora, quando vós virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
  15. quem estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa;
  16. e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa.
  17. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
  18. Orai, pois, para que isto não suceda no inverno;
  19. porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.
  20. Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.
  21. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! não acrediteis.
  22. Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos.
  23. Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo.
  24. Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz;
  25. as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados.
  26. Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.
  27. E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.
  28. Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
  29. Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
  30. Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam.
  31. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
  32. Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai.
  33. Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo.
  34. É como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que vigiasse.
  35. Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã;
  36. para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.
  37. O que vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai.

Marcos 14

  1. Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para o matarem.
  2. Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
  3. Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo.
  4. Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?
  5. Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela.
  6. Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo.
  7. Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes.
  8. ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
  9. Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
  10. Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.
  11. Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna.
  12. Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa?
  13. Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; seguí-o;
  14. e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
  15. E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos.
  16. Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa.
  17. Ao anoitecer chegou ele com os doze.
  18. E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.
  19. Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu?
  20. Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato.
  21. Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
  22. Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo.
  23. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele.
  24. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado.
  25. Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.
  26. E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
  27. Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.
  28. Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.
  29. Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.
  30. Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.
  31. Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos.
  32. Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.
  33. E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se;
  34. e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai.
  35. E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.
  36. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.
  37. Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora?
  38. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
  39. Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
  40. E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder.
  41. Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. – Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
  42. Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
  43. E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos.
  44. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança.
  45. E, logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou.
  46. Ao que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam.
  47. Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha.
  48. Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador?
  49. Todos os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as Escrituras.
  50. Nisto, todos o deixaram e fugiram.
  51. Ora, seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram.
  52. Mas ele, largando o lençol, fugiu despido.
  53. Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.
  54. E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo.
  55. Os principais sacerdotes testemunho contra Jesus para o matar, e não o achavam.
  56. Porque contra ele muitos depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam.
  57. Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo:
  58. Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.
  59. E nem assim concordava o seu testemunho.
  60. Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti?
  61. Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?
  62. Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu.
  63. Então o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de testemunhas?
  64. Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de morte.
  65. E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas.
  66. Ora, estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote
  67. e, vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno, esse Jesus.
  68. Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre.
  69. E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.
  70. Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu.
  71. Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.
  72. Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar.

Marcos 15

  1. Logo de manhã tiveram conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o sinédrio; e maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos.
  2. Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
  3. e os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.
  4. Tornou Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te fazem.
  5. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se admirava.
  6. Ora, por ocasião da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.
  7. E havia um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim haviam cometido um homicídio.
  8. E a multidão subiu e começou a pedir o que lhe costumava fazer.
  9. Ao que Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus?
  10. Pois ele sabia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado.
  11. Mas os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a Barrabás.
  12. E Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei então daquele a quem chamais reis dos judeus?
  13. Novamente clamaram eles: Crucifica-o!
  14. Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que eles clamaram ainda mais: Crucifica-o!
  15. Então Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado açoitar a Jesus, o entregou para ser crucificado.
  16. Os soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a coorte;
  17. vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido;
  18. e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!
  19. Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o adoravam.
  20. Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem.
  21. E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.
  22. Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira.
  23. E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou.
  24. Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria.
  25. E era a hora terceira quando o crucificaram.
  26. Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
  27. Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda.
  28. [E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.]
  29. E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas.
  30. salva-te a ti mesmo, descendo da cruz.
  31. De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar;
  32. desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos, Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.
  33. E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona.
  34. E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
  35. Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias.
  36. Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo.
  37. Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.
  38. Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.
  39. Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus.
  40. Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé;
  41. as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.
  42. Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
  43. José de Arimatéia, ilustre membro do sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
  44. Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia morrido.
  45. E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José;
  46. o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta do sepulcro.
  47. E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde fora posto.

Marcos 16

  1. Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
  2. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol.
  3. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
  4. Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida;
  5. e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas.
  6. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.
  7. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
  8. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.
  9. [Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
  10. Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando;
  11. e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
  12. Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo,
  13. os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.
  14. Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.
  15. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
  16. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
  17. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
  18. pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.
  19. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.
  20. Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.]

Mateus Lucas

Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses. Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro; e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.

Marcos 12:29-33

11/03/2021

Mateus

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Mateus 1

  1. Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
  2. A Abraão nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a Jacó nasceram Judá e seus irmãos;
  3. a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés nasceu Esrom; a Esrom nasceu Arão;
  4. a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe nasceu Nasom; a Nasom nasceu Salmom;
  5. a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé;
  6. e a Jessé nasceu o rei Davi. A Davi nasceu Salomão da que fora mulher de Urias;
  7. a Salomão nasceu Roboão; a Roboão nasceu Abias; a Abias nasceu Asafe;
  8. a Asafe nasceu Josafá; a Josafá nasceu Jorão; a Jorão nasceu Ozias;
  9. a Ozias nasceu Joatão; a Joatão nasceu Acaz; a Acaz nasceu Ezequias;
  10. a Ezequias nasceu Manassés; a Manassés nasceu Amom; a Amom nasceu Josias;
  11. a Josias nasceram Jeconias e seus irmãos, no tempo da deportação para Babilônia.
  12. Depois da deportação para Babilônia nasceu a Jeconias, Salatiel; a Salatiel nasceu Zorobabel;
  13. a Zorobabel nasceu Abiúde; a Abiúde nasceu Eliaquim; a Eliaquim nasceu Azor;
  14. a Azor nasceu Sadoque; a Sadoque nasceu Aquim; a Aquim nasceu Eliúde;
  15. a Eliúde nasceu Eleazar; a Eleazar nasceu Matã; a Matã nasceu Jacó;
  16. e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo.
  17. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para Babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para Babilônia até o Cristo, catorze gerações.
  18. Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo.
  19. E como José, seu esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente.
  20. E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;
  21. ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
  22. Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta:
  23. Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco.
  24. E José, tendo despertado do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher;
  25. e não a conheceu enquanto ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de JESUS.

Mateus 2

  1. Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam:
  2. Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo.
  3. O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda a Jerusalém;
  4. e, reunindo todos os principais sacerdotes e os escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo.
  5. Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo profeta:
  6. E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.
  7. Então Herodes chamou secretamente os magos, e deles inquiriu com precisão acerca do tempo em que a estrela aparecera;
  8. e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino; e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
  9. Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
  10. Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria.
  11. E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.
  12. Ora, sendo por divina revelação avisados em sonhos para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
  13. E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
  14. Levantou-se, pois, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito.
  15. e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu Filho.
  16. Então Herodes, vendo que fora iludido pelos magos, irou-se grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém, e em todos os seus arredores, segundo o tempo que com precisão inquirira dos magos.
  17. Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta Jeremias:
  18. Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não existem.
  19. Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito,
  20. dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que procuravam a morte do menino.
  21. Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
  22. Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões da Galiléia,
  23. e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado nazareno.

Mateus 3

  1. Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia,
  2. dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
  3. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
  4. Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
  5. Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judéia, e de toda a circunvizinhança do Jordão,
  6. e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
  7. Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?
  8. Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento,
  9. e não queirais dizer dentro de vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
  10. E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
  11. Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo.
  12. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.
  13. Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
  14. Mas João o impedia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
  15. Jesus, porém, lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu.
  16. Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele;
  17. e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.

Mateus 4

  1. Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo.
  2. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.
  3. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães.
  4. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
  5. Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo,
  6. e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
  7. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
  8. Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles;
  9. e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.
  10. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
  11. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
  12. Ora, ouvindo Jesus que João fora entregue, retirou-se para a Galiléia;
  13. e, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zabulom e Naftali;
  14. para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías:
  15. A terra de Zabulom e a terra de Naftali, o caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios,
  16. o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.
  17. Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei- vos, porque é chegado o reino dos céus.
  18. E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos – Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.
  19. Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
  20. Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
  21. E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos – Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.
  22. Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram- no.
  23. E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
  24. Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.
  25. De sorte que o seguiam grandes multidões da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão.

Mateus 5

  1. Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos,
  2. e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
  3. Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
  4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
  5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
  6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
  7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
  8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
  9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
  10. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
  11. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
  12. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
  13. Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.
  14. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
  15. nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.
  16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
  17. Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.
  18. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.
  19. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.
  20. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
  21. Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo.
  22. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno.
  23. Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
  24. deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.
  25. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão.
  26. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.
  27. Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
  28. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
  29. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
  30. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno.
  31. Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
  32. Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.
  33. Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
  34. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
  35. nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;
  36. nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto.
  37. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.
  38. Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
  39. Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
  40. e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
  41. e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil.
  42. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes.
  43. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
  44. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
  45. para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
  46. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
  47. E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?
  48. Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.

Mateus 6

  1. Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus.
  2. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
  3. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita;
  4. para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
  5. E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
  6. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
  7. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos.
  8. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
  9. Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
  10. venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
  11. o pão nosso de cada dia nos dá hoje;
  12. e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores;
  13. e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.]
  14. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
  15. se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.
  16. Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
  17. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
  18. para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
  19. Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
  20. mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
  21. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
  22. A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz;
  23. se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
  24. Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
  25. Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
  26. Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
  27. Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
  28. E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam;
  29. contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
  30. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
  31. Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
  32. (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
  33. Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
  34. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Mateus 7

  1. Não julgueis, para que não sejais julgados.
  2. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.
  3. E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?
  4. Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
  5. Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.
  6. Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem.
  7. Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á.
  8. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
  9. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
  10. Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
  11. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?
  12. Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.
  13. Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
  14. e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.
  15. Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
  16. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
  17. Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus.
  18. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons.
  19. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
  20. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
  21. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
  22. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?
  23. Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
  24. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha.
  25. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
  26. Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
  27. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda.
  28. Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina;
  29. porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.

Mateus 8

  1. Quando Jesus desceu do monte, grandes multidões o seguiam.
  2. E eis que veio um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
  3. Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra.
  4. Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
  5. Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe rogava, dizendo:
  6. Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e horrivelmente atormentado.
  7. Respondeu-lhe Jesus: Eu irei, e o curarei.
  8. O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar.
  9. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
  10. Jesus, ouvindo isso, admirou-se, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que a ninguém encontrei em Israel com tamanha fé.
  11. Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus;
  12. mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
  13. Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
  14. Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre.
  15. E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia.
  16. Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos;
  17. para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
  18. Vendo Jesus uma multidão ao redor de si, deu ordem de partir para o outro lado do mar.
  19. E, aproximando-se um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te- ei para onde quer que fores.
  20. Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
  21. E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
  22. Jesus, porém, respondeu-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos.
  23. E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
  24. E eis que se levantou no mar tão grande tempestade que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo.
  25. Os discípulos, pois, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Salva-nos, Senhor, que estamos perecendo.
  26. Ele lhes respondeu: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se grande bonança.
  27. E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
  28. Tendo ele chegado ao outro lado, à terra dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho.
  29. E eis que gritaram, dizendo: Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
  30. Ora, a alguma distância deles, andava pastando uma grande manada de porcos.
  31. E os demônios rogavam-lhe, dizendo: Se nos expulsas, manda- nos entrar naquela manada de porcos.
  32. Disse-lhes Jesus: Ide. Então saíram, e entraram nos porcos; e eis que toda a manada se precipitou pelo despenhadeiro no mar, perecendo nas águas.
  33. Os pastores fugiram e, chegando à cidade, divulgaram todas estas coisas, e o que acontecera aos endemoninhados.
  34. E eis que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e vendo- o, rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.

Mateus 9

  1. E entrando Jesus num barco, passou para o outro lado, e chegou à sua própria cidade.
  2. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os teus pecados.
  3. E alguns dos escribas disseram consigo: Este homem blasfema.
  4. Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais o mal em vossos corações?
  5. Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?
  6. Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta- te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
  7. E este, levantando-se, foi para sua casa.
  8. E as multidões, vendo isso, temeram, e glorificaram a Deus, que dera tal autoridade aos homens.
  9. Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
  10. Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus discípulos.
  11. E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
  12. Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos.
  13. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.
  14. Então vieram ter com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam?
  15. Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar.
  16. Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira parte do vestido, e faz-se maior a rotura.
  17. Nem se deita vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
  18. Enquanto ainda lhes dizia essas coisas, eis que chegou um chefe da sinagoga e o adorou, dizendo: Minha filha acaba de falecer; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
  19. Levantou-se, pois, Jesus, e o foi seguindo, ele e os seus discípulos.
  20. E eis que certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, chegou por detrás dele e tocou-lhe a orla do manto;
  21. porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar-lhe o manto, ficarei sã.
  22. Mas Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E desde aquela hora a mulher ficou sã.
  23. Quando Jesus chegou à casa daquele chefe, e viu os tocadores de flauta e a multidão em alvoroço,
  24. disse; Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele.
  25. Tendo-se feito sair o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou.
  26. E espalhou-se a notícia disso por toda aquela terra.
  27. Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi.
  28. E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam- lhe eles: Sim, Senhor.
  29. Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
  30. E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba.
  31. Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
  32. Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado.
  33. E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
  34. Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.
  35. E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.
  36. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor.
  37. Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.
  38. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.

Mateus 10

  1. E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.
  2. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
  3. Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;
  4. Simão Cananeu, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
  5. A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
  6. mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;
  7. e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
  8. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
  9. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos;
  10. nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.
  11. Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis.
  12. E, ao entrardes na casa, saudai-a;
  13. se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
  14. E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
  15. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.
  16. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
  17. Acautelai-vos dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas;
  18. e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios.
  19. Mas, quando vos entregarem, não cuideis de como, ou o que haveis de falar; porque naquela hora vos será dado o que haveis de dizer.
  20. Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
  21. Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
  22. E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
  23. Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que venha o Filho do homem.
  24. Não é o discípulo mais do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.
  25. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?
  26. Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido.
  27. O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o.
  28. E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
  29. Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.
  30. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
  31. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.
  32. Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
  33. Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
  34. Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
  35. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
  36. e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.
  37. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
  38. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
  39. Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.
  40. Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
  41. Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.
  42. E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.

Mateus 11

  1. Tendo acabado Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades da região.
  2. Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe:
  3. És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
  4. Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes:
  5. os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
  6. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim.
  7. Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
  8. Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis.
  9. Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
  10. Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
  11. Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
  12. E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.
  13. Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João.
  14. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
  15. Quem tem ouvidos, ouça.
  16. Mas, a quem compararei esta geração? É semelhante aos meninos que, sentados nas praças, clamam aos seus companheiros:
  17. Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não pranteastes.
  18. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
  19. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras.
  20. Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo:
  21. Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.
  22. Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós.
  23. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
  24. Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti.
  25. Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
  26. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
  27. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
  28. Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
  29. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
  30. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.

Mateus 12

  1. Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer.
  2. Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado.
  3. Ele, porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros?
  4. Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes?
  5. Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?
  6. Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o templo.
  7. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes.
  8. Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor.
  9. Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles.
  10. E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiadas; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados?
  11. E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la?
  12. Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados.
  13. Então disse àquele homem: estende a tua mão. E ele a estendeu, e lhe foi restituída sã como a outra.
  14. Os fariseus, porém, saindo dali, tomaram conselho contra ele, para o matarem.
  15. Jesus, percebendo isso, retirou-se dali. Acompanharam-no muitos; e ele curou a todos,
  16. e advertiu-lhes que não o dessem a conhecer;
  17. para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías:
  18. Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu espírito, e ele anunciará aos gentios o juízo.
  19. Não contenderá, nem clamará, nem se ouvirá pelas ruas a sua voz.
  20. Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo;
  21. e no seu nome os gentios esperarão.
  22. Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via.
  23. E toda a multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de Davi?
  24. Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
  25. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.
  26. Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seus reino?
  27. E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.
  28. Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
  29. Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa.
  30. Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
  31. Portanto vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada.
  32. Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.
  33. Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.
  34. Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
  35. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.
  36. Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.
  37. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.
  38. Então alguns dos escribas e dos fariseus, tomando a palavra, disseram: Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal.
  39. Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas;
  40. pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.
  41. Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas.
  42. A rainha do sul se levantará no juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui quem é maior do que Salomão.
  43. Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
  44. Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
  45. Então vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entretanto, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro. Assim há de acontecer também a esta geração perversa.
  46. Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe.
  47. Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
  48. Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?
  49. E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
  50. Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

Mateus 13

  1. No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar;
  2. e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na praia.
  3. E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear.
  4. e quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.
  5. E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
  6. mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se.
  7. E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram.
  8. Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.
  9. Quem tem ouvidos, ouça.
  10. E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?
  11. Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;
  12. pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
  13. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem.
  14. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis.
  15. Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure.
  16. Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
  17. Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
  18. Ouvi, pois, vós a parábola do semeador.
  19. A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho.
  20. E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria;
  21. mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.
  22. E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
  23. Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.
  24. Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo;
  25. mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.
  26. Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio.
  27. Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio?
  28. Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo?
  29. Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo.
  30. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro.
  31. Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo;
  32. o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.
  33. Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
  34. Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábolas, e sem parábolas nada lhes falava;
  35. para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.
  36. Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.
  37. E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o Filho do homem;
  38. o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o o joio são os filhos do maligno;
  39. o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos.
  40. Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo.
  41. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade,
  42. e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
  43. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.
  44. O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobrí-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.
  45. Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas;
  46. e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou.
  47. Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes.
  48. E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora.
  49. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos,
  50. e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
  51. Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos.
  52. E disse-lhes: Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.
  53. E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.
  54. E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos?
  55. Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
  56. E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
  57. E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua própria casa.
  58. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.

Mateus 14

  1. Naquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu a fama de Jesus,
  2. e disse aos seus cortesãos: Este é João, o Batista; ele ressuscitou dentre os mortos, e por isso estes poderes milagrosos operam nele.
  3. Pois Herodes havia prendido a João, e, maniatando-o, o guardara no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Felipe;
  4. porque João lhe dizia: Não te é lícito possuí-la.
  5. E queria matá-lo, mas temia o povo; porque o tinham como profeta.
  6. Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes,
  7. pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse.
  8. E instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Batista.
  9. Entristeceu-se, então, o rei; mas, por causa do juramento, e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse,
  10. e mandou degolar a João no cárcere;
  11. e a cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou para a sua mãe.
  12. Então vieram os seus discípulos, levaram o corpo e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus.
  13. Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um, lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no a pé desde as cidades.
  14. E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, compadecendo-se dela, curou os seus enfermos.
  15. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que comer.
  16. Jesus, porém, lhes disse: Não precisam ir embora; dai-lhes vós de comer.
  17. Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.
  18. E ele disse: trazei-mos aqui.
  19. Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões.
  20. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos cheios.
  21. Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.
  22. Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões.
  23. Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.
  24. Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.
  25. Â quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.
  26. Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.
  27. Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais.
  28. Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas.
  29. Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.
  30. Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me.
  31. Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
  32. E logo que subiram para o barco, o vento cessou.
  33. Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.
  34. Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré.
  35. Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os enfermos;
  36. e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu manto; e todos os que a tocaram ficaram curados.

Mateus 15

  1. Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram:
  2. Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem.
  3. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
  4. Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá.
  5. Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai.
  6. E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.
  7. Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:
  8. Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
  9. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.
  10. E, clamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:
  11. Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina.
  12. Então os discípulos, aproximando-se dele, perguntaram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?
  13. Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
  14. Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.
  15. E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
  16. Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender?
  17. Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre, e é lançado fora?
  18. Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem.
  19. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
  20. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.
  21. Ora, partindo Jesus dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sidom.
  22. E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada.
  23. Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós.
  24. Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
  25. Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me.
  26. Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.
  27. Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.
  28. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã.
  29. Partindo Jesus dali, chegou ao pé do mar da Galiléia; e, subindo ao monte, sentou-se ali.
  30. E vieram a ele grandes multidões, trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e outros muitos, e lhos puseram aos pés; e ele os curou;
  31. de modo que a multidão se admirou, vendo mudos a falar, aleijados a ficar sãos, coxos a andar, cegos a ver; e glorificaram ao Deus de Israel.
  32. Jesus chamou os seus discípulos, e disse: Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer; e não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho.
  33. Disseram-lhe os discípulos: Donde nos viriam num deserto tantos pães, para fartar tamanha multidão?
  34. Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? E responderam: Sete, e alguns peixinhos.
  35. E tendo ele ordenado ao povo que se sentasse no chão,
  36. tomou os sete pães e os peixes, e havendo dado graças, partiu-os, e os entregava aos discípulos, e os discípulos á multidão.
  37. Assim todos comeram, e se fartaram; e do que sobejou dos pedaços levantaram sete alcofas cheias.
  38. Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens além de mulheres e crianças.
  39. E havendo Jesus despedido a multidão, entrou no barco, e foi para os confins de Magadã.

Mateus 16

  1. Então chegaram a ele os fariseus e os saduceus e, para o experimentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.
  2. Mas ele respondeu, e disse-lhes: Ao cair da tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.
  3. E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Ora, sabeis discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos?
  4. Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se.
  5. Quando os discípulos passaram para o outro lado, esqueceram- se de levar pão.
  6. E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
  7. Pelo que eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão.
  8. E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós por não terdes pão, homens de pouca fé?
  9. Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil, e de quantos cestos levantastes?
  10. Nem dos sete pães para os quatro mil, e de quantas alcofas levantastes?
  11. Como não compreendeis que não nos falei a respeito de pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
  12. Então entenderam que não dissera que se guardassem, do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.
  13. Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
  14. Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas.
  15. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?
  16. Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
  17. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
  18. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela;
  19. dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.
  20. Então ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.
  21. Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.
  22. E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.
  23. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.
  24. Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;
  25. pois, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
  26. Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?
  27. Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.
  28. Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.

Mateus 17

  1. Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte;
  2. e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
  3. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
  4. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
  5. Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.
  6. Os discípulos, ouvindo isso, caíram com o rosto em terra, e ficaram grandemente atemorizados.
  7. Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse: Levantai-vos e não temais.
  8. E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus somente.
  9. Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja levantado dentre os mortos.
  10. Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
  11. Respondeu ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as coisas;
  12. digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às mãos deles.
  13. Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o Batista.
  14. Quando chegaram à multidão, aproximou-se de Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele, disse:
  15. Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é epiléptico e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água.
  16. Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam curar.
  17. E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.
  18. Então Jesus repreendeu ao demônio, o qual saiu de menino, que desde aquela hora ficou curado.
  19. Depois os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
  20. Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível.
  21. [mas esta casta de demônios não se expulsa senão à força de oração e de jejum.]
  22. Ora, achando-se eles na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens;
  23. e matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressurgirá. E eles se entristeceram grandemente.
  24. Tendo eles chegado a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso mestre não paga as didracmas?
  25. Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra imposto ou tributo? dos seus filhos, ou dos alheios?
  26. Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são isentos os filhos.
  27. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-lho por mim e por ti.

Mateus 18

  1. Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos céus?
  2. Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles,
  3. e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
  4. Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
  5. E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe.
  6. Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.
  7. Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier!
  8. Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno.
  9. E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo.
  10. Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu Pai, que está nos céus.
  11. [Porque o Filho do homem veio salvar o que se havia perdido.]
  12. Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar a que se extraviou?
  13. E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.
  14. Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos.
  15. Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão;
  16. mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada.
  17. Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.
  18. Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu.
  19. Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
  20. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
  21. Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?
  22. Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.
  23. Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos;
  24. e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
  25. mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida.
  26. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei.
  27. O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida.
  28. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.
  29. Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
  30. Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
  31. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor.
  32. Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
  33. não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?
  34. E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
  35. Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.

Mateus 19

  1. Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia, e foi para os confins da Judéia, além do Jordão;
  2. e seguiram-no grandes multidões, e curou-os ali.
  3. Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
  4. Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,
  5. e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
  6. Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
  7. Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
  8. Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
  9. Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]
  10. Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
  11. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
  12. Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
  13. Então lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreenderam.
  14. Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.
  15. E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali.
  16. E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
  17. Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
  18. Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
  19. honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
  20. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?
  21. Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue- me.
  22. Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
  23. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
  24. E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
  25. Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
  26. Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
  27. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?
  28. Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
  29. E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
  30. Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.

Mateus 20

  1. Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha.
  2. Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha.
  3. Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça,
  4. e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
  5. Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
  6. Igualmente, cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo?
  7. Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse- lhes ele: Ide também vós para a vinha.
  8. Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros.
  9. Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um.
  10. Vindo, então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um denário cada um.
  11. E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo:
  12. Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.
  13. Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário?
  14. Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.
  15. Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?
  16. Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.
  17. Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze e no caminho lhes disse:
  18. Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte,
  19. e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará.
  20. Aproximou-se dele, então, a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, ajoelhando-se e fazendo-lhe um pedido.
  21. Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino.
  22. Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos.
  23. Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de beber; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles para quem está preparado por meu Pai.
  24. E ouvindo isso os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.
  25. Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
  26. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
  27. e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo;
  28. assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
  29. Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande multidão;
  30. e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
  31. E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
  32. E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que vos faça?
  33. Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os olhos.
  34. E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram.

Mateus 21

  1. Quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
  2. Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei- mos.
  3. E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles; e logo os enviará.
  4. Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta:
  5. Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga.
  6. Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara,
  7. trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou.
  8. E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
  9. E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
  10. Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este?
  11. E as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia.
  12. Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
  13. e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores.
  14. E chegaram-se a ele no templo cegos e coxos, e ele os curou.
  15. Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se,
  16. e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor?
  17. E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite.
  18. Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome;
  19. e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
  20. Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?
  21. Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito;
  22. e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.
  23. Tendo Jesus entrado no templo, e estando a ensinar, aproximaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu tal autoridade?
  24. Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas.
  25. O batismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes?
  26. Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta.
  27. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
  28. Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando- se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha.
  29. Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi.
  30. Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi.
  31. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.
  32. Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele.
  33. Ouvi ainda outra parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
  34. E quando chegou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
  35. E os lavradores, apoderando-se dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram.
  36. Depois enviou ainda outros servos, em maior número do que os primeiros; e fizeram-lhes o mesmo.
  37. Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: A meu filho terão respeito.
  38. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança.
  39. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram.
  40. Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
  41. Responderam-lhe eles: Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos.
  42. Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
  43. Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.
  44. E quem cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
  45. Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo essas parábolas, entenderam que era deles que Jesus falava.
  46. E procuravam prendê-lo, mas temeram o povo, porquanto este o tinha por profeta.

Mateus 22

  1. Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas, dizendo:
  2. O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho.
  3. Enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir.
  4. Depois enviou outros servos, ordenando: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado; os meus bois e cevados já estão mortos, e tudo está pronto; vinde às bodas.
  5. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio;
  6. e os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.
  7. Mas o rei encolerizou-se; e enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.
  8. Então disse aos seus servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos.
  9. Ide, pois, pelas encruzilhadas dos caminhos, e a quantos encontrardes, convidai-os para as bodas.
  10. E saíram aqueles servos pelos caminhos, e ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e encheu-se de convivas a sala nupcial.
  11. Mas, quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um homem que não trajava veste nupcial;
  12. e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste nupcial? Ele, porém, emudeceu.
  13. Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
  14. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
  15. Então os fariseus se retiraram e consultaram entre si como o apanhariam em alguma palavra;
  16. e enviaram-lhe os seus discípulos, juntamente com os herodianos, a dizer; Mestre, sabemos que és verdadeiro, e que ensinas segundo a verdade o caminho de Deus, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens.
  17. Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar tributo a César, ou não?
  18. Jesus, porém, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas?
  19. Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um denário.
  20. Perguntou-lhes ele: De quem é esta imagem e inscrição?
  21. Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
  22. Ao ouvirem isso, ficaram admirados; e, deixando-o, se retiraram.
  23. No mesmo dia vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, dizendo:
  24. Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, seu irmão casará com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão.
  25. Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado, morreu: e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão;
  26. da mesma sorte também o segundo, o terceiro, até o sétimo.
  27. depois de todos, morreu também a mulher.
  28. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa, pois todos a tiveram?
  29. Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus;
  30. pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu.
  31. E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus:
  32. Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos.
  33. E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina.
  34. Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se todos;
  35. e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou- o, dizendo:
  36. Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
  37. Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
  38. Este é o grande e primeiro mandamento.
  39. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
  40. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
  41. Ora, enquanto os fariseus estavam reunidos, interrogou-os Jesus, dizendo:
  42. Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe: De Davi.
  43. Replicou-lhes ele: Como é então que Davi, no Espírito, lhe chama Senhor, dizendo:
  44. Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos de baixo dos teus pés?
  45. Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho?
  46. E ninguém podia responder-lhe palavra; nem desde aquele dia jamais ousou alguém interrogá-lo.

Mateus 23

  1. Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo:
  2. Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.
  3. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
  4. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
  5. Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos;
  6. gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas,
  7. das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.
  8. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.
  9. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus.
  10. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo.
  11. Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.
  12. Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.
  13. Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.
  14. [Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.]
  15. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.
  16. Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou.
  17. Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?
  18. E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou.
  19. Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?
  20. Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está;
  21. e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele que nele habita;
  22. e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado.
  23. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.
  24. Guias cegos! que coais um mosquito, e engulis um camelo.
  25. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.
  26. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também o exterior se torne limpo.
  27. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia.
  28. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.
  29. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
  30. e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido cúmplices no derramar o sangue dos profetas.
  31. Assim, vós testemunhais contra vós mesmos que sois filhos daqueles que mataram os profetas.
  32. Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
  33. Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
  34. Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas: e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros os perseguireis de cidade em cidade;
  35. para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o altar.
  36. Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre esta geração.
  37. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!
  38. Eis aí abandonada vos é a vossa casa.
  39. Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.

Mateus 24

  1. Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
  2. Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
  3. E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.
  4. Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane.
  5. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão.
  6. E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim.
  7. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares.
  8. Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
  9. Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
  10. Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
  11. Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
  12. e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
  13. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
  14. E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
  15. Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda),
  16. então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
  17. quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,
  18. e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa.
  19. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
  20. Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
  21. porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
  22. E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
  23. Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis;
  24. porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
  25. Eis que de antemão vo-lo tenho dito.
  26. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
  27. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem.
  28. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
  29. Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados.
  30. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
  31. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
  32. Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
  33. Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
  34. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram.
  35. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
  36. Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai.
  37. Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
  38. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
  39. e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem.
  40. Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro;
  41. estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
  42. Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor;
  43. sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
  44. Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
  45. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs sobre os seus serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento?
  46. Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim fazendo.
  47. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
  48. Mas se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir,
  49. e começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com os ébrios,
  50. virá o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe,
  51. e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.

Mateus 25

  1. Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo.
  2. Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes.
  3. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo.
  4. As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas.
  5. E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram.
  6. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro!
  7. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
  8. E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando.
  9. Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
  10. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
  11. Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta.
  12. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço.
  13. Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
  14. Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens:
  15. a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem.
  16. O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco;
  17. da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois;
  18. mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
  19. Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
  20. Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei.
  21. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
  22. Chegando também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis aqui outros dois que ganhei.
  23. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
  24. Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não joeiraste;
  25. e, atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu.
  26. Ao que lhe respondeu o seu senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde não joeirei?
  27. Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros.
  28. Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos.
  29. Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
  30. E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
  31. Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
  32. e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos;
  33. e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.
  34. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
  35. porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes;
  36. estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me.
  37. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
  38. Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos?
  39. Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te?
  40. E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes.
  41. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;
  42. porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
  43. era forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não me vestistes; enfermo, e na prisão, e não me visitastes.
  44. Então também estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
  45. Ao que lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim.
  46. E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.

Mateus 26

  1. E havendo Jesus concluído todas estas palavras, disse aos seus discípulos:
  2. Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado.
  3. Então os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no pátio da casa do sumo sacerdote, o qual se chamava Caifás;
  4. e deliberaram como prender Jesus a traição, e o matar.
  5. Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
  6. Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,
  7. aproximou-se dele uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo precioso, e lho derramou sobre a cabeça, estando ele reclinado à mesa.
  8. Quando os discípulos viram isso, indignaram-se, e disseram: Para que este desperdício?
  9. Pois este bálsamo podia ser vendido por muito dinheiro, que se daria aos pobres.
  10. Jesus, porém, percebendo isso, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo.
  11. Porquanto os pobres sempre os tendes convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes.
  12. Ora, derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo a fim de preparar-me para a minha sepultura.
  13. Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em todo o mundo este evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
  14. Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes,
  15. e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata.
  16. E desde então buscava ele oportunidade para o entregar.
  17. Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, vieram os discípulos a Jesus, e perguntaram: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
  18. Respondeu ele: Ide à cidade a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.
  19. E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa.
  20. Ao anoitecer reclinou-se à mesa com os doze discípulos;
  21. e, enquanto comiam, disse: Em verdade vos digo que um de vós me trairá.
  22. E eles, profundamente contristados, começaram cada um a perguntar-lhe: Porventura sou eu, Senhor?
  23. Respondeu ele: O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá.
  24. Em verdade o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traido! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
  25. Também Judas, que o traía, perguntou: Porventura sou eu, Rabí? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste.
  26. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo.
  27. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
  28. pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados.
  29. Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu Pai.
  30. E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
  31. Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis de mim; pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
  32. Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.
  33. Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem de ti, eu nunca me escandalizarei.
  34. Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante três vezes me negarás.
  35. Respondeu-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei. E o mesmo disseram todos os discípulos.
  36. Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmane, e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.
  37. E levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
  38. Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo.
  39. E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
  40. Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Assim nem uma hora pudestes vigiar comigo?
  41. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
  42. Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
  43. E, voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados.
  44. Deixando-os novamente, foi orar terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
  45. Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
  46. Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
  47. E estando ele ainda a falar, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo.
  48. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é: prendei-o.
  49. E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Rabi. E o beijou.
  50. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
  51. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
  52. Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
  53. Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?
  54. Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?
  55. Disse Jesus à multidão naquela hora: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? Todos os dias estava eu sentado no templo ensinando, e não me prendestes.
  56. Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos, deixando-o fugiram.
  57. Aqueles que prenderam a Jesus levaram-no à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.
  58. E Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote; e entrando, sentou-se entre os guardas, para ver o fim.
  59. Ora, os principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem entregá-lo à morte;
  60. e não achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas. Mas por fim compareceram duas,
  61. e disseram: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus, e reedificá-lo em três dias.
  62. Levantou-se então o sumo sacerdote e perguntou-lhe: Nada respondes? Que é que estes depõem contra ti?
  63. Jesus, porém, guardava silêncio. E o sumo sacerdote disse- lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho do Deus.
  64. Repondeu-lhe Jesus: É como disseste; contudo vos digo que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.
  65. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que agora acabais de ouvir a sua blasfêmia.
  66. Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.
  67. Então uns lhe cuspiram no rosto e lhe deram socos;
  68. e outros o esbofetearam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem foi que te bateu?
  69. Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
  70. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
  71. E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno.
  72. E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem.
  73. E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denuncia.
  74. Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
  75. E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.

Mateus 27

  1. Ora, chegada a manhã, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem;
  2. e, maniatando-o, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.
  3. Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo:
  4. Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo.
  5. E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se.
  6. Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue.
  7. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros.
  8. Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.
  9. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram,
  10. e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.
  11. Jesus, pois, ficou em pé diante do governador; e este lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
  12. Mas ao ser acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
  13. Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas coisas testificam contra ti?
  14. E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer; de modo que o governador muito se admirava.
  15. Ora, por ocasião da festa costumava o governador soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse.
  16. Nesse tempo tinham um preso notório, chamado Barrabás.
  17. Portanto, estando o povo reunido, perguntou-lhe Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado o Cristo?
  18. Pois sabia que por inveja o haviam entregado.
  19. E estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele.
  20. Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e fizessem morrer Jesus.
  21. O governador, pois, perguntou-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte? E disseram: Barrabás.
  22. Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado.
  23. Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
  24. Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
  25. E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
  26. Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar, e o entregou para ser crucificado.
  27. Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a coorte.
  28. E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate;
  29. e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
  30. E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça.
  31. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.
  32. Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
  33. Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira,
  34. deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
  35. Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele, lançando sortes, [para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitaram sortes.]
  36. E, sentados, ali o guardavam.
  37. Puseram-lhe por cima da cabeça a sua acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
  38. Então foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
  39. E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça
  40. e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.
  41. De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam:
  42. A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele;
  43. confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.
  44. O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados.
  45. E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
  46. Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
  47. Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias.
  48. E logo correu um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
  49. Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.
  50. De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito.
  51. E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,
  52. os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados;
  53. e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
  54. ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de Deus.
  55. Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o ouvir;
  56. entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
  57. Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também era discípulo de Jesus.
  58. Esse foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue.
  59. E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de linho,
  60. e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou- se.
  61. Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas defronte do sepulcro.
  62. No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos,
  63. e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei.
  64. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro.
  65. Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis.
  66. Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.

Mateus 28

  1. No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
  2. E eis que houvera um grande terremoto; pois um anjo do Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre ela.
  3. o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como a neve.
  4. E de medo dele tremeram os guardas, e ficaram como mortos.
  5. Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
  6. Não está aqui, porque ressurgiu, como ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia;
  7. e ide depressa, e dizei aos seus discípulos que ressurgiu dos mortos; e eis que vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que vo-lo tenho dito.
  8. E, partindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos.
  9. E eis que Jesus lhes veio ao encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o adoraram.
  10. Então lhes disse Jesus: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão para a Galiléia; ali me verão.
  11. Ora, enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à cidade, e contaram aos principais sacerdotes tudo quanto havia acontecido.
  12. E congregados eles com os anciãos e tendo consultado entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
  13. e ordenaram-lhes que dissessem: Vieram de noite os seus discípulos e, estando nós dormindo, furtaram-no.
  14. E, se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o persuadiremos, e vos livraremos de cuidado.
  15. Então eles, tendo recebido o dinheiro, fizeram como foram instruídos. E essa história tem-se divulgado entre os judeus até o dia de hoje.
  16. Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde Jesus lhes designara.
  17. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.
  18. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
  19. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
  20. ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

Malaquias Marcos

Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?

Mateus 7:7-10

11/03/2021

Malaquias

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Malaquias 1

  1. A palavra do Senhor a Israel, por intermédio de Malaquias.
  2. Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Acaso não era Esaú irmão de Jacó? diz o Senhor; todavia amei a Jacó,
  3. e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto.
  4. Ainda que Edom diga: Arruinados estamos, porém tornaremos e edificaremos as ruínas; assim diz o Senhor dos exércitos: Eles edificarão, eu, porém, demolirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre.
  5. E os vossos olhos o verão, e direis: Engrandecido é o Senhor ainda além dos termos de Israel.
  6. O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu, pois, sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou amo, onde está o temor de mim? diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o teu nome?
  7. Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais, que a mesa do Senhor é desprezível.
  8. Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
  9. Agora, pois, suplicai o favor de Deus, para que se compadeça de nós. Com tal oferta da vossa mão, aceitará ele a vossa pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
  10. Oxalá que entre vós houvesse até um que fechasse as portas para que não acendesse debalde o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão.
  11. Mas desde o nascente do sol até o poente é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar se oferece ao meu nome incenso, e uma oblação pura; porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos exércitos.
  12. Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é profana, e o seu produto, isto é, a sua comida, é desprezível.
  13. Dizeis também: Eis aqui, que canseira! e o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos exércitos; e tendes trazido o que foi roubado, e o coxo e o doente; assim trazeis a oferta. Aceitaria eu isso de vossa mão? diz o Senhor.
  14. Mas seja maldito o enganador que, tendo animal macho no seu rebanho, o vota, e sacrifica ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos exércitos, e o meu nome é temível entre as nações.

Malaquias 2

  1. Agora, ó sacerdotes, este mandamento e para vós.
  2. Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração.
  3. Eis que vos reprovarei a posteridade, e espalharei sobre os vossos rostos o esterco, sim, o esterco dos vossos sacrifícios; e juntamente com este sereis levados para fora.
  4. Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu pacto fosse com Levi, diz o Senhor dos exércitos.
  5. Meu pacto com ele foi de vida e de paz; e eu lhas dei para que me temesse; e ele me temeu, e assombrou-se por causa do meu nome.
  6. A lei da verdade esteve na sua boca, e a impiedade não se achou nos seus lábios; ele andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade apartou a muitos.
  7. Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos.
  8. Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos.
  9. Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.
  10. Não temos nós todos um mesmo Pai? não nos criou um mesmo Deus? por que nos havemos aleivosamente uns para com outros, profanando o pacto de nossos pais?
  11. Judá se tem havido aleivosamente, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho.
  12. O Senhor extirpará das tendas de Jacó o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o que oferece dons ao Senhor dos exércitos.
  13. Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choros e de gemidos, porque ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.
  14. Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.
  15. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
  16. Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido; portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos; e não sejais infiéis.
  17. Tendes enfadado ao Senhor com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o havemos enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor, e desses é que ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?

Malaquias 3

  1. Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o anjo do pacto, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos exércitos.
  2. Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando ele aparecer? Pois ele será como o fogo de fundidor e como o sabão de lavandeiros;
  3. assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata, até que tragam ao Senhor ofertas em justiça.
  4. Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.
  5. E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o trabalhador em seu salário, a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos exércitos.
  6. Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
  7. Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes. Tornai vós para mim, e eu tornarei para vós diz o Senhor dos exércitos. Mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
  8. Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.
  9. Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda.
  10. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.
  11. Também por amor de vós reprovarei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; nem a vossa vide no campo lançará o seu fruto antes do tempo, diz o Senhor dos exércitos.
  12. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos exércitos.
  13. As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Que temos falado contra ti?
  14. Vós tendes dito: lnútil é servir a Deus. Que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos exércitos?
  15. Ora pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam; sim, eles tentam a Deus, e escapam.
  16. Então aqueles que temiam ao Senhor falaram uns aos outros; e o Senhor atentou e ouviu, e um memorial foi escrito diante dele, para os que temiam ao Senhor, e para os que se lembravam do seu nome.
  17. E eles serão meus, diz o Senhor dos exércitos, minha possessão particular naquele dia que prepararei; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.
  18. Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que o não serve.

Malaquias 4

  1. Pois eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como restolho; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.
  2. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.
  3. E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos.
  4. Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e ordenanças.
  5. Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor;
  6. e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.

Zacarias Mateus

O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu, pois, sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou amo, onde está o temor de mim? diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais, que a mesa do Senhor é desprezível. Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos.

Malaquias 1:6-8

11/03/2021

Zacarias

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Zacarias 1

  1. No oitavo mês do segundo ano de Dario veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
  2. O Senhor se irou fortemente contra vossos pais.
  3. Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exércitos: Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos exércitos, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos exércitos.
  4. Não sejais como vossos pais, aos quais clamavam os profetas antigos, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; mas não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor.
  5. Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, viverão eles para sempre?
  6. Contudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu ordenei pelos profetas, meus servos, acaso nao alcançaram a vossos pais? E eles se arrependeram, e disseram: Assim como o Senhor dos exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim ele nos tratou.
  7. Aos vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
  8. Olhei de noite, e vi um homem montado num cavalo vermelho, e ele estava parado entre as murtas que se achavam no vale; e atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.
  9. Então perguntei: Meu Senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo: Eu te mostrarei o que estes são.
  10. Respondeu, pois, o homem que estava parado entre as murtas, e disse: Estes são os que o Senhor tem enviado para percorrerem a terra.
  11. E eles responderam ao anjo do Senhor, que estava parado entre as murtas, e disseram: Nós temos percorrido a terra, e eis que a terra toda está tranqüila e em descanso.
  12. Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: O Senhor dos exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste indignado estes setenta anos?
  13. Respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo, com palavras boas, palavras consoladoras.
  14. O anjo, pois, que falava comigo, disse-me: Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião.
  15. E estou grandemente indignado contra as nações em descanso; porque eu estava um pouco indignado, mas eles agravaram o mal.
  16. Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora, para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém.
  17. Clama outra vez, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: As minhas cidades ainda se transbordarão de bens; e o Senhor ainda consolará a Sião, e ainda escolherá a Jerusalém.
  18. Levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro chifres.
  19. Eu perguntei ao anjo que falava comigo: Que é isto? Ele me respondeu: Estes são os chifres que dispersaram a Judá, a Israel e a Jerusalém.
  20. O Senhor mostrou-me também quatro ferreiros.
  21. Então perguntei: Que vêm estes a fazer? Ele respondeu, dizendo: Estes são os chifres que dispersaram Judá, de maneira que ninguém levantou a cabeça; mas estes vieram para os amedrontarem, para derrubarem os chifres das nações que levantaram os seus chifres contra a terra de Judá, a fim de a espalharem.

Zacarias 2

  1. Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um homem que tinha na mão um cordel de medir.
  2. Então perguntei: Para onde vais tu? Respondeu-me ele: Para medir Jerusalém, a fim de ver qual é a sua largura e qual o seu comprimento.
  3. E eis que saiu o anjo que falava comigo, e outro anjo lhe saiu ao encontro,
  4. e lhe disse: Corre, fala a este mancebo, dizendo: Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão, nela, dos homens e dos animais.
  5. Pois eu, diz o Senhor, lhe serei um muro de fogo em redor, e eu, no meio dela, lhe serei a glória.
  6. Ah, ah! fugi agora da terra do norte, diz o Senhor, porque vos espalhei como os quatro ventos do céu, diz o Senhor.
  7. Ah! Escapai para Sião, vós que habitais com a filha de Babilônia.
  8. Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Para obter a glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho.
  9. Porque eis aí levantarei a minha mão contra eles, e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor dos exércitos me enviou.
  10. Exulta, e alegra-te, ó filha de Sião; pois eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor.
  11. E naquele dia muitas nações se ajuntarão ao Senhor, e serão o meu povo; e habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a ti.
  12. Então o Senhor possuirá a Judá como sua porção na terra santa, e ainda escolherá a Jerusalém.
  13. Cale-se, toda a carne, diante do Senhor; porque ele se levantou da sua santa morada.

Zacarias 3

  1. Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor.
  2. Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: Que o Senhor te repreenda, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um tição tirado do fogo?
  3. Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé diante do anjo.
  4. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de trajes festivos.
  5. Também disse eu: Ponham-lhe sobre a cabeça uma mitra limpa. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça uma mitra limpa, e vestiram-no; e o anjo do Senhor estava ali de pe.
  6. E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo:
  7. Assim diz o Senhor dos exércitos: Se andares nos meus caminhos, e se observares as minhas ordenanças, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei lugar entre os que estão aqui.
  8. Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo.
  9. Pois eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos. Eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra num só dia.
  10. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cada um de vós convidará o seu vizinho para debaixo da videira e para debaixo da figueira.

Zacarias 4

  1. Ora o anjo que falava comigo voltou, e me despertou, como a um homem que é despertado do seu sono;
  2. e me perguntou: Que vês? Respondi: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite em cima, com sete lâmpadas, e há sete canudos que se unem às lâmpadas que estão em cima dele;
  3. e junto a ele há duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda.
  4. Então perguntei ao anjo que falava comigo: Meu senhor, que é isso?
  5. Respondeu-me o anjo que falava comigo, e me disse: Não sabes tu o que isso é? E eu disse: Não, meu senhor.
  6. Ele me respondeu, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos.
  7. Quem és tu, ó monte grande? Diante de Zorobabel tornar-te-ás uma campina; e ele trará a pedra angular com aclamações: Graça, graça a ela.
  8. Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
  9. As mãos de Zorobabel têm lançado os alicerces desta casa; também as suas mãos a acabarão; e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a vos.
  10. Ora, quem despreza o dia das coisas pequenas? pois estes sete se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel. São estes os sete olhos do Senhor, que discorrem por toda a terra.
  11. Falei mais, e lhe perguntei: Que são estas duas oliveiras à direita e à esquerda do castiçal?
  12. Segunda vez falei-lhe, perguntando: Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite dourado?
  13. Ele me respondeu, dizendo: Não sabes o que é isso? E eu disse: Não, meu senhor.
  14. Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra.

Zacarias 5

  1. Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um rolo voante.
  2. Perguntou-me o anjo: Que vês? Eu respondi: Vejo um rolo voante, que tem vinte côvados de comprido e dez côvados de largo.
  3. Então disse-me ele: Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra: porque daqui, conforme a maldição, será desarraigado todo o que furtar; assim como daqui será desarraigado conforme a maldição todo o que jurar falsamente.
  4. Mandá-la-ei, diz o Senhor dos exércitos, e a farei entrar na casa do ladrão, e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e permanecerá no meio da sua casa, e a consumirá juntamente com a sua madeira e com as suas pedras.
  5. Então saiu o anjo, que falava comigo, e me disse: levanta agora os teus olhos, e vê que é isto que sai.
  6. Eu perguntei: Que é isto? Respondeu ele: Isto é uma efa que sai. E disse mais: Esta é a iniqüidade em toda a terra.
  7. E eis que foi levantada a tampa de chumbo, e uma mulher estava sentada no meio da efa.
  8. Prosseguiu o anjo: Esta é a impiedade. E ele a lançou dentro da efa, e pôs sobre a boca desta o peso de chumbo.
  9. Então levantei os meus olhos e olhei, e eis que vinham avançando duas mulheres com o vento nas suas asas, pois tinham asas como as da cegonha; e levantaram a efa entre a terra e o céu.
  10. Perguntei ao anjo que falava comigo: Para onde levam elas a efa?
  11. Respondeu-me ele: Para lhe edificarem uma casa na terra de Sinar; e, quando a casa for preparada, a efa será colocada ali no seu lugar.

Zacarias 6

  1. De novo levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro carros que saíam dentre dois montes, e estes montes eram montes de bronze.
  2. No primeiro carro eram cavalos vermelhos, no segundo carro cavalos pretos,
  3. no terceiro carro cavalos brancos, e no quarto carro cavalos baios com malhas.
  4. Então, dirigindo-me ao anjo que falava comigo, perguntei: Que são estes, meu senhor?
  5. Respondeu-me o anjo: Estes estão saindo aos quatro ventos do céu, depois de se apresentarem perante o Senhor de toda a terra.
  6. O carro em que estão os cavalos pretos sai para a terra do norte, os brancos são para o oeste, e os malhados para a terra do sul;
  7. e os cavalos baios saíam, e procuravam ir por diante, para percorrerem a terra. E ele disse: Ide, percorrei a terra. E eles a percorriam.
  8. Então clamou para mim, dizendo: Eis que aqueles que saíram para a terra do norte fazem repousar na terra do norte o meu Espírito.
  9. Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
  10. Recebe dos que foram levados cativos, a saber, de Heldai, de Tobias, e de Jedaías, e vem tu no mesmo dia, e entra na casa de Josias, filho de Sofonias, para a qual vieram de Babilônia;
  11. recebe, digo, prata e ouro, e faze coroas, e põe-nas na cabeça do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque;
  12. e fala-lhe, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor.
  13. Ele mesmo edificará o templo do Senhor; receberá a honra real, assentar-se-á no seu trono, e dominará. E Josué, o sacerdote, ficará à sua direita; e haverá entre os dois o conselho de paz.
  14. Essas coroas servirão a Helem, e a Tobias, e a Jedaías, e a Hem, filho de Sofonias, de memorial no templo do Senhor.
  15. E aqueles que estão longe virão, e ajudarão a edificar o templo do Senhor; e vós sabereis que o Senhor dos exércitos me tem enviado a vós; e isso sucederá, se diligentemente obedecerdes a voz do Senhor vosso Deus.

Zacarias 7

  1. Aconteceu no ano quarto do rei Dario, que a palavra do Senhor veio a Zacarias, no dia quarto do nono mês, que é quisleu:
  2. Ora, o povo de Betel tinha enviado Sarezer, e Regem-Meleque, e os seus homens, para suplicarem o favor do Senhor,
  3. e para dizerem aos sacerdotes, que estavam na casa do Senhor dos exércitos, e aos profetas: Chorarei eu no quinto mês, com jejum, como o tenho feito por tantos anos?
  4. Então a palavra do Senhor dos exércitos veio a mim, dizendo:
  5. Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi mesmo para mim que jejuastes?
  6. Ou quando comeis e quando bebeis, não é para vós mesmos que comeis e bebeis?
  7. Não eram estas as palavras que o Senhor proferiu por intermédio dos profetas antigos, quando Jerusalém estava habitada e próspera, juntamente com as suas cidades ao redor dela, e quando o Sul e a campina eram habitados?
  8. E a palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo:
  9. Assim falou o Senhor dos exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e compaixão cada um para com o seu irmão;
  10. e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre; e nenhum de vós intente no seu coração o mal contra o seu irmão.
  11. Eles, porém, não quiseram escutar, e me deram o ombro rebelde, e taparam os ouvidos, para que não ouvissem.
  12. Sim, fizeram duro como diamante o seu coração, para não ouvirem a lei, nem as palavras que o Senhor dos exércitos enviara pelo seu Espírito mediante os profetas antigos; por isso veio a grande ira do Senhor dos exércitos.
  13. Assim como eu clamei, e eles não ouviram, assim também eles clamaram, e eu não ouvi, diz o Senhor dos exércitos;
  14. mas os espalhei com um turbilhão por entre todas as nações, que eles não conheceram. Assim, pois, a terra foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem voltava; porquanto fizeram da terra desejada uma desolação.

Zacarias 8

  1. Depois veio a mim a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
  2. Assim diz o Senhor dos exércitos: Zelo por Sião com grande zelo; e, com grande indignação, por ela estou zelando.
  3. Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; e Jerusalém chamar-se-á a cidade da verdade, e o monte do Senhor dos exércitos o monte santo.
  4. Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda nas praças de Jerusalém sentar-se-ão velhos e velhas, levando cada um na mão o seu cajado, por causa da sua muita idade.
  5. E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão.
  6. Assim diz o Senhor dos exércitos: Se isto for maravilhoso aos olhos do resto deste povo naqueles dias, acaso será também maravilhoso aos meus olhos? diz o Senhor dos exércitos.
  7. Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que salvarei o meu povo, tirando-o da terra do oriente e da terra do ocidente;
  8. e os trarei, e eles habitarão no meio de Jerusalém; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus em verdade e em justiça.
  9. Assim diz o Senhor dos exércitos: Sejam fortes as vossas mãos, ó vós, que nestes dias ouvistes estas palavras da boca dos profetas, que estiveram no dia em que foi posto o fundamento da casa do Senhor dos exércitos, a fim de que o templo fosse edificado.
  10. Pois antes daqueles dias não havia salário para os homens, nem lhes davam ganho os animais; nem havia paz para o que saia nem para o que entrava, por causa do inimigo; porque eu incitei a todos os homens, cada um contra o seu próximo.
  11. Mas agora não me haverei para com o resto deste povo como nos dias passados, diz o Senhor dos exércitos;
  12. porquanto haverá a sementeira de paz; a vide dará o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e os céus darão o seu orvalho; e farei que o resto deste povo herde todas essas coisas.
  13. E há de suceder, ó casa de Judá, e ó casa de Israel, que, assim como éreis uma maldição entre as nações, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não temais, mas sejam fortes as vossas mãos.
  14. Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Como intentei fazer-vos o mal, quando vossos pais me provocaram a ira, diz o Senhor dos exércitos, e não me compadeci,
  15. assim tornei a intentar nestes dias fazer o bem a Jerusalém e à casa de Judá; não temais.
  16. Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas;
  17. e nenhum de vós intente no seu coração o mal contra o seu próximo; nem ame o juramento falso; porque todas estas são coisas que eu aborreço, diz o senhor.
  18. De novo me veio a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
  19. Assim diz o Senhor dos exércitos: O jejum do quarto mês, bem como o do quinto, o do sétimo, e o do décimo mês se tornarão para a casa de Judá em regozijo, alegria, e festas alegres; amai, pois, a verdade e a paz.
  20. Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda sucederá que virão povos, e os habitantes de muitas cidades;
  21. e os habitantes de uma cidade irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do Senhor, e buscar o Senhor dos exércitos; eu também irei.
  22. Assim virão muitos povos, e poderosas nações, buscar em Jerusalém o Senhor dos exércitos, e suplicar a bênção do Senhor.
  23. Assim diz o Senhor dos exércitos: Naquele dia sucederá que dez homens, de nações de todas as línguas, pegarão na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.

Zacarias 9

  1. A palavra do Senhor está contra a terra de Hadraque, e repousará sobre Damasco, pois ao Senhor pertencem as cidades de Arã, e todas as tribos de Israel.
  2. E também Hamate que confina com ela, e Tiro e Sidom, ainda que sejam mui sábias.
  3. Ora Tiro edificou para si fortalezas, e amontoou prata como o pó, e ouro como a lama das ruas.
  4. Eis que o Senhor a despojará, e ferirá o seu poder no mar; e ela será consumida pelo fogo.
  5. Asquelom o verá, e temerá; também Gaza, e terá grande dor; igualmente Ecrom, porque a sua esperança será iludida; e de Gaza perecerá o rei, e Asquelom não será habitada.
  6. Povo mestiço habitará em Asdode; e exterminarei a soberba dos filisteus.
  7. E da sua boca tirarei o sangue, e dentre os seus dentes as abominações; e ele também ficará como um resto para o nosso Deus; e será como chefe em Judá, e Ecrom como um jebuseu.
  8. Ao redor da minha casa acamparei contra o exército, para que ninguem passe, nem volte; e não passará mais por eles o opressor; pois agora vi com os meus olhos.
  9. Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta.
  10. De Efraim exterminarei os carros, e de Jerusalém os cavalos, e o arco de guerra será destruído, e ele anunciará paz às nações; e o seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o Rio até as extremidades da terra.
  11. Ainda quanto a ti, por causa do sangue do teu pacto, libertei os teus presos da cova em que não havia água.
  12. Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje anuncio que te recompensarei em dobro.
  13. Pois curvei Judá por meu arco, pus-lhe Efraim por seta; suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grécia; e te farei a ti, ó Sião, como a espada de um valente.
  14. Por cima deles será visto o Senhor; e a sua flecha sairá como o relâmpago; e o Senhor Deus fará soar a trombeta, e irá com redemoinhos do sul.
  15. O Senhor dos exércitos os protegerá; e eles devorarão, e pisarão os fundibulários; também beberão o sangue deles como ao vinho; e encher-se-ão como bacias de sacrifício, como os cantos do altar.
  16. E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará, como o rebanho do seu povo; porque eles serão como as pedras de uma coroa, elevadas sobre a terra dele.
  17. Pois quão grande é a sua bondade, e quão grande é a sua formosura! o trigo fará florescer os mancebos e o mosto as donzelas.

Zacarias 10

  1. Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao Senhor, que faz os relâmpagos; e ele lhes dará chuvas copiosas, e a cada um erva no campo,
  2. Pois os terafins falam vaidade, e os adivinhos vêem mentira e contam sonhos falsos; em vão procuram consolar; por isso seguem o seu caminho como ovelhas; estão aflitos, porque não há pastor.
  3. Contra os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes; mas o Senhor dos exércitos visitará o seu rebanho, a casa de Judá, e o fará como o seu majestoso cavalo na peleja.
  4. De Judá sairá a pedra angular, dele a estaca da tenda, dele o arco de guerra, dele sairão todos os chefes.
  5. Eles serão como valentes que na batalha pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o Senhor esta com eles; e confundirão os que andam montados em cavalos.
  6. Fortalecerei a casa de Judá, e salvarei a casa de José; fá-los-ei voltar, porque me compadeço deles; e serão como se eu não os tivera rejeitado; porque eu sou o Senhor seu Deus, e os ouvirei.
  7. Então os de Efraim serão como um valente, e o seu coração se alegrará como pelo vinho; seus filhos o verão, e se alegrarão; o seu coração se regozijará no Senhor.
  8. Eu lhes assobiarei, e os ajuntarei, porque os tenho remido; e multiplicar-se-ão como dantes se multiplicavam.
  9. Ainda que os espalhei entre os povos, eles se lembrarão de mim em terras remotas; e, com seus filhos, viverão e voltarão.
  10. Pois eu os farei voltar da terra do Egito, e os congregarei da Assíria; e trálos-ei à terra de Gileade e do Líbano; e não se achará lugar bastante para eles.
  11. Passarão pelo mar de aflição, e serão feridas as ondas do mar, e todas as profundezas do Nilo se secarão; então será abatida a soberba da Assíria, e o cetro do Eeito se retirará.
  12. Eu os fortalecerei no Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor.

Zacarias 11

  1. Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo devore os teus cedros.
  2. Geme, ó cipreste, porque caiu o cedro, porque os mais excelentes são destruídos; gemei, ó carvalhos de Basã, porque o bosque forte é derrubado.
  3. Voz de uivo dos pastores! porque a sua glória é destruída; voz de bramido de leões novos! porque foi destruída a soberba do Jordão.
  4. Assim diz o Senhor meu Deus: Apascenta as ovelhas destinadas para a matança,
  5. cujos compradores as matam, e não se têm por culpados; e cujos vendedores dizem: Louvado seja o Senhor, porque hei enriquecido; e os seus pastores não têm piedade delas.
  6. Certamente não terei mais piedade dos moradores desta terra, diz o Senhor; mas, eis que entregarei os homens cada um na mão do seu próximo e na mão do seu rei; eles ferirão a terra, e eu não os livrarei da mão deles.
  7. Eu pois apascentei as ovelhas destinadas para a matança, as pobres ovelhas do rebanho. E tomei para mim duas varas: a uma chamei Graça, e à outra chamei União; e apascentei as ovelhas.
  8. E destruí os três pastores num mês; porque me enfadei deles, e também eles se enfastiaram de mim.
  9. Então eu disse: Não vos apascentarei mais; o que morrer morra, e o que for destruído seja destruído; e os que restarem, comam cada um a carne do seu próximo.
  10. E tomei a minha vara Graça, e a quebrei, para desfazer o meu pacto, que tinha estabelecido com todos os povos.
  11. Foi, pois, anulado naquele dia; assim os pobres do rebanho que me respeitavam, reconheceram que isso era palavra do Senhor.
  12. E eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário, trinta moedas de prata.
  13. Ora o Senhor disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor.
  14. Então quebrei a minha segunda vara União, para romper a irmandade entre Judá e Israel.
  15. Então o Senhor me disse: Toma ainda para ti os instrumentos de um pastor insensato.
  16. Pois eis que suscitarei um pastor na terra, que não cuidará das que estão perecendo, não procurará as errantes, não curará a ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas, e lhes despedaçará as unhas.
  17. Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! a espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o seu braço será de todo mirrado, e o seu olho direito será inteiramente escurecido.

Zacarias 12

  1. A palavra do Senhor acerca de Israel: Fala o Senhor, o que estendeu o céu, e que lançou os alicerces da terra e que formou o espírito do homem dentro dele.
  2. Eis que eu farei de Jerusalém um copo de atordoamento para todos os povos em redor, e também para Judá, durante o cerco contra Jerusalém.
  3. Naquele dia farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem, serão gravemente feridos. E ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra.
  4. Naquele dia, diz o Senhor, ferirei de espanto a todos os cavalos, e de loucura os que montam neles. Mas sobre a casa de Judá abrirei os meus olhos, e ferirei de cegueira todos os cavalos dos povos.
  5. Então os chefes de Judá dirão no seu coração: Os habitantes de Jerusalém são a minha força no Senhor dos exércitos, seu Deus.
  6. Naquele dia porei os chefes de Judá como um braseiro ardente no meio de lenha, e como um facho entre gavelas; e eles devorarão à direita e à esquerda a todos os povos em redor; e Jerusalém será habitada outra vez no seu próprio lugar, mesmo em Jerusalém.
  7. Também o Senhor salvará primeiro as tendas de Judá, para que a glória da casa de Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém não se engrandeçam sobre Judá.
  8. Naquele dia o Senhor defenderá os habitantes de Jerusalém, de sorte que o mais fraco dentre eles naquele dia será como Davi, e a casa de Davi será como Deus, como o anjo do Senhor diante deles.
  9. E naquele dia, tratarei de destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém.
  10. Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.
  11. Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megidom.
  12. E a terra pranteará, cada família à parte: a família da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; e a família da casa de Natã à parte, e suas mulheres à parte;
  13. a familia da casa de Levi à parte, e suas mulheres à parte; a família de Simei à parte, e suas mulheres à parte;
  14. todas as mais famílias, cade família à parte, e suas mulheres à parte.

Zacarias 13

  1. Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza.
  2. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cortarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória; e também farei sair da terra os profetas e o espirito da impureza.
  3. E se alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque falas mentiras em o nome do Senhor; e seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar.
  4. Naquele dia os profetas se sentirão envergonhados, cada um da sua visão, quando profetizarem; nem mais se vestirão de manto de pêlos, para enganarem,
  5. mas dirão: Não sou profeta, sou lavrador da terra; porque tenho sido escravo desde a minha mocidade.
  6. E se alguém lhe disser: Que feridas são essas entre as tuas mãos? Dirá ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos.
  7. Ó espada, ergue-te contra o meu pastor, e contra o varão que é o meu companheiro, diz o Senhor dos exércitos; fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão para os pequenos.
  8. Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.
  9. E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus.

Zacarias 14

  1. Eis que vem um dia do Senhor, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti.
  2. Pois eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro mas o resto do povo não será exterminado da cidade.
  3. Então o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como quando peleja no dia da batalha.
  4. Naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; se o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, do oriente para o ocidente e haverá um vale muito grande; e metade do monte se removerá para o norte, e a outra metade dele para o sul.
  5. E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de uzias, rei de Judá. Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos com ele.
  6. Acontecerá naquele dia, que não haverá calor, nem frio, nem geada;
  7. porém será um dia conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; mas até na parte da tarde haverá luz.
  8. Naquele dia também acontecerá que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e metade delas para o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isso.
  9. E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um sera o seu nome.
  10. Toda a terra em redor se tornará em planície, desde Geba até Rimom, ae sul de Jerusalém; ela será exaltada, e habitará no seu lugar, desde a porta de Benjamim até o lugar da primeira porta, até a porta da esquina, e desde a torre de Hananel até os lagares do rei
  11. E habitarão nela, e não haverá mais maldição; mas Jerusalém habitará em segurança.
  12. Esta será a praga com que o Senhor ferirá todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: apodrecer-se-á a sua carne, estando eles de pé, e se lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e a língua se lhes apodrecerá na boca,
  13. Naquele dia também haverá da parte do Senhor um grande tumulto entre eles; e pegará cada um na mão do seu próximo, e cada um levantará a mão contra o seu próximo.
  14. Também Judá pelejará contra Jerusalém; e se ajuntarão as riquezas de todas as nações circunvizinhas, ouro e prata, e vestidos em grande abundância.
  15. Como esta praga, assim será a praga dos cavalos, dos muares, dos camelos e dos jumentos e de todos os animais que estiverem naqueles arraiais.
  16. Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos.
  17. E se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos exércitos, não cairá sobre ela a chuva.
  18. E, se a família do Egito não subir, nem vier, não virá sobre ela a chuva; virá a praga com que o Senhor ferirá as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
  19. Esse será o castigo do Egito, e o castigo de todas as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
  20. Naquele dia se gravará sobre as campainhas dos cavalos. SANTO AO SENHOR; e as panelas na casa do Senhor serão como as bacias diante do altar.
  21. E todas as panelas em Jerusalém e Judá serão consagradas ao Senhor dos exércitos; e todos os que sacrificarem virão, e delas tomarão, e nelas cozerão. Naquele dia não haverá mais cananeu na casa do Senhor dos exércitos.

Ageu Malaquias

Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cortarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória; e também farei sair da terra os profetas e o espirito da impureza. E se alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque falas mentiras em o nome do Senhor; e seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar.

Zacarias 13:1-3

11/03/2021

Ageu

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Ageu 1

  1. No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, governador de Judá, filho de Sealtiel, e a Josué, o sumo sacerdote, filho de Jeozadaque, dizendo:
  2. Assim fala o Senhor dos exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo de se edificar a casa do Senhor.
  3. Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
  4. Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica desolada?
  5. Ora pois, assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai os vossos caminhos.
  6. Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para o meter num saco furado.
  7. Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai os vossos caminhos.
  8. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me deleitarei, e serei glorificado, diz o Senhor.
  9. Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o dissipei com um assopro. Por que causa? diz o Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à sua propria casa.
  10. Por isso os ceus por cima de vós retêm o orvalho, e a terra retém os seus frutos.
  11. E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre as colinas, sobre o trigo e o mosto e o azeite, e sobre tudo o que a terra produz; como também sobre os homens e os animais, e sobre todo o seu trabalho.
  12. Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, juntamente com todo o resto do povo, obedeceram a voz do Senhor seu Deus, e as palavras do profeta Ageu, como o Senhor seu Deus o tinha enviado; e temeu o povo diante do Senhor.
  13. Então Ageu, o mensageiro do Senhor, falou ao povo, conforme a mensagem do Senhor, dizendo: Eu sou convosco, e diz o Senhor.
  14. E o Senhor suscitou o espírito do governador de Judá Zorobabel, filho de Sealtiel, e o espírito do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e o espírito de todo o resto do povo; e eles vieram, e começaram a trabalhar na casa do Senhor dos exércitos, seu Deus,
  15. ao vigésimo quarto dia do sexto mês.

Ageu 2

  1. No segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao vigésimo primeiro do mês, veio a palavra do Senhor por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
  2. Fala agora ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e ao sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e ao resto do povo, dizendo:
  3. Quem há entre vós, dos sobreviventes, que viu esta casa na sua primeira glória? Em que estado a vedes agora? Não é como nada em vossos olhos?
  4. Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos exércitos,
  5. segundo o pacto que fiz convosco, quando saístes do Egito, e o meu Espírito habita no meio de vós; não temais.
  6. Pois assim diz o Senhor dos exércitos; Ainda uma vez, daqui a pouco, e abalarei os céus e a terra, o mar e a terra seca.
  7. Abalarei todas as nações; e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos exércitos.
  8. Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos exércitos.
  9. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos exércitos.
  10. Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Ageu, dizendo:
  11. Assim diz o Senhor dos exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo:
  12. Se alguém levar na aba de suas vestes carne santa, e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes responderam: Não.
  13. Então perguntou Ageu: Se alguém, que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam: Ficará imunda.
  14. Ao que respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o Senhor; assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.
  15. Agora considerai o que acontece desde aquele dia. Antes que se lançasse pedra sobre pedra no templo do Senhor,
  16. quando alguém vinha a um montão de trigo de vinte medidas, havia somente dez; quando vinha ao lagar para tirar cinqüenta, havia somente vinte.
  17. Feri-vos com mangra, e com ferrugem, e com saraiva, em todas as obras das vossas mãos; e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.
  18. Considerai, pois, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se lançaram os alicerces do templo do Senhor, sim, considerai essas coisas.
  19. Está ainda semente no celeiro? A videira, a figueira, a romeira, e a oliveira ainda não dão os seus frutos? Desde este dia hei de vos abençoar.
  20. Veio pela segunda vez a palavra do Senhor a Ageu, aos vinte e quatro do mês, dizendo:
  21. Fala a Zorobabel, governador de Judá, dizendo: Abalarei os céus e a terra;
  22. e derrubarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações; destruirei o carro e os que nele andam; os cavalos e os seus cavaleiros cairão, cada um pela espada do seu irmão.
  23. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, tomar-te-ei, ó Zorobabel, servo meu, filho de Sealtiel, diz o Senhor, e te farei como um anel de selar; porque te escolhi, diz o Senhor dos exércitos.

Sofonias Zacarias

Feri-vos com mangra, e com ferrugem, e com saraiva, em todas as obras das vossas mãos; e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor. Considerai, pois, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se lançaram os alicerces do templo do Senhor, sim, considerai essas coisas. Está ainda semente no celeiro? A videira, a figueira, a romeira, e a oliveira ainda não dão os seus frutos? Desde este dia hei de vos abençoar.

Ageu 2:17-19

11/03/2021

Sofonias

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Sofonias 1

  1. A palavra do Senhor que veio a Sofonias, filho de Cuche, filho de Gedalias, filho de Amarias, filho de Ezequias, nos dias de Josias, filho de Amom, rei de Judá.
  2. Hei de consumir por completo tudo sobre a face da terra, diz o Senhor.
  3. Consumirei os homens e os animais; consumirei as aves do céu, e os peixes do mar, e os tropeços juntamente com os ímpios; e exterminarei os homens de sobre a face da terra, diz o Senhor.
  4. E estenderei a minha mão contra Judá, e contra todos os habitantes de Jerusalém; e exterminarei deste lugar o resto de Baal, e os nomes dos sacerdotes de ídolos, juntamente com os sacerdotes;
  5. e os que sobre os telhados adoram o exército do céu, e aqueles adoradores que juram ao Senhor, e juram por Milcom;
  6. e os que deixam de seguir ao Senhor, e os que não buscam ao Senhor, nem perguntam por ele.
  7. Cala-te diante do Senhor Deus, porque o dia do Senhor está perto; pois o Senhor tem preparado um sacrifício, e tem santificado os seus convidados.
  8. E no dia do sacrifício do Senhor castigarei os oficiais, e os filhos do rei, e todos os que se vestem de trajes estrangeiros.
  9. Castigarei também naquele dia todos aqueles que saltam sobre o umbral, que enchem de violência e de dolo a casa do seu senhor.
  10. E naquele dia, diz o Senhor, far-se-á ouvur uma voz de clamor desde a porta dos peixes, e um uivo desde a segunda parte, e grande estrépito desde os outeiros.
  11. Uivai vós, moradores de Mactes, porque todo o povo de Canaã está arruinado; todos os que pesam a prata são destruídos.
  12. E há de ser que, naquele tempo, esquadrinharei a Jerusalém com lanternas, e castigarei os homens que se embrutecem com as fezes do vinho, que dizem no seu coração: O Senhor não faz o bem nem faz o mal.
  13. Por isso as riquezas deles se tornarão em despojo e as suas casas em desolação; e edificarão casas, mas não habitarão nelas; e plantarão vinhas, mas não lhes beberão o vinho.
  14. O grande dia do Senhor está perto; sim, está perto, e se apressa muito; ei-la, amarga é a voz do dia do Senhor; clama ali o homem poderoso.
  15. Aquele dia é dia de indignação, dia de tribulação e de angústia, dia de alvoroço e de assolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas,
  16. dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortificadas e contra as torres altas.
  17. E angustiarei os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o Senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne como esterco.
  18. Nem a sua prata nem o seu ouro os poderá livrar no dia da indignação do Senhor; mas pelo fogo do seu zelo será devorada toda a terra; porque certamente fará de todos os moradores da terra uma destruição total e apressada.

Sofonias 2

  1. Congregai-vos, sim, congregai-vos, ó nação sem pudor;
  2. antes que o decreto produza efeito, e o dia passe como a pragana; antes que venha sobre vós o furor da ira do Senhor, sim, antes que venha sobre vós o dia da ira do Senhor.
  3. Buscai ao Senhor, vós todos os mansos da terra, que tendes posto por obra o seu juizo; buscai a justiça, buscai a mansidão; porventura sereis escondidos no dia da ira do Senhor.
  4. Pois Gaza será desamparada, e Asquelom assolada; Asdode ao meio-dia será expelida, e Ecrom desarraigada.
  5. Ai dos habitantes da borda do mar, da nação dos quereteus! A palavra do Senhor é contra vós, ó Canaã, terra dos filisteus; e eu vos destruirei, sem que fique sequer um habitante.
  6. E a borda do mar será de pastagens, com cabanas para os pastores, e currais para os rebanhos.
  7. E será a costa para o restante da casa de Judá, para que eles se apascentem ali; de tarde se deitarão nas casas de Asquelom; pois o Senhor seu Deus os visitará, e os fará tornar do seu cativeiro.
  8. Eu ouvi o escárnio de Moabe, e os ultrajes dos filhos de Amom, com que escarneceram do meu povo, e se engrandeceram contra o seu termo.
  9. Portanto diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Tão certo como eu vivo, Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom como Gomorra, campo de urtigas e poços de sal, e desolação perpétua; o restante do meu povo os saqueará, e o restante da minha nação os possuira.
  10. Isso terão em recompensa da sua soberba, porque usaram de escárnios, e se engrandeceram contra o povo do Senhor dos exércitos.
  11. O Senhor se mostrará terrível contra eles; pois aniquilará todos os deuses da terra, e adorá-lo-ão, cada uma desde o seu lugar, todas as ilhas das nações.
  12. Também vós, ó etíopes, sereis mortos pela minha espada.
  13. Ainda ele estenderá a mão contra o Norte, e destruirá a Assíria; e fará de Nínive uma desolação, terra árida como o deserto.
  14. E no meio dela se deitarão manadas, todas as feras do campo; e alojar-se-ão nos capitéis dela tanto o pelicano como o ouriço; a voz das aves se ouvirá nas janelas; e haverá desolação nos limiares; pois ele tem posto a descoberto a obra de cedro.
  15. Esta é a cidade alegre, que vivia em segurança, que dizia no seu coração: Eu sou, e fora de mim não há outra. Como se tem ela tornado em desolação, em covil de feras! Todo o que passar por ela assobiará, e meneará a mão

Sofonias 3

  1. Ai da rebelde e contaminada, da cidade opressora!
  2. Não escuta a voz, não aceita a correção, não confia no Senhor, nem se aproxima do seu Deus.
  3. Os seus oficiais são leões rugidores no meio dela; os seus juízes são lobos da tarde, que nada deixam para o dia seguinte.
  4. Os seus profetas são levianos, homens aleivosos; os seus sacerdotes profanam o santuário, e fazem violência à lei.
  5. O Senhor é justo no meio dela; ele não comete iniqüidade; cada manhã traz o seu juízo à luz; nunca falta; o injusto, porém, não conhece a vergonha.
  6. Exterminei as nações, as suas torres estão assoladas; fiz desertas as suas praças a ponto de não ficar quem passe por elas; as suas cidades foram destruídas, até não ficar ninguém, até não haver quem as habite.
  7. Eu dizia: Certamente me temerás e aceitarás a correção; e assim a sua morada não seria destruída, conforme tudo o que eu havia determinado a respeito dela. Mas eles se levantaram de madrugada, e corromperam todas as suas obras.
  8. Portanto esperai-me a mim, diz o Senhor, no dia em que eu me levantar para o despojo; porque o meu intento é ajuntar nações e congregar reinos, para sobre eles derramar a minha indignação, e todo o ardor da minha ira; pois esta terra toda será consumida pelo fogo do meu zelo.
  9. Pois então darei lábios puros aos povos, para que todos invoquem o nome do Senhor, e o sirvam com o mesmo espírito.
  10. Dalém dos rios da Etiópia os meus adoradores, a saber, a filha dos meus dispersos, trarão a minha oferta.
  11. Naquele dia não te envergonharás de nenhuma das tuas obras, com que te rebelaste contra mim; porque então tirarei do meio de ti, os que exultam arrogantemente, e tu nunca mais te ensoberbeceras no meu santo monte.
  12. Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre; e eles confiarão no nome do Senhor.
  13. O remanescente de Israel não cometerá iniqüidade, nem proferirá mentira, e na sua boca não se achará língua enganosa; pois serão apascentados, e se deitarão, e não haverá quem os espante.
  14. Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém.
  15. O Senhor afastou os juízos que havia contra ti, lançou fora o teu inimigo; o Rei de Israel, o Senhor, está no meio de ti; não temerás daqui em diante mal algum.
  16. Naquele dia se dirá a Jerusalém: Não temas, ó Sião; não se enfraqueçam as tuas mãos.
  17. O Senhor teu Deus está no meio de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; renovar-te-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo.
  18. Os que em tristeza suspiram pela assembléia solene, os quais te pertenciam, eu os congregarei; esses para os quais era um opróbrio o peso que estava sobre ela.
  19. Eis que naquele tempo procederei contra todos os que te afligem; e salvarei a que coxeia, e recolherei a que foi expulsa; e deles farei um louvor e um nome em toda a terra em que têm sido envergonhados.
  20. Naquele tempo vos trarei, naquele tempo vos recolherei; porque farei de vós um nome e um louvor entre todos os povos da terra, quando eu tornar o vosso cativeiro diante dos vossos olhos, diz o Senhor.

Habacuque Ageu

Portanto diz o Senhor dos exércitos, o Deus de Israel: Tão certo como eu vivo, Moabe será como Sodoma, e os filhos de Amom como Gomorra, campo de urtigas e poços de sal, e desolação perpétua; o restante do meu povo os saqueará, e o restante da minha nação os possuira. Isso terão em recompensa da sua soberba, porque usaram de escárnios, e se engrandeceram contra o povo do Senhor dos exércitos. O Senhor se mostrará terrível contra eles; pois aniquilará todos os deuses da terra, e adorá-lo-ão, cada uma desde o seu lugar, todas as ilhas das nações.

Sofonias 2:9-11

11/03/2021

Habacuque

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Habacuque 1

  1. O oráculo que o profeta Habacuque viu.
  2. Até quando Senhor, clamarei eu, e tu não escutarás? ou gritarei a ti: Violência! e não salvarás?
  3. Por que razão me fazes ver a iniqüidade, e a opressão? Pois a destruição e a violência estão diante de mim; há também contendas, e o litígio é suscitado.
  4. Por esta causa a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta; porque o ímpio cerca o justo, de sorte que a justiça é pervertida.
  5. Vede entre as nações, e olhai; maravilhai-vos e admirai-vos; porque realizo em vossos dias uma obra, que vós não acreditareis, quando vos for contada.
  6. Pois eis que suscito os caldeus, essa nação feroz e impetuosa, que marcha sobre a largura da terra para se apoderar de moradas que não são suas.
  7. Ela é terrível e espantosa; dela mesma sai o seu juízo e a sua dignidade.
  8. Os seis cavalos são mais ligeiros do que os leopardos, se mais ferozes do que os lobos a tarde; os seus cavaleiros espalham-se por toda a parte; sim, os seus cavaleiros vêm de longe; voam como a águia que se apressa a devorar.
  9. Eles todos vêm com violência; a sua vanguarda irrompe como o vento oriental; eles ajuntam cativos como areia.
  10. Escarnecem dos reis, e dos príncipes fazem zombaria; eles se riem de todas as fortalezas; porque, amontoando terra, as tomam.
  11. Então passam impetuosamente, como um vento, e seguem, mas eles são culpados, esses cujo próprio poder e o seu deus.
  12. Não és tu desde a eternidade, ó Senhor meu Deus, meu santo? Nós não morreremos. Ó Senhor, para juízo puseste este povo; e tu, ó Rocha, o estabeleceste para correção.
  13. Tu que és tão puro de olhos que não podes ver o mal, e que não podes contemplar a perversidade, por que olhas para os que procedem aleivosamente, e te calas enquanto o ímpio devora aquele que e mais justo do que ele.
  14. E farias os homens como os peixes do mar, como os répteis, que não têm quem os governe,
  15. Ele a todos levanta com o anzol, apanha-os com a sua rede; e os ajunta na sua rede varredoura; por isso ele se alegra e se regozija.
  16. Por isso sacrifica à sua rede, e queima incenso à sua varredoura; porque por elas enriquece a sua porção, e e abundante a sua comida.
  17. Porventura por isso continuara esvaziando a sua rede e matando sem piedade os povos?

Habacuque 2

  1. Sobre a minha torre de vigia me colocarei e sobre a fortaleza me apresentarei e vigiarei, para ver o que me dirá, e o que eu responderei no tocante, a minha queixa.
  2. Então o Senhor me respondeu , e disse: Escreve a visão e torna-se bem legível sobre tabuas, para que a possa ler quem passa correndo.
  3. Pois a visão é ainda para o tempo determinado, e se apressa para o fim. Ainda que se demore, espera-o; porque certamente virá, não tardará.
  4. Eis o soberbo! A sua alma não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.
  5. Além disso, o vinho é traidor; o homem soberbo não permanece. Ele alarga como o Seol o seu desejo; como a morte, nunca se pode fartar, mas ajunta a si todas as nações, e congrega a si todos os povos.
  6. Não levantarão, pois, todos estes contra ele um provérbio e um dito zombador? E dirão: Ai daquele que acumula o que não é seu! (até quando?) e daquele que se carrega a si mesmo de penhores!
  7. Não se levantarão de repente os teus credores? e não despertarão os que te farão tremer? Então lhes servirás tu de despojo.
  8. Visto como despojaste muitas nações, os demais povos te despojarão a ti, por causa do sangue dos homens, e da violência para com á terra, a cidade, e todos os que nela habitam.
  9. Ai daquele que adquire para a sua casa lucros criminosos, para pôr o seu ninho no alto, a fim de se livrar das garras da calamidade!
  10. Vergonha maquinaste para a tua casa; destruindo tu a muitos povos, pecaste contra a tua alma.
  11. pois a pedra clamará da parede, e a trave lhe responderá do madeiramento.
  12. Ai daquele que edifica a cidade com sangue, e que funda a cidade com iniqüidade!
  13. Acaso não procede do Senhor dos exércitos que os povos trabalhem para o fogo e as nações se cansem em vão?
  14. Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do Senhor, como as águas cobrem o mar.
  15. Ai daquele que da de beber ao seu próximo, adicionando à bebida o seu furor, e que o embebeda para ver a sua nudez!
  16. Serás farto de ignomínia em lugar de honra; bebe tu também, e sê como um incircunciso; o cálice da mão direita do Senhor se chegará a ti, e ignomínia cairá sobre a tua glória.
  17. Pois a violência cometida contra o Líbano te cobrirá, e bem assim a destruição das feras te amedrontará por causa do sangue dos homens, e da violência para com a terra, a cidade e todos os que nele habitam.
  18. Que aproveita a imagem esculpida, tendo-a esculpido o seu artífice? a imagem de fundição, que ensina a mentira? Pois o artífice confia na sua própria obra, quando forma ídolos mudos.
  19. Ai daquele que diz ao pau: Acorda; e à pedra muda: Desperta! Pode isso ensinar? Eis que está coberto de ouro e de prata, e dentro dele não há espírito algum.
  20. Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra; cale-se diante dele toda a terra.

Habacuque 3

  1. Oração do profeta Habacuque, à moda de sigionote.
  2. Eu ouvi, Senhor, a tua fama, e temi; aviva, ó Senhor, a tua obra no meio dos anos; faze que ela seja conhecida no meio dos anos; na ira lembra-te da misericórdia.
  3. Deus veio de Temã, e do monte Parã o Santo. [Selá]. A sua glória cobriu os céus, e a terra encheu-se do seu louvor.
  4. E o seu resplendor é como a luz, da sua mão saem raios brilhantes, e ali está o esconderijo da sua força.
  5. Adiante dele vai a peste, e por detrás a praga ardente.
  6. Para, e mede a terra; olha, e sacode as nações; e os montes perpétuos se espalham, os outeiros eternos se abatem; assim é o seu andar desde a eternidade.
  7. Vejo as tendas de Cusã em aflição; tremem as cortinas da terra de Midiã.
  8. Acaso é contra os rios que o Senhor está irado? E contra os ribeiros a tua ira, ou contra o mar o teu furor, visto que andas montado nos teus cavalos, nos teus carros de vitória?
  9. Descoberto de todo está o teu arco; a tua aljava está cheia de flechas. (Selá) Tu fendes a terra com rios.
  10. Os montes te vêem, e se contorcem; inundação das águas passa; o abismo faz ouvir a sua voz, e levanta bem alto as suas mãos.
  11. O sol e a lua param nas suas moradas, ante o lampejo das tuas flechas volantes, e ao brilho intenso da tua lança fulgurante.
  12. com indignação marchas pela terra, com ira trilhas as nações.
  13. Tu sais para o socorro do teu povo, para salvamento dos teus ungidos. Tu despedaças a cabeça da casa do ímpio, descobrindo-lhe de todo os fundamentos. (selá)
  14. Traspassas a cabeça dos seus guerreiros com as suas próprias lanças; eles me acometem como turbilhão para me espalharem; alegram-se, como se estivessem para devorar o pobre em segredo.
  15. Tu com os teus cavalos marchas pelo mar, pelo montão de grandes águas.
  16. Ouvindo-o eu, o meu ventre se comove, ao seu ruído tremem os meus lábios; entra a podridão nos meus ossos, vacilam os meus passos; em silêncio, pois, aguardarei o dia da angústia que há de vir sobre o povo
  17. Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado.
  18. todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação.
  19. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos. (Ao regente de música. Para instrumentos de cordas.)

Naum Sofonias

Ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto nas vides; ainda que falhe o produto da oliveira, e os campos não produzam mantimento; ainda que o rebanho seja exterminado da malhada e nos currais não haja gado. todavia eu me alegrarei no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. O Senhor Deus é minha força, ele fará os meus pés como os da corça, e me fará andar sobre os meus lugares altos…

Habacuque 3:17-19

11/03/2021

Naum

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Naum 1

  1. Oráculo acerca de Nínive. Livro da visão de Naum, o elcosita.
  2. O Senhor é um Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de indignação; o Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos.
  3. O Senhor é tardio em irar-se, e de grande poder, e ao culpado de maneira alguma terá por inocente; o Senhor tem o seu caminho no turbilhão e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pes.
  4. Ele repreende o mar, e o faz secar, e esgota todos os rios; desfalecem Basã e Carmelo, e a flor do Líbano murcha.
  5. Os montes tremem perante ele, e os outeiros se derretem; e a terra fica devastada diante dele, sim, o mundo, e todos os que nele habitam.
  6. Quem pode manter-se diante do seu furor? e quem pode subsistir diante do ardor da sua ira? a sua cólera se derramou como um fogo, e por ele as rochas são fendidas.
  7. O Senhor é bom, uma fortaleza no dia da angústia; e conhece os que nele confiam.
  8. E com uma inundação transbordante acabará duma vez com o lugar dela; e até para dentro das trevas perseguirá os seus inimigos.
  9. Que é o que projetais vós contra o Senhor? Ele destruirá de vez; não se levantará por duas vezes a angústia.
  10. Pois ainda que eles se entrelacem como os espinhos, e se saturem de vinho como bêbados, serão inteiramente consumidos como restolho seco.
  11. Não saiu de ti um que maquinava o mal contra o Senhor, aconselhando maldade?
  12. Assim diz o Senhor: Por mais intatos que sejam, e por mais numerosos, assim mesmo serão exterminados e passarão. Ainda que te afligi, não te afligirei mais.
  13. Mas agora quebrarei o seu jugo de sobre ti, e romperei as tuas cadeias.
  14. Contra ti, porém, o Senhor deu ordem que não haja mais linhagem do teu nome; da casa dos teus deuses exterminarei as imagens de escultura e as de fundição; farei o teu sepulcro, porque és vil.
  15. Eis sobre os montes os pés do que traz boas novas, do que anuncia a paz! Celebra as tuas festas, ó Judá, cumpre os teus votos, porque o ímpio não tornará mais a passar por ti; ele é inteiramente exterminado.

Naum 2

  1. O destruidor sobe contra ti. Guarda tu a fortaleza, vigia o caminho, robustece os lombos, arregimenta bem as tuas forças.
  2. Pois o Senhor restaura a excelência de Jacó, qual a excelência de Israel; porque os saqueadores os despojaram e destruíram os seus sarmentos.
  3. Os escudos dos seus valentes estão vermelhos, os homens valorosos estão vestidos de escarlate; os carros resplandecem como o aço no dia da sua preparação, e as lanças são brandidas.
  4. Os carros andam furiosamente nas ruas; cruzam as praças em todas as direções; parecem como tochas, e correm como os relâmpagos.
  5. Ele se lembra dos seus nobres; eles tropeçam na sua marcha; apressam-se para chegar ao muro de cidade, arma-se a manta.
  6. As portas dos rios abrem-se, e o palácio está em confusão.
  7. E está decretado: ela é despida , e levada cativa; e as suas servas gemem como pombas, batendo em seus peitos.
  8. Nínive desde que existe tem sido como um tanque de águas; elas, porém, fogem agora: parai, parai, clama-se; mas ninguém olhara para trás.
  9. Saqueai a prata, saqueai o ouro; pois não ha fim dos tesouros; abastança há de todas as coisas preciosas.
  10. Ela está vazia, esgotada e devastada; derrete-se o coração, tremem os joelhos, e em todos os lombos há dor; o rosto de todos eles empalidece.
  11. Onde está agora o covil dos leões, e a habitação dos leões novos, onde andavam o leão, e a leoa, e o cachorro do leão, sem haver ninguém que os espantasse?
  12. O leão arrebatava o que bastava para os seus cachorros, e estrangulava a presa para as suas leoas, e enchia de presas as suas cavernas, e de rapina os seus covis.
  13. Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leões novos; e exterminarei da terra a tua presa; e não se ouvira mais a voz dos teus embaixadores.

Naum 3

  1. Ai da cidade ensangüentada! Ela está toda cheia de mentiras e de rapina! da presa não há fim!
  2. Eis o estrépito do açoite, e o estrondo das rodas, os cavalos que curveteiam e os carros que saltam;
  3. o cavaleiro que monta, a espada rutilante, a lança reluzente, a, multidão de mortos, o montão de cadáveres, e defuntos inumeráveis; tropeçam nos cadáveres;
  4. tudo isso por causa da multidão dos adultérios, da meretriz formosa, da mestra das feitiçarias, que vende nações por seus deleites, e familias pelas suas feitiçarias.
  5. Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos; e levantarei as tuas fraldas sobre a tua face; e às nações mostrarei a tua nudez, e seus reinos a tua vergonha.
  6. Lançarei sobre ti imundícias e te tratarei com desprezo, e te porei como espetáculo.
  7. E há de ser todos os que te virem fugirão de ti, e dirão: Nínive esta destruída; quem tera compaixão dela? Donde te buscarei consoladores?
  8. És tu melhor do que Tebas, que se sentava à beira do Nilo, cercada de águas, tendo por baluarte o mar, e as aguas por muralha,
  9. Etiópia e Egito eram a sua força, que era inesgotável; Pute e Líbia eram teus aliados.
  10. Todavia ela foi levada, foi para o cativeiro; também os seus pequeninos foram despedaçados nas entradas de todas as ruas, e sobre os seus nobres lançaram sortes, e todos os seus grandes foram presos em grilhões.
  11. Tu também serás embriagada, e ficarás escondida; e buscarás um refúgio do inimigo.
  12. Todas as tuas fortalezas serão como figueiras com figos temporãos; sendo eles sacudidos, caem na boca do que os há de comer.
  13. Eis que as tuas tropas no meio de ti são como mulheres; as portas da tua terra estão de todo abertas aos teus inimigos; o fogo consome os teus ferrolhos.
  14. Tira água para o tempo do cerco; reforça as tuas fortalezas; entra no lodo, pisa o barro, pega na forma para os tijolos.
  15. O fogo ali te consumirá; a espada te exterminará; ela te devorará como a locusta. Multiplica-te como a locusta, multiplica-te como o gafanhoto.
  16. Multiplicaste os teus negociantes mais do que as estrelas do céu; a locusta estende as asas e sai voando.
  17. Os teus príncipes são como os gafanhotos, e os teus chefes como enxames de gafanhotos, que se acampam nas sebes nos dias de frio; em subindo o sol voam, e não se sabe o lugar em que estão.
  18. Os teus pastores dormitam, ó rei da Assíria; os teus nobres dormem, o teu povo está espalhado pelos montes, sem que haja quem o ajunte.
  19. Não há cura para a tua ferida; a tua chaga é grave. Todos os que ouvirem a tua fama baterão as palmas sobre ti; porque, sobre quem não tem passado continuamente a tua malícia?

Miquéias Habacuque

Eis que eu estou contra ti, diz o Senhor dos exércitos, e queimarei na fumaça os teus carros, e a espada devorará os teus leões novos; e exterminarei da terra a tua presa; e não se ouvira mais a voz dos teus embaixadores.

Naum 2:13