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13/03/2021

Atos dos Apóstolos

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Atos 1

  1. Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar,
  2. até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
  3. aos quais também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas provas infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das coisas concernentes ao reino de Deus.
  4. Estando com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes.
  5. Porque, na verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias.
  6. Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe, dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel?
  7. Respondeu-lhes: A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai reservou à sua própria autoridade.
  8. Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra.
  9. Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.
  10. Estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos de branco,
  11. os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.
  12. Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, à distância da jornada de um sábado.
  13. E, entrando, subiram ao cenáculo, onde permaneciam Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
  14. Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.
  15. Naqueles dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali reunidas cerca de cento e vinte, e disse:
  16. Irmãos, convinha que se cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus;
  17. pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério.
  18. (Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram.
  19. E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na própria língua deles esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue.)
  20. Porquanto no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite; e: Tome outro o seu ministério.
  21. É necessário, pois, que dos varões que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós,
  22. começando desde o batismo de João até o dia em que dentre nós foi levado para cima, um deles se torne testemunha conosco da sua ressurreição.
  23. E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias.
  24. E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido
  25. para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar.
  26. Então deitaram sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele contado com os onze apóstolos.

Atos 2

  1. Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.
  2. De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.
  3. E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma.
  4. E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
  5. Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu.
  6. Ouvindo-se, pois, aquele ruído, ajuntou-se a multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
  7. E todos pasmavam e se admiravam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses que estão falando?
  8. Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que nascemos?
  9. Nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia,
  10. a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
  11. cretenses e árabes – ouvímo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus.
  12. E todos pasmavam e estavam perplexos, dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto?
  13. E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
  14. Então Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja- vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
  15. Pois estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia.
  16. Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
  17. E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos;
  18. e sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.
  19. E mostrarei prodígios em cima no céu; e sinais embaixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça.
  20. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor.
  21. e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
  22. Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;
  23. a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos;
  24. ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que fosse retido por ela.
  25. Porque dele fala Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado;
  26. por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; e além disso a minha carne há de repousar em esperança;
  27. pois não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;
  28. fizeste-me conhecer os caminhos da vida; encher-me-ás de alegria na tua presença.
  29. Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
  30. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que faria sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes –
  31. prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no hades, nem a sua carne viu a corrupção.
  32. Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.
  33. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.
  34. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
  35. até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
  36. Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
  37. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?
  38. Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.
  39. Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar.
  40. E com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava, dizendo: salvai-vos desta geração perversa.
  41. De sorte que foram batizados os que receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas;
  42. e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
  43. Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos.
  44. Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum.
  45. E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.
  46. E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração,
  47. louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.

Atos 3

  1. Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, a nona.
  2. E, era carregado um homem, coxo de nascença, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam.
  3. Ora, vendo ele a Pedro e João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
  4. E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.
  5. E ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa.
  6. Disse-lhe Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda.
  7. Nisso, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente os seus pés e artelhos se firmaram
  8. e, dando ele um salto, pôs-se em pé. Começou a andar e entrou com eles no templo, andando, saltando e louvando a Deus.
  9. Todo o povo, ao vê-lo andar e louvar a Deus,
  10. reconhecia-o como o mesmo que estivera sentado a pedir esmola à Porta Formosa do templo; e todos ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe acontecera.
  11. Apegando-se o homem a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto deles, ao pórtico chamado de Salomão.
  12. Pedro, vendo isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos admirais deste homem? Ou, por que fitais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?
  13. O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, quando este havia resolvido soltá-lo.
  14. Mas vós negastes o Santo e Justo, e pedistes que se vos desse um homicida;
  15. e matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.
  16. E pela fé em seu nome fez o seu nome fortalecer a este homem que vedes e conheceis; sim, a fé, que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.
  17. Agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também as vossas autoridades.
  18. Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado que o seu Cristo havia de padecer.
  19. Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor,
  20. e envie ele o Cristo, que já dantes vos foi indicado, Jesus,
  21. ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio.
  22. Pois Moisés disse: Suscitar-vos-á o Senhor vosso Deus, dentre vossos irmãos, um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser.
  23. E acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta, será exterminada dentre o povo.
  24. E todos os profetas, desde Samuel e os que sucederam, quantos falaram, também anunciaram estes dias.
  25. Vós sois os filhos dos profetas e do pacto que Deus fez com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra.
  26. Deus suscitou a seu Servo, e a vós primeiramente vo-lo enviou para que vos abençoasse, desviando-vos, a cada um, das vossas maldades.

Atos 4

  1. Enquanto eles estavam falando ao povo, sobrevieram-lhes os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus,
  2. doendo-se muito de que eles ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos,
  3. deitaram mão neles, e os encerraram na prisão até o dia seguinte; pois era já tarde.
  4. Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram, e se elevou o número dos homens a quase cinco mil.
  5. No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos, os escribas,
  6. e Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, João, Alexandre, e todos quantos eram da linhagem do sumo sacerdote.
  7. E, pondo-os no meio deles, perguntaram: Com que poder ou em nome de quem fizestes vós isto?
  8. Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e vós, anciãos,
  9. se nós hoje somos inquiridos acerca do benefício feito a um enfermo, e do modo como foi curado,
  10. seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, nesse nome está este aqui, são diante de vós.
  11. Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular.
  12. E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.
  13. Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que haviam estado com Jesus.
  14. E vendo em pé com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.
  15. Todavia, mandando-os sair do sinédrio, conferenciaram entre si,
  16. dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar.
  17. Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que de ora em diante não falem neste nome a homem algum.
  18. E, chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus.
  19. Mas Pedro e João, respondendo, lhes disseram: Julgai vós se é justo diante de Deus ouvir-nos antes a vós do que a Deus;
  20. pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido.
  21. Mas eles ainda os ameaçaram mais, e, não achando motivo para os castigar, soltaram-nos, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera;
  22. pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara esta cura milagrosa.
  23. E soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos.
  24. Ao ouvirem isto, levantaram unanimemente a voz a Deus e disseram: Senhor, tu que fizeste o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há;
  25. que pelo Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo, disseste: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?
  26. Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram- se à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
  27. Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de Israel;
  28. para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse.
  29. Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falam com toda a intrepidez a tua palavra,
  30. enquanto estendes a mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Servo Jesus.
  31. E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus.
  32. Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
  33. Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
  34. Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos.
  35. E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.
  36. então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação), levita, natural de Chipre,
  37. possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.

Atos 5

  1. Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,
  2. e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
  3. Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno?
  4. Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
  5. E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto.
  6. Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram.
  7. Depois de um intervalo de cerca de três horas, entrou também sua mulher, sabendo o que havia acontecido.
  8. E perguntou-lhe Pedro: Dize-me vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por tanto.
  9. Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti.
  10. Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido.
  11. Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas.
  12. E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no pórtico de Salomão.
  13. Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima;
  14. e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres;
  15. a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles.
  16. Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados.
  17. Levantando-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (isto é, a seita dos saduceus), encheram-se de inveja,
  18. deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública.
  19. Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse:
  20. Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida.
  21. Ora, tendo eles ouvido isto, entraram de manhã cedo no templo e ensinavam. Chegando, porém o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o sinédrio, com todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram guardas ao cárcere para trazê-los.
  22. Mas os guardas, tendo lá ido, não os acharam na prisão; e voltando, lho anunciaram,
  23. dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado com toda a segurança, e as sentinelas em pé às portas; mas, abrindo-as, a ninguém achamos dentro.
  24. E quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos acerca deles e do que viria a ser isso.
  25. Então chegou alguém e lhes anunciou: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo, em pé, a ensinar o povo.
  26. Nisso foi o capitão com os guardas e os trouxe, não com violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo.
  27. E tendo-os trazido, os apresentaram ao sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:
  28. Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? e eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
  29. Respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens.
  30. O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro;
  31. sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados.
  32. E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
  33. Ora, ouvindo eles isto, se enfureceram e queriam matá-los.
  34. Mas, levantando-se no sinédrio certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, acatado por todo o povo, mandou que por um pouco saíssem aqueles homens;
  35. e prosseguiu: Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que estai para fazer a estes homens.
  36. Porque, há algum tempo, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; ao qual se ajuntaram uns quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos e reduzidos a nada.
  37. Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos após si; mas também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos.
  38. Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará;
  39. mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.
  40. Concordaram, pois, com ele, e tendo chamado os apóstolos, açoitaram-nos e mandaram que não falassem em nome de Jesus, e os soltaram.
  41. Retiraram-se pois da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.
  42. E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.

Atos 6

  1. Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.
  2. E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
  3. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço.
  4. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
  5. O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia,
  6. e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos.
  7. E divulgava-se a palavra de Deus, de sorte que se multiplicava muito o número dos discípulos em Jerusalém e muitos sacerdotes obedeciam à fé.
  8. Ora, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
  9. Levantaram-se, porém, alguns que eram da sinagoga chamada dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão;
  10. e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.
  11. Então subornaram uns homens para que dissessem: Temo-lo ouvido proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
  12. Assim excitaram o povo, os anciãos, e os escribas; e investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao sinédrio;
  13. e apresentaram falsas testemunhas que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras contra este santo lugar e contra a lei;
  14. porque nós o temos ouvido dizer que esse Jesus, o nazareno, há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos transmitiu.
  15. Então todos os que estavam assentados no sinédrio, fitando os olhos nele, viram o seu rosto como de um anjo.

Atos 7

  1. E disse o sumo sacerdote: Porventura são assim estas coisas?
  2. Estêvão respondeu: Irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando ele na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
  3. e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
  4. Então saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. Dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.
  5. E não lhe deu nela herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu que lha daria em possessão, e depois dele à sua descendência, não tendo ele ainda filho.
  6. Pois Deus disse que a sua descendência seria peregrina em terra estranha e que a escravizariam e maltratariam por quatrocentos anos.
  7. Mas eu julgarei a nação que os tiver escravizado, disse Deus; e depois disto sairão, e me servirão neste lugar.
  8. E deu-lhe o pacto da circuncisão; assim então gerou Abraão a Isaque, e o circuncidou ao oitavo dia; e Isaque gerou a Jacó, e Jacó aos doze patriarcas.
  9. Os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito; mas Deus era com ele,
  10. e o livrou de todas as suas tribulações, e lhe deu graça e sabedoria perante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
  11. Sobreveio então uma fome a todo o Egito e Canaã, e grande tribulação; e nossos pais não achavam alimentos.
  12. Mas tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais pela primeira vez.
  13. E na segunda vez deu-se José a conhecer a seus irmãos, e a sua linhagem tornou-se manifesta a Faraó.
  14. Então José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua parentela – setenta e cinco almas.
  15. Jacó, pois, desceu ao Egito, onde morreu, ele e nossos pais;
  16. e foram transportados para Siquém e depositados na sepultura que Abraão comprara por certo preço em prata aos filhos de Emor, em Siquém.
  17. Enquanto se aproximava o tempo da promessa que Deus tinha feito a Abraão, o povo crescia e se multiplicava no Egito;
  18. até que se levantou ali outro rei, que não tinha conhecido José.
  19. Usando esse de astúcia contra a nossa raça, maltratou a nossos pais, ao ponto de fazê-los enjeitar seus filhos, para que não vivessem.
  20. Nesse tempo nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai.
  21. Sendo ele enjeitado, a filha de Faraó o recolheu e o criou como seu próprio filho.
  22. Assim Moisés foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras.
  23. Ora, quando ele completou quarenta anos, veio-lhe ao coração visitar seus irmãos, os filhos de Israel.
  24. E vendo um deles sofrer injustamente, defendeu-o, e vingou o oprimido, matando o egípcio.
  25. Cuidava que seus irmãos entenderiam que por mão dele Deus lhes havia de dar a liberdade; mas eles não entenderam.
  26. No dia seguinte apareceu-lhes quando brigavam, e quis levá-los à paz, dizendo: Homens, sois irmãos; por que vos maltratais um ao outro?
  27. Mas o que fazia injustiça ao seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu senhor e juiz sobre nós?
  28. Acaso queres tu matar-me como ontem mataste o egípcio?
  29. A esta palavra fugiu Moisés, e tornou-se peregrino na terra de Madiã, onde gerou dois filhos.
  30. E passados mais quarenta anos, apareceu-lhe um anjo no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.
  31. Moisés, vendo isto, admirou-se da visão; e, aproximando-se ele para observar, soou a voz do Senhor;
  32. Eu sou o deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. E Moisés ficou trêmulo e não ousava olhar.
  33. Disse-lhe então o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
  34. Vi, com efeito, a aflição do meu povo no Egito, ouvi os seus gemidos, e desci para livrá-lo. Agora pois vem, e enviar-te-ei ao Egito.
  35. A este Moisés que eles haviam repelido, dizendo: Quem te constituiu senhor e juiz? a este enviou Deus como senhor e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça.
  36. Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto por quarenta anos.
  37. Este é o Moisés que disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta como eu.
  38. Este é o que esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu palavras de vida para vo-las dar;
  39. ao qual os nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram, e em seus corações voltaram ao Egito,
  40. dizendo a arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque a esse Moisés que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.
  41. Fizeram, pois, naqueles dias o bezerro, e ofereceram sacrifício ao ídolo, e se alegravam nas obras das suas mãos.
  42. Mas Deus se afastou, e os abandonou ao culto das hostes do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios por quarenta anos no deserto, ó casa de Israel?
  43. Antes carregastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que vós fizestes para adorá-las. Desterrar-vos-ei pois, para além da Babilônia.
  44. Entre os nossos pais no deserto estava o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto;
  45. o qual nossos pais, tendo-o por sua vez recebido, o levaram sob a direção de Josué, quando entraram na posse da terra das nações que Deus expulsou da presença dos nossos pais, até os dias de Davi,
  46. que achou graça diante de Deus, e pediu que lhe fosse dado achar habitação para o Deus de Jacó.
  47. Entretanto foi Salomão quem lhe edificou uma casa;
  48. mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:
  49. O céu é meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual o lugar do meu repouso?
  50. Não fez, porventura, a minha mão todas estas coisas?
  51. Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós.
  52. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas,
  53. vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.
  54. Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra Estêvão.
  55. Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus,
  56. e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus.
  57. Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele
  58. e, lançando-o fora da cidade o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo.
  59. Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando, dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
  60. E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte.

Atos 8

  1. Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e da Samária.
  2. E uns homens piedosos sepultaram a Estêvão, e fizeram grande pranto sobre ele.
  3. Saulo porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão.
  4. No entanto os que foram dispersos iam por toda parte, anunciando a palavra.
  5. E descendo Filipe à cidade de Samária, pregava-lhes a Cristo.
  6. As multidões escutavam, unânimes, as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo os sinais que operava;
  7. pois saíam de muitos possessos os espíritos imundos, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados;
  8. pelo que houve grande alegria naquela cidade.
  9. Ora, estava ali certo homem chamado Simão, que vinha exercendo naquela cidade a arte mágica, fazendo pasmar o povo da Samária, e dizendo ser ele uma grande personagem;
  10. ao qual todos atendiam, desde o menor até o maior, dizendo: Este é o Poder de Deus que se chama Grande.
  11. Eles o atendiam porque já desde muito tempo os vinha fazendo pasmar com suas artes mágicas.
  12. Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus, batizavam-se homens e mulheres.
  13. E creu até o próprio Simão e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e admirava-se, vendo os sinais e os grandes milagres que se faziam.
  14. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, tendo ouvido que os da Samária haviam recebido a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João;
  15. os quais, tendo descido, oraram por eles, para que recebessem o Espírito Santo.
  16. Porque sobre nenhum deles havia ele descido ainda; mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus.
  17. Então lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo.
  18. Quando Simão viu que pela imposição das mãos dos apóstolos se dava o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro,
  19. dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos, receba o Espírito Santo.
  20. Mas disse-lhe Pedro: Vá tua prata contigo à perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de Deus.
  21. Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
  22. Arrepende-te, pois, dessa tua maldade, e roga ao Senhor para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração;
  23. pois vejo que estás em fel de amargura, e em laços de iniquidade.
  24. Respondendo, porém, Simão, disse: Rogai vós por mim ao Senhor, para que nada do que haveis dito venha sobre mim.
  25. Eles, pois, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltando para Jerusalém, evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos.
  26. Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto.
  27. E levantou-se e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo- mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adorar,
  28. regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
  29. Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.
  30. E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes, porventura, o que estás lendo?
  31. Ele respondeu: Pois como poderei entender, se alguém não me ensinar? e rogou a Filipe que subisse e com ele se sentasse.
  32. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como a ovelha ao matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim ele não abre a sua boca.
  33. Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; quem contará a sua geração? porque a sua vida é tirada da terra.
  34. Respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? de si mesmo, ou de algum outro?
  35. Então Filipe tomou a palavra e, começando por esta escritura, anunciou-lhe a Jesus.
  36. E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?
  37. [E disse Felipe: é lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.]
  38. mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o batizou.
  39. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco, que jubiloso seguia o seu caminho.
  40. Mas Filipe achou-se em Azoto e, indo passando, evangelizava todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.

Atos 9

  1. Saulo, porém, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote,
  2. e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
  3. Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu;
  4. e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
  5. Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
  6. mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer.
  7. Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém.
  8. Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o pela mão, conduziram-no a Damasco.
  9. E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
  10. Ora, havia em Damasco certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! Respondeu ele: Eis-me aqui, Senhor.
  11. Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando;
  12. e viu um homem chamado Ananias entrar e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista.
  13. Respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;
  14. e aqui tem poder dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
  15. Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel;
  16. pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome.
  17. Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.
  18. Logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista: então, levantando-se, foi batizado.
  19. E, tendo tomado alimento, ficou fortalecido. Depois demorou- se alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco;
  20. e logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o filho de Deus.
  21. Todos os seus ouvintes pasmavam e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais sacerdotes?
  22. Saulo, porém, se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o Cristo.
  23. Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si matá-lo.
  24. Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo. E como eles guardavam as portas de dia e de noite para tirar-lhe a vida,
  25. os discípulos, tomando-o de noite, desceram-no pelo muro, dentro de um cesto.
  26. Tendo Saulo chegado a Jerusalém, procurava juntar-se aos discípulos; mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
  27. Então Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.
  28. Assim andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
  29. e pregando ousadamente em nome do Senhor. Falava e disputava também com os helenistas; mas procuravam matá-lo.
  30. Os irmãos, porém, quando o souberam, acompanharam-no até Cesaréia e o enviaram a Tarso.
  31. Assim, pois, a igreja em toda a Judéia, Galiléia e Samária, tinha paz, sendo edificada, e andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava.
  32. E aconteceu que, passando Pedro por toda parte, veio também aos santos que habitavam em Lida.
  33. Achou ali certo homem, chamado Enéias, que havia oito anos jazia numa cama, porque era paralítico.
  34. Disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura; levanta e faze a tua cama. E logo se levantou.
  35. E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
  36. Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, que traduzido quer dizer Dorcas, a qual estava cheia de boas obras e esmolas que fazia.
  37. Ora, aconteceu naqueles dias que ela, adoecendo, morreu; e, tendo-a lavado, a colocaram no cenáculo.
  38. Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: Não te demores em vir ter conosco.
  39. Pedro levantou-se e foi com eles; quando chegou, levaram-no ao cenáulo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe as túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas.
  40. Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pôs-se de joelhos e orou; e voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se.
  41. Ele, dando-lhe a mão, levantou-a e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
  42. Tornou-se isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor.
  43. Pedro ficou muitos dias em Jope, em casa de um curtidor chamado Simão.

Atos 10

  1. Um homem em Cesaréia, por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana,
  2. piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus,
  3. cerca da hora nona do dia, viu claramente em visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e lhe dizia: Cornélio!
  4. Este, fitando nele os olhos e atemorizado, perguntou: Que é, Senhor? O anjo respondeu-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus;
  5. agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro;
  6. este se acha hospedado com um certo Simão, curtidor, cuja casa fica à beira-mar. [Ele te dirá o que deves fazer.]
  7. Logo que se retirou o anjo que lhe falava, Cornélio chamou dois dos seus domésticos e um piedoso soldado dos que estavam a seu serviço;
  8. e, havendo contado tudo, os enviou a Jope.
  9. No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado para orar, cerca de hora sexta.
  10. E tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase,
  11. e via o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra,
  12. no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu.
  13. E uma voz lhe disse: Levanta-te, Pedro, mata e come.
  14. Mas Pedro respondeu: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda.
  15. Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
  16. Sucedeu isto por três vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu.
  17. Enquanto Pedro refletia, perplexo, sobre o que seria a visão que tivera, eis que os homens enviados por Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam à porta.
  18. E, chamando, indagavam se ali estava hospedado Simão, que tinha por sobrenome Pedro.
  19. Estando Pedro ainda a meditar sobre a visão, o Espírito lhe disse: Eis que dois homens te procuram.
  20. Levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu tos enviei.
  21. E descendo Pedro ao encontro desses homens, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que viestes?
  22. Eles responderam: O centurião Cornélio, homem justo e temente a Deus e que tem bom testemunho de toda a nação judaica, foi avisado por um santo anjo para te chamar à sua casa e ouvir as tuas palavras.
  23. Pedro, pois, convidando-os a entrar, os hospedou. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles, e alguns irmãos, dentre os de Jope, o acompanharam.
  24. No outro dia entrou em Cesaréia. E Cornélio os esperava, tendo reunido os seus parentes e amigos mais íntimos.
  25. Quando Pedro ia entrar, veio-lhe Cornélio ao encontro e, prostrando-se a seus pés, o adorou.
  26. Mas Pedro o ergueu, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem.
  27. E conversando com ele, entrou e achou muitos reunidos,
  28. e disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo;
  29. pelo que, sendo chamado, vim sem objeção. Pergunto pois: Por que razão mandastes chamar-me?
  30. Então disse Cornélio: Faz agora quatro dias que eu estava orando em minha casa à hora nona, e eis que diante de mim se apresentou um homem com vestiduras resplandescentes,
  31. e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus.
  32. Envia, pois, a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro; ele está hospedado em casa de Simão, curtidor, à beira-mar.
  33. Portanto mandei logo chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora pois estamos todos aqui presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto te foi ordenado pelo Senhor.
  34. Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas;
  35. mas que lhe é aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica o que é justo.
  36. A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos) –
  37. esta palavra, vós bem sabeis, foi proclamada por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo que João pregou,
  38. concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele.
  39. Nós somos testemunhas de tudo quanto fez, tanto na terra dos judeus como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro.
  40. A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e lhe concedeu que se manifestasse,
  41. não a todo povo, mas às testemunhas predeterminadas por Deus, a nós, que comemos e bebemos juntamente com ele depois que ressurgiu dentre os mortos;
  42. este nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.
  43. A ele todos os profetas dão testemunho de que todo o que nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome.
  44. Enquanto Pedro ainda dizia estas coisas, desceu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
  45. Os crentes que eram de circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os gentios se derramasse o dom do Espírito Santo;
  46. porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus.
  47. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo?
  48. Mandou, pois, que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe rogaram que ficasse com eles por alguns dias.

Atos 11

  1. Ora, ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus.
  2. E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão,
  3. dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles.
  4. Pedro, porém, começou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo:
  5. Estava eu orando na cidade de Jope, e em êxtase tive uma visão; descia um objeto, como se fosse um grande lençol, sendo baixado do céu pelas quatro pontas, e chegou perto de mim.
  6. E, fitando nele os olhos, o contemplava, e vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu.
  7. Ouvi também uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro, mata e come.
  8. Mas eu respondi: De modo nenhum, Senhor, pois nunca em minha boca entrou coisa alguma comum e imunda.
  9. Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
  10. Sucedeu isto por três vezes; e tudo tornou a recolher-se ao céu.
  11. E eis que, nesse momento, pararam em frente à casa onde estávamos três homens que me foram enviados de Cesaréia.
  12. Disse-me o Espírito que eu fosse com eles, sem hesitar; e também estes seis irmãos foram comigo e entramos na casa daquele homem.
  13. E ele nos contou como vira em pé em sua casa o anjo, que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro,
  14. o qual te dirá palavras pelas quais serás salvo, tu e toda a tua casa.
  15. Logo que eu comecei a falar, desceu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós no princípio.
  16. Lembrei-me então da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água; mas vós sereis batizados no Espírito Santo.
  17. Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que dera também a nós, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para que pudesse resistir a Deus?
  18. Ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Assim, pois, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida.
  19. Aqueles, pois, que foram dispersos pela tribulação suscitada por causa de Estêvão, passaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
  20. Havia, porém, entre eles alguns cíprios e cirenenses, os quais, entrando em Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.
  21. E a mão do Senhor era com eles, e grande número creu e se converteu ao Senhor.
  22. Chegou a notícia destas coisas aos ouvidos da igreja em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia;
  23. o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortava a todos a perseverarem no Senhor com firmeza de coração;
  24. porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
  25. Partiu, pois, Barnabé para Tarso, em busca de Saulo;
  26. e tendo-o achado, o levou para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos.
  27. Naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia;
  28. e levantando-se um deles, de nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome por todo o mundo, a qual ocorreu no tempo de Cláudio.
  29. E os discípulos resolveram mandar, cada um conforme suas posses, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia;
  30. o que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e Saulo.

Atos 12

  1. Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar;
  2. e matou à espada Tiago, irmão de João.
  3. Vendo que isso agradava aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. (Eram então os dias dos pães ázimos.)
  4. E, havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a quatro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencionando apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
  5. Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele.
  6. Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão.
  7. E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
  8. Disse-lhe ainda o anjo: Cinge-te e calça as tuas sandálias. E ele o fez. Disse-lhe mais; Cobre-te com a tua capa e segue-me.
  9. Pedro, saindo, o seguia, mesmo sem compreender que era real o que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma visão.
  10. Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e tendo saído, passaram uma rua, e logo o anjo se apartou dele.
  11. Pedro então, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo dos judeus.
  12. Depois de assim refletir foi à casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas e oravam.
  13. Quando ele bateu ao portão do pátio, uma criada chamada Rode saiu a escutar;
  14. e, reconhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu o portão, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava lá fora.
  15. Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, assegurava que assim era. Eles então diziam: É o seu anjo.
  16. Mas Pedro continuava a bater, e, quando abriram, viram-no e pasmaram.
  17. Mas ele, acenando-lhes com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.
  18. Logo que amanheceu, houve grande alvoroço entre os soldados sobre o que teria sido feito de Pedro.
  19. E Herodes, tendo-o procurado e não o achando, inquiriu as sentinelas e mandou que fossem justiçadas; e descendo da Judéia para Cesaréia, demorou-se ali.
  20. Ora, Herodes estava muito irritado contra os de Tiro e de Sidom; mas estes, vindo de comum acordo ter com ele e obtendo a amizade de Blasto, camareiro do rei, pediam paz, porquanto o seu país se abastecia do país do rei.
  21. num dia designado, Herodes, vestido de trajes reais, sentou- se no trono e dirigia-lhes a palavra.
  22. E o povo exclamava: É a voz de um deus, e não de um homem.
  23. No mesmo instante o anjo do Senhor o feriu, porque não deu glória a Deus; e, comido de vermes, expirou.
  24. E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.
  25. Barnabé e Saulo, havendo terminando aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando consigo a João, que tem por sobrenome Marcos.

Atos 13

  1. Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo.
  2. Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
  3. Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram.
  4. Estes, pois, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
  5. Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus, e tinham a João como auxiliar.
  6. Havendo atravessado a ilha toda até Pafos, acharam um certo mago, falso profeta, judeu, chamado Bar-Jesus,
  7. que estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou a Barnabé e Saulo e mostrou desejo de ouvir a palavra de Deus.
  8. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando desviar a fé do procônsul.
  9. Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele,
  10. disse: Ó filho do Diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor?
  11. Agora eis a mão do Senhor sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. Imediatamente caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão.
  12. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhando-se da doutrina do Senhor.
  13. Tendo Paulo e seus companheiros navegado de Pafos, chegaram a Perge, na Panfília. João, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém.
  14. Mas eles, passando de Perge, chegaram a Antioquia da Psídia; e entrando na sinagoga, no dia de sábado, sentaram-se.
  15. Depois da leitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação ao povo, falai.
  16. Então Paulo se levantou e, pedindo silêncio com a mão, disse: Varões israelitas, e os que temeis a Deus, ouvi:
  17. O Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles estrangeiros na terra do Egito, de onde os tirou com braço poderoso,
  18. e suportou-lhes os maus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos;
  19. e, havendo destruído as sete nações na terra de Canaã, deu- lhes o território delas por herança durante cerca de quatrocentos e cinquenta anos.
  20. Depois disto, deu-lhes juízes até o profeta Samuel.
  21. Então pediram um rei, e Deus lhes deu por quarenta anos a Saul, filho de Cis, varão da tribo de Benjamim.
  22. E tendo deposto a este, levantou-lhes como rei a Davi, ao qual também, dando testemunho, disse: Achei a Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade.
  23. Da descendência deste, conforme a promessa, trouxe Deus a Israel um Salvador, Jesus;
  24. havendo João, antes da aparecimento dele, pregado a todo o povo de Israel o batismo de arrependimento.
  25. Mas João, quando completava a carreira, dizia: Quem pensais vós que su sou? Eu não sou o Cristo, mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés.
  26. Irmãos, filhos da estirpe de Abraão, e os que dentre vós temem a Deus, a nós é enviada a palavra desta salvação.
  27. Pois, os que habitam em Jerusalém e as suas autoridades, porquanto não conheceram a este Jesus, condenando-o, cumpriram as mesmas palavras dos profetas que se ouvem ler todos os sábados.
  28. E, se bem que não achassem nele nenhuma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto.
  29. Quando haviam cumprido todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, o puseram na sepultura;
  30. mas Deus o ressuscitou dentre os mortos;
  31. e ele foi visto durante muitos dias por aqueles que com ele subiram da Galiléia a Jerusalém, os quais agora são suas testemunhas para com o povo.
  32. E nós vos anunciamos as boas novas da promessa, feita aos pais,
  33. a qual Deus nos tem cumprido, a nós, filhos deles, levantando a Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, hoje te gerei.
  34. E no tocante a que o ressuscitou dentre os mortos para nunca mais tornar à corrupção, falou Deus assim: Dar-vos-ei as santas e fiéis bênçãos de Davi;
  35. pelo que ainda em outro salmo diz: Não permitirás que o teu Santo veja a corrupção.
  36. Porque Davi, na verdade, havendo servido a sua própria geração pela vontade de Deus, dormiu e foi depositado junto a seus pais e experimentou corrupção.
  37. Mas aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção experimentou.
  38. Seja-vos pois notório, varões, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados.
  39. E de todas as coisas de que não pudestes ser justificados pela lei de Moisés, por ele é justificado todo o que crê.
  40. Cuidai pois que não venha sobre vós o que está dito nos profetas:
  41. Vede, ó desprezadores, admirai-vos e desaparecei; porque realizo uma obra em vossos dias, obra em que de modo algum crereis, se alguém vo-la contar.
  42. Quando iam saindo, rogavam que estas palavras lhes fossem repetidas no sábado seguinte.
  43. E, despedida a sinagoga, muitos judeus e prosélitos devotos seguiram a Paulo e Barnabé, os quais, falando-lhes, os exortavam a perseverarem na graça de Deus.
  44. No sábado seguinte reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.
  45. Mas os judeus, vendo as multidões, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.
  46. Então Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Era mister que a vós se pregasse em primeiro lugar a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos viramos para os gentios;
  47. porque assim nos ordenou o Senhor: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra.
  48. Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna.
  49. E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela região.
  50. Mas os judeus incitaram as mulheres devotas de alta posição e os principais da cidade, suscitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos.
  51. Mas estes, sacudindo contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio.
  52. Os discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.

Atos 14

  1. Em Icônio entraram juntos na sinagoga dos judeus e falaram de tal modo que creu uma grande multidão tanto de judeus como de gregos.
  2. Mas os judeus incrédulos excitaram e irritaram os ânimos dos gentios contra os irmãos.
  3. Eles, entretanto, se demoraram ali por muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, concedendo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios.
  4. E se dividiu o povo da cidade; uns eram pelos judeus, e outros pelos apóstolos.
  5. E, havendo um motim tanto dos gentios como dos judeus, juntamente com as suas autoridades, para os ultrajarem e apedrejarem,
  6. eles, sabendo-o, fugiram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e a região circunvizinha;
  7. e ali pregavam o evangelho.
  8. Em Listra estava sentado um homem aleijado dos pés, coxo de nascença e que nunca tinha andado.
  9. Este ouvia falar Paulo, que, fitando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado,
  10. disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés. E ele saltou, e andava.
  11. As multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nós.
  12. A Barnabé chamavam Júpiter e a Paulo, Mercúrio, porque era ele o que dirigia a palavra.
  13. O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trouxe para as portas touros e grinaldas e, juntamente com as multidões, queria oferecer-lhes sacrifícios.
  14. Quando, porém, os apóstolos Barnabé e Paulo ouviram isto, rasgaram as suas vestes e saltaram para o meio da multidão, clamando
  15. e dizendo: Senhores, por que fazeis estas coisas? Nós também somos homens, de natureza semelhante à vossa, e vos anunciamos o evangelho para que destas práticas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar, e tudo quanto há neles;
  16. o qual nos tempos passados permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos.
  17. Contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, enchendo-vos de mantimento, e de alegria os vossos corações.
  18. E dizendo isto, com dificuldade impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios.
  19. Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e de Icônio e, havendo persuadido as multidões, apedrejaram a Paulo, e arrastaram-no para fora da cidade, cuidando que estava morto.
  20. Mas quando os discípulos o rodearam, ele se levantou e entrou na cidade. No dia seguinte partiu com Barnabé para Derbe.
  21. E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia,
  22. confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus.
  23. E, havendo-lhes feito eleger anciãos em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.
  24. Atravessando então a Pisídia, chegaram à Panfília.
  25. E, tendo anunciado a palavra em Perge, desceram a Atália.
  26. E dali navegaram para Antioquia, donde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que acabavam de cumprir.
  27. Quando chegaram e reuniram a igreja, relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira aos gentios a porta da fé.
  28. E ficaram ali não pouco tempo, com os discípulos.

Atos 15

  1. Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos.
  2. Tendo Paulo e Barnabé contenda e não pequena discussão com eles, os irmãos resolveram que Paulo e Barnabé e mais alguns dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, por causa desta questão.
  3. Eles, pois, sendo acompanhados pela igreja por um trecho do caminho, passavam pela Fenícia e por Samária, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos.
  4. E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles.
  5. Mas alguns da seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se dizendo que era necessário circuncidá-los e mandar-lhes observar a lei de Moisés.
  6. Congregaram-se pois os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.
  7. E, havendo grande discussão, levantou-se Pedro e disse-lhes: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem.
  8. E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós;
  9. e não fez distinção alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé.
  10. Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?
  11. Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles também.
  12. Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios.
  13. Depois que se calaram, Tiago, tomando a palavra, disse: Irmãos, ouvi-me:
  14. Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios para tomar dentre eles um povo para o seu Nome.
  15. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito:
  16. Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído; reedificarei as suas ruínas, e tornarei a levantá-lo;
  17. para que o resto dos homens busque ao Senhor, sim, todos os gentios, sobre os quais é invocado o meu nome,
  18. diz o Senhor que faz estas coisas, que são conhecidas desde a antiguidade.
  19. Por isso, julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus,
  20. mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.
  21. Porque Moisés, desde tempos antigos, tem em cada cidade homens que o preguem, e cada sábado é lido nas sinagogas.
  22. Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a igreja escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os irmãos.
  23. E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos e os anciãos, irmãos, aos irmãos dentre os gentios em Antioquia, na Síria e na Cicília, saúde.
  24. Portanto ouvimos que alguns dentre nós, aos quais nada mandamos, vos têm perturbado com palavras, confundindo as vossas almas,
  25. pareceu-nos bem, tendo chegado a um acordo, escolher alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo,
  26. homens que têm exposto as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
  27. Enviamos portanto Judas e Silas, os quais também por palavra vos anunciarão as mesmas coisas.
  28. Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas necessárias:
  29. Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e destas coisas fareis bem de vos guardar. Bem vos vá.
  30. Então eles, tendo-se despedido, desceram a Antioquia e, havendo reunido a assembléia, entregaram a carta.
  31. E, quando a leram, alegraram-se pela consolação.
  32. Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram os irmãos com muitas palavras e os fortaleceram.
  33. E, tendo-se demorado ali por algum tempo, foram pelos irmãos despedidos em paz, de volta aos que os haviam mandado.
  34. [Mas pareceu bem a Silas ficar ali.]
  35. Mas Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia, ensinando e pregando com muitos outros a palavra do Senhor.
  36. Decorridos alguns dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do Senhor, para ver como vão.
  37. Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado Marcos.
  38. Mas a Paulo não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha acompanhado no trabalho.
  39. E houve entre eles tal desavença que se separaram um do outro, e Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre.
  40. Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.
  41. E passou pela Síria e Cilícia, fortalecendo as igrejas.

Atos 16

  1. Chegou também a Derbe e Listra. E eis que estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego;
  2. do qual davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio.
  3. Paulo quis que este fosse com ele e, tomando-o, o circuncidou por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.
  4. Quando iam passando pelas cidades, entregavam aos irmãos, para serem observadas, as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém.
  5. Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e dia a dia cresciam em número.
  6. Atravessaram a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia;
  7. e tendo chegado diante da Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu.
  8. Então, passando pela Mísia, desceram a Trôade.
  9. De noite apareceu a Paulo esta visão: estava ali em pé um homem da Macedônia, que lhe rogava: Passa à Macedônia e ajuda-nos.
  10. E quando ele teve esta visão, procuravamos logo partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o evangelho.
  11. Navegando, pois, de Trôade, fomos em direitura a Samotrácia, e no dia seguinte a Neápolis;
  12. e dali para Filipos, que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade.
  13. No sábado saímos portas afora para a beira do rio, onde julgávamos haver um lugar de oração e, sentados, falávamos às mulheres ali reunidas.
  14. E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia.
  15. Depois que foi batizada, ela e a sua casa, rogou-nos, dizendo: Se haveis julgado que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso.
  16. Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores.
  17. Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação.
  18. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou- se e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora saiu.
  19. Ora, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro havia desaparecido, prenderam a Paulo e Silas, e os arrastaram para uma praça à presença dos magistrados.
  20. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, estão perturbando muito a nossa cidade.
  21. e pregam costumes que não nos é lícito receber nem praticar, sendo nós romanos.
  22. A multidão levantou-se à uma contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoitá-los com varas.
  23. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança.
  24. Ele, tendo recebido tal ordem, os lançou na prisão interior e lhes segurou os pés no tronco.
  25. Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam.
  26. De repente houve um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os grilhões de todos.
  27. Ora, o carcereiro, tendo acordado e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada e ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido.
  28. Mas Paulo bradou em alta voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, porque todos aqui estamos.
  29. Tendo ele pedido luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas
  30. e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é necessário fazer para me salvar?
  31. Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
  32. Então lhe pregaram a palavra de Deus, e a todos os que estavam em sua casa.
  33. Tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou- lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus.
  34. Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou- se muito com toda a sua casa, por ter crido em Deus.
  35. Quando amanheceu, os magistrados mandaram quadrilheiros a dizer: Soltai aqueles homens.
  36. E o carcereiro transmitiu a Paulo estas palavras, dizendo: Os magistrados mandaram que fosseis soltos; agora, pois, saí e ide em paz.
  37. Mas Paulo respondeu-lhes: Açoitaram-nos publicamente sem sermos condenados, sendo cidadãos romanos, e nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? De modo nenhum será assim; mas venham eles mesmos e nos tirem.
  38. E os quadrilheiros foram dizer aos magistrados estas palavras, e estes temeram quando ouviram que eles eram romanos;
  39. vieram, pediram-lhes desculpas e, tirando-os para fora, rogavam que se retirassem da cidade.
  40. Então eles saíram da prisão, entraram em casa de Lídia, e, vendo os irmãos, os confortaram, e partiram.

Atos 17

  1. Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga dos judeus.
  2. Ora, Paulo, segundo o seu costume, foi ter com eles; e por três sábados discutiu com eles as Escrituras,
  3. expondo e demonstrando que era necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos; este Jesus que eu vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.
  4. E alguns deles ficaram persuadidos e aderiram a Paulo e Silas, bem como grande multidão de gregos devotos e não poucas mulheres de posição.
  5. Mas os judeus, movidos de inveja, tomando consigo alguns homens maus dentre os vadios e ajuntando o povo, alvoroçavam a cidade e, assaltando a casa de Jáson, os procuravam para entregá-los ao povo.
  6. Porém, não os achando, arrastaram Jáson e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui,
  7. os quais Jáson acolheu; e todos eles procedem contra os decretos de César, dizendo haver outro rei, que é Jesus.
  8. Assim alvoroçaram a multidão e os magistrados da cidade, que ouviram estas coisas.
  9. Tendo, porém, recebido fiança de Jáson e dos demais, soltaram-nos.
  10. E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado, foram à sinagoga dos judeus.
  11. Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.
  12. De sorte que muitos deles creram, bem como bom número de mulheres gregas de alta posição e não poucos homens.
  13. Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que também em Beréia era anunciada por Paulo a palavra de Deus, foram lá agitar e sublevar as multidões.
  14. Imediatamente os irmãos fizeram sair a Paulo para que fosse até o mar; mas Silas e Timóteo ficaram ali.
  15. E os que acompanhavam a Paulo levaram-no até Atenas e, tendo recebido ordem para Silas e Timóteo a fim de que estes fossem ter com ele o mais depressa possível, partiram.
  16. Enquanto Paulo os esperava em Atenas, revoltava-se nele o seu espírito, vendo a cidade cheia de ídolos.
  17. Argumentava, portanto, na sinagoga com os judeus e os gregos devotos, e na praça todos os dias com os que se encontravam ali.
  18. Ora, alguns filósofos epicureus e estóicos disputavam com ele. Uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece ser pregador de deuses estranhos; pois anunciava a boa nova de Jesus e a ressurreição.
  19. E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
  20. Pois tu nos trazes aos ouvidos coisas estranhas; portanto queremos saber o que vem a ser isto.
  21. Ora, todos os atenienses, como também os estrangeiros que ali residiam, de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de contar ou de ouvir a última novidade.
  22. Então Paulo, estando de pé no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vejo que sois excepcionalmente religiosos;
  23. Porque, passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio.
  24. O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;
  25. nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
  26. e de um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação;
  27. para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós;
  28. porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração.
  29. Sendo nós, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida pela arte e imaginação do homem.
  30. Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam;
  31. porquanto determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou; e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.
  32. Mas quando ouviram falar em ressurreição de mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos ainda outra vez.
  33. Assim Paulo saiu do meio deles.
  34. Todavia, alguns homens aderiram a ele, e creram, entre os quais Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros.

Atos 18

  1. Depois disto Paulo partiu para Atenas e chegou a Corinto.
  2. E encontrando um judeu por nome Áqüila, natural do Ponto, que pouco antes viera da Itália, e Priscila, sua mulher (porque Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma), foi ter com eles,
  3. e, por ser do mesmo ofício, com eles morava, e juntos trabalhavam; pois eram, por ofício, fabricantes de tendas.
  4. Ele discutia todos os sábados na sinagoga, e persuadia a judeus e gregos.
  5. Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo dedicou- se inteiramente à palavra, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.
  6. Como estes, porém, se opusessem e proferissem injúrias, sacudiu ele as vestes e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora vou para os gentios.
  7. E saindo dali, entrou em casa de um homem temente a Deus, chamado Tito Justo, cuja casa ficava junto da sinagoga.
  8. Crispo, chefe da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados.
  9. E de noite disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales;
  10. porque eu estou contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade.
  11. E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.
  12. Sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo contra Paulo, e o levaram ao tribunal,
  13. dizendo: Este persuade os homens a render culto a Deus de um modo contrário à lei.
  14. E, quando Paulo estava para abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se de fato houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime perverso, com razão eu vos sofreria;
  15. mas, se são questões de palavras, de nomes, e da vossa lei, disso cuidai vós mesmos; porque eu não quero ser juiz destas coisas.
  16. E expulsou-os do tribunal.
  17. Então todos agarraram Sóstenes, chefe da sinagoga, e o espancavam diante do tribunal; e Gálio não se importava com nenhuma dessas coisas.
  18. Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áqüila, havendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto.
  19. E eles chegaram a Éfeso, onde Paulo os deixou; e tendo entrado na sinagoga, discutia com os judeus.
  20. Estes rogavam que ficasse por mais algum tempo, mas ele não anuiu,
  21. antes se despediu deles, dizendo: Se Deus quiser, de novo voltarei a vós; e navegou de Éfeso.
  22. Tendo chegado a Cesaréia, subiu a Jerusalém e saudou a igreja, e desceu a Antioquia.
  23. E, tendo demorado ali algum tempo, partiu, passando sucessivamente pela região da Galácia e da Frígia, fortalecendo a todos os discípulos.
  24. Ora, chegou a Éfeso certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.
  25. Era ele instruído no caminho do Senhor e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus, conhecendo entretanto somente o batismo de João.
  26. Ele começou a falar ousadamente na sinagoga: mas quando Priscila e Áqüila o ouviram, levaram-no consigo e lhe expuseram com mais precisão o caminho de Deus.
  27. Querendo ele passar à Acáia, os irmãos o animaram e escreveram aos discípulos que o recebessem; e tendo ele chegado, auxiliou muito aos que pela graça haviam crido.
  28. Pois com grande poder refutava publicamente os judeus, demonstrando pelas escrituras que Jesus era o Cristo.

Atos 19

  1. E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo tendo atravessado as regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,
  2. perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam-lhe eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo.
  3. Tornou-lhes ele: Em que fostes batizados então? E eles disseram: No batismo de João.
  4. Mas Paulo respondeu: João administrou o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que após ele havia de vir, isto é, em Jesus.
  5. Quando ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus.
  6. Havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas e profetizavam.
  7. E eram ao todo uns doze homens.
  8. Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus.
  9. Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho diante da multidão, apartou-se deles e separou os discípulos, discutindo diariamente na escola de Tirano.
  10. Durou isto por dois anos; de maneira que todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor.
  11. E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
  12. de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos.
  13. Ora, também alguns dos exorcistas judeus, ambulantes, tentavam invocar o nome de Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.
  14. E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, um dos principais sacerdotes.
  15. respondendo, porém, o espírito maligno, disse: A Jesus conheço, e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?
  16. Então o homem, no qual estava o espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois e prevaleceu contra eles, de modo que, nus e feridos, fugiram daquela casa.
  17. E isto tornou-se conhecido de todos os que moravam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.
  18. E muitos dos que haviam crido vinham, confessando e revelando os seus feitos.
  19. Muitos também dos que tinham praticado artes mágicas ajuntaram os seus livros e os queimaram na presença de todos; e, calculando o valor deles, acharam que montava a cinqüenta mil moedas de prata.
  20. Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.
  21. Cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, porque dizia: Depois de haver estado ali, é-me necessário ver também Roma.
  22. E, enviando à Macedônia dois dos que o auxiliavam, Timóteo e Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia.
  23. Por esse tempo houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho.
  24. Porque certo ourives, por nome Demétrio, que fazia da prata miniaturas do templo de Diana, proporcionava não pequeno negócio aos artífices,
  25. os quais ele ajuntou, bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta indústria nos vem a prosperidade,
  26. e estais vendo e ouvindo que não é só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desviado muita gente, dizendo não serem deuses os que são feitos por mãos humanas.
  27. E não somente há perigo de que esta nossa profissão caia em descrédito, mas também que o templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo mesmo a ser destituída da sua majestade aquela a quem toda a Ásia e o mundo adoram.
  28. Ao ouvirem isso, encheram-se de ira, e clamavam, dizendo: Grande é a Diana dos efésios!
  29. A cidade encheu-se de confusão, e todos à uma correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem.
  30. Querendo Paulo apresentar-se ao povo, os discípulos não lho permitiram.
  31. Também alguns dos asiarcas, sendo amigos dele, mandaram rogar-lhe que não se arriscasse a ir ao teatro.
  32. Uns, pois, gritavam de um modo, outros de outro; porque a assembléia estava em confusão, e a maior parte deles nem sabia por que causa se tinham ajuntado.
  33. Então tiraram dentre a turba a Alexandre, a quem os judeus impeliram para a frente; e Alexandre, acenando com a mão, queria apresentar uma defesa ao povo.
  34. Mas quando perceberam que ele era judeu, todos a uma voz gritaram por quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios!
  35. Havendo o escrivão conseguido apaziguar a turba, disse: Varões efésios, que homem há que não saiba que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que caiu de Júpiter?
  36. Ora, visto que estas coisas não podem ser contestadas, convém que vos aquieteis e nada façais precipitadamente.
  37. Porque estes homens que aqui trouxestes, nem são sacrílegos nem blasfemadores da nossa deusa.
  38. Todavia, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma queixa contra alguém, os tribunais estão abertos e há procônsules: que se acusem uns aos outros.
  39. E se demandais alguma outra coisa, averiguar-se-á em legítima assembléia.
  40. Pois até corremos perigo de sermos acusados de sedição pelos acontecimentos de hoje, não havendo motivo algum com que possamos justificar este ajuntamento.
  41. E, tendo dito isto, despediu a assembléia.

Atos 20

  1. Depois que cessou o alvoroço, Paulo mandou chamar os discípulos e, tendo-os exortado, despediu-se e partiu para a Macedônia.
  2. E, havendo andado por aquelas regiões, exortando os discípulos com muitas palavras, veio à Grécia.
  3. Depois de passar ali três meses, visto terem os judeus armado uma cilada contra ele quando ia embarcar para a Síria, determinou voltar pela Macedônia.
  4. Acompanhou-o Sópater de Beréia, filho de Pirro; bem como dos de Tessalônica, Aristarco e Segundo; Gaio de Derbe e Timóteo; e dos da Ásia, Tíquico e Trófimo.
  5. Estes porém, foram adiante e nos esperavam em Trôade.
  6. E nós, depois dos dias dos pães ázimos, navegamos de Filipos, e em cinco dias fomos ter com eles em Trôade, onde nos detivemos sete dias.
  7. No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão, Paulo, que havia de sair no dia seguinte, falava com eles, e prolongou o seu discurso até a meia-noite.
  8. Ora, havia muitas luzes no cenáculo onde estávamos reunidos.
  9. E certo jovem, por nome åutico, que estava sentado na janela, tomado de um sono profundo enquanto Paulo prolongava ainda mais o seu sermão, vencido pelo sono caiu do terceiro andar abaixo, e foi levantado morto.
  10. Tendo Paulo descido, debruçou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, pois a sua alma está nele.
  11. Então subiu, e tendo partido o pão e comido, ainda lhes falou largamente até o romper do dia; e assim partiu.
  12. E levaram vivo o jovem e ficaram muito consolados.
  13. Nós, porém, tomando a dianteira e embarcando, navegamos para Assôs, onde devíamos receber a Paulo, porque ele, havendo de ir por terra, assim o ordenara.
  14. E, logo que nos alcançou em Assôs, recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene;
  15. e navegando dali, chegamos no dia imediato defronte de Quios, no outro aportamos a Samos e [e tendo-nos demorado em Trogílio, chegamos,] no dia seguinte a Mileto.
  16. Porque Paulo havia determinado passar ao largo de Éfeso, para não se demorar na Ásia; pois se apressava para estar em Jerusalém no dia de Pentecostes, se lhe fosse possível.
  17. De Mileto mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja.
  18. E, tendo eles chegado, disse-lhes: Vós bem sabeis de que modo me tenho portado entre vós sempre, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia,
  19. servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram;
  20. como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa,
  21. testificando, tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.
  22. Agora, eis que eu, constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém, não sabendo o que ali acontecerá,
  23. senão o que o Espírito Santo me testifica, de cidade em cidade, dizendo que me esperam prisões e tribulações.
  24. mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contando que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.
  25. E eis agora, sei que nenhum de vós, por entre os quais passei pregando o reino de Deus, jamais tornará a ver o meu rosto.
  26. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.
  27. Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus.
  28. Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.
  29. Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho,
  30. e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si.
  31. Portanto vigiai, lembrando-vos de que por três anos não cessei noite e dia de admoestar com lágrimas a cada um de vós.
  32. Agora pois, vos encomendo a Deus e à palavra da sua graça, àquele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.
  33. De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes.
  34. Vós mesmos sabeis que estas mãos proveram as minhas necessidades e as dos que estavam comigo.
  35. Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber.
  36. Havendo dito isto, pôs-se de joelhos, e orou com todos eles.
  37. E levantou-se um grande pranto entre todos, e lançando-se ao pescoço de Paulo, beijavam-no.
  38. entristecendo-se principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o seu rosto. E eles o acompanharam até o navio.

Atos 21

  1. E assim aconteceu que, separando-nos deles, navegamos e, correndo em direitura, chegamos a Cós, e no dia seguinte a Rodes, e dali a Pátara.
  2. Achando um navio que seguia para a Fenícia, embarcamos e partimos.
  3. E quando avistamos Chipre, deixando-a á esquerda, navegamos para a Síria e chegamos a Tiro, pois o navio havia de ser descarregado ali.
  4. Havendo achado os discípulos, demoramo-nos ali sete dias; e eles pelo Espírito diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém.
  5. Depois de passarmos ali aqueles dias, saímos e seguimos a nossa viagem, acompanhando-nos todos, com suas mulheres e filhos, até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos,
  6. e despedindo-nos uns dos outros, embarcamos, e eles voltaram para casa.
  7. Concluída a nossa viagem de Tiro, chegamos a Ptolemaida; e, havendo saudado os irmãos, passamos um dia com eles.
  8. Partindo no dia seguinte, fomos a Cesaréia; e entrando em casa de Felipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.
  9. Tinha este quatro filhas virgens que profetizavam.
  10. Demorando-nos ali por muitos dias, desceu da Judéia um profeta, de nome Ágabo;
  11. e vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo e, ligando os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus ligarão em Jerusalém o homem a quem pertence esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.
  12. Quando ouvimos isto, rogamos-lhe, tanto nós como os daquele lugar, que não subisse a Jerusalém.
  13. Então Paulo respondeu: Que fazeis chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.
  14. E, como não se deixasse persuadir, dissemos: Faça-se a vontade do Senhor; e calamo-nos.
  15. Depois destes dias, havendo feito os preparativos, fomos subindo a Jerusalém.
  16. E foram também conosco alguns discípulos de Cesaréia, levando consigo um certo Mnáson, cíprio, discípulo antigo, com quem nos havíamos de hospedar.
  17. E chegando nós a Jerusalém, os irmãos nos receberam alegremente.
  18. No dia seguinte Paulo foi em nossa companhia ter com Tiago, e compareceram todos os anciãos.
  19. E, havendo-os saudado, contou-lhes uma por uma as coisas que por seu ministério Deus fizera entre os gentios.
  20. Ouvindo eles isto, glorificaram a Deus, e disseram-lhe: Bem vês, irmãos, quantos milhares há entre os judeus que têm crido, e todos são zelosos da lei; gregos, ouviram a palavra do
  21. e têm sido informados a teu respeito que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a se apartarem de Moisés, dizendo que não circuncidem seus filhos, nem andem segundo os costumes da lei.
  22. Que se há de fazer, pois? Certamente saberão que és chegado.
  23. Faze, pois, o que te vamos dizer: Temos quatro homens que fizeram voto;
  24. toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles as despesas para que rapem a cabeça; e saberão todos que é falso aquilo de que têm sido informados a teu respeito, mas que também tu mesmo andas corretamente, guardando a lei.
  25. Todavia, quanto aos gentios que têm crido já escrevemos, dando o parecer que se abstenham do que é sacrificado a os ídolos, do sangue, do sufocado e da prostituição.
  26. Então Paulo, no dia seguinte, tomando consigo aqueles homens, purificou-se com eles e entrou no templo, notificando o cumprimento dos dias da purificação, quando seria feita a favor de cada um deles a respectiva oferta.
  27. Mas quando os sete dias estavam quase a terminar, os judeus da Ásia, tendo-o visto no templo, alvoroçaram todo o povo e agarraram-no,
  28. clamando: Varões israelitas, acudi; este é o homem que por toda parte ensina a todos contra o povo, contra a lei, e contra este lugar; e ainda, além disso, introduziu gregos no templo, e tem profanado este santo lugar.
  29. Porque tinham visto com ele na cidade a Trófimo de Éfeso, e pensavam que Paulo o introduzira no templo.
  30. Alvoroçou-se toda a cidade, e houve ajuntamento do povo; e agarrando a Paulo, arrastaram-no para fora do templo, e logo as portas se fecharam.
  31. E, procurando eles matá-lo, chegou ao comandante da coorte o aviso de que Jerusalém estava toda em confusão;
  32. o qual, tomando logo consigo soldados e centuriões, correu para eles; e quando viram o comandante e os soldados, cessaram de espancar a Paulo.
  33. Então aproximando-se o comandante, prendeu-o e mandou que fosse acorrentado com duas cadeias, e perguntou quem era e o que tinha feito.
  34. E na multidão uns gritavam de um modo, outros de outro; mas, não podendo por causa do alvoroço saber a verdade, mandou conduzí-lo à fortaleza.
  35. E sucedeu que, chegando às escadas, foi ele carregado pelos soldados por causa da violência da turba.
  36. Pois a multidão o seguia, gritando: Mata-o!
  37. Quando estava para ser introduzido na fortaleza, disse Paulo ao comandante: É-me permitido dizer-te alguma coisa? Respondeu ele: Sabes o grego?
  38. Não és porventura o egípcio que há poucos dias fez uma sedição e levou ao deserto os quatro mil sicários?
  39. Mas Paulo lhe disse: Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia; rogo-te que me permitas falar ao povo.
  40. E, havendo-lho permitido o comandante, Paulo, em pé na escada, fez sinal ao povo com a mão; e, feito grande silêncio, falou em língua hebraica, dizendo:

Atos 22

  1. Irmãos e pais, ouvi a minha defesa, que agora faço perante vós.
  2. Ora, quando ouviram que lhes falava em língua hebraica, guardaram ainda maior silêncio. E ele prosseguiu.
  3. Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje.
  4. E persegui este Caminho até a morte, algemando e metendo em prisões tanto a homens como a mulheres,
  5. do que também o sumo sacerdote me é testemunha, e assim todo o conselho dos anciãos; e, tendo recebido destes cartas para os irmãos, seguia para Damasco, com o fim de trazer algemados a Jerusalém aqueles que ali estivessem, para que fossem castigados.
  6. Aconteceu, porém, que, quando caminhava e ia chegando perto de Damasco, pelo meio-dia, de repente, do céu brilhou-me ao redor uma grande luz.
  7. Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
  8. Eu respondi: Quem és tu, Senhor? Disse-me: Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu persegues.
  9. E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, mas não entenderam a voz daquele que falava comigo.
  10. Então disse eu: Senhor que farei? E o Senhor me disse: Levanta-te, e vai a Damasco, onde se te dirá tudo o que te é ordenado fazer.
  11. Como eu nada visse por causa do esplendor daquela luz, guiado pela mão dos que estavam comigo cheguei a Damasco.
  12. um certo Ananias, varão piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam,
  13. vindo ter comigo, de pé ao meu lado, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela mesma hora, recobrando a vista, eu o vi.
  14. Disse ele: O Deus de nossos pais de antemão te designou para conhecer a sua vontade, ver o Justo, e ouvir a voz da sua boca.
  15. Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido.
  16. Agora por que te demoras? Levanta-te, batiza-te e lava os teus pecados, invocando o seu nome.
  17. Aconteceu que, tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, achei-me em êxtase,
  18. e vi aquele que me dizia: Apressa-te e sai logo de Jerusalém; porque não receberão o teu testemunho acerca de mim.
  19. Disse eu: Senhor, eles bem sabem que eu encarcerava e açoitava pelas sinagogas os que criam em ti,
  20. e quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentindo na sua morte e guardando as capas dos que o matavam.
  21. Disse-me ele: Vai, porque eu te enviarei para longe aos gentios.
  22. Ora, escutavam-no até esta palavra, mas então levantaram a voz, dizendo: Tira do mundo tal homem, porque não convém que viva.
  23. Gritando eles e arrojando de si as capas e lançando pó para o ar,
  24. o comandante mandou que levassem Paulo para dentro da fortaleza, ordenando que fosse interrogado debaixo de açoites, para saber por que causa assim clamavam contra ele.
  25. Quando o haviam atado com as correias, disse Paulo ao centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um cidadão romano, sem ser ele condenado?
  26. Ouvindo isto, foi o centurião ter com o comandante e o avisou, dizendo: Vê o que estás para fazer, pois este homem é romano.
  27. Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano? Respondeu ele: Sou.
  28. Tornou o comandante: Eu por grande soma de dinheiro adquiri este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento.
  29. Imediatamente, pois se apartaram dele aqueles que o iam interrogar; e até o comandante, tendo sabido que Paulo era romano, atemorizou-se porque o havia ligado.
  30. No dia seguinte, querendo saber ao certo a causa por que ele era acusado pelos judeus, soltou-o das prisões, e mandou que se reunissem os principais sacerdotes e todo o sinédrio; e, trazendo Paulo, apresentou-o diante deles.

Atos 23

  1. Fitando Paulo os olhos no sinédrio, disse: Varões irmãos, até o dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência.
  2. Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele que o ferissem na boca.
  3. Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá a ti, parede branqueada; tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei, e contra a lei mandas que eu seja ferido?
  4. Os que estavam ali disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus?
  5. Disse Paulo: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo.
  6. Sabendo Paulo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no sinédrio: Varões irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus; é por causa da esperança da ressurreição dos mortos que estou sendo julgado.
  7. Ora, dizendo ele isto, surgiu dissensão entre os fariseus e saduceus; e a multidão se dividiu.
  8. Porque os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus reconhecem uma e outra coisa.
  9. Daí procedeu grande clamor; e levantando-se alguns da parte dos fariseus, altercavam, dizendo: Não achamos nenhum mal neste homem; e, quem sabe se lhe falou algum espírito ou anjo?
  10. E avolumando-se a dissenção, o comandante, temendo que Paulo fosse por eles despedaçado, mandou que os soldados descessem e o tirassem do meio deles e o levassem para a fortaleza.
  11. Na noite seguinte, apresentou-se-lhe o Senhor e disse: Tem bom ânimo: porque, como deste testemunho de mim em Jerusalém, assim importa que o dês também em Roma.
  12. Quando já era dia, coligaram-se os judeus e juraram sob pena de maldição que não comeriam nem beberiam enquanto não matassem a Paulo.
  13. Eram mais de quarenta os que fizeram esta conjuração;
  14. e estes foram ter com os principais sacerdotes e anciãos, e disseram: Conjuramo-nos sob pena de maldição a não provarmos coisa alguma até que matemos a Paulo.
  15. Agora, pois, vós, com o sinédrio, rogai ao comandante que o mande descer perante vós como se houvésseis de examinar com mais precisão a sua causa; e nós estamos prontos para matá-lo antes que ele chegue.
  16. Mas o filho da irmã de Paulo tendo sabido da cilada, foi, entrou na fortaleza e avisou a Paulo.
  17. Chamando Paulo um dos centuriões, disse: Leva este moço ao comandante, porque tem alguma coisa que lhe comunicar.
  18. Tomando-o ele, pois, levou-o ao comandante e disse: O preso Paulo, chamando-me, pediu-me que trouxesse à tua presença este moço, que tem alguma coisa a dizer-te.
  19. O comandante tomou-o pela mão e, retirando-se à parte, perguntou-lhe em particular: Que é que tens a contar-me?
  20. Disse ele: Os judeus combinaram rogar-te que amanhã mandes Paulo descer ao sinédrio, como que tendo de inquirir com mais precisão algo a seu respeito;
  21. tu, pois, não te deixes persuadir por eles; porque mais de quarenta homens dentre eles armaram ciladas, os quais juraram sob pena de maldição não comerem nem beberem até que o tenham morto; e agora estão aprestados, esperando a tua promessa.
  22. Então o comandante despediu o moço, ordenando-lhe que a ninguém dissesse que lhe havia contado aquilo.
  23. Chamando dois centuriões, disse: Aprontai para a terceira hora da noite duzentos soldados de infantaria, setenta de cavalaria e duzentos lanceiros para irem até Cesaréia;
  24. e mandou que aparelhassem cavalgaduras para que Paulo montasse, a fim de o levarem salvo ao governador Félix.
  25. E escreveu-lhe uma carta nestes termos:
  26. Cláudio Lísias, ao excelentíssimo governador Félix, saúde.
  27. Este homem foi preso pelos judeus, e estava a ponto de ser morto por eles quando eu sobrevim com a tropa e o livrei ao saber que era romano.
  28. Querendo saber a causa por que o acusavam, levei-o ao sinédrio deles;
  29. e achei que era acusado de questões da lei deles, mas que nenhum crime havia nele digno de morte ou prisão.
  30. E quando fui informado que haveria uma cilada contra o homem, logo to enviei, intimando também aos acusadores que perante ti se manifestem contra ele. [Passa bem.]
  31. Os soldados, pois, conforme lhes fora mandado, tomando a Paulo, o levaram de noite a Antipátride.
  32. Mas no dia seguinte, deixando aos de cavalaria irem com ele, voltaram à fortaleza;
  33. os quais, logo que chegaram a Cesaréia e entregaram a carta ao governador, apresentaram-lhe também Paulo.
  34. Tendo lido a carta, o governador perguntou de que província ele era; e, sabendo que era da Cilícia,
  35. disse: Ouvir-te-ei quando chegarem também os teus acusadores; e mandou que fosse guardado no pretório de Herodes.

Atos 24

  1. Cinco dias depois o sumo sacerdote Ananias desceu com alguns anciãos e um certo Tertulo, orador, os quais fizeram, perante o governador, queixa contra Paulo.
  2. Sendo este chamado, Tertulo começou a acusá-lo, dizendo: Visto que por ti gozamos de muita paz e por tua providência são continuamente feitas reformas nesta nação,
  3. em tudo e em todo lugar reconhecemo-lo com toda a gratidão, ó excelentíssimo Félix.
  4. Mas, para que não te detenha muito rogo-te que, conforme a tua eqüidade, nos ouças por um momento.
  5. Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo, e chefe da seita dos nazarenos;
  6. o qual tentou profanar o templo; e nós o prendemos, [e conforme a nossa lei o quisemos julgar.
  7. Mas sobrevindo o comandante Lísias no-lo tirou dentre as mãos com grande violência, mandando aos acusadores que viessem a ti.]
  8. e tu mesmo, examinando-o, poderás certificar-te de tudo aquilo de que nós o acusamos.
  9. Os judeus também concordam na acusação, afirmando que estas coisas eram assim.
  10. Paulo, tendo-lhe o governador feito sinal que falasse, respondeu: Porquanto sei que há muitos anos és juiz sobre esta nação, com bom ânimo faço a minha defesa,
  11. pois bem podes verificar que não há mais de doze dias subi a Jerusalém para adorar,
  12. e que não me acharam no templo discutindo com alguém nem amotinando o povo, quer nas sinagogas quer na cidade.
  13. Nem te podem provar as coisas de que agora me acusam.
  14. Mas confesso-te isto: que, seguindo o caminho a que eles chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas,
  15. tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos.
  16. Por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensas diante de Deus e dos homens.
  17. Vários anos depois vim trazer à minha nação esmolas e fazer oferendas;
  18. e ocupado nestas coisas me acharam já santificado no templo não em ajuntamento, nem com tumulto, alguns judeus da Ásia,
  19. os quais deviam comparecer diante de ti e acusar-me se tivessem alguma coisa contra mim;
  20. ou estes mesmos digam que iniquidade acharam, quando compareci perante o sinédrio,
  21. a não ser acerca desta única palavra que, estando no meio deles, bradei: Por causa da ressurreição dos mortos é que hoje estou sendo julgado por vós.
  22. Félix, porém, que era bem informado a respeito do Caminho, adiou a questão, dizendo: Quando o comandante Lísias tiver descido, então tomarei inteiro conhecimento da vossa causa.
  23. E ordenou ao centurião que Paulo ficasse detido, mas fosse tratado com brandura e que a nenhum dos seus proibisse servi-lo.
  24. Alguns dias depois, vindo Félix com sua mulher Drusila, que era judia, mandou chamar a Paulo, e ouviu-o acerca da fé em Cristo Jesus.
  25. E discorrendo ele sobre a justiça, o domínio próprio e o juízo vindouro, Félix ficou atemorizado e respondeu: Por ora vai-te, e quando tiver ocasião favorável, eu te chamarei.
  26. Esperava ao mesmo tempo que Paulo lhe desse dinheiro, pelo que o mandava chamar mais freqüentemente e conversava com ele.
  27. Mas passados dois anos, teve Félix por sucessor a Pórcio Festo; e querendo Félix agradar aos judeus, deixou a Paulo preso.

Atos 25

  1. Tendo, pois, entrado Festo na província, depois de três dias subiu de Cesaréia a Jerusalém.
  2. E os principais sacerdotes e os mais eminentes judeus fizeram-lhe queixa contra Paulo e, em detrimento deste,
  3. lhe rogavam o favor de o mandar a Jerusalém, armando ciladas para o matarem no caminho.
  4. Mas Festo respondeu que Paulo estava detido em Cesaréia, e que ele mesmo brevemente partiria para lá.
  5. Portanto – disse ele – as autoridades dentre vós desçam comigo e, se há nesse homem algum crime, acusem-no.
  6. Tendo-se demorado entre eles não mais de oito ou dez dias, desceu a Cesaréia; e no dia seguinte, sentando-se no tribunal, mandou trazer Paulo.
  7. Tendo ele comparecido, rodearam-no os judeus que haviam descido de Jerusalém, trazendo contra ele muitas e graves acusações, que não podiam provar.
  8. Paulo, porém, respondeu em sua defesa: Nem contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César, tenho pecado em coisa alguma.
  9. Todavia Festo, querendo agradar aos judeus, respondendo a Paulo, disse: Queres subir a Jerusalém e ali ser julgado perante mim acerca destas coisas?
  10. Mas Paulo disse: Estou perante o tribunal de César, onde devo ser julgado; nenhum mal fiz aos judeus, como muito bem sabes.
  11. Se, pois, sou malfeitor e tenho cometido alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; mas se nada há daquilo de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles; apelo para César.
  12. Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César; para César irás.
  13. Passados alguns dias, o rei Agripa e Berenice vieram a Cesaréia em visita de saudação a Festo.
  14. E, como se demorassem ali muitos dias, Festo expôs ao rei o caso de Paulo, dizendo: Há aqui certo homem que foi deixado preso por Félix,
  15. a respeito do qual, quando estive em Jerusalém, os principais sacerdotes e os anciãos dos judeus me fizeram queixas, pedindo sentença contra ele;
  16. aos quais respondi que não é costume dos romanos condenar homem algum sem que o acusado tenha presentes os seus acusadores e possa defender-se da acusação.
  17. Quando então eles se haviam reunido aqui, sem me demorar, no dia seguinte sentei-me no tribunal e mandei trazer o homem;
  18. contra o qual os acusadores, levantando-se, não apresentaram acusação alguma das coisas perversas que eu suspeitava;
  19. tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar vivo.
  20. E, estando eu perplexo quanto ao modo de investigar estas coisas, perguntei se não queria ir a Jerusalém e ali ser julgado no tocante às mesmas.
  21. Mas apelando Paulo para que fosse reservado ao julgamento do imperador, mandei que fosse detido até que o enviasse a César.
  22. Então Agripa disse a Festo: Eu bem quisera ouvir esse homem. Respondeu-lhe ele: Amanhã o ouvirás.
  23. No dia seguinte vindo Agripa e Berenice, com muito aparato, entraram no auditório com os chefes militares e homens principais da cidade; então, por ordem de Festo, Paulo foi trazido.
  24. Disse Festo: Rei Agripa e vós todos que estais presentes conosco, vedes este homem por causa de quem toda a multidão dos judeus, tanto em Jerusalém como aqui, recorreu a mim, clamando que não convinha que ele vivesse mais.
  25. Eu, porém, achei que ele não havia praticado coisa alguma digna de morte; mas havendo ele apelado para o imperador, resolvi remeter-lho.
  26. Do qual não tenho coisa certa que escreva a meu senhor, e por isso perante vós o trouxe, principalmente perante ti, ó rei Agripa, para que, depois de feito o interrogatório, tenha eu alguma coisa que escrever.
  27. Porque não me parece razoável enviar um preso, e não notificar as acusações que há contra ele.

Atos 26

  1. Depois Agripa disse a Paulo: É-te permitido fazer a tua defesa. Então Paulo, estendendo a mão, começou a sua defesa:
  2. Sinto-me feliz, ó rei Agripa, em poder defender-me hoje perante ti de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus;
  3. mormente porque és versado em todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência.
  4. A minha vida, pois, desde a mocidade, o que tem sido sempre entre o meu povo e em Jerusalém, sabem-na todos os judeus,
  5. pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
  6. E agora estou aqui para ser julgado por causa da esperança da promessa feita por Deus a nossos pais,
  7. a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente noite e dia, esperam alcançar; é por causa desta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus.
  8. Por que é que se julga entre vós incrível que Deus ressuscite os mortos?
  9. Eu, na verdade, cuidara que devia praticar muitas coisas contra o nome de Jesus, o nazareno;
  10. o que, com efeito, fiz em Jerusalém. Pois havendo recebido autoridade dos principais dos sacerdotes, não somente encerrei muitos dos santos em prisões, como também dei o meu voto contra eles quando os matavam.
  11. E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, obrigava-os a blasfemar; e enfurecido cada vez mais contra eles, perseguia-os até nas cidades estrangeiras.
  12. Indo com este encargo a Damasco, munido de poder e comissão dos principais sacerdotes,
  13. ao meio-dia, ó rei vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, resplandecendo em torno de mim e dos que iam comigo.
  14. E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me dizia em língua hebráica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.
  15. Disse eu: Quem és, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
  16. mas levanta-te e põe-te em pé; pois para isto te apareci, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas em que me tens visto como daquelas em que te hei de aparecer;
  17. livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais te envio,
  18. para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim.
  19. Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial,
  20. antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco, e depois em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia e também aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento.
  21. Por causa disto os judeus me prenderam no templo e procuravam matar-me.
  22. Tendo, pois, alcançado socorro da parte de Deus, ainda até o dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada senão o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer;
  23. isto é, como o Cristo devia padecer, e como seria ele o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e também aos gentios.
  24. Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar.
  25. Mas Paulo disse: Não deliro, ó excelentíssimo Festo, antes digo palavras de verdade e de perfeito juízo.
  26. Porque o rei, diante de quem falo com liberdade, sabe destas coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto.
  27. Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Sei que crês.
  28. Disse Agripa a Paulo: Por pouco me persuades a fazer-me cristão.
  29. Respondeu Paulo: Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos hoje me ouvem, se tornassem tais qual eu sou, menos estas cadeias.
  30. E levantou-se o rei, e o governador, e Berenice, e os que com eles estavam sentados,
  31. e retirando-se falavam uns com os outros, dizendo: Este homem não fez nada digno de morte ou prisão.
  32. Então Agripa disse a Festo: Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César.

Atos 27

  1. E, como se determinou que navegássemos para a Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião por nome Júlio, da coorte augusta.
  2. E, embarcando em um navio de Adramítio, que estava prestes a navegar em demanda dos portos pela costa da Ásia, fizemo-nos ao mar, estando conosco Aristarco, macedônio de Tessalônica.
  3. No dia seguinte chegamos a Sidom, e Júlio, tratando Paulo com bondade, permitiu-lhe ir ver os amigos e receber deles os cuidados necessários.
  4. Partindo dali, fomos navegando a sotavento de Chipre, porque os ventos eram contrários.
  5. Tendo atravessado o mar ao longo da Cilícia e Panfília, chegamos a Mirra, na Lícia.
  6. Ali o centurião achou um navio de Alexandria que navegava para a Itália, e nos fez embarcar nele.
  7. Navegando vagarosamente por muitos dias, e havendo chegado com dificuldade defronte de Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos a sotavento de Creta, à altura de Salmone;
  8. e, costeando-a com dificuldade, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséia.
  9. Havendo decorrido muito tempo e tendo-se tornado perigosa a navegação, porque já havia passado o jejum, Paulo os advertia,
  10. dizendo-lhes: Senhores, vejo que a viagem vai ser com avaria e muita perda não só para a carga e o navio, mas também para as nossas vidas.
  11. Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao dono do navio do que às coisas que Paulo dizia.
  12. E não sendo o porto muito próprio para invernar, os mais deles foram de parecer que daí se fizessem ao mar para ver se de algum modo podiam chegar a Fênice, um porto de Creta que olha para o nordeste e para o sueste, para ali invernar.
  13. Soprando brandamente o vento sul, e supondo eles terem alcançado o que desejavam, levantaram ferro e iam costeando Creta bem de perto.
  14. Mas não muito depois desencadeou-se do lado da ilha um tufão de vento chamado euro-aquilão;
  15. e, sendo arrebatado o navio e não podendo navegar contra o vento, cedemos à sua força e nos deixávamos levar.
  16. Correndo a sota-vento de uma pequena ilha chamada Clauda, somente a custo pudemos segurar o batel,
  17. o qual recolheram, usando então os meios disponíveis para cingir o navio; e, temendo que fossem lançados na Sirte, arriaram os aparelhos e se deixavam levar.
  18. Como fôssemos violentamente açoitados pela tempestade, no dia seguinte começaram a alijar a carga ao mar.
  19. E ao terceiro dia, com as próprias mãos lançaram os aparelhos do navio.
  20. Não aparecendo por muitos dia nem sol nem estrelas, e sendo nós ainda batidos por grande tempestade, fugiu-nos afinal toda a esperança de sermos salvos.
  21. Havendo eles estado muito tempo sem comer, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Senhores, devíeis ter-me ouvido e não ter partido de Creta, para evitar esta avaria e perda.
  22. E agora vos exorto a que tenhais bom ânimo, pois não se perderá vida alguma entre vós, mas somente o navio.
  23. Porque esta noite me apareceu um anjo do Deus de quem eu sou e a quem sirvo,
  24. dizendo: Não temas, Paulo, importa que compareças perante César, e eis que Deus te deu todos os que navegam contigo.
  25. Portanto, senhores, tende bom ânimo; pois creio em Deus que há de suceder assim como me foi dito.
  26. Contudo é necessário irmos dar em alguma ilha.
  27. Quando chegou a décima quarta noite, sendo nós ainda impelidos pela tempestade no mar de Ádria, pela meia-noite, suspeitaram os marinheiros a proximidade de terra;
  28. e lançando a sonda, acharam vinte braças; passando um pouco mais adiante, e tornando a lançar a sonda, acharam quinze braças.
  29. Ora, temendo irmos dar em rochedos, lançaram da popa quatro âncoras, e esperaram ansiosos que amanhecesse.
  30. Procurando, entrementes, os marinheiros fugir do navio, e tendo arriado o batel ao mar sob pretexto de irem lançar âncoras pela proa,
  31. disse Paulo ao centurião e aos soldados: Se estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos.
  32. Então os soldados cortaram os cabos do batel e o deixaram cair.
  33. Enquanto amanhecia, Paulo rogava a todos que comessem alguma coisa, dizendo: É já hoje o décimo quarto dia que esperais e permaneceis em jejum, não havendo provado coisa alguma.
  34. Rogo-vos, portanto, que comais alguma coisa, porque disso depende a vossa segurança; porque nem um cabelo cairá da cabeça de qualquer de vós.
  35. E, havendo dito isto, tomou o pão, deu graças a Deus na presença de todos e, partindo-o começou a comer.
  36. Então todos cobraram ânimo e se puseram também a comer.
  37. Éramos ao todo no navio duzentas e setenta e seis almas.
  38. Depois de saciados com a comida, começaram a aliviar o navio, alijando o trigo no mar.
  39. Quando amanheceu, não reconheciam a terra; divisavam, porém, uma enseada com uma praia, e consultavam se poderiam nela encalhar o navio.
  40. Soltando as âncoras, deixaram-nas no mar, largando ao mesmo tempo as amarras do leme; e, içando ao vento a vela da proa, dirigiram-se para a praia.
  41. Dando, porém, num lugar onde duas correntes se encontravam, encalharam o navio; e a proa, encravando-se, ficou imóvel, mas a popa se desfazia com a força das ondas.
  42. Então o parecer dos soldados era que matassem os presos para que nenhum deles fugisse, escapando a nado.
  43. Mas o centurião, querendo salvar a Paulo, estorvou-lhes este intento; e mandou que os que pudessem nadar fossem os primeiros a lançar-se ao mar e alcançar a terra;
  44. e que os demais se salvassem, uns em tábuas e outros em quaisquer destroços do navio. Assim chegaram todos à terra salvos.

Atos 28

  1. Estando já salvos, soubemos então que a ilha se chamava Malta.
  2. Os indígenas usaram conosco de não pouca humanidade; pois acenderam uma fogueira e nos recolheram a todos por causa da chuva que caía, e por causa do frio.
  3. Ora havendo Paulo ajuntado e posto sobre o fogo um feixe de gravetos, uma víbora, fugindo do calor, apegou-se-lhe à mão.
  4. Quando os indígenas viram o réptil pendente da mão dele, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida, pois, embora salvo do mar, a Justiça não o deixa viver.
  5. Mas ele, sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal nenhum.
  6. Eles, porém, esperavam que Paulo viesse a inchar ou a cair morto de repente; mas tendo esperado muito tempo e vendo que nada de anormal lhe sucedia, mudaram de parecer e diziam que era um deus.
  7. Ora, nos arredores daquele lugar havia umas terras que pertenciam ao homem principal da ilha, por nome Públio, o qual nos recebeu e hospedou bondosamente por três dias.
  8. Aconteceu estar de cama, enfermo de febre e disenteria, o pai de Públio; Paulo foi visitá-lo, e havendo orado, impôs-lhe as mãos, e o curou.
  9. Feito isto, vinham também os demais enfermos da ilha, e eram curados;
  10. e estes nos distinguiram com muitas honras; e, ao embarcarmos, puseram a bordo as coisas que nos eram necessárias.
  11. Passados três meses, partimos em um navio de Alexandria que invernara na ilha, o qual tinha por insígnia Castor e Pólux.
  12. E chegando a Siracusa, ficamos ali três dias;
  13. donde, costeando, viemos a Régio; e, soprando no dia seguinte o vento sul, chegamos em dois dias a Putéoli,
  14. onde, achando alguns irmãos, fomos convidados a ficar com eles sete dias; e depois nos dirigimos a Roma.
  15. Ora, os irmãos da lá, havendo recebido notícias nossas, vieram ao nosso encontro até a praça de Ápio e às Três Vendas, e Paulo, quando os viu, deu graças a Deus e cobrou ânimo.
  16. Quando chegamos a Roma, [o centurião entregou os presos ao general do exército, mas,] a Paulo se lhe permitiu morar à parte, com o soldado que o guardava.
  17. Passados três dias, ele convocou os principais dentre os judeus; e reunidos eles, disse-lhes: Varões irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos, vim contudo preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos romanos;
  18. os quais, havendo-me interrogado, queriam soltar-me, por não haver em mim crime algum que merecesse a morte.
  19. Mas opondo-se a isso os judeus, vi-me obrigado a apelar para César, não tendo, contudo, nada de que acusar a minha nação.
  20. Por esta causa, pois, vos convidei, para vos ver e falar; porque pela esperança de Israel estou preso com esta cadeia.
  21. Mas eles lhe disseram: Nem recebemos da Judéia cartas a teu respeito, nem veio aqui irmão algum que contasse ou dissesse mal de ti.
  22. No entanto bem quiséramos ouvir de ti o que pensas; porque, quanto a esta seita, notório nos é que em toda parte é impugnada.
  23. Havendo-lhe eles marcado um dia, muitos foram ter com ele à sua morada, aos quais desde a manhã até a noite explicava com bom testemunho o reino de Deus e procurava persuadí-los acerca de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas.
  24. Uns criam nas suas palavras, mas outros as rejeitavam.
  25. E estando discordes entre si, retiraram-se, havendo Paulo dito esta palavra: Bem falou o Espírito Santo aos vossos pais pelo profeta Isaías,
  26. dizendo: Vai a este povo e dize: Ouvindo, ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e vendo, vereis, e de maneira nenhuma percebereis.
  27. Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos; para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração nem se convertam e eu os cure.
  28. Seja-vos pois notório que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles ouvirão.
  29. [E, havendo ele dito isto, partiram os judeus, tendo entre si grande contenda.]
  30. E morou dois anos inteiros na casa que alugara, e recebia a todos os que o visitavam,
  31. pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento algum.

João Romanos

Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos; para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração nem se convertam e eu os cure. Seja-vos pois notório que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles ouvirão.

Atos dos Apóstolos 28:27-28

13/03/2021

João

1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 | 8 | 9 | 10 | 11 | 12 | 13 | 14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 | 21 ]

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João 1

  1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
  2. Ele estava no princípio com Deus.
  3. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
  4. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;
  5. a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
  6. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
  7. Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.
  8. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
  9. Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo.
  10. Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu.
  11. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
  12. Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus;
  13. os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
  14. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.
  15. João deu testemunho dele, e clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou adiante de mim; porque antes de mim ele já existia.
  16. Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça.
  17. Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
  18. Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer.
  19. E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
  20. Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo.
  21. Ao que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não.
  22. Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
  23. Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
  24. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.
  25. Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
  26. Respondeu-lhes João: Eu batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis.
  27. aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia da alparca.
  28. Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
  29. No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
  30. este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia.
  31. Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água.
  32. E João deu testemunho, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
  33. Eu não o conhecia; mas o que me enviou a batizar em água, esse me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, e sobre ele permanecer, esse é o que batiza no Espírito Santo.
  34. Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho de Deus.
  35. No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos
  36. e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus!
  37. Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.
  38. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde pousas?
  39. Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram, pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora décima.
  40. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus.
  41. Ele achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Havemos achado o Messias (que, traduzido, quer dizer Cristo).
  42. E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).
  43. No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galiléia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me.
  44. Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
  45. Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
  46. Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê.
  47. Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!
  48. Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.
  49. Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel.
  50. Ao que lhe disse Jesus: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás.
  51. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.

João 2

  1. Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus;
  2. e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento.
  3. E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho.
  4. Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
  5. Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.
  6. Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas.
  7. Ordenou-lhe Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram- nas até em cima.
  8. Então lhes disse: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E eles o fizeram.
  9. Quando o mestre-sala provou a água tornada em vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água, chamou o mestre-sala ao noivo
  10. e lhe disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
  11. Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
  12. Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.
  13. Estando próxima a páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém.
  14. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados;
  15. e tendo feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas;
  16. e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
  17. Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.
  18. Protestaram, pois, os judeus, perguntando-lhe: Que sinal de autoridade nos mostras, uma vez que fazes isto?
  19. Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei.
  20. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias?
  21. Mas ele falava do santuário do seu corpo.
  22. Quando, pois ressurgiu dentre os mortos, seus discípulos se lembraram de que dissera isto, e creram na Escritura, e na palavra que Jesus havia dito.
  23. Ora, estando ele em Jerusalém pela festa da páscoa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
  24. Mas o próprio Jesus não confiava a eles, porque os conhecia a todos,
  25. e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem.

João 3

  1. Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
  2. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
  3. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
  4. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
  5. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
  6. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
  7. Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.
  8. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
  9. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?
  10. Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?
  11. Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho!
  12. Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?
  13. Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem.
  14. E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;
  15. para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.
  16. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
  17. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
  18. Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
  19. E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.
  20. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
  21. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus.
  22. Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia, onde se demorou com eles e batizava.
  23. Ora, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e o povo ía e se batizava.
  24. Pois João ainda não fora lançado no cárcere.
  25. Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da purificação.
  26. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele.
  27. Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.
  28. Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.
  29. Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este meu gozo está completo.
  30. É necessário que ele cresça e que eu diminua.
  31. Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra, e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.
  32. Aquilo que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho.
  33. Mas o que aceitar o seu testemunho, esse confirma que Deus é verdadeiro.
  34. Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; porque Deus não dá o Espírito por medida.
  35. O Pai ama ao Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.
  36. Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.

João 4

  1. Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que João
  2. (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos)
  3. deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.
  4. E era-lhe necessário passar por Samária.
  5. Chegou, pois, a uma cidade de Samária, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó dera a seu filho José;
  6. achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço; era cerca da hora sexta.
  7. Veio uma mulher de Samária tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá- me de beber.
  8. Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.
  9. Disse-lhe então a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
  10. Respondeu-lhe Jesus: Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.
  11. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo; donde, pois, tens essa água viva?
  12. És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual também ele mesmo bebeu, e os filhos, e o seu gado?.
  13. Replicou-lhe Jesus: Todo o que beber desta água tornará a ter sede;
  14. mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
  15. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la.
  16. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá.
  17. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;
  18. porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade.
  19. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
  20. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
  21. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
  22. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus.
  23. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
  24. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
  25. Replicou-lhe a mulher: Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo); quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas.
  26. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo.
  27. E nisto vieram os seus discípulos, e se admiravam de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe perguntou: Que é que procuras? ou: Por que falas com ela?
  28. Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
  29. Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto eu tenho feito; será este, porventura, o Cristo?
  30. Saíram, pois, da cidade e vinham ter com ele.
  31. Entrementes os seus discípulos lhe rogavam, dizendo: Rabi, come.
  32. Ele, porém, respondeu: Uma comida tenho para comer que vós não conheceis.
  33. Então os discípulos diziam uns aos outros: Acaso alguém lhe trouxe de comer?
  34. Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra.
  35. Não dizeis vós: Ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Ora, eu vos digo: levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa.
  36. Quem ceifa já está recebendo recompensa e ajuntando fruto para a vida eterna; para que o que semeia e o que ceifa juntamente se regozijem.
  37. Porque nisto é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia, e outro o que ceifa.
  38. Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.
  39. E muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito.
  40. Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias.
  41. E muitos mais creram por causa da palavra dele;
  42. e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.
  43. Passados os dois dias partiu dali para a Galiléia.
  44. Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não recebe honra na sua própria pátria.
  45. Assim, pois, que chegou à Galiléia, os galileus o receberam, porque tinham visto todas as coisas que fizera em Jerusalém na ocasião da festa; pois também eles tinham ido à festa.
  46. Foi, então, outra vez a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.
  47. Quando ele soube que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele, e lhe rogou que descesse e lhe curasse o filho; pois estava à morte.
  48. Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e prodígios, de modo algum crereis.
  49. Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce antes que meu filho morra.
  50. Respondeu-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe dissera, e partiu.
  51. Quando ele já ia descendo, saíram-lhe ao encontro os seus servos, e lhe disseram que seu filho vivia.
  52. Perguntou-lhes, pois, a que hora começara a melhorar; ao que lhe disseram: Ontem à hora sétima a febre o deixou.
  53. Reconheceu, pois, o pai ser aquela hora a mesma em que Jesus lhe dissera: O teu filho vive; e creu ele e toda a sua casa.
  54. Foi esta a segunda vez que Jesus, ao voltar da Judéia para a Galiléia, ali operou sinal.

João 5

  1. Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém.
  2. Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres.
  3. Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento da água.]
  4. [Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.]
  5. Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo.
  6. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são?
  7. Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
  8. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
  9. Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.
  10. Pelo que disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.
  11. Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda.
  12. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?
  13. Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar.
  14. Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.
  15. Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara.
  16. Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado.
  17. Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.
  18. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.
  19. Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.
  20. Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe tudo o que ele mesmo faz; e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis.
  21. Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer.
  22. Porque o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento,
  23. para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
  24. Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.
  25. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
  26. Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter vida em si mesmos;
  27. e deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem.
  28. Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão:
  29. os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.
  30. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
  31. Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.
  32. Outro é quem dá testemunho de mim; e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
  33. Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade;
  34. eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto para que sejais salvos.
  35. Ele era a lâmpada que ardia e alumiava; e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.
  36. Mas o testemunho que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que faço dão testemunho de mim que o Pai me enviou.
  37. E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma;
  38. e a sua palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que ele enviou.
  39. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim;
  40. mas não quereis vir a mim para terdes vida!
  41. Eu não recebo glória da parte dos homens;
  42. mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.
  43. Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis.
  44. Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus?
  45. Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.
  46. Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu.
  47. Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?

João 6

  1. Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades.
  2. E seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
  3. Subiu, pois, Jesus ao monte e sentou-se ali com seus discípulos.
  4. Ora, a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
  5. Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?
  6. Mas dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o que ia fazer.
  7. Respondeu-lhe Felipe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pouco.
  8. Ao que lhe disse um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
  9. Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
  10. Disse Jesus: Fazei reclinar-se o povo. Ora, naquele lugar havia muita relva. Reclinaram-se aí, pois, os homens em número de quase cinco mil.
  11. Jesus, então, tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos que estavam reclinados; e de igual modo os peixes, quanto eles queriam.
  12. E quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
  13. Recolheram-nos, pois e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
  14. Vendo, pois, aqueles homens o sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo.
  15. Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho.
  16. Ao cair da tarde, desceram os seus discípulos ao mar;
  17. e, entrando num barco, atravessavam o mar em direção a Cafarnaum; enquanto isso, escurecera e Jesus ainda não tinha vindo ter com eles;
  18. ademais, o mar se empolava, porque soprava forte vento.
  19. Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e ficaram atemorizados.
  20. Mas ele lhes disse: Sou eu; não temais.
  21. Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam.
  22. No dia seguinte, a multidão que ficara no outro lado do mar, sabendo que não houvera ali senão um barquinho, e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, mas que estes tinham ido sós
  23. (contudo, outros barquinhos haviam chegado a Tiberíades para perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças);
  24. quando, pois, viram que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus.
  25. E, achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?
  26. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.
  27. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.
  28. Pergutaram-lhe, pois: Que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?
  29. Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.
  30. Perguntaram-lhe, então: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos e te creiamos? Que operas tu?
  31. Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer.
  32. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.
  33. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
  34. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
  35. Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais tará sede.
  36. Mas como já vos disse, vós me tendes visto, e contudo não credes.
  37. Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
  38. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
  39. E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.
  40. Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
  41. Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu;
  42. e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu?
  43. Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.
  44. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
  45. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
  46. Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de Deus; só ele tem visto o Pai.
  47. Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna.
  48. Eu sou o pão da vida.
  49. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
  50. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
  51. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.
  52. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer?
  53. Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
  54. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
  55. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
  56. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
  57. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
  58. Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
  59. Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum.
  60. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
  61. Mas, sabendo Jesus em si mesmo que murmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: Isto vos escandaliza?
  62. Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?
  63. O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
  64. Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.
  65. E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido.
  66. Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele.
  67. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
  68. Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.
  69. E nós já temos crido e bem sabemos que tu és o Santo de Deus.
  70. Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo.
  71. Referia-se a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era ele o que o havia de entregar, sendo um dos doze.

João 7

  1. Depois disto andava Jesus pela Galiléia; pois não queria andar pela Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo.
  2. Ora, estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos.
  3. Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.
  4. Porque ninguém faz coisa alguma em oculto, quando procura ser conhecido. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.
  5. Pois nem seus irmãos criam nele.
  6. Disse-lhes, então, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo; mas o vosso tempo sempre está presente.
  7. O mundo não vos pode odiar; mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más.
  8. Subi vós à festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda não é chegado o meu tempo.
  9. E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia.
  10. Mas quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não publicamente, mas como em secreto.
  11. Ora, os judeus o procuravam na festa, e perguntavam: Onde está ele?
  12. E era grande a murmuração a respeito dele entre as multidões. Diziam alguns: Ele é bom. Mas outros diziam: não, antes engana o povo.
  13. Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus.
  14. Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus ao templo e começou a ensinar.
  15. Então os judeus se admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem ter estudado?
  16. Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
  17. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo.
  18. Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.
  19. Não vos deu Moisés a lei? no entanto nenhum de vós cumpre a lei. Por que procurais matar-me?
  20. Respondeu a multidão: Tens demônio; quem procura matar-te?
  21. Replicou-lhes Jesus: Uma só obra fiz, e todos vós admirais por causa disto.
  22. Moisés vos ordenou a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), e no sábado circuncidais um homem.
  23. Ora, se um homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, como vos indignais contra mim, porque no sábado tornei um homem inteiramente são?
  24. Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o reto juízo.
  25. Diziam então alguns dos de Jerusalém: Não é este o que procuram matar?
  26. E eis que ele está falando abertamente, e nada lhe dizem. Será que as autoridades realmente o reconhecem como o Cristo?
  27. Entretanto sabemos donde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá donde ele é.
  28. Jesus, pois, levantou a voz no templo e ensinava, dizendo: Sim, vós me conheceis, e sabeis donde sou; contudo eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis.
  29. Mas eu o conheço, porque dele venho, e ele me enviou.
  30. Procuravam, pois, prendê-lo; mas ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora.
  31. Contudo muitos da multidão creram nele, e diziam: Será que o Cristo, quando vier, fará mais sinais do que este tem feito?
  32. Os fariseus ouviram a multidão murmurar estas coisas a respeito dele; e os principais sacerdotes e os fariseus mandaram guardas para o prenderem.
  33. Disse, pois, Jesus: Ainda um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou.
  34. Vós me buscareis, e não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir.
  35. Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá ele, que não o acharemos? Irá, porventura, à Dispersão entre os gregos, e ensinará os gregos?
  36. Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis, e não me achareis; e, Onde eu estou, vós não podeis vir?
  37. Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
  38. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.
  39. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.
  40. Então alguns dentre o povo, ouvindo essas palavras, diziam: Verdadeiramente este é o profeta.
  41. Outros diziam: Este é o Cristo; mas outros replicavam: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?
  42. Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, a aldeia donde era Davi?
  43. Assim houve uma dissensão entre o povo por causa dele.
  44. Alguns deles queriam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs as mãos.
  45. Os guardas, pois, foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes?
  46. Responderam os guardas: Nunca homem algum falou assim como este homem.
  47. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Também vós fostes enganados?
  48. Creu nele porventura alguma das autoridades, ou alguém dentre os fariseus?
  49. Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita.
  50. Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes:
  51. A nossa lei, porventura, julga um homem sem primeiro ouvi-lo e ter conhecimento do que ele faz?
  52. Responderam-lhe eles: És tu também da Galiléia? Examina e vê que da Galiléia não surge profeta.
  53. [E cada um foi para sua casa.

João 8

  1. Mas Jesus foi para o Monte das Oliveiras.
  2. Pela manhã cedo voltou ao templo, e todo o povo vinha ter com ele; e Jesus, sentando-se o ensinava.
  3. Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio,
  4. disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.
  5. Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
  6. Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo.
  7. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse- lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra.
  8. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
  9. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé.
  10. Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
  11. Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.]
  12. Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.
  13. Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu dás testemunho de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.
  14. Respondeu-lhes Jesus: Ainda que eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro; porque sei donde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou.
  15. Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo.
  16. E, mesmo que eu julgue, o meu juízo é verdadeiro; porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou.
  17. Ora, na vossa lei está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro.
  18. Sou eu que dou testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou, também dá testemunho de mim.
  19. Perguntavam-lhe, pois: Onde está teu pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.
  20. Essas palavras proferiu Jesus no lugar do tesouro, quando ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora.
  21. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu me retiro; buscar-me- eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir.
  22. Então diziam os judeus: Será que ele vai suicidar-se, pois diz: Para onde eu vou, vós não podeis ir?
  23. Disse-lhes ele: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.
  24. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
  25. Perguntavam-lhe então: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Exatamente o que venho dizendo que sou.
  26. Muitas coisas tenho que dizer e julgar acerca de vós; mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele ouvi, isso falo ao mundo.
  27. Eles não perceberam que lhes falava do Pai.
  28. Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que eu sou, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo.
  29. E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado.
  30. Falando ele estas coisas, muitos creram nele.
  31. Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;
  32. e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
  33. Responderam-lhe: Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
  34. Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.
  35. Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre.
  36. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
  37. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar em vós.
  38. Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que também ouvistes de vosso pai.
  39. Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão.
  40. Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez.
  41. Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.
  42. Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
  43. Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra.
  44. Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.
  45. Mas porque eu digo a verdade, não me credes.
  46. Quem dentre vós me convence de pecado? Se digo a verdade, por que não me credes?
  47. Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.
  48. Responderam-lhe os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que tens demônio?
  49. Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; antes honro a meu Pai, e vós me desonrais.
  50. Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue.
  51. Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
  52. Disseram-lhe os judeus: Agora sabemos que tens demônios. Abraão morreu, e também os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte!
  53. Porventura és tu maior do que nosso pai Abraão, que morreu? Também os profetas morreram; quem pretendes tu ser?
  54. Respondeu Jesus: Se eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, do qual vós dizeis que é o vosso Deus;
  55. e vós não o conheceis; mas eu o conheço; e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós; mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.
  56. Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; viu-o, e alegrou-se.
  57. Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?
  58. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.
  59. Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo.

João 9

  1. E passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
  2. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
  3. Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.
  4. Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.
  5. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
  6. Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego,
  7. e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi, lavou-se, e voltou vendo.
  8. Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto, quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a mendigar?
  9. Uns diziam: É ele. E outros: Não é, mas se parece com ele. Ele dizia: Sou eu.
  10. Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
  11. Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e fiquei vendo.
  12. E perguntaram-lhe: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
  13. Levaram aos fariseus o que fora cego.
  14. Ora, era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
  15. Então os fariseus também se puseram a perguntar-lhe como recebera a vista. Respondeu-lhes ele: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo.
  16. Por isso alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
  17. Tornaram, pois, a perguntar ao cego: Que dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos? E ele respondeu: É profeta.
  18. Os judeus, porém, não acreditaram que ele tivesse sido cego e recebido a vista, enquanto não chamaram os pais do que fora curado,
  19. e lhes perguntaram: É este o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
  20. Responderam seus pais: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;
  21. mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe abriu os olhos, nós não sabemos; perguntai a ele mesmo; tem idade; ele falará por si mesmo.
  22. Isso disseram seus pais, porque temiam os judeus, porquanto já tinham estes combinado que se alguém confessasse ser Jesus o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
  23. Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.
  24. Então chamaram pela segunda vez o homem que fora cego, e lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.
  25. Respondeu ele: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo.
  26. Perguntaram-lhe pois: Que foi que te fez? Como te abriu os olhos?
  27. Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não atendestes; para que o quereis tornar a ouvir? Acaso também vós quereis tornar-vos discípulos dele?
  28. Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele és tu; nós porém, somos discípulos de Moisés.
  29. Sabemos que Deus falou a Moisés; mas quanto a este, não sabemos donde é.
  30. Respondeu-lhes o homem: Nisto, pois, está a maravilha: não sabeis donde ele é, e entretanto ele me abriu os olhos;
  31. sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve.
  32. Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
  33. Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.
  34. Replicaram-lhe eles: Tu nasceste todo em pecados, e vens nos ensinar a nós? E expulsaram-no.
  35. Soube Jesus que o haviam expulsado; e achando-o perguntou- lhe: Crês tu no Filho do homem?
  36. Respondeu ele: Quem é, senhor, para que nele creia?
  37. Disse-lhe Jesus: Já o viste, e é ele quem fala contigo.
  38. Disse o homem: Creio, Senhor! E o adorou.
  39. Prosseguiu então Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos.
  40. Alguns fariseus que ali estavam com ele, ouvindo isso, perguntaram-lhe: Porventura somos nós também cegos?
  41. Respondeu-lhes Jesus: Se fosseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Nós vemos, permanece o vosso pecado.

João 10

  1. Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador.
  2. Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
  3. A este o porteiro abre; e as ovelhas ouvem a sua voz; e ele chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para fora.
  4. Depois de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz;
  5. mas de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
  6. Jesus propôs-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.
  7. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
  8. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.
  9. Eu sou a porta; se alguém entrar a casa; o filho fica entrará e sairá, e achará pastagens.
  10. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
  11. Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
  12. Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.
  13. Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas.
  14. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem,
  15. assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
  16. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.
  17. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar.
  18. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.
  19. Por causa dessas palavras, houve outra dissensão entre os judeus.
  20. E muitos deles diziam: Tem demônio, e perdeu o juízo; por que o escutais?
  21. Diziam outros: Essas palavras não são de quem está endemoninhado; pode porventura um demônio abrir os olhos aos cegos?
  22. Celebrava-se então em Jerusalém a festa da dedicação. E era inverno.
  23. Andava Jesus passeando no templo, no pórtico de Salomão.
  24. Rodearam-no, pois, os judeus e lhe perguntavam: Até quando nos deixarás perplexos? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.
  25. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim.
  26. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
  27. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;
  28. eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão.
  29. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
  30. Eu e o Pai somos um.
  31. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar.
  32. Disse-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte de meu Pai vos tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me?
  33. Responderam-lhe os judeus: Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te, mas por blasfêmia; e porque, sendo tu homem, te fazes Deus.
  34. Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses?
  35. Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada),
  36. àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Sou Filho de Deus?
  37. Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.
  38. Mas se as faço, embora não me creiais a mim, crede nas obras; para que entendais e saibais que o Pai está em mim e eu no Pai.
  39. Outra vez, pois, procuravam prendê-lo; mas ele lhes escapou das mãos.
  40. E retirou-se de novo para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio; e ali ficou.
  41. Muitos foram ter com ele, e diziam: João, na verdade, não fez sinal algum, mas tudo quanto disse deste homem era verdadeiro.
  42. E muitos ali creram nele.

João 11

  1. Ora, estava enfermo um homem chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.
  2. E Maria, cujo irmão Lázaro se achava enfermo, era a mesma que ungiu o Senhor com bálsamo, e lhe enxugou os pés com os seus cabelos.
  3. Mandaram, pois, as irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.
  4. Jesus, porém, ao ouvir isto, disse: Esta enfermidade não é para a morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
  5. Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
  6. Quando, pois, ouviu que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde se achava.
  7. Depois disto, disse a seus discípulos: Vamos outra vez para Judéia.
  8. Disseram-lhe eles: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá?
  9. Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
  10. mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.
  11. E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.
  12. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, ficará bom.
  13. Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém, entenderam que falava do repouso do sono.
  14. Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu;
  15. e, por vossa causa, folgo de que eu lá não estivesse, para para que creiais; mas vamos ter com ele.
  16. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos seus condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.
  17. Chegando pois Jesus, encontrou-o já com quatro dias de sepultura.
  18. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios.
  19. E muitos dos judeus tinham vindo visitar Marta e Maria, para as consolar acerca de seu irmão.
  20. Marta, pois, ao saber que Jesus chegava, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa.
  21. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se meu irmão não teria morrido.
  22. E mesmo agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
  23. Respondeu-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir.
  24. Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia.
  25. Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
  26. e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?
  27. Respondeu-lhe Marta: Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
  28. Dito isto, retirou-se e foi chamar em segredo a Maria, sua irmã, e lhe disse: O Mestre está aí, e te chama.
  29. Ela, ouvindo isto, levantou-se depressa, e foi ter com ele.
  30. Pois Jesus ainda não havia entrado na aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.
  31. Então os judeus que estavam com Maria em casa e a consolavam, vendo-a levantar-se apressadamente e sair, seguiram-na, pensando que ia ao sepulcro para chorar ali.
  32. Tendo, pois, Maria chegado ao lugar onde Jesus estava, e vendo-a, lançou-se-lhe aos pés e disse: Senhor, se tu estiveras aqui, meu irmão não teria morrido.
  33. Jesus, pois, quando a viu chorar, e chorarem também os judeus que com ela vinham, comoveu-se em espírito, e perturbou-se,
  34. e perguntou: Onde o puseste? Responderam-lhe: Senhor, vem e vê.
  35. Jesus chorou.
  36. Disseram então os judeus: Vede como o amava.
  37. Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também que este não morreste?
  38. Jesus, pois, comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta, e tinha uma pedra posta sobre ela.
  39. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse- lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro dias.
  40. Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?
  41. Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste.
  42. Eu sabia que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está em redor é que assim falei, para que eles creiam que tu me enviaste.
  43. E, tendo dito isso, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!
  44. Saiu o que estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.
  45. Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.
  46. Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
  47. Então os principais sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio e diziam: Que faremos? porquanto este homem vem operando muitos sinais.
  48. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação.
  49. Um deles, porém, chamado Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: Vós nada sabeis,
  50. nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça a nação toda.
  51. Ora, isso não disse ele por si mesmo; mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação,
  52. e não somente pela nação, mas também para congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos.
  53. Desde aquele dia, pois, tomavam conselho para o matarem.
  54. De sorte que Jesus já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a região vizinha ao deserto, a uma cidade chamada Efraim; e ali demorou com os seus discípulos.
  55. Ora, estava próxima a páscoa dos judeus, e dessa região subiram muitos a Jerusalém, antes da páscoa, para se purificarem.
  56. Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá ele à festa?
  57. Ora, os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para que o prendessem.

João 12

  1. Veio, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
  2. Deram-lhe ali uma ceia; Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.
  3. Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo.
  4. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse:
  5. Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?
  6. Ora, ele disse isto, não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, subtraía o que nela se lançava.
  7. Respondeu, pois Jesus: Deixa-a; para o dia da minha preparação para a sepultura o guardou;
  8. porque os pobres sempre os tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes.
  9. E grande número dos judeus chegou a saber que ele estava ali: e afluiram, não só por causa de Jesus mas também para verem a Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
  10. Mas os principais sacerdotes deliberaram matar também a Lázaro;
  11. porque muitos, por causa dele, deixavam os judeus e criam em Jesus.
  12. No dia seguinte, as grandes multidões que tinham vindo à festa, ouvindo dizer que Jesus vinha a Jerusalém,
  13. tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o rei de Israel!
  14. E achou Jesus um jumentinho e montou nele, conforme está escrito:
  15. Não temas, ó filha de Sião; eis que vem teu Rei, montado sobre o filho de uma jumenta.
  16. Os seus discípulos, porém, a princípio não entenderam isto; mas quando Jesus foi glorificado, então eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele, e de que assim lhe fizeram.
  17. Dava-lhe, pois, testemunho a multidão que estava com ele quando chamara a Lázaro da sepultura e o ressuscitara dentre os mortos;
  18. e foi por isso que a multidão lhe saiu ao encontro, por ter ouvido que ele fizera este sinal.
  19. De sorte que os fariseus disseram entre si: Vedes que nada aproveitais? eis que o mundo inteiro vai após ele.
  20. Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia alguns gregos.
  21. Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
  22. Felipe foi dizê-lo a André, e então André e Felipe foram dizê-lo a Jesus.
  23. Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem.
  24. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
  25. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
  26. Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.
  27. Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora.
  28. Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.
  29. A multidão, pois, que ali estava, e que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: Um anjo lhe falou.
  30. Respondeu Jesus: Não veio esta voz por minha causa, mas por causa de vós.
  31. Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
  32. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
  33. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer.
  34. Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
  35. Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
  36. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles.
  37. E embora tivesse operado tantos sinais diante deles, não criam nele;
  38. para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías: Senhor, quem creu em nossa pregação? e aquem foi revelado o braço do Senhor?
  39. Por isso não podiam crer, porque, como disse ainda Isaías:
  40. Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos e entendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.
  41. Estas coisas disse Isaías, porque viu a sua glória, e dele falou.
  42. Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele; mas por causa dos fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga;
  43. porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
  44. Clamou Jesus, dizendo: Quem crê em mim, crê, nâo em mim, mas naquele que me enviou.
  45. E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.
  46. Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
  47. E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
  48. Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o julgará no último dia.
  49. Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar.
  50. E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.

João 13

  1. Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
  2. Enquanto ceavam, tendo já o Diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse,
  3. Jesus, sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas mãos, e que viera de Deus e para Deus voltava,
  4. levantou-se da ceia, tirou o manto e, tomando uma toalha, cingiu-se.
  5. Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
  6. Chegou, pois, a Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, lavas-me os pés a mim?
  7. Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás.
  8. Tornou-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Replicou-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
  9. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
  10. Respondeu-lhe Jesus: Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós estais limpos, mas não todos.
  11. Pois ele sabia quem o estava traindo; por isso disse: Nem todos estais limpos.
  12. Ora, depois de lhes ter lavado os pés, tomou o manto, tornou a reclinar-se à mesa e perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
  13. Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou.
  14. Ora, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.
  15. Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
  16. Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.
  17. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.
  18. Não falo de todos vós; eu conheço aqueles que escolhi; mas para que se cumprisse a escritura: O que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.
  19. Desde já no-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, creiais que eu sou.
  20. Em verdade, em verdade vos digo: Quem receber aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
  21. Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e declarou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
  22. Os discípulos se entreolhavam, perplexos, sem saber de quem ele falava.
  23. Ora, achava-se reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava.
  24. A esse, pois, fez Simão Pedro sinal, e lhe pediu: Pergunta- lhe de quem é que fala.
  25. Aquele discípulo, recostando-se assim ao peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?
  26. Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
  27. E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Disse-lhe, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.
  28. E nenhum dos que estavam à mesa percebeu a que propósito lhe disse isto;
  29. pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe queria dizer: Compra o que nos é necessário para a festa; ou, que desse alguma coisa aos pobres.
  30. Então ele, tendo recebido o bocado saiu logo. E era noite.
  31. Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele;
  32. se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar.
  33. Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Procurar-me- eis; e, como eu disse aos judeus, também a vós o digo agora: Para onde eu vou, não podeis vós ir.
  34. Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros.
  35. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.
  36. Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus; Para onde eu vou, não podes agora seguir-me; mais tarde, porém, me seguirás.
  37. Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.
  38. Respondeu Jesus: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo até que me tenhas negado três vezes.

João 14

  1. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
  2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
  3. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
  4. E para onde eu vou vós conheceis o caminho.
  5. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?
  6. Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
  7. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.
  8. Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
  9. Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
  10. Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras.
  11. Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
  12. Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai;
  13. e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
  14. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei.
  15. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
  16. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre.
  17. a saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós.
  18. Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós.
  19. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis.
  20. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
  21. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
  22. Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
  23. Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.
  24. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou.
  25. Estas coisas vos tenho falado, estando ainda convosco.
  26. Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.
  27. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
  28. Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.
  29. Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.
  30. Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim;
  31. mas, assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantai-vos, vamo-nos daqui.

João 15

  1. Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor.
  2. Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto.
  3. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
  4. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.
  5. Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
  6. Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas.
  7. Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.
  8. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
  9. Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor.
  10. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
  11. Estas coisas vos tenho dito, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.
  12. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
  13. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
  14. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
  15. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
  16. Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
  17. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
  18. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
  19. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
  20. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa.
  21. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.
  22. Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado; agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.
  23. Aquele que me odeia a mim, odeia também a meu Pai.
  24. Se eu entre eles não tivesse feito tais obras, quais nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora, não somente viram, mas também odiaram tanto a mim como a meu Pai.
  25. Mas isto é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa.
  26. Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, esse dará testemunho de mim;
  27. e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.

João 16

  1. Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis.
  2. Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.
  3. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.
  4. Mas tenho-vos dito estas coisas, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que eu vo-las tinha dito. Não vo-las disse desde o princípio, porque estava convosco.
  5. Agora, porém, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
  6. Antes, porque vos disse isto, o vosso coração se encheu de tristeza.
  7. Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei.
  8. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:
  9. do pecado, porque não crêem em mim;
  10. da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais,
  11. e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
  12. Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.
  13. Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras.
  14. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
  15. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu, vo-lo anunciará.
  16. Um pouco, e já não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis.
  17. Então alguns dos seus discípulos perguntaram uns para os outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai?
  18. Diziam pois: Que quer dizer isto: Um pouco? Não compreendemos o que ele está dizendo.
  19. Percebeu Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis?
  20. Em verdade, em verdade, vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós estareis tristes, porém a vossa tristeza se converterá em alegria.
  21. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo gozo de haver um homem nascido ao mundo.
  22. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas eu vos tornarei a ver, e alegrar-se-á o vosso coração, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.
  23. Naquele dia nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes ao Pai, ele vo-lo concederá em meu nome.
  24. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo seja completo.
  25. Disse-vos estas coisas por figuras; chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por figuras, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.
  26. Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai;
  27. pois o Pai mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes que eu saí de Deus.
  28. Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.
  29. Disseram os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não por figura alguma.
  30. Agora conhecemos que sabes todas as coisas, e não necessitas de que alguém te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus.
  31. Respondeu-lhes Jesus: Credes agora?
  32. Eis que vem a hora, e já é chegada, em que vós sereis dispersos cada um para o seu lado, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo.
  33. Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 17

  1. Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique;
  2. assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos aqueles que lhe tens dado.
  3. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.
  4. Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.
  5. Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.
  6. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua palavra.
  7. Agora sabem que tudo quanto me deste provém de ti;
  8. porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
  9. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens dado, porque são teus;
  10. todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado.
  11. Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós.
  12. Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
  13. Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos.
  14. Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
  15. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.
  16. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
  17. Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.
  18. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo.
  19. E por eles eu me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade.
  20. E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim;
  21. para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
  22. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um;
  23. eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim.
  24. Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo.
  25. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço; conheceram que tu me enviaste;
  26. e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja.

João 18

  1. Tendo Jesus dito isto, saiu com seus discípulos para o outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim, e com eles ali entrou.
  2. Ora, Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque muitas vezes Jesus se reunira ali com os discípulos.
  3. Tendo, pois, Judas tomado a coorte e uns guardas da parte dos principais sacerdotes e fariseus, chegou ali com lanternas archotes e armas.
  4. Sabendo, pois, Jesus tudo o que lhe havia de suceder, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?
  5. Responderam-lhe: A Jesus, o nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, também estava com eles.
  6. Quando Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.
  7. Tornou-lhes então a perguntar: A quem buscais? e responderam: A Jesus, o nazareno.
  8. Replicou-lhes Jesus: Já vos disse que sou eu; se, pois, é a mim que buscais, deixai ir estes;
  9. para que se cumprisse a palavra que dissera: Dos que me tens dado, nenhum deles perdi.
  10. Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco.
  11. Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?
  12. Então a coorte, e o comandante, e os guardas dos judeus prenderam a Jesus, e o maniataram.
  13. E conduziram-no primeiramente a Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano.
  14. Ora, Caifás era quem aconselhara aos judeus que convinha morrer um homem pelo povo.
  15. Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,
  16. enquanto Pedro ficava da parte de fora, à porta. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira, e levou Pedro para dentro.
  17. Então a porteira perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Respondeu ele: Não sou.
  18. Ora, estavam ali os servos e os guardas, que tinham acendido um braseiro e se aquentavam, porque fazia frio; e também Pedro estava ali em pé no meio deles, aquentando-se.
  19. Então o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
  20. Respondeu-lhe Jesus: Eu tenho falado abertamente ao mundo; eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se congregam, e nada falei em oculto.
  21. Por que me perguntas a mim? pergunta aos que me ouviram o que é que lhes falei; eis que eles sabem o que eu disse.
  22. E, havendo ele dito isso, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote?
  23. Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se bem, por que me feres?
  24. Então Anás o enviou, maniatado, a Caifás, o sumo sacerdote.
  25. E Simão Pedro ainda estava ali, aquentando-se. Perguntaram- lhe, pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou, e disse: Não sou.
  26. Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no jardim com ele?
  27. Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo cantou.
  28. Depois conduziram Jesus da presença de Caifás para o pretório; era de manhã cedo; e eles não entraram no pretório, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa.
  29. Então Pilatos saiu a ter com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?
  30. Responderam-lhe: Se ele não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
  31. Disse-lhes, então, Pilatos: Tomai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe os judeus: A nós não nos é lícito tirar a vida a ninguém.
  32. Isso foi para que se cumprisse a palavra que dissera Jesus, significando de que morte havia de morrer.
  33. Pilatos, pois, tornou a entrar no pretório, chamou a Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
  34. Respondeu Jesus: Dizes isso de ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?
  35. Replicou Pilatos: Porventura sou eu judeu? O teu povo e os principais sacerdotes entregaram-te a mim; que fizeste?
  36. Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui.
  37. Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
  38. Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
  39. Tendes, porém, por costume que eu vos solte alguém por ocasião da páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
  40. Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas Barrabás. Ora, Barrabás era salteador.

João 19

  1. Nisso, pois, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo.
  2. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura;
  3. e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e e davam-lhe bofetadas.
  4. Então Pilatos saiu outra vez, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum.
  5. Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis o homem!
  6. Quando o viram os principais sacerdotes e os guardas, clamaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque nenhum crime acho nele.
  7. Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo esta lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
  8. Ora, Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou;
  9. e entrando outra vez no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.
  10. Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?
  11. Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem.
  12. Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César.
  13. Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gabatá.
  14. Ora, era a preparação da páscoa, e cerca da hora sexta. E disse aos judeus: Eis o vosso rei.
  15. Mas eles clamaram: Tira-o! tira-o! crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? responderam, os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César.
  16. Então lho entregou para ser crucificado.
  17. Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota,
  18. onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
  19. E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
  20. Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.
  21. Diziam então a Pilatos os principais sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O rei dos judeus; mas que ele disse: Sou rei dos judeus.
  22. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
  23. Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte. Tomaram também a túnica; ora a túnica não tinha costura, sendo toda tecida de alto a baixo.
  24. Pelo que disseram uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será (para que se cumprisse a escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sortes). E, de fato, os soldados assim fizeram.
  25. Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena.
  26. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
  27. Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
  28. Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede.
  29. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Puseram, pois, numa cana de hissopo uma esponja ensopada de vinagre, e lha chegaram à boca.
  30. Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
  31. Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali.
  32. Foram então os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado;
  33. mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas;
  34. contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
  35. E é quem viu isso que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade, para que também vós creiais.
  36. Porque isto aconteceu para que se cumprisse a escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
  37. Também há outra escritura que diz: Olharão para aquele que traspassaram.
  38. Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, embora oculto por medo dos judeus, rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus; e Pilatos lho permitiu. Então foi e o tirou.
  39. E Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus de noite, foi também, levando cerca de cem libras duma mistura de mirra e aloés.
  40. Tomaram, pois, o corpo de Jesus, e o envolveram em panos de linho com as especiarias, como os judeus costumavam fazer na preparação para a sepultura.
  41. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda havia sido posto.
  42. Ali, pois, por ser a véspera do sábado dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram a Jesus.

João 20

  1. No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.
  2. Correu, pois, e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram.
  3. Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro.
  4. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro;
  5. e, abaixando-se viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou.
  6. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados,
  7. e que o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
  8. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu.
  9. Porque ainda não entendiam a escritura, que era necessário que ele ressurgisse dentre os mortos.
  10. Tornaram, pois, os discípulos para casa.
  11. Maria, porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro,
  12. e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
  13. E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
  14. Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus.
  15. Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
  16. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! – que quer dizer, Mestre.
  17. Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
  18. E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! – e que ele lhe dissera estas coisas.
  19. Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco.
  20. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem o Senhor.
  21. Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
  22. E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
  23. Âqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos.
  24. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
  25. Diziam-lhe, pois, ou outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei.
  26. Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.
  27. Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente.
  28. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!
  29. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.
  30. Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;
  31. estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

João 21

  1. Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se deste modo:
  2. Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
  3. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Nós também vamos contigo. Saíram e entraram no barco; e naquela noite nada apanharam.
  4. Mas ao romper da manhã, Jesus se apresentou na praia; todavia os discípulos não sabiam que era ele.
  5. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, não tendes nada que comer? Responderam-lhe: Não.
  6. Disse-lhes ele: Lançai a rede à direita do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam puxar por causa da grande quantidade de peixes.
  7. Então aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: Senhor. Quando, pois, Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava despido, e lançou-se ao mar;
  8. mas os outros discípulos vieram no barquinho, puxando a rede com os peixes, porque não estavam distantes da terra senão cerca de duzentos côvados.
  9. Ora, ao saltarem em terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima delas, e pão.
  10. Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que agora apanhastes.
  11. Entrou Simão Pedro no barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede.
  12. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.
  13. Chegou Jesus, tomou o pão e deu-lho, e semelhantemente o peixe.
  14. Foi esta a terceira vez que Jesus se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressurgido dentre os mortos.
  15. Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu- lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos.
  16. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas.
  17. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas- me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.
  18. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres.
  19. Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me.
  20. E Pedro, virando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia se recostara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que te trai?
  21. Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?
  22. Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Segue-me tu.
  23. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?
  24. Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
  25. E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem.

Lucas Atos dos Apóstolos

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

João 1:1-3

11/03/2021

Lucas

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Lucas 1

  1. Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,
  2. segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
  3. também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.
  4. para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.
  5. Houve nos dias do Rei Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; e sua mulher era descendente de Arão, e chamava-se Isabel.
  6. Ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
  7. Mas não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos avançados em idade.
  8. Ora, estando ele a exercer as funções sacerdotais perante Deus, na ordem da sua turma,
  9. segundo o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte entrar no santuário do Senhor, para oferecer o incenso;
  10. e toda a multidão do povo orava da parte de fora, à hora do incenso.
  11. Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
  12. E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou.
  13. Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João;
  14. e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento;
  15. porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;
  16. converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;
  17. irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.
  18. Disse então Zacarias ao anjo: Como terei certeza disso? pois eu sou velho, e minha mulher também está avançada em idade.
  19. Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas boas novas;
  20. e eis que ficarás mudo, e não poderás falar até o dia em que estas coisas aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo hão de cumprir-se.
  21. O povo estava esperando Zacarias, e se admirava da sua demora no santuário.
  22. Quando saiu, porém, não lhes podia falar, e perceberam que tivera uma visão no santuário. E falava-lhes por acenos, mas permanecia mudo.
  23. E, terminados os dias do seu ministério, voltou para casa.
  24. Depois desses dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:
  25. Assim me fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu opróbrio diante dos homens.
  26. Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
  27. a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
  28. E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
  29. Ela, porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria essa.
  30. Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
  31. Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
  32. Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai;
  33. e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
  34. Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
  35. Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.
  36. Eis que também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
  37. porque para Deus nada será impossível.
  38. Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
  39. Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá,
  40. entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel.
  41. Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,
  42. e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!
  43. E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
  44. Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.
  45. Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
  46. Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
  47. e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador;
  48. porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
  49. porque o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.
  50. E a sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
  51. Com o seu braço manifestou poder; dissipou os que eram soberbos nos pensamentos de seus corações;
  52. depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.
  53. Aos famintos encheu de bens, e vazios despediu os ricos.
  54. Auxiliou a Isabel, seu servo, lembrando-se de misericórdia
  55. (como falou a nossos pais) para com Abraão e a sua descendência para sempre.
  56. E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.
  57. Ora, completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
  58. Ouviram seus vizinhos e parentes que o Senhor lhe multiplicara a sua misericórdia, e se alegravam com ela.
  59. Sucedeu, pois, no oitavo dia, que vieram circuncidar o menino; e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
  60. Respondeu, porém, sua mãe: De modo nenhum, mas será chamado João.
  61. Ao que lhe disseram: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.
  62. E perguntaram por acenos ao pai como queria que se chamasse.
  63. E pedindo ele uma tabuinha, escreveu: Seu nome é João. E todos se admiraram.
  64. Imediatamente a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; louvando a Deus.
  65. Então veio temor sobre todos os seus vizinhos; e em toda a região montanhosa da Judéia foram divulgadas todas estas coisas.
  66. E todos os que delas souberam as guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser, então, este menino? Pois a mão do Senhor estava com ele.
  67. Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo:
  68. Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo,
  69. e para nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo;
  70. assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos profetas;
  71. para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
  72. para usar de misericórdia com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto
  73. e do juramento que fez a Abrão, nosso pai,
  74. de conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem temor,
  75. em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
  76. E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
  77. para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados,
  78. graças à entranhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto,
  79. para alumiar aos que jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés no caminho da paz.
  80. Ora, o menino crescia, e se robustecia em espírito; e habitava nos desertos até o dia da sua manifestação a Israel.

Lucas 2

  1. Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado.
  2. Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirínio era governador da Síria.
  3. E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
  4. Subiu também José, da Galiléia, da cidade de Nazaré, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,
  5. a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
  6. Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz,
  7. e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
  8. Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho.
  9. E um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se encheram de grande temor.
  10. O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo:
  11. É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
  12. E isto vos será por sinal: Achareis um menino envolto em faixas, e deitado em uma manjedoura.
  13. Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo:
  14. Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade.
  15. E logo que os anjos se retiraram deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos já até Belém, e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.
  16. Foram, pois, a toda a pressa, e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura;
  17. e, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
  18. e todos os que a ouviram se admiravam do que os pastores lhes diziam.
  19. Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração.
  20. E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora dito.
  21. Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
  22. Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
  23. (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor),
  24. e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.
  25. Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
  26. E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.
  27. Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,
  28. Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
  29. Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
  30. pois os meus olhos já viram a tua salvação,
  31. a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;
  32. luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.
  33. Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam.
  34. E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
  35. sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
  36. Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade;
  37. e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
  38. Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
  39. Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para sua cidade de Nazaré.
  40. E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.
  41. Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa.
  42. Quando Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa;
  43. e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus pais;
  44. julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, e o procuravam entre os parentes e conhecidos;
  45. e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele.
  46. E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
  47. E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.
  48. Quando o viram, ficaram maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que procedeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
  49. Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?
  50. Eles, porém, não entenderam as palavras que lhes dissera.
  51. Então, descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.
  52. E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.

Lucas 3

  1. No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene,
  2. sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
  3. E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados;
  4. como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas.
  5. Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão;
  6. e toda a carne verá a salvação de Deus.
  7. João dizia, pois, às multidões que saíam para ser batizadas por ele: Raça de víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura?
  8. Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos por pai a Abrão; porque eu vos digo que até destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abrão.
  9. Também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
  10. Ao que lhe perguntavam as multidões: Que faremos, pois?
  11. Respondia-lhes então: Aquele que tem duas túnicas, reparta com o que não tem nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o mesmo.
  12. Chegaram também uns publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que havemos nós de fazer?
  13. Respondeu-lhes ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito.
  14. Interrogaram-no também uns soldados: E nós, que faremos? Disse-lhes: A ninguém queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o vosso soldo.
  15. Ora, estando o povo em expectativa e arrazoando todos em seus corações a respeito de João, se porventura seria ele o Cristo,
  16. respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
  17. A sua pá ele tem na mão para limpar bem a sua eira, e recolher o trigo ao seu celeiro; mas queimará a palha em fogo inextinguível.
  18. Assim pois, com muitas outras exortações ainda, anunciava o evangelho ao povo.
  19. Mas o tetrarca Herodes, sendo repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão, e por todas as maldades que havia feito,
  20. acrescentou a todas elas ainda esta, a de encerrar João no cárcere.
  21. Quando todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando ele a orar, o céu se abriu;
  22. e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.
  23. Ora, Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo (como se cuidava) filho de José, filho de Eli;
  24. Eli de Matate, Matate de Levi, Levi de Melqui, Melqui de Janai, Janai de José,
  25. José de Matatias, Matatias de Amós, Amós de Naum, Naum de Esli, Esli de Nagai,
  26. Nagai de Maate, Maate de Matatias, Matatias de Semei, Semei de Joseque, Joseque de Jodá,
  27. Jodá de Joanã, Joanã de Resa, Resa de Zorobabel, Zorobabel de Salatiel, Salatiel de Neri,
  28. Neri de Melqui, Melqui de Adi, Adi de Cosão, Cosão de Elmodã, Elmodão de Er,
  29. Er de Josué, Josué de Eliézer, Eliézer de Jorim, Jorim de Matate, Matate de Levi,
  30. Levi de Simeão, Simeão de Judá, Judá de José, José de Jonã, Jonã de Eliaquim,
  31. Eliaquim de Meleá, Meleá de Mená, Mená de Matatá, Matatá de Natã, Natã de Davi,
  32. Davi de Jessé, Jessé de Obede, Obede de Boaz, Boaz de Salá, Salá de Nasom,
  33. Nasom de Aminadabe, Aminadabe de Admim, Admim de Arni, Arni de Esrom, Esrom de Farés, Farés de Judá,
  34. Judá de Jacó, Jacó de Isaque, Isaque de Abraão, Abraão de Tará, Tará de Naor,
  35. Naor de Seruque, Seruque de Ragaú, Ragaú de Faleque, Faleque de Eber, Eber de Salá,
  36. Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade, Arfaxade de Sem, Sem de Noé, Noé de Lameque,
  37. Lameque de Matusalém, Matusalém de Enoque, Enoque de Jarede, Jarede de Maleleel, Maleleel de Cainã,
  38. Cainã de Enos, Enos de Sete, Sete de Adão, e Adão de Deus.

Lucas 4

  1. Jesus, pois, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão; e era levado pelo Espírito no deserto,
  2. durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. E naqueles dias não comeu coisa alguma; e terminados eles, teve fome.
  3. Disse-lhe então o Diabo: Se tu és Filho de Deus, manda a esta pedra que se torne em pão.
  4. Jesus, porém, lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem.
  5. Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.
  6. E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foi entregue, e a dou a quem eu quiser;
  7. se tu, me adorares, será toda tua.
  8. Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
  9. Então o levou a Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
  10. porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te guardem;
  11. e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
  12. Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor teu Deus.
  13. Assim, tendo o Diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião oportuna.
  14. Então voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.
  15. Ensinava nas sinagogas deles, e por todos era louvado.
  16. Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
  17. Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito:
  18. O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
  19. e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
  20. E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
  21. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.
  22. E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de José?
  23. Disse-lhes Jesus: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.
  24. E prosseguiu: Em verdade vos digo que nenhum profeta é aceito na sua terra.
  25. Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando céu se fechou por três anos e seis meses, de sorte que houve grande fome por toda a terra;
  26. e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Serepta de Sidom.
  27. Também muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Elizeu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio.
  28. Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, ficaram cheios de ira.
  29. e, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o despenhadeiro do monte em que a sua cidade estava edificada, para dali o precipitarem.
  30. Ele, porém, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.
  31. Então desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os ensinava no sábado.
  32. e maravilharam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade.
  33. Havia na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo; e gritou em alta voz:
  34. Ah! que temos nós contigo, Jesus, nazareno? vieste destruir-nos? Bem sei quem é: o Santo de Deus.
  35. Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, tendo-o lançado por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal algum.
  36. E veio espanto sobre todos, e falavam entre si, perguntando uns aos outros: Que palavra é esta, pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
  37. E se divulgava a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.
  38. Ora, levantando-se Jesus, saiu da sinagoga e entrou em casa de Simão; e estando a sogra de Simão enferma com muita febre, rogaram-lhe por ela.
  39. E ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. Imediatamente ela se levantou e os servia.
  40. Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e ele punha as mãos sobre cada um deles e os curava.
  41. Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus. Ele, porém, os repreendia, e não os deixava falar; pois sabiam que ele era o Cristo.
  42. Ao romper do dia saiu, e foi a um lugar deserto; e as multidões procuravam-no e, vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se ausentasse delas.
  43. Ele, porém, lhes disse: É necessário que também às outras cidades eu anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é que fui enviado.
  44. E pregava nas sinagogas da Judéia.

Lucas 5

  1. Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré;
  2. e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes.
  3. Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões.
  4. Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.
  5. Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
  6. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam.
  7. Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
  8. Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.
  9. Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam,
  10. bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
  11. E, levando eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram.
  12. Estando ele numa das cidades, apareceu um homem cheio de lepra que, vendo a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
  13. Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante desapareceu dele a lepra.
  14. Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai, disse ele, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta pela tua purificação, conforme Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
  15. A sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades.
  16. Mas ele se retirava para os desertos, e ali orava.
  17. Um dia, quando ele estava ensinando, achavam-se ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia e da Judéia, e de Jerusalém; e o poder do Senhor estava com ele para curar.
  18. E eis que uns homens, trazendo num leito um paralítico, procuravam introduzi-lo e pô-lo diante dele.
  19. Mas, não achando por onde o pudessem introduzir por causa da multidão, subiram ao eirado e, por entre as telhas, o baixaram com o leito, para o meio de todos, diante de Jesus.
  20. E vendo-lhes a fé, disse ele: Homem, são-te perdoados os teus pecados.
  21. Então os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que profere blasfêmias? Quem é este que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?
  22. Jesus, porém, percebendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Por que arrazoais em vossos corações?
  23. Qual é mais fácil? dizer: São-te perdoados os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, e anda?
  24. Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
  25. Imediatamente se levantou diante deles, tomou o leito em que estivera deitado e foi para sua casa, glorificando a Deus.
  26. E, tomados de pasmo, todos glorificavam a Deus; e diziam, cheios de temor: Hoje vimos coisas extraordinárias.
  27. Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, disse-lhe: Segue-me.
  28. Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.
  29. Deu-lhe então Levi um lauto banquete em sua casa; havia ali grande número de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.
  30. Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas contra os discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
  31. Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos;
  32. eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento.
  33. Disseram-lhe eles: Os discípulos de João jejuam frequentemente e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem.
  34. Respondeu-lhes Jesus: Podeis, porventura, fazer jejuar os convidados às núpcias enquanto o noivo está com eles?
  35. Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim hão de jejuar.
  36. Propôs-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de um vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará o novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho.
  37. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão;
  38. mas vinho novo deve ser deitado em odres novos.
  39. E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom.

Lucas 6

  1. E sucedeu que, num dia de sábado, passava Jesus pelas searas; e seus discípulos iam colhendo espigas e, debulhando-as com as mãos, as comiam.
  2. Alguns dos fariseus, porém, perguntaram; Por que estais fazendo o que não é lícito fazer nos sábados?
  3. E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nem ao menos tendes lido o que fez Davi quando teve fome, ele e seus companheiros?
  4. Como entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão só aos sacerdotes, e deles comeu e deu também aos companheiros?
  5. Também lhes disse: O Filho do homem é Senhor do sábado.
  6. Ainda em outro sábado entrou na sinagoga, e pôs-se a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita atrofiada.
  7. E os escribas e os fariseus observavam-no, para ver se curaria em dia de sábado, para acharem de que o acusar.
  8. Mas ele, conhecendo-lhes os pensamentos, disse ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te, e fica em pé aqui no maio. E ele, levantando-se, ficou em pé.
  9. Disse-lhes, então, Jesus: Eu vos pergunto: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou tirá-la?
  10. E olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele assim o fez, e a mão lhe foi restabelecida.
  11. Mas eles se encheram de furor; e uns com os outros conferenciam sobre o que fariam a Jesus.
  12. Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus.
  13. Depois do amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:
  14. Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu;
  15. Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;
  16. Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor.
  17. E Jesus, descendo com eles, parou num lugar plano, onde havia não só grande número de seus discípulos, mas também grande multidão do povo, de toda a Judéia e Jerusalém, e do litoral de Tiro e de Sidom, que tinham vindo para ouvi-lo e serem curados das suas doenças;
  18. e os que eram atormentados por espíritos imundos ficavam curados.
  19. E toda a multidão procurava tocar-lhe; porque saía dele poder que curava a todos.
  20. Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
  21. Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
  22. Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, e quando vos expulsarem da sua companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do homem.
  23. Regozijai-vos nesse dia e exultai, porque eis que é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os seus pais aos profetas.
  24. Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.
  25. Ai de vós, os que agora estais fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos lamentareis e chorareis.
  26. Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem! porque assim faziam os seus pais aos falsos profetas.
  27. Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
  28. bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
  29. Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica.
  30. Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames.
  31. Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós também.
  32. Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
  33. E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo.
  34. E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
  35. Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus.
  36. Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
  37. Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.
  38. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós.
  39. E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco?
  40. Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre.
  41. Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
  42. Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
  43. Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
  44. Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
  45. O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
  46. E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?
  47. Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante:
  48. É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com ímpeto a torrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem edificada.
  49. Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.

Lucas 7

  1. Quando acabou de proferir todas estas palavras aos ouvidos do povo, entrou em Cafarnaum.
  2. E um servo de certo centurião, de quem era muito estimado, estava doente, quase à morte.
  3. O centurião, pois, ouvindo falar de Jesus, enviou-lhes uns anciãos dos judeus, a pedir-lhe que viesse curar o seu servo.
  4. E chegando eles junto de Jesus, rogavam-lhe com instância, dizendo: É digno de que lhe concedas isto;
  5. porque ama à nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.
  6. Ia, pois, Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou o centurião uns amigos a dizer-lhe: Senhor, não te incomodes; porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado;
  7. por isso nem ainda me julguei digno de ir à tua presença; dize, porém, uma palavra, e seja o meu servo curado.
  8. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
  9. Jesus, ouvindo isso, admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.
  10. E voltando para casa os que haviam sido enviados, encontraram o servo com saúde.
  11. Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão.
  12. Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
  13. Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
  14. Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te.
  15. O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.
  16. O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.
  17. E correu a notícia disto por toda a Judéia e por toda a região circunvizinha.
  18. Ora, os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas.
  19. E João, chamando a dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
  20. Quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João, o Batista, enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
  21. Naquela mesma hora, curou a muitos de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos.
  22. Então lhes respondeu: Ide, e contai a João o que tens visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
  23. E bem-aventurado aquele que não se escandalizar de mim.
  24. E, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a dizer às multidões a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
  25. Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em delícias, estão nos paços reais.
  26. Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
  27. Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
  28. Pois eu vos digo que, entre os nascidos de mulher, não há nenhum maior do que João; mas aquele que é o menor no re medida com é maior do que ele.
  29. E todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o batismo de João.
  30. Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus quando a si mesmos, não sendo batizados por ele.
  31. A que, pois, compararei os homens desta geração, e a que são semelhantes?
  32. São semelhantes aos meninos que, sentados nas praças, gritam uns para os outros: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes.
  33. Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio;
  34. veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores.
  35. Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.
  36. Um dos fariseus convidou-o para comer com ele; e entrando em casa do fariseu, reclinou-se à mesa.
  37. E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo;
  38. e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo.
  39. Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma pecadora.
  40. E respondendo Jesus, disse-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Dize-a, Mestre.
  41. Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos denários, e outro cinquenta.
  42. Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?
  43. Respondeu Simão: Suponho que é aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe Jesus: Julgaste bem.
  44. E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.
  45. Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés.
  46. Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
  47. Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
  48. E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.
  49. Mas os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados?
  50. Jesus, porém, disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.

Lucas 8

  1. Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os doze,
  2. bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios.
  3. Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens.
  4. Ora, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola:
  5. Saiu o semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; e foi pisada, e as aves do céu a comeram.
  6. Outra caiu sobre pedra; e, nascida, secou-se porque não havia umidade.
  7. E outra caiu no meio dos espinhos; e crescendo com ela os espinhos, sufocaram-na.
  8. Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cem por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
  9. Perguntaram-lhe então seus discípulos o que significava essa parábola.
  10. Respondeu ele: A vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos outros se fala por parábolas; para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.
  11. É, pois, esta a parábola: A semente é a palavra de Deus.
  12. Os que estão à beira do caminho são os que ouvem; mas logo vem o Diabo e tira-lhe do coração a palavra, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
  13. Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas estes não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, mas na hora da provação se desviam.
  14. A parte que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta vida e não dão fruto com perfeição.
  15. Mas a que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.
  16. Ninguém, pois, acende uma candeia e a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.
  17. Porque não há coisa encoberta que não haja de manifestar-se, nem coisa secreta que não haja de saber-se e vir à luz.
  18. Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver, até o que parece ter lhe será tirado.
  19. Vieram, então, ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão.
  20. Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te.
  21. Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.
  22. Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E partiram.
  23. Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma tempestade de vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que perigavam.
  24. Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
  25. Então lhes perguntou: Onde está a vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
  26. Apontaram à terra dos gerasenos, que está defronte da Galiléia.
  27. Logo que saltou em terra, saiu-lhe ao encontro um homem da cidade, possesso de demônios, que havia muito tempo não vestia roupa, nem morava em casa, mas nos sepulcros.
  28. Quando ele viu a Jesus, gritou, prostrou-se diante dele, e com grande voz exclamou: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
  29. Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois já havia muito tempo que se apoderara dele; e guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos.
  30. Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios.
  31. E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo.
  32. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe, pois que lhes permitisse entrar neles, e lho permitiu.
  33. E tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos; e a manada precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e afogou-se.
  34. Quando os pastores viram o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos.
  35. Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram ter com Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem de quem havia saído os demônios; e se atemorizaram.
  36. Os que tinham visto aquilo contaram-lhes como fora curado o endemoninhado.
  37. Então todo o povo da região dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande medo. Pelo que ele entrou no barco, e voltou.
  38. Pedia-lhe, porém, o homem de quem haviam saído os demônios que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
  39. Volta para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.
  40. Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu; porque todos o estavam esperando.
  41. E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa;
  42. porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões.
  43. E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada,
  44. chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia.
  45. Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem.
  46. Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder.
  47. Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada.
  48. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.
  49. Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre.
  50. Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva.
  51. Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina.
  52. E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme.
  53. E riam-se dele, sabendo que ela estava morta.
  54. Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te.
  55. E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.
  56. E seus pais ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia sucedido.

Lucas 9

  1. Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem doenças;
  2. e enviou-os a pregar o reino de Deus, e fazer curas,
  3. dizendo-lhes: Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
  4. Em qualquer casa em que entrardes, nela ficai, e dali partireis.
  5. Mas, onde quer que não vos receberem, saindo daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.
  6. Saindo, pois, os discípulos percorreram as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda parte.
  7. Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e ficou muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos mortos;
  8. outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas se levantou.
  9. Herodes, porém, disse: A João eu mandei degolar; quem é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava vê-lo.
  10. Quando os apóstolos voltaram, contaram-lhe tudo o que havia feito. E ele, levando-os consigo, retirou-se à parte para uma cidade chamada Betsaida.
  11. Mas as multidões, percebendo isto, seguiram-no; e ele as recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.
  12. Ora, quando o dia começava a declinar, aproximando-se os doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo às aldeias e aos sítios em redor, se hospedem, e achem o que comer; porque aqui estamos em lugar deserto.
  13. Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de comer. Responderam eles: Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós formos comprar comida para todo este povo.
  14. Pois eram cerca de cinco mil homens. Então disse a seus discípulos: Fazei-os reclinar-se em grupos de cerca de cinquenta cada um.
  15. Assim o fizeram, mandando que todos se reclinassem.
  16. E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, os abençoou e partiu, e os entregava aos seus discípulos para os porem diante da multidão.
  17. Todos, pois, comeram e se fartaram; e foram levantados, do que lhes sobejou, doze cestos de pedaços.
  18. Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou?
  19. Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou.
  20. Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.
  21. Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não contassem isso a ninguém;
  22. e disse-lhes: É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite.
  23. Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
  24. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará.
  25. Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo?
  26. Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
  27. Mas em verdade vos digo: Alguns há, dos que estão aqui, que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus.
  28. Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar.
  29. Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente.
  30. E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias,
  31. os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém.
  32. Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele.
  33. E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.
  34. Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem.
  35. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.
  36. Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
  37. No dia seguinte, quando desceram do monte, veio-lhe ao encontro uma grande multidão.
  38. E eis que um homem dentre a multidão clamou, dizendo: Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho;
  39. pois um espírito se apodera dele, fazendo-o gritar subitamente, convulsiona-o até escumar e, mesmo depois de o ter quebrantado, dificilmente o larga.
  40. E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, mas não puderam.
  41. Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho.
  42. Ainda quando ele vinha chegando, o demônio o derribou e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai.
  43. E todos se maravilhavam da majestade de Deus. E admirando-se todos de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos:
  44. Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos; pois o Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
  45. Eles, porém, não entendiam essa palavra, cujo sentido lhes era encoberto para que não o compreendessem; e temiam interrogá-lo a esse respeito.
  46. E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.
  47. Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou uma criança, pô-la junto de si,
  48. e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber a mim, recebe aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.
  49. Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios; e lho proibimos, porque não segue conosco.
  50. Respondeu-lhe Jesus: Não lho proibais; porque quem não é contra vós é por vós.
  51. Ora, quando se completavam os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.
  52. Enviou, pois, mensageiros adiante de si. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe prepararem pousada.
  53. Mas não o receberam, porque viajava em direção a Jerusalém.
  54. Vendo isto os discípulos Tiago e João, disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir [como Elias também fez?]
  55. Ele porém, voltando-se, repreendeu-os, [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.]
  56. [Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las.] E foram para outra aldeia.
  57. Quando iam pelo caminho, disse-lhe um homem: Seguir-te-ei para onde quer que fores.
  58. Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
  59. E a outro disse: Segue-me. Ao que este respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
  60. Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.
  61. Jesus, porém, lhe respondeu: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.

Lucas 10

  1. Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
  2. E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
  3. Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos.
  4. Não leveis bolsa, nem alforge, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
  5. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa.
  6. E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós.
  7. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa.
  8. Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós.
  9. Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus.
  10. Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei:
  11. Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado.
  12. Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade.
  13. Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam arrependido.
  14. Contudo, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no juízo do que para vós.
  15. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás.
  16. Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
  17. Voltaram depois os setenta com alegria, dizendo: Senhor, em teu nome, até os demônios se nos submetem.
  18. Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
  19. Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum.
  20. Contudo, não vos alegreis porque se vos submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.
  21. Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
  22. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
  23. E voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.
  24. Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
  25. E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
  26. Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu?
  27. Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
  28. Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
  29. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
  30. Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
  31. Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo.
  32. De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
  33. Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão;
  34. e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
  35. No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.
  36. Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
  37. Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo.
  38. Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
  39. Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
  40. Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.
  41. Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas;
  42. entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

Lucas 11

  1. Estava Jesus em certo lugar orando e, quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.
  2. Ao que ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino;
  3. dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
  4. e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos deixes entrar em tentação, [mas livra-nos do mal.]
  5. Disse-lhes também: Se um de vós tiver um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
  6. pois que um amigo meu, estando em viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que lhe oferecer;
  7. e se ele, de dentro, responder: Não me incomodes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para te atender;
  8. digo-vos que, ainda que se levante para lhos dar por ser seu amigo, todavia, por causa da sua importunação, se levantará e lhe dará quantos pães ele precisar.
  9. Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;
  10. pois todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
  11. E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?
  12. Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
  13. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?
  14. Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se admiraram.
  15. Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.
  16. E outros, experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu.
  17. Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá.
  18. Ora, pois, se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso dos demônios por Belzebu.
  19. E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
  20. Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
  21. Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens;
  22. mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.
  23. Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
  24. Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí.
  25. E chegando, acha-a varrida e adornada.
  26. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro.
  27. Ora, enquanto ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te amamentaste.
  28. Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.
  29. Como afluíssem as multidões, começou ele a dizer: Geração perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas;
  30. porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração.
  31. A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.
  32. Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas.
  33. Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz.
  34. A candeia do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, quando forem maus, o teu corpo será tenebroso.
  35. Vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas.
  36. Se, pois, todo o teu corpo estiver iluminado, sem ter parte alguma em trevas, será inteiramente luminoso, como quando a candeia te alumia com o seu resplendor.
  37. Acabando Jesus de falar, um fariseu o convidou para almoçar com ele; e havendo Jesus entrado, reclinou-se à mesa.
  38. O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de almoçar.
  39. Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós, os fariseus, limpais o exterior do corpo e do prato; mas o vosso interior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade.
  40. Loucos! quem fez o exterior, não fez também o inferior?
  41. Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas.
  42. Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas.
  43. Ai de vós, fariseus! porque gostais dos primeiros assentos nas sinagogas, e das saudações nas praças.
  44. Ai de vós! porque sois como as sepulturas que não aparecem, sobre as quais andam os homens sem o saberem.
  45. Disse-lhe, então, um dos doutores da lei: Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a nós.
  46. Ele, porém, respondeu: Ai de vós também, doutores da lei! porque carregais os homens com fardos difíceis de suportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais nesses fardos.
  47. Ai de vós! porque edificais os túmulos dos profetas, e vossos pais os mataram.
  48. Assim sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais; porquanto eles os mataram, e vós lhes edificais os túmulos.
  49. Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão outros;
  50. para que a esta geração se peçam contas do sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado;
  51. desde o sangue de Abel, até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário; sim, eu vos digo, a esta geração se pedirão contas.
  52. Ai de vós, doutores da lei! porque tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam.
  53. Ao sair ele dali, começaram os escribas e os fariseus a apertá-lo fortemente, e a interrogá-lo acerca de muitas coisas,
  54. armando-lhe ciladas, a fim de o apanharem em alguma coisa que dissesse.

Lucas 12

  1. Ajuntando-se entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam uns aos outros, começou Jesus a dizer primeiro aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
  2. Mas nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser conhecido.
  3. Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falaste ao ouvido no gabinete, dos eirados será apregoado.
  4. Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer.
  5. Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei.
  6. Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus.
  7. Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais valeis vós do que muitos passarinhos.
  8. E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus;
  9. mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus.
  10. E a todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado.
  11. Quando, pois, vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer.
  12. Porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis dizer.
  13. Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a herança.
  14. Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?
  15. E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
  16. Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;
  17. e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.
  18. Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;
  19. e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
  20. Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
  21. Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
  22. E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir.
  23. Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário.
  24. Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves!
  25. Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
  26. Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?
  27. Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.
  28. Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?
  29. Não procureis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de beber, e não andeis preocupados.
  30. Porque a todas estas coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que precisais delas.
  31. Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas.
  32. Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.
  33. Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói.
  34. Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
  35. Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias;
  36. e sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe.
  37. Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá.
  38. Quer venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados serão eles, se assim os achar.
  39. Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
  40. Estai vós também apercebidos; porque, numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
  41. Então Pedro perguntou: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
  42. Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
  43. Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
  44. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
  45. Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se,
  46. virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
  47. O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
  48. mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.
  49. Vim lançar fogo à terra; e que mais quero, se já está aceso?
  50. Há um batismo em que hei de ser batizado; e como me angustio até que venha a cumprir-se!
  51. Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas antes dissensão:
  52. pois daqui em diante estarão cinco pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três;
  53. estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.
  54. Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede;
  55. e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede.
  56. Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?
  57. E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?
  58. Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura fazer as pazes com ele no caminho; para que não suceda que ele te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te lance na prisão
  59. Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro lepto.

Lucas 13

  1. Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles.
  2. Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
  3. Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
  4. Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
  5. Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
  6. E passou a narrar esta parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, e não o achou.
  7. Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?
  8. Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe deite estrume;
  9. e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás.
  10. Jesus estava ensinando numa das sinagogas no sábado.
  11. E estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
  12. Vendo-a Jesus, chamou-a, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade;
  13. e impôs-lhe as mãos e imediatamente ela se endireitou, e glorificava a Deus.
  14. Então o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus curara no sábado, tomando a palavra disse à multidão: Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, neles para serdes curados, e não no dia de sábado.
  15. Respondeu-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, para o levar a beber?
  16. E não devia ser solta desta prisão, no dia de sábado, esta que é filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?
  17. E dizendo ele essas coisas, todos os seus adversário ficavam envergonhados; e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.
  18. Ele, pois, dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei?
  19. É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta; cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.
  20. E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?
  21. É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.
  22. Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém.
  23. E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu:
  24. Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
  25. Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois;
  26. então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas;
  27. e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
  28. Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
  29. Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
  30. Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.
  31. Naquela mesma hora chegaram alguns fariseus que lhe disseram: Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
  32. Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou expulsando demônios e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei consumado.
  33. Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém.
  34. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!
  35. Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.

Lucas 14

  1. Tendo Jesus entrado, num sábado, em casa de um dos chefes dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando.
  2. Achava-se ali diante dele certo homem hidrópico.
  3. E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei e aos fariseus, e perguntou: É lícito curar no sábado, ou não?
  4. Eles, porém, ficaram calados. E Jesus, pegando no homem, o curou, e o despediu.
  5. Então lhes perguntou: Qual de vós, se lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado?
  6. A isto nada puderam responder.
  7. Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola:
  8. Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;
  9. e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar.
  10. Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.
  11. Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
  12. Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído.
  13. Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos;
  14. e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos.
  15. Ao ouvir isso um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus.
  16. Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e convidou a muitos.
  17. E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: vinde, porque tudo já está preparado.
  18. Mas todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por escusado.
  19. Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado.
  20. Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir.
  21. Voltou o servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da casa, indignado, disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
  22. Depois disse o servo: Senhor, feito está como o ordenaste, e ainda há lugar.
  23. Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha.
  24. Pois eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
  25. Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
  26. Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.
  27. Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.
  28. Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?
  29. Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
  30. dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.
  31. Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
  32. No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
  33. Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.
  34. Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?
  35. Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.

Lucas 15

  1. Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
  2. E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.
  3. Então ele lhes propôs esta parábola:
  4. Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?
  5. E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;
  6. e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.
  7. Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
  8. Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com diligência até encontrá-la?
  9. E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido.
  10. Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.
  11. Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos.
  12. O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.
  13. Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
  14. E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades.
  15. Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
  16. E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.
  17. Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
  18. Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
  19. já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
  20. Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
  21. Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
  22. Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
  23. trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
  24. porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se.
  25. Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças;
  26. e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
  27. Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
  28. Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
  29. Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos;
  30. vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
  31. Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
  32. era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.

Lucas 16

  1. Dizia Jesus também aos seus discípulos: Havia certo homem rico, que tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de estar dissipando os seus bens.
  2. Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua mordomia; porque já não podes mais ser meu mordomo.
  3. Disse, pois, o mordomo consigo: Que hei de fazer, já que o meu senhor me tira a mordomia? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha.
  4. Agora sei o que vou fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
  5. E chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
  6. Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta.
  7. Perguntou depois a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. E disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
  8. E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver procedido com sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com a sua geração do que os filhos da luz.
  9. Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
  10. Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; quem é injusto no pouco, também é injusto no muito.
  11. Se, pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
  12. E se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
  13. Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
  14. Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e zombavam dele.
  15. E ele lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
  16. A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele.
  17. É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.
  18. Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.
  19. Ora, havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente.
  20. Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de úlceras;
  21. o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras.
  22. Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado.
  23. No hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio.
  24. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
  25. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado.
  26. E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós.
  27. Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
  28. porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento.
  29. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
  30. Respondeu ele: Não! pai Abraão; mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender.
  31. Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.

Lucas 17

  1. Disse Jesus a seus discípulos: É impossível que não venham tropeços, mas ai daquele por quem vierem!
  2. Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos.
  3. Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe.
  4. Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás.
  5. Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.
  6. Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
  7. Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
  8. Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás?
  9. Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado?
  10. Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
  11. E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa entre a Samária e a Galiléia.
  12. Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe,
  13. e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!
  14. Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos.
  15. Um deles, vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em alta voz;
  16. e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era samaritano.
  17. Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde estão?
  18. Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?
  19. E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.
  20. Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior;
  21. nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós.
  22. Então disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
  23. Dir-vos-ão: Ei-lo ali! ou: Ei-lo aqui! não vades, nem os sigais;
  24. pois, assim como o relâmpago, fuzilando em uma extremidade do céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
  25. Mas primeiro é necessário que ele padeça muitas coisas, e que seja rejeitado por esta geração.
  26. Como aconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do Filho do homem.
  27. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos.
  28. Como também da mesma forma aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
  29. mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os destruiu a todos;
  30. assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.
  31. Naquele dia, quem estiver no eirado, tendo os seus bens em casa, não desça para tirá-los; e, da mesma sorte, o que estiver no campo, não volte para trás.
  32. Lembrai-vos da mulher de Ló.
  33. Qualquer que procurar preservar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, conservá-la-á.
  34. Digo-vos: Naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e o outro será deixado.
  35. Duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e a outra será deixada.
  36. [Dois homens estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado.]
  37. Perguntaram-lhe: Onde, Senhor? E respondeu-lhes: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão também os abutres.

Lucas 18

  1. Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.
  2. dizendo: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os homens.
  3. Havia também naquela mesma cidade uma viúva que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
  4. E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
  5. todavia, como esta viúva me incomoda, hei de fazer-lhe justiça, para que ela não continue a vir molestar-me.
  6. Prosseguiu o Senhor: Ouvi o que diz esse juiz injusto.
  7. E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é longânimo para com eles?
  8. Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
  9. Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
  10. Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.
  11. O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano.
  12. Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
  13. Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador!
  14. Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
  15. Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; mas os discípulos, vendo isso, os repreendiam.
  16. Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
  17. Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de modo algum entrará nele.
  18. E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
  19. Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.
  20. Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
  21. Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
  22. Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
  23. Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico.
  24. E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
  25. Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
  26. Então os que ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo?
  27. Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
  28. Disse-lhe Pedro: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos.
  29. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do reino de Deus,
  30. que não haja de receber no presente muito mais, e no mundo vindouro a vida eterna.
  31. Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito;
  32. pois será entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido;
  33. e depois de o açoitarem, o matarão; e ao terceiro dia ressurgirá.
  34. Mas eles não entenderam nada disso; essas palavras lhes eram obscuras, e não percebiam o que lhes dizia.
  35. Ora, quando ele ia chegando a Jericó, estava um cego sentado junto do caminho, mendigando.
  36. Este, pois, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo.
  37. Disseram-lhe que Jesus, o nazareno, ia passando.
  38. Então ele se pôs a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
  39. E os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse; ele, porém, clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim!
  40. Parou, pois, Jesus, e mandou que lho trouxessem. Tendo ele chegado, perguntou-lhe:
  41. Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja.
  42. Disse-lhe Jesus: Vê; a tua fé te salvou.
  43. Imediatamente recuperou a vista, e o foi seguindo, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus.

Lucas 19

  1. Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
  2. Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.
  3. Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.
  4. E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.
  5. Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa.
  6. Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.
  7. Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.
  8. Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.
  9. Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
  10. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
  11. Ouvindo eles isso, prosseguiu Jesus, e contou uma parábola, visto estar ele perto de Jerusalém, e pensarem eles que o reino de Deus se havia de manifestar imediatamente.
  12. Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra longínqua, a fim de tomar posse de um reino e depois voltar.
  13. E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha.
  14. Mas os seus concidadãos odiavam-no, e enviaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos que este homem reine sobre nós.
  15. E sucedeu que, ao voltar ele, depois de ter tomado posse do reino, mandou chamar aqueles servos a quem entregara o dinheiro, a fim de saber como cada um havia negociado.
  16. Apresentou-se, pois, o primeiro, e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.
  17. Respondeu-lhe o senhor: Bem está, servo bom! porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade.
  18. Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas.
  19. A este também respondeu: Sê tu também sobre cinco cidades.
  20. E veio outro, dizendo: Senhor, eis aqui a tua mina, que guardei num lenço;
  21. pois tinha medo de ti, porque és homem severo; tomas o que não puseste, e ceifas o que não semeaste.
  22. Disse-lhe o Senhor: Servo mau! pela tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem severo, que tomo o que não pus, e ceifo o que não semeei;
  23. por que, pois, não puseste o meu dinheiro no banco? então vindo eu, o teria retirado com os juros.
  24. E disse aos que estavam ali: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem as dez minas.
  25. Responderam-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas.
  26. Pois eu vos digo que a todo o que tem, dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
  27. Quanto, porém, àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.
  28. Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém.
  29. Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos,
  30. dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e trazei-o.
  31. Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? respondereis assim: O Senhor precisa dele.
  32. Partiram, pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme lhes dissera.
  33. Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho?
  34. Responderam eles: O Senhor precisa dele.
  35. Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse.
  36. E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus mantos.
  37. Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinha visto,
  38. dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.
  39. Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
  40. Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.
  41. E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela,
  42. dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
  43. Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados,
  44. e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação.
  45. Então, entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam,
  46. dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração; vós, porém, a fizestes covil de salteadores.
  47. E todos os dias ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo;
  48. mas não achavam meio de o fazer; porque todo o povo ficava enlevado ao ouvi-lo.

Lucas 20

  1. Num desses dias, quando Jesus ensinava o povo no templo, e anunciava o evangelho, sobrevieram os principais sacerdotes e os escribas, com os anciãos.
  2. e falaram-lhe deste modo: Dize-nos, com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou, quem é o que te deu esta autoridade?
  3. Respondeu-lhes ele: Eu também vos farei uma pergunta; dizei-me, pois:
  4. O batismo de João era do céu ou dos homens?
  5. Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: do céu, ele dirá: Por que não crestes?
  6. Mas, se dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará; pois está convencido de que João era profeta.
  7. Responderam, pois, que não sabiam donde era.
  8. Replicou-lhes Jesus: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
  9. Começou então a dizer ao povo esta parábola: Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se do país por muito tempo.
  10. No tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
  11. Tornou a mandar outro servo; mas eles espancaram também a este e, afrontando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
  12. E mandou ainda um terceiro; mas feriram também a este e lançaram-no fora.
  13. Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; a ele talvez respeitarão.
  14. Mas quando os lavradores o viram, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja nossa.
  15. E lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?
  16. Virá e destruirá esses lavradores, e dará a vinha a outros. Ouvindo eles isso, disseram: Tal não aconteça!
  17. Mas Jesus, olhando para eles, disse: Pois, que quer dizer isto que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular?
  18. Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
  19. Ainda na mesma hora os escribas e os principais sacerdotes, percebendo que contra eles proferira essa parábola, procuraram deitar-lhe as mãos, mas temeram o povo.
  20. E, aguardando oportunidade, mandaram espias, os quais se fingiam justos, para o apanharem em alguma palavra, e o entregarem à jurisdição e à autoridade do governador.
  21. Estes, pois, o interrogaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus;
  22. é-nos lícito dar tributo a César, ou não?
  23. Mas Jesus, percebendo a astúcia deles, disse-lhes:
  24. Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a inscrição que ele tem? Responderam: De César.
  25. Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
  26. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e admirados da sua resposta, calaram-se.
  27. Chegaram então alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
  28. Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, tendo mulher mas não tendo filhos, o irmão dele case com a viúva, e suscite descendência ao irmão.
  29. Havia, pois, sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos;
  30. então o segundo, e depois o terceiro, casaram com a viúva;
  31. e assim todos os sete, e morreram, sem deixar filhos.
  32. Depois morreu também a mulher.
  33. Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
  34. Respondeu-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casaram-se e dão-se em casamento;
  35. mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento;
  36. porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
  37. Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
  38. Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem.
  39. Responderam alguns dos escribas: Mestre, disseste bem.
  40. Não ousavam, pois, perguntar-lhe mais coisa alguma.
  41. Jesus, porém, lhes perguntou: Como dizem que o Cristo é filho de Davi?
  42. Pois o próprio Davi diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
  43. até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.
  44. Logo Davi lhe chama Senhor como, pois, é ele seu filho?
  45. Enquanto todo o povo o ouvia, disse Jesus aos seus discípulos:
  46. Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas, e gostam das saudações nas praças, dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes;
  47. que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão de receber maior condenação.

Lucas 21

  1. Jesus, levantando os olhos, viu os ricos deitarem as suas ofertas no cofre;
  2. viu também uma pobre viúva lançar ali dois leptos;
  3. e disse: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos;
  4. porque todos aqueles deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu sustento.
  5. E falando-lhe alguns a respeito do templo, como estava ornado de formosas pedras e dádivas, disse ele:
  6. Quanto a isto que vedes, dias virão em que não se deixará aqui pedra sobre pedra, que não seja derribada.
  7. Perguntaram-lhe então: Mestre, quando, pois, sucederão estas coisas? E que sinal haverá, quando elas estiverem para se cumprir?
  8. Respondeu então ele: Acautelai-vos; não sejais enganados; porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é chegado; não vades após eles.
  9. Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim não será logo.
  10. Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino;
  11. e haverá em vários lugares grandes terremotos, e pestes e fomes; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
  12. Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
  13. Isso vos acontecerá para que deis testemunho.
  14. Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de fazer a vossa defesa;
  15. porque eu vos darei boca e sabedoria, a que nenhum dos vossos adversário poderá resistir nem contradizer.
  16. E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;
  17. e sereis odiados de todos por causa do meu nome.
  18. Mas não se perderá um único cabelo da vossa cabeça.
  19. Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas.
  20. Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.
  21. Então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os que estiverem nos campos não entrem nela.
  22. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas.
  23. Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! porque haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo.
  24. E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem.
  25. E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
  26. os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
  27. Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.
  28. Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima.
  29. Propôs-lhes então uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;
  30. quando começam a brotar, sabeis por vós mesmos, ao vê-las, que já está próximo o verão.
  31. Assim também vós, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que o reino de Deus está próximo.
  32. Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo isso se cumpra.
  33. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
  34. Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.
  35. Porque há de vir sobre todos os que habitam na face da terra.
  36. Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem.
  37. Ora, de dia ensinava no templo, e à noite, saindo, pousava no monte chamado das Oliveiras.
  38. E todo o povo ia ter com ele no templo, de manhã cedo, para o ouvir.

Lucas 22

  1. Aproximava-se a festa dos pães ázimos, que se chama a páscoa.
  2. E os principais sacerdotes e os escribas andavam procurando um modo de o matar; pois temiam o povo.
  3. Entrou então Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos doze;
  4. e foi ele tratar com os principais sacerdotes e com os capitães de como lho entregaria.
  5. Eles se alegraram com isso, e convieram em lhe dar dinheiro.
  6. E ele concordou, e buscava ocasião para lho entregar sem alvoroço.
  7. Ora, chegou o dia dos pães ázimos, em que se devia imolar a páscoa;
  8. e Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos.
  9. Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?
  10. Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem, levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar.
  11. E direis ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
  12. Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos.
  13. Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a páscoa.
  14. E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.
  15. E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão;
  16. pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.
  17. Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;
  18. porque vos digo que desde agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
  19. E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
  20. Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.
  21. Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa.
  22. Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
  23. Então eles começaram a perguntar entre si qual deles o que ia fazer isso.
  24. Levantou-se também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior.
  25. Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que sobre eles exercem autoridade são chamados benfeitores.
  26. Mas vós não sereis assim; antes o maior entre vós seja como o mais novo; e quem governa como quem serve.
  27. Pois qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve.
  28. Mas vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas provações;
  29. e assim como meu Pai me conferiu domínio, eu vo-lo confiro a vós;
  30. para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos senteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.
  31. Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo;
  32. mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos.
  33. Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.
  34. Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces.
  35. E perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
  36. Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a.
  37. Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.
  38. Disseram eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta.
  39. Então saiu e, segundo o seu costume, foi para o Monte das Oliveiras; e os discípulos o seguiam.
  40. Quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.
  41. E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,
  42. dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.
  43. Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava.
  44. E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.
  45. Depois, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza;
  46. e disse-lhes: Por que estais dormindo? Lenvantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.
  47. E estando ele ainda a falar, eis que surgiu uma multidão; e aquele que se chamava Judas, um dos doze, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar.
  48. Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?
  49. Quando os que estavam com ele viram o que ia suceder, disseram: Senhor, feri-los-emos a espada?
  50. Então um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita.
  51. Mas Jesus disse: Deixei-os; basta. E tocando-lhe a orelha, o curou.
  52. Então disse Jesus aos principais sacerdotes, oficiais do templo e anciãos, que tinham ido contra ele: Saístes, como a um salteador, com espadas e varapaus?
  53. Todos os dias estava eu convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.
  54. Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote; e Pedro seguia-o de longe.
  55. E tendo eles acendido fogo no meio do pátio e havendo-se sentado à roda, sentou-se Pedro entre eles.
  56. Uma criada, vendo-o sentado ao lume, fixou os olhos nele e disse: Esse também estava com ele.
  57. Mas Pedro o negou, dizendo: Mulher, não o conheço.
  58. Daí a pouco, outro o viu, e disse: Tu também és um deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou.
  59. E, tendo passado quase uma hora, outro afirmava, dizendo: Certamente este também estava com ele, pois é galileu.
  60. Mas Pedro respondeu: Homem, não sei o que dizes. E imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo.
  61. Virando-se o Senhor, olhou para Pedro; e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.
  62. E, havendo saído, chorou amargamente.
  63. Os homens que detinham Jesus zombavam dele, e feriam-no;
  64. e, vendando-lhe os olhos, perguntavam, dizendo: Profetiza, quem foi que te bateu?
  65. E, blasfemando, diziam muitas outras coisas contra ele.
  66. Logo que amanheceu reuniu-se a assembléia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziam ao sinédrio deles, onde lhe disseram:
  67. Se tu és o Cristo, dize-no-lo. Replicou-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não o crereis;
  68. e se eu vos interrogar, de modo algum me respondereis.
  69. Mas desde agora estará assentado o Filho do homem à mão direita do poder de Deus.
  70. Ao que perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? Respondeu-lhes: Vós dizeis que eu sou.
  71. Então disseram: Por que ainda temos necessidade de testemunho? pois nós mesmos o ouvimos da sua própria boca.

Lucas 23

  1. E levantando-se toda a multidão deles, conduziram Jesus a Pilatos.
  2. E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo, rei.
  3. Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
  4. Então disse Pilatos aos principais sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa alguma neste homem.
  5. Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui.
  6. Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu;
  7. e, quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém.
  8. Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele;
  9. e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
  10. Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência.
  11. Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.
  12. Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em inimizade um com o outro.
  13. Então Pilatos convocou os principais sacerdotes, as autoridades e o povo,
  14. e disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que, interrogando-o diante de vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o acusais;
  15. nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis que não tem feito ele coisa alguma digna de morte.
  16. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
  17. [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.]
  18. Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e solta-nos Barrabás!
  19. Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio.
  20. Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus.
  21. Eles, porém, bradavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!
  22. Falou-lhes, então, pela terceira vez: Pois, que mal fez ele? Não achei nele nenhuma culpa digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
  23. Mas eles instavam com grandes brados, pedindo que fosse crucificado. E prevaleceram os seus clamores.
  24. Então Pilatos resolveu atender-lhes o pedido;
  25. e soltou-lhes o que fora lançado na prisão por causa de sedição e de homicídio, que era o que eles pediam; mas entregou Jesus à vontade deles.
  26. Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.
  27. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o pranteavam e lamentavam.
  28. Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.
  29. Porque dias hão de vir em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!
  30. Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e aos outeiros: Cobri-nos.
  31. Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco?
  32. E levavam também com ele outros dois, que eram malfeitores, para serem mortos.
  33. Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
  34. Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.
  35. E o povo estava ali a olhar. E as próprias autoridades zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus.
  36. Os soldados também o escarneciam, chegando-se a ele, oferecendo-lhe vinagre,
  37. e dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
  38. Por cima dele estava esta inscrição [em letras gregas, romanas e hebraicas:] ESTE É O REI DOS JUDEUS.
  39. Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo: Não és tu o Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós.
  40. Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?
  41. E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez.
  42. Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
  43. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
  44. Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol se escurecera;
  45. e rasgou-se ao meio o véu do santuário.
  46. Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.
  47. Quando o centurião viu o que acontecera, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.
  48. E todas as multidões que presenciaram este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram batendo no peito.
  49. Entretanto, todos os conhecidos de Jesus, e as mulheres que o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas.
  50. Então um homem chamado José, natural de Arimatéia, cidade dos judeus, membro do sinédrio, homem bom e justo,
  51. o qual não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, e que esperava o reino de Deus,
  52. chegando a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus;
  53. e tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho, e pô-lo num sepulcro escavado em rocha, onde ninguém ainda havia sido posto.
  54. Era o dia da preparação, e ia começar o sábado.
  55. E as mulheres que tinham vindo com ele da Galiléia, seguindo a José, viram o sepulcro, e como o corpo foi ali depositado.
  56. Então voltaram e prepararam especiarias e unguentos. E no sábado repousaram, conforme o mandamento.

Lucas 24

  1. Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado.
  2. E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
  3. Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
  4. E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes;
  5. e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive?
  6. Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galiléia.
  7. dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja.
  8. Lembraram-se, então, das suas palavras;
  9. e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
  10. E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos.
  11. E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não lhes deram crédito.
  12. Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.
  13. Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios;
  14. e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido.
  15. Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles;
  16. mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.
  17. Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes.
  18. E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias?
  19. Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo.
  20. e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.
  21. Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
  22. Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro
  23. e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo.
  24. Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram.
  25. Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram!
  26. Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?
  27. E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
  28. Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe.
  29. Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
  30. Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava.
  31. Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles.
  32. E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
  33. E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles,
  34. os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão.
  35. Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.
  36. Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.
  37. Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.
  38. Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações?
  39. Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.
  40. E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
  41. Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer?
  42. Então lhe deram um pedaço de peixe assado,
  43. o qual ele tomou e comeu diante deles.
  44. Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
  45. Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;
  46. e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;
  47. e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.
  48. Vós sois testemunhas destas coisas.
  49. E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.
  50. Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou.
  51. E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu.
  52. E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém;
  53. e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.

Marcos João

E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir. Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário. Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves! Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura? Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras? Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles. Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?

Lucas 12:22-28

11/03/2021

Mateus

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Marcos 1

  1. Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
  2. Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar o teu caminho;
  3. voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;
  4. assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados.
  5. E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
  6. Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.
  7. E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas.
  8. Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo.
  9. E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão.
  10. E logo, quando saía da água, viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele;
  11. e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.
  12. Imediatamente o Espírito o impeliu para o deserto.
  13. E esteve no deserto quarenta dias sentado tentado por Satanás; estava entre as feras, e os anjos o serviam.
  14. Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus
  15. e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.
  16. E, andando junto do mar da Galiléia, viu a Simão, e a André, irmão de Simão, os quais lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
  17. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens.
  18. Então eles, deixando imediatamente as suas redes, o seguiram.
  19. E ele, passando um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco, consertando as redes,
  20. e logo os chamou; eles, deixando seu pai Zebedeu no barco com os empregados, o seguiram.
  21. Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a ensinar.
  22. E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.
  23. Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou:
  24. Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
  25. Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele.
  26. Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele.
  27. E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
  28. E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia.
  29. Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.
  30. A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela.
  31. Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia.
  32. Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados;
  33. e toda a cidade estava reunida à porta;
  34. e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam.
  35. De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.
  36. Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;
  37. quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.
  38. Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim.
  39. Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.
  40. E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
  41. Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo.
  42. Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo.
  43. E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu,
  44. dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
  45. Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele.

Marcos 2

  1. Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa.
  2. Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra.
  3. Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro;
  4. e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
  5. E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados.
  6. Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:
  7. Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus?
  8. Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações?
  9. Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda?
  10. Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ),
  11. a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
  12. Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.
  13. Outra vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a multidão ia ter com ele, e ele os ensinava.
  14. Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
  15. Ora, estando Jesus à mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam.
  16. Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores?
  17. Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.
  18. Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?
  19. Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar;
  20. dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar.
  21. Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura.
  22. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.
  23. E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando, começaram a colher espigas.
  24. E os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é lícito?
  25. Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?
  26. Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros?
  27. E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.
  28. Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor.

Marcos 3

  1. Outra vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada.
  2. E observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a fim de o acusarem.
  3. E disse Jesus ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te e vem para o meio.
  4. Então lhes perguntou: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calaram.
  5. E olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida.
  6. E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem.
  7. Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galiléia o seguiu; também da Judéia,
  8. e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele.
  9. Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse;
  10. porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem.
  11. E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus.
  12. E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer.
  13. Depois subiu ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria; e vieram a ele.
  14. Então designou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar;
  15. e para que tivessem autoridade de expulsar os demônios.
  16. Designou, pois, os doze, a saber: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;
  17. Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;
  18. André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu,
  19. e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
  20. Depois entrou numa casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal modo que nem podiam comer.
  21. Quando os seus ouviram isso, saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si.
  22. E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu; e: É pelo príncipe dos demônios que expulsa os demônios.
  23. Então Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás?
  24. Pois, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;
  25. ou, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir;
  26. e se Satanás se tem levantado contra si mesmo, e está dividido, tampouco pode ele subsistir; antes tem fim.
  27. Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a casa.
  28. Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem;
  29. mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno.
  30. Porquanto eles diziam: Está possesso de um espírito imundo.
  31. Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo.
  32. E a multidão estava sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram.
  33. Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos!
  34. E olhando em redor para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos!
  35. Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

Marcos 4

  1. Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do mar.
  2. Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino:
  3. Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear;
  4. e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
  5. Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
  6. mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.
  7. E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto.
  8. Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem.
  9. E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
  10. Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola.
  11. E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas;
  12. para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados.
  13. Disse-lhes ainda: Não percebeis esta parábola? como pois entendereis todas as parábolas?
  14. O semeador semeia a palavra.
  15. E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.
  16. Do mesmo modo, aqueles que foram semeados nos lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente com alegria a recebem;
  17. mas não têm raiz em si mesmos, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.
  18. Outros ainda são aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem a palavra;
  19. mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
  20. Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por um.
  21. Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não é antes para se colocar no velador?
  22. Porque nada está encoberto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para vir à luz.
  23. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
  24. Também lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.
  25. Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
  26. Disse também: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra,
  27. e dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse, sem ele saber como.
  28. A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.
  29. Mas assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.
  30. Disse ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos?
  31. É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra;
  32. mas, tendo sido semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
  33. E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender.
  34. E sem parábola não lhes falava; mas em particular explicava tudo a seus discípulos.
  35. Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
  36. E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também outros barcos.
  37. E se levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia.
  38. Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?
  39. E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança.
  40. Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?
  41. Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?

Marcos 5

  1. Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos.
  2. E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo,
  3. o qual tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém prendê-lo;
  4. porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia domar;
  5. e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras,
  6. Vendo, pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o;
  7. e, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes.
  8. Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo.
  9. E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
  10. E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região.
  11. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos.
  12. Rogaram-lhe, pois, os demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.
  13. E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram.
  14. Nisso fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido.
  15. Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em perfeito juízo; e temeram.
  16. E os que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos porcos.
  17. Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos.
  18. E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.
  19. Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti.
  20. Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam.
  21. Tendo Jesus passado de novo no barco para o outro lado, ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava à beira do mar.
  22. Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés.
  23. e lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.
  24. Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
  25. Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia,
  26. e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior,
  27. tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto;
  28. porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada.
  29. E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal.
  30. E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes?
  31. Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou?
  32. Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera.
  33. Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade.
  34. Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal.
  35. Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?
  36. O que percebendo Jesus, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
  37. E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago.
  38. Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto.
  39. E, entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu, mas dorme.
  40. E riam-se dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina estava.
  41. E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.
  42. Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram tomados de grande espanto.
  43. Então ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que lhe dessem de comer.

Marcos 6

  1. Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam.
  2. Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos?
  3. Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.
  4. Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa.
  5. E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
  6. E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando.
  7. E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos;
  8. ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto;
  9. mas que fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas.
  10. Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar.
  11. E se qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles.
  12. Então saíram e pregaram que todos se arrependessem;
  13. e expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.
  14. E soube disso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara célebre), e disse: João, o Batista, ressuscitou dos mortos; e por isso estes poderes milagrosos operam nele.
  15. Mas outros diziam: É Elias. E ainda outros diziam: É profeta como um dos profetas.
  16. Herodes, porém, ouvindo isso, dizia: É João, aquele a quem eu mandei degolar: ele ressuscitou.
  17. Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque ele se havia casado com ela.
  18. Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.
  19. Por isso Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia;
  20. porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava em segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o escutava.
  21. Chegado, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu aniversário natalício ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos principais da Galiléia,
  22. entrou a filha da mesma Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então o rei disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.
  23. E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino.
  24. Tendo ela saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o Batista.
  25. E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o Batista.
  26. Ora, entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por causa dos que estavam à mesa, não lha quis negar.
  27. O rei, pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere,
  28. e trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua mãe.
  29. Quando os seus discípulos ouviram isso, vieram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro.
  30. Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
  31. Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer.
  32. Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte.
  33. Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles.
  34. E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
  35. Estando a hora já muito adiantada, aproximaram-se dele seus discípulos e disseram: O lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada;
  36. despede-os, para que vão aos sítios e às aldeias, em redor, e comprem para si o que comer.
  37. Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe perguntaram: Havemos de ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer?
  38. Ao que ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E, tendo-se informado, responderam: Cinco pães e dois peixes.
  39. Então lhes ordenou que a todos fizessem reclinar-se, em grupos, sobre a relva verde.
  40. E reclinaram-se em grupos de cem e de cinquenta.
  41. E tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou; partiu os pães e os entregava a seus discípulos para lhos servirem; também repartiu os dois peixes por todos.
  42. E todos comeram e se fartaram.
  43. Em seguida, recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe.
  44. Ora, os que comeram os pães eram cinco mil homens.
  45. Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
  46. E, tendo-a despedido, foi ao monte para orar.
  47. Chegada a tardinha, estava o barco no meio do mar, e ele sozinho em terra.
  48. E, vendo-os fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta vigília da noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes adiante;
  49. eles, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram;
  50. porque todos o viram e se assustaram; mas ele imediatamente falou com eles e disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não temais.
  51. E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e ficaram, no seu íntimo, grandemente pasmados;
  52. pois não tinham compreendido o milagre dos pães, antes o seu coração estava endurecido.
  53. E, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré, e ali atracaram.
  54. Logo que desembarcaram, o povo reconheceu a Jesus;
  55. e correndo eles por toda aquela região, começaram a levar nos leitos os que se achavam enfermos, para onde ouviam dizer que ele estava.
  56. Onde quer, pois, que entrava, fosse nas aldeias, nas cidades ou nos campos, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos a orla do seu manto; e todos os que a tocavam ficavam curados.

Marcos 7

  1. Foram ter com Jesus os fariseus, e alguns dos escribas vindos de Jerusalém,
  2. e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar.
  3. Pois os fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente;
  4. e quando voltam do mercado, se não se purificarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.
  5. Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar?
  6. Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim;
  7. mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
  8. Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.
  9. Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de deus, para guardardes a vossa tradição.
  10. Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá.
  11. Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderías aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor,
  12. não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe,
  13. invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis.
  14. E chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e entendei.
  15. Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina.
  16. [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]
  17. Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola.
  18. Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
  19. porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.
  20. E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina.
  21. Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,
  22. a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez;
  23. todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem.
  24. Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sidom. E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pode ocultar-se;
  25. porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés;
  26. (ora, a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio.
  27. Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.
  28. Ela, porém, replicou, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos.
  29. Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha.
  30. E, voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demônio já havia saído.
  31. Tendo Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galiléia, passando pelas regiões de Decápolis.
  32. E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele.
  33. Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe na língua;
  34. e erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é Abre-te.
  35. E abriram-se-lhe os ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente.
  36. Então lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem; mas, quando mais lho proibia, tanto mais o divulgavam.
  37. E se maravilhavam sobremaneira, dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir e os mudos falar.

Marcos 8

  1. Naqueles dias, havendo de novo uma grande multidão, e não tendo o que comer, chamou Jesus os discípulos e disse-lhes:
  2. Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer.
  3. Se eu os mandar em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe.
  4. E seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto?
  5. Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Responderam: Sete.
  6. Logo mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os sete pães e havendo dado graças, partiu-os e os entregava a seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pela multidão.
  7. Tinham também alguns peixinhos, os quais ele abençoou, e mandou que estes também fossem distribuídos.
  8. Comeram, pois, e se fartaram; e dos pedaços que sobejavam levantaram sete alcofas.
  9. Ora, eram cerca de quatro mil homens. E Jesus os despediu.
  10. E, entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.
  11. Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o experimentarem.
  12. Ele, suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum.
  13. E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.
  14. Ora, eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão um pão.
  15. E Jesus ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.
  16. Pelo que eles arrazoavam entre si porque não tinham pão.
  17. E Jesus, percebendo isso, disse-lhes: Por que arrazoais por não terdes pão? não compreendeis ainda, nem entendeis? tendes o vosso coração endurecido?
  18. Tendo olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais?
  19. Quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Doze.
  20. E quando parti os sete para os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Sete.
  21. E ele lhes disse: Não entendeis ainda?
  22. Então chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse.
  23. Jesus, pois, tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?
  24. E, levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens; porque como árvores os vejo andando.
  25. Então tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atentamente, ficou restabelecido, pois já via nitidamente todas as coisas.
  26. Depois o mandou para casa, dizendo: Mas não entres na aldeia.
  27. E saiu Jesus com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e no caminho interrogou os discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?
  28. Responderam-lhe eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros: Algum dos profetas.
  29. Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo.
  30. E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem aquilo a respeito dele.
  31. Começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse.
  32. E isso dizia abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
  33. Mas ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens.
  34. E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.
  35. Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.
  36. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
  37. Ou que diria o homem em troca da sua vida?
  38. Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.

Marcos 9

  1. Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.
  2. Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte sós, a um alto monte; e foi transfigurado diante deles;
  3. as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear.
  4. E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus.
  5. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui; faça-mos, pois, três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
  6. Pois não sabia o que havia de dizer, porque ficaram atemorizados.
  7. Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.
  8. De repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a Jesus.
  9. Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos.
  10. E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos.
  11. Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
  12. Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado?
  13. Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.
  14. Quando chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles.
  15. E logo toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o saudavam.
  16. Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com eles?
  17. Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo;
  18. e este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.
  19. Ao que Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? Trazei-mo.
  20. Então lho trouxeram; e quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o convulsionou; e o endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando.
  21. E perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância;
  22. e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
  23. Ao que lhe disse Jesus: Se podes! – tudo é possível ao que crê.
  24. Imediatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.
  25. E Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres nele.
  26. E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu.
  27. Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé.
  28. E quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
  29. Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração [e jejum.]
  30. Depois, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e ele não queria que ninguém o soubesse;
  31. porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá.
  32. Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam interrogá-lo.
  33. Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho?
  34. Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior.
  35. E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.
  36. Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes:
  37. Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas àquele que me enviou.
  38. Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos seguia.
  39. Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim;
  40. pois quem não é contra nós, é por nós.
  41. Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
  42. Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar.
  43. E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
  44. [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
  45. Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno.
  46. [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
  47. Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno.
  48. onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
  49. Porque cada um será salgado com fogo.
  50. Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros.

Marcos 10

  1. Levantando-se Jesus, partiu dali para os termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se reuniram em torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por costume.
  2. Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher?
  3. Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?
  4. Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher.
  5. Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento.
  6. Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
  7. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]
  8. e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
  9. Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
  10. Em casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.
  11. Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela;
  12. e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.
  13. Então lhe traziam algumas crianças para que as tocasse; mas os discípulos o repreenderam.
  14. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
  15. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele.
  16. E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas.
  17. Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
  18. Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? ninguém é bom, senão um que é Deus.
  19. Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
  20. Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
  21. E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
  22. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens.
  23. Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
  24. E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!
  25. É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
  26. Com isso eles ficaram sobremaneira maravilhados, dizendo entre si: Quem pode, então, ser salvo?
  27. Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não para Deus; porque para Deus tudo é possível.
  28. Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.
  29. Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho,
  30. que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna.
  31. Mas muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.
  32. Ora, estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles, e eles se maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou consigo os doze e começou a contar-lhes as coisas que lhe haviam de sobrevir,
  33. dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios;
  34. e hão de escarnecê-lo e cuspir nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três dias ressurgirá.
  35. Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.
  36. Ele, pois, lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça?
  37. Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.
  38. Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo, e ser batizados no batismo em que eu sou batizado?
  39. E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados;
  40. mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado.
  41. E ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
  42. Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade.
  43. Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
  44. e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
  45. Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
  46. Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu.
  47. Este, quando ouviu que era Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
  48. E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim.
  49. Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
  50. Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
  51. Perguntou-lhe o cego: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja.
  52. Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e foi seguindo pelo caminho.

Marcos 11

  1. Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos
  2. e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o.
  3. E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui.
  4. Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam.
  5. E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?
  6. Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar.
  7. Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele.
  8. Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos.
  9. E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor!
  10. Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas!
  11. Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.
  12. No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,
  13. e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
  14. E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.
  15. Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas;
  16. e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;
  17. e ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores.
  18. Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina.
  19. Ao cair da tarde, saíam da cidade.
  20. Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes.
  21. Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste.
  22. Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.
  23. Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito.
  24. Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.
  25. Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas.
  26. [Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.]
  27. Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,
  28. que lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade para fazê-las?
  29. Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.
  30. O batismo de João era do céu, ou dos homens? respondei-me.
  31. Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não o crestes?
  32. Mas diremos, porventura: Dos homens? – É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta.
  33. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.

Marcos 12

  1. Então começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
  2. No tempo próprio, enviou um servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto da vinha.
  3. Mas estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.
  4. E tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na cabeça e o ultrajaram.
  5. Então enviou ainda outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns espancaram e a outros mataram.
  6. Ora, tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes enviou por último, dizendo: A meu filho terão respeito.
  7. Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será nossa.
  8. E, agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da vinha.
  9. Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.
  10. Nunca lestes esta escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular;
  11. pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
  12. Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que contra eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se retiraram.
  13. Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
  14. Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?
  15. Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja.
  16. E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César.
  17. Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
  18. Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo:
  19. Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão.
  20. Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência;
  21. o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência.
  22. Depois de todos, morreu também a mulher.
  23. Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
  24. Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus?
  25. Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus.
  26. Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?
  27. Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.
  28. Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
  29. Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
  30. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
  31. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.
  32. Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro;
  33. e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.
  34. E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo.
  35. Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi?
  36. O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
  37. Davi mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.
  38. E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
  39. e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes,
  40. que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.
  41. E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito.
  42. Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante.
  43. E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre;
  44. porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.

Marcos 13

  1. Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios!
  2. Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
  3. Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular:
  4. Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir?
  5. Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane;
  6. muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão.
  7. Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim.
  8. Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.
  9. Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho.
  10. Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado entre todas as nações.
  11. Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo.
  12. Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
  13. E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
  14. Ora, quando vós virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
  15. quem estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa;
  16. e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa.
  17. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
  18. Orai, pois, para que isto não suceda no inverno;
  19. porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.
  20. Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.
  21. Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! não acrediteis.
  22. Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos.
  23. Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo.
  24. Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz;
  25. as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados.
  26. Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.
  27. E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.
  28. Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
  29. Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
  30. Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam.
  31. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
  32. Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai.
  33. Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo.
  34. É como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que vigiasse.
  35. Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã;
  36. para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.
  37. O que vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai.

Marcos 14

  1. Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para o matarem.
  2. Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
  3. Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo.
  4. Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?
  5. Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela.
  6. Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo.
  7. Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes.
  8. ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
  9. Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
  10. Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.
  11. Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna.
  12. Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa?
  13. Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; seguí-o;
  14. e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
  15. E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos.
  16. Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa.
  17. Ao anoitecer chegou ele com os doze.
  18. E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.
  19. Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu?
  20. Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato.
  21. Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
  22. Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo.
  23. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele.
  24. E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado.
  25. Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.
  26. E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
  27. Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.
  28. Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.
  29. Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.
  30. Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.
  31. Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos.
  32. Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.
  33. E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se;
  34. e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai.
  35. E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.
  36. E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.
  37. Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora?
  38. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
  39. Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
  40. E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder.
  41. Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. – Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
  42. Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
  43. E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos.
  44. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança.
  45. E, logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou.
  46. Ao que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam.
  47. Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha.
  48. Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador?
  49. Todos os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as Escrituras.
  50. Nisto, todos o deixaram e fugiram.
  51. Ora, seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram.
  52. Mas ele, largando o lençol, fugiu despido.
  53. Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.
  54. E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo.
  55. Os principais sacerdotes testemunho contra Jesus para o matar, e não o achavam.
  56. Porque contra ele muitos depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam.
  57. Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo:
  58. Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.
  59. E nem assim concordava o seu testemunho.
  60. Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti?
  61. Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?
  62. Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu.
  63. Então o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de testemunhas?
  64. Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de morte.
  65. E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas.
  66. Ora, estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote
  67. e, vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno, esse Jesus.
  68. Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre.
  69. E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.
  70. Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu.
  71. Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.
  72. Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar.

Marcos 15

  1. Logo de manhã tiveram conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o sinédrio; e maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos.
  2. Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
  3. e os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.
  4. Tornou Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te fazem.
  5. Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se admirava.
  6. Ora, por ocasião da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.
  7. E havia um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim haviam cometido um homicídio.
  8. E a multidão subiu e começou a pedir o que lhe costumava fazer.
  9. Ao que Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus?
  10. Pois ele sabia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado.
  11. Mas os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a Barrabás.
  12. E Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei então daquele a quem chamais reis dos judeus?
  13. Novamente clamaram eles: Crucifica-o!
  14. Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que eles clamaram ainda mais: Crucifica-o!
  15. Então Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado açoitar a Jesus, o entregou para ser crucificado.
  16. Os soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a coorte;
  17. vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido;
  18. e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!
  19. Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o adoravam.
  20. Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem.
  21. E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.
  22. Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira.
  23. E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou.
  24. Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria.
  25. E era a hora terceira quando o crucificaram.
  26. Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
  27. Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda.
  28. [E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.]
  29. E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas.
  30. salva-te a ti mesmo, descendo da cruz.
  31. De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar;
  32. desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos, Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.
  33. E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona.
  34. E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
  35. Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias.
  36. Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo.
  37. Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.
  38. Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.
  39. Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus.
  40. Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé;
  41. as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.
  42. Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
  43. José de Arimatéia, ilustre membro do sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
  44. Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia morrido.
  45. E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José;
  46. o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta do sepulcro.
  47. E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde fora posto.

Marcos 16

  1. Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
  2. E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol.
  3. E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
  4. Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida;
  5. e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas.
  6. Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.
  7. Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
  8. E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.
  9. [Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
  10. Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando;
  11. e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
  12. Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo,
  13. os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.
  14. Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.
  15. E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
  16. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
  17. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
  18. pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.
  19. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.
  20. Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.]

Mateus Lucas

Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses. Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro; e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.

Marcos 12:29-33

11/03/2021

Mateus

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Mateus 1

  1. Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
  2. A Abraão nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a Jacó nasceram Judá e seus irmãos;
  3. a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés nasceu Esrom; a Esrom nasceu Arão;
  4. a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe nasceu Nasom; a Nasom nasceu Salmom;
  5. a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé;
  6. e a Jessé nasceu o rei Davi. A Davi nasceu Salomão da que fora mulher de Urias;
  7. a Salomão nasceu Roboão; a Roboão nasceu Abias; a Abias nasceu Asafe;
  8. a Asafe nasceu Josafá; a Josafá nasceu Jorão; a Jorão nasceu Ozias;
  9. a Ozias nasceu Joatão; a Joatão nasceu Acaz; a Acaz nasceu Ezequias;
  10. a Ezequias nasceu Manassés; a Manassés nasceu Amom; a Amom nasceu Josias;
  11. a Josias nasceram Jeconias e seus irmãos, no tempo da deportação para Babilônia.
  12. Depois da deportação para Babilônia nasceu a Jeconias, Salatiel; a Salatiel nasceu Zorobabel;
  13. a Zorobabel nasceu Abiúde; a Abiúde nasceu Eliaquim; a Eliaquim nasceu Azor;
  14. a Azor nasceu Sadoque; a Sadoque nasceu Aquim; a Aquim nasceu Eliúde;
  15. a Eliúde nasceu Eleazar; a Eleazar nasceu Matã; a Matã nasceu Jacó;
  16. e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo.
  17. De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para Babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para Babilônia até o Cristo, catorze gerações.
  18. Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo.
  19. E como José, seu esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente.
  20. E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;
  21. ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
  22. Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta:
  23. Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco.
  24. E José, tendo despertado do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher;
  25. e não a conheceu enquanto ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de JESUS.

Mateus 2

  1. Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam:
  2. Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo.
  3. O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda a Jerusalém;
  4. e, reunindo todos os principais sacerdotes e os escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo.
  5. Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo profeta:
  6. E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.
  7. Então Herodes chamou secretamente os magos, e deles inquiriu com precisão acerca do tempo em que a estrela aparecera;
  8. e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino; e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
  9. Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
  10. Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria.
  11. E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.
  12. Ora, sendo por divina revelação avisados em sonhos para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
  13. E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
  14. Levantou-se, pois, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito.
  15. e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu Filho.
  16. Então Herodes, vendo que fora iludido pelos magos, irou-se grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém, e em todos os seus arredores, segundo o tempo que com precisão inquirira dos magos.
  17. Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta Jeremias:
  18. Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não existem.
  19. Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito,
  20. dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que procuravam a morte do menino.
  21. Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
  22. Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões da Galiléia,
  23. e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado nazareno.

Mateus 3

  1. Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia,
  2. dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
  3. Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
  4. Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
  5. Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judéia, e de toda a circunvizinhança do Jordão,
  6. e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
  7. Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?
  8. Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento,
  9. e não queirais dizer dentro de vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
  10. E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
  11. Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo.
  12. A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.
  13. Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
  14. Mas João o impedia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
  15. Jesus, porém, lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu.
  16. Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele;
  17. e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.

Mateus 4

  1. Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo.
  2. E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.
  3. Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães.
  4. Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
  5. Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo,
  6. e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
  7. Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
  8. Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles;
  9. e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.
  10. Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
  11. Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
  12. Ora, ouvindo Jesus que João fora entregue, retirou-se para a Galiléia;
  13. e, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zabulom e Naftali;
  14. para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías:
  15. A terra de Zabulom e a terra de Naftali, o caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios,
  16. o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.
  17. Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei- vos, porque é chegado o reino dos céus.
  18. E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos – Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.
  19. Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
  20. Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
  21. E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos – Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.
  22. Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram- no.
  23. E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
  24. Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.
  25. De sorte que o seguiam grandes multidões da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão.

Mateus 5

  1. Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos,
  2. e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
  3. Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
  4. Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
  5. Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
  6. Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
  7. Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
  8. Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
  9. Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
  10. Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
  11. Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
  12. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
  13. Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.
  14. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
  15. nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.
  16. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
  17. Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.
  18. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.
  19. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.
  20. Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
  21. Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo.
  22. Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno.
  23. Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
  24. deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.
  25. Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão.
  26. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.
  27. Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
  28. Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
  29. Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
  30. E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno.
  31. Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
  32. Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.
  33. Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
  34. Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
  35. nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;
  36. nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto.
  37. Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.
  38. Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
  39. Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
  40. e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
  41. e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil.
  42. Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes.
  43. Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
  44. Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
  45. para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
  46. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
  47. E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?
  48. Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.

Mateus 6

  1. Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus.
  2. Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
  3. Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita;
  4. para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
  5. E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
  6. Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
  7. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos.
  8. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
  9. Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
  10. venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
  11. o pão nosso de cada dia nos dá hoje;
  12. e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores;
  13. e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.]
  14. Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
  15. se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.
  16. Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
  17. Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
  18. para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
  19. Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
  20. mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
  21. Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
  22. A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz;
  23. se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
  24. Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
  25. Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
  26. Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
  27. Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
  28. E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam;
  29. contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
  30. Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
  31. Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
  32. (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
  33. Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
  34. Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.

Mateus 7

  1. Não julgueis, para que não sejais julgados.
  2. Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.
  3. E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?
  4. Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
  5. Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.
  6. Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem.
  7. Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á.
  8. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
  9. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
  10. Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
  11. Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?
  12. Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.
  13. Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
  14. e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.
  15. Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
  16. Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
  17. Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus.
  18. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons.
  19. Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
  20. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
  21. Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
  22. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?
  23. Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
  24. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha.
  25. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
  26. Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
  27. E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda.
  28. Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina;
  29. porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.

Mateus 8

  1. Quando Jesus desceu do monte, grandes multidões o seguiam.
  2. E eis que veio um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
  3. Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra.
  4. Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
  5. Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe rogava, dizendo:
  6. Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e horrivelmente atormentado.
  7. Respondeu-lhe Jesus: Eu irei, e o curarei.
  8. O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar.
  9. Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
  10. Jesus, ouvindo isso, admirou-se, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que a ninguém encontrei em Israel com tamanha fé.
  11. Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus;
  12. mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
  13. Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
  14. Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre.
  15. E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia.
  16. Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos;
  17. para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
  18. Vendo Jesus uma multidão ao redor de si, deu ordem de partir para o outro lado do mar.
  19. E, aproximando-se um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te- ei para onde quer que fores.
  20. Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
  21. E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
  22. Jesus, porém, respondeu-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos.
  23. E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
  24. E eis que se levantou no mar tão grande tempestade que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo.
  25. Os discípulos, pois, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Salva-nos, Senhor, que estamos perecendo.
  26. Ele lhes respondeu: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se grande bonança.
  27. E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
  28. Tendo ele chegado ao outro lado, à terra dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho.
  29. E eis que gritaram, dizendo: Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
  30. Ora, a alguma distância deles, andava pastando uma grande manada de porcos.
  31. E os demônios rogavam-lhe, dizendo: Se nos expulsas, manda- nos entrar naquela manada de porcos.
  32. Disse-lhes Jesus: Ide. Então saíram, e entraram nos porcos; e eis que toda a manada se precipitou pelo despenhadeiro no mar, perecendo nas águas.
  33. Os pastores fugiram e, chegando à cidade, divulgaram todas estas coisas, e o que acontecera aos endemoninhados.
  34. E eis que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e vendo- o, rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.

Mateus 9

  1. E entrando Jesus num barco, passou para o outro lado, e chegou à sua própria cidade.
  2. E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os teus pecados.
  3. E alguns dos escribas disseram consigo: Este homem blasfema.
  4. Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais o mal em vossos corações?
  5. Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?
  6. Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta- te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
  7. E este, levantando-se, foi para sua casa.
  8. E as multidões, vendo isso, temeram, e glorificaram a Deus, que dera tal autoridade aos homens.
  9. Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
  10. Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus discípulos.
  11. E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
  12. Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos.
  13. Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.
  14. Então vieram ter com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam?
  15. Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar.
  16. Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira parte do vestido, e faz-se maior a rotura.
  17. Nem se deita vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
  18. Enquanto ainda lhes dizia essas coisas, eis que chegou um chefe da sinagoga e o adorou, dizendo: Minha filha acaba de falecer; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
  19. Levantou-se, pois, Jesus, e o foi seguindo, ele e os seus discípulos.
  20. E eis que certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, chegou por detrás dele e tocou-lhe a orla do manto;
  21. porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar-lhe o manto, ficarei sã.
  22. Mas Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E desde aquela hora a mulher ficou sã.
  23. Quando Jesus chegou à casa daquele chefe, e viu os tocadores de flauta e a multidão em alvoroço,
  24. disse; Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele.
  25. Tendo-se feito sair o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou.
  26. E espalhou-se a notícia disso por toda aquela terra.
  27. Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi.
  28. E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam- lhe eles: Sim, Senhor.
  29. Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
  30. E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba.
  31. Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
  32. Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado.
  33. E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
  34. Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.
  35. E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.
  36. Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor.
  37. Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.
  38. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.

Mateus 10

  1. E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.
  2. Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
  3. Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;
  4. Simão Cananeu, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
  5. A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
  6. mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;
  7. e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
  8. Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
  9. Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos;
  10. nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.
  11. Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis.
  12. E, ao entrardes na casa, saudai-a;
  13. se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
  14. E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
  15. Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.
  16. Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
  17. Acautelai-vos dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas;
  18. e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios.
  19. Mas, quando vos entregarem, não cuideis de como, ou o que haveis de falar; porque naquela hora vos será dado o que haveis de dizer.
  20. Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
  21. Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
  22. E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
  23. Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que venha o Filho do homem.
  24. Não é o discípulo mais do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.
  25. Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?
  26. Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido.
  27. O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o.
  28. E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
  29. Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.
  30. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
  31. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.
  32. Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
  33. Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
  34. Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
  35. Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
  36. e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.
  37. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
  38. E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
  39. Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.
  40. Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
  41. Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.
  42. E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.

Mateus 11

  1. Tendo acabado Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades da região.
  2. Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe:
  3. És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
  4. Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes:
  5. os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
  6. E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim.
  7. Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
  8. Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis.
  9. Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
  10. Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
  11. Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
  12. E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.
  13. Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João.
  14. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
  15. Quem tem ouvidos, ouça.
  16. Mas, a quem compararei esta geração? É semelhante aos meninos que, sentados nas praças, clamam aos seus companheiros:
  17. Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não pranteastes.
  18. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
  19. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras.
  20. Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo:
  21. Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.
  22. Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós.
  23. E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
  24. Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti.
  25. Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
  26. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
  27. Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
  28. Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
  29. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
  30. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.

Mateus 12

  1. Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer.
  2. Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado.
  3. Ele, porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros?
  4. Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes?
  5. Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?
  6. Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o templo.
  7. Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes.
  8. Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor.
  9. Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles.
  10. E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiadas; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados?
  11. E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la?
  12. Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados.
  13. Então disse àquele homem: estende a tua mão. E ele a estendeu, e lhe foi restituída sã como a outra.
  14. Os fariseus, porém, saindo dali, tomaram conselho contra ele, para o matarem.
  15. Jesus, percebendo isso, retirou-se dali. Acompanharam-no muitos; e ele curou a todos,
  16. e advertiu-lhes que não o dessem a conhecer;
  17. para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías:
  18. Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu espírito, e ele anunciará aos gentios o juízo.
  19. Não contenderá, nem clamará, nem se ouvirá pelas ruas a sua voz.
  20. Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo;
  21. e no seu nome os gentios esperarão.
  22. Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via.
  23. E toda a multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de Davi?
  24. Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
  25. Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.
  26. Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seus reino?
  27. E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.
  28. Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
  29. Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa.
  30. Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
  31. Portanto vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada.
  32. Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.
  33. Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.
  34. Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
  35. O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.
  36. Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.
  37. Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.
  38. Então alguns dos escribas e dos fariseus, tomando a palavra, disseram: Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal.
  39. Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas;
  40. pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.
  41. Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas.
  42. A rainha do sul se levantará no juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui quem é maior do que Salomão.
  43. Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
  44. Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
  45. Então vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entretanto, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro. Assim há de acontecer também a esta geração perversa.
  46. Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe.
  47. Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
  48. Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?
  49. E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
  50. Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.

Mateus 13

  1. No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar;
  2. e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na praia.
  3. E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear.
  4. e quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.
  5. E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
  6. mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se.
  7. E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram.
  8. Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.
  9. Quem tem ouvidos, ouça.
  10. E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?
  11. Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;
  12. pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
  13. Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem.
  14. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis.
  15. Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure.
  16. Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
  17. Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
  18. Ouvi, pois, vós a parábola do semeador.
  19. A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho.
  20. E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria;
  21. mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.
  22. E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
  23. Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.
  24. Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo;
  25. mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.
  26. Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio.
  27. Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio?
  28. Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo?
  29. Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo.
  30. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro.
  31. Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo;
  32. o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.
  33. Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
  34. Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábolas, e sem parábolas nada lhes falava;
  35. para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.
  36. Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.
  37. E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o Filho do homem;
  38. o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o o joio são os filhos do maligno;
  39. o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos.
  40. Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo.
  41. Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade,
  42. e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
  43. Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.
  44. O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobrí-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.
  45. Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas;
  46. e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou.
  47. Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes.
  48. E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora.
  49. Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos,
  50. e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
  51. Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos.
  52. E disse-lhes: Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.
  53. E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.
  54. E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos?
  55. Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
  56. E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
  57. E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua própria casa.
  58. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.

Mateus 14

  1. Naquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu a fama de Jesus,
  2. e disse aos seus cortesãos: Este é João, o Batista; ele ressuscitou dentre os mortos, e por isso estes poderes milagrosos operam nele.
  3. Pois Herodes havia prendido a João, e, maniatando-o, o guardara no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Felipe;
  4. porque João lhe dizia: Não te é lícito possuí-la.
  5. E queria matá-lo, mas temia o povo; porque o tinham como profeta.
  6. Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes,
  7. pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse.
  8. E instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Batista.
  9. Entristeceu-se, então, o rei; mas, por causa do juramento, e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse,
  10. e mandou degolar a João no cárcere;
  11. e a cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou para a sua mãe.
  12. Então vieram os seus discípulos, levaram o corpo e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus.
  13. Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um, lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no a pé desde as cidades.
  14. E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, compadecendo-se dela, curou os seus enfermos.
  15. Chegada a tarde, aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que comer.
  16. Jesus, porém, lhes disse: Não precisam ir embora; dai-lhes vós de comer.
  17. Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.
  18. E ele disse: trazei-mos aqui.
  19. Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões.
  20. Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos cheios.
  21. Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.
  22. Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões.
  23. Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.
  24. Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.
  25. Â quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.
  26. Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.
  27. Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais.
  28. Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas.
  29. Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.
  30. Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me.
  31. Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
  32. E logo que subiram para o barco, o vento cessou.
  33. Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.
  34. Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré.
  35. Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os enfermos;
  36. e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu manto; e todos os que a tocaram ficaram curados.

Mateus 15

  1. Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram:
  2. Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem.
  3. Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
  4. Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá.
  5. Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai.
  6. E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.
  7. Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:
  8. Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
  9. Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.
  10. E, clamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:
  11. Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina.
  12. Então os discípulos, aproximando-se dele, perguntaram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?
  13. Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
  14. Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.
  15. E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
  16. Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender?
  17. Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre, e é lançado fora?
  18. Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem.
  19. Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
  20. São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.
  21. Ora, partindo Jesus dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sidom.
  22. E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada.
  23. Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós.
  24. Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
  25. Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me.
  26. Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.
  27. Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.
  28. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã.
  29. Partindo Jesus dali, chegou ao pé do mar da Galiléia; e, subindo ao monte, sentou-se ali.
  30. E vieram a ele grandes multidões, trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e outros muitos, e lhos puseram aos pés; e ele os curou;
  31. de modo que a multidão se admirou, vendo mudos a falar, aleijados a ficar sãos, coxos a andar, cegos a ver; e glorificaram ao Deus de Israel.
  32. Jesus chamou os seus discípulos, e disse: Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer; e não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho.
  33. Disseram-lhe os discípulos: Donde nos viriam num deserto tantos pães, para fartar tamanha multidão?
  34. Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? E responderam: Sete, e alguns peixinhos.
  35. E tendo ele ordenado ao povo que se sentasse no chão,
  36. tomou os sete pães e os peixes, e havendo dado graças, partiu-os, e os entregava aos discípulos, e os discípulos á multidão.
  37. Assim todos comeram, e se fartaram; e do que sobejou dos pedaços levantaram sete alcofas cheias.
  38. Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens além de mulheres e crianças.
  39. E havendo Jesus despedido a multidão, entrou no barco, e foi para os confins de Magadã.

Mateus 16

  1. Então chegaram a ele os fariseus e os saduceus e, para o experimentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.
  2. Mas ele respondeu, e disse-lhes: Ao cair da tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.
  3. E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Ora, sabeis discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos?
  4. Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se.
  5. Quando os discípulos passaram para o outro lado, esqueceram- se de levar pão.
  6. E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
  7. Pelo que eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão.
  8. E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós por não terdes pão, homens de pouca fé?
  9. Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil, e de quantos cestos levantastes?
  10. Nem dos sete pães para os quatro mil, e de quantas alcofas levantastes?
  11. Como não compreendeis que não nos falei a respeito de pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
  12. Então entenderam que não dissera que se guardassem, do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.
  13. Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
  14. Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas.
  15. Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?
  16. Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
  17. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
  18. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela;
  19. dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.
  20. Então ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.
  21. Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.
  22. E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.
  23. Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.
  24. Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;
  25. pois, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
  26. Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?
  27. Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.
  28. Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.

Mateus 17

  1. Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte;
  2. e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
  3. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
  4. Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
  5. Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.
  6. Os discípulos, ouvindo isso, caíram com o rosto em terra, e ficaram grandemente atemorizados.
  7. Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse: Levantai-vos e não temais.
  8. E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus somente.
  9. Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja levantado dentre os mortos.
  10. Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
  11. Respondeu ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as coisas;
  12. digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às mãos deles.
  13. Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o Batista.
  14. Quando chegaram à multidão, aproximou-se de Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele, disse:
  15. Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é epiléptico e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água.
  16. Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam curar.
  17. E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.
  18. Então Jesus repreendeu ao demônio, o qual saiu de menino, que desde aquela hora ficou curado.
  19. Depois os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
  20. Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível.
  21. [mas esta casta de demônios não se expulsa senão à força de oração e de jejum.]
  22. Ora, achando-se eles na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens;
  23. e matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressurgirá. E eles se entristeceram grandemente.
  24. Tendo eles chegado a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso mestre não paga as didracmas?
  25. Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra imposto ou tributo? dos seus filhos, ou dos alheios?
  26. Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são isentos os filhos.
  27. Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-lho por mim e por ti.

Mateus 18

  1. Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos céus?
  2. Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles,
  3. e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
  4. Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
  5. E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe.
  6. Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.
  7. Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier!
  8. Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno.
  9. E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo.
  10. Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu Pai, que está nos céus.
  11. [Porque o Filho do homem veio salvar o que se havia perdido.]
  12. Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar a que se extraviou?
  13. E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.
  14. Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos.
  15. Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão;
  16. mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada.
  17. Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.
  18. Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu.
  19. Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
  20. Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
  21. Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?
  22. Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.
  23. Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos;
  24. e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
  25. mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida.
  26. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei.
  27. O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida.
  28. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.
  29. Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
  30. Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
  31. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor.
  32. Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
  33. não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?
  34. E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
  35. Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.

Mateus 19

  1. Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia, e foi para os confins da Judéia, além do Jordão;
  2. e seguiram-no grandes multidões, e curou-os ali.
  3. Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
  4. Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,
  5. e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
  6. Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
  7. Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
  8. Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
  9. Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]
  10. Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
  11. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
  12. Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
  13. Então lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreenderam.
  14. Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.
  15. E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali.
  16. E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
  17. Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
  18. Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
  19. honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
  20. Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?
  21. Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue- me.
  22. Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
  23. Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
  24. E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
  25. Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
  26. Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
  27. Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?
  28. Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
  29. E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
  30. Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.

Mateus 20

  1. Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha.
  2. Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha.
  3. Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça,
  4. e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
  5. Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
  6. Igualmente, cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo?
  7. Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse- lhes ele: Ide também vós para a vinha.
  8. Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros.
  9. Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um.
  10. Vindo, então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um denário cada um.
  11. E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo:
  12. Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.
  13. Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário?
  14. Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.
  15. Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?
  16. Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.
  17. Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze e no caminho lhes disse:
  18. Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte,
  19. e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará.
  20. Aproximou-se dele, então, a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, ajoelhando-se e fazendo-lhe um pedido.
  21. Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino.
  22. Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos.
  23. Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de beber; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles para quem está preparado por meu Pai.
  24. E ouvindo isso os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.
  25. Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
  26. Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
  27. e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo;
  28. assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
  29. Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande multidão;
  30. e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
  31. E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
  32. E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que vos faça?
  33. Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os olhos.
  34. E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram.

Mateus 21

  1. Quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
  2. Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei- mos.
  3. E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles; e logo os enviará.
  4. Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta:
  5. Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga.
  6. Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara,
  7. trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou.
  8. E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
  9. E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
  10. Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este?
  11. E as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia.
  12. Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
  13. e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores.
  14. E chegaram-se a ele no templo cegos e coxos, e ele os curou.
  15. Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se,
  16. e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor?
  17. E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite.
  18. Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome;
  19. e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
  20. Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?
  21. Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito;
  22. e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.
  23. Tendo Jesus entrado no templo, e estando a ensinar, aproximaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu tal autoridade?
  24. Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas.
  25. O batismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes?
  26. Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta.
  27. Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
  28. Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando- se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha.
  29. Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi.
  30. Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi.
  31. Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.
  32. Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele.
  33. Ouvi ainda outra parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
  34. E quando chegou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
  35. E os lavradores, apoderando-se dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram.
  36. Depois enviou ainda outros servos, em maior número do que os primeiros; e fizeram-lhes o mesmo.
  37. Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: A meu filho terão respeito.
  38. Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança.
  39. E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram.
  40. Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
  41. Responderam-lhe eles: Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos.
  42. Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
  43. Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.
  44. E quem cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
  45. Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo essas parábolas, entenderam que era deles que Jesus falava.
  46. E procuravam prendê-lo, mas temeram o povo, porquanto este o tinha por profeta.

Mateus 22

  1. Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas, dizendo:
  2. O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho.
  3. Enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir.
  4. Depois enviou outros servos, ordenando: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado; os meus bois e cevados já estão mortos, e tudo está pronto; vinde às bodas.
  5. Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio;
  6. e os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.
  7. Mas o rei encolerizou-se; e enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.
  8. Então disse aos seus servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos.
  9. Ide, pois, pelas encruzilhadas dos caminhos, e a quantos encontrardes, convidai-os para as bodas.
  10. E saíram aqueles servos pelos caminhos, e ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e encheu-se de convivas a sala nupcial.
  11. Mas, quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um homem que não trajava veste nupcial;
  12. e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste nupcial? Ele, porém, emudeceu.
  13. Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
  14. Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
  15. Então os fariseus se retiraram e consultaram entre si como o apanhariam em alguma palavra;
  16. e enviaram-lhe os seus discípulos, juntamente com os herodianos, a dizer; Mestre, sabemos que és verdadeiro, e que ensinas segundo a verdade o caminho de Deus, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens.
  17. Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar tributo a César, ou não?
  18. Jesus, porém, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas?
  19. Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um denário.
  20. Perguntou-lhes ele: De quem é esta imagem e inscrição?
  21. Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
  22. Ao ouvirem isso, ficaram admirados; e, deixando-o, se retiraram.
  23. No mesmo dia vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, dizendo:
  24. Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, seu irmão casará com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão.
  25. Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado, morreu: e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão;
  26. da mesma sorte também o segundo, o terceiro, até o sétimo.
  27. depois de todos, morreu também a mulher.
  28. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa, pois todos a tiveram?
  29. Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus;
  30. pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu.
  31. E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus:
  32. Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos.
  33. E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina.
  34. Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se todos;
  35. e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou- o, dizendo:
  36. Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
  37. Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
  38. Este é o grande e primeiro mandamento.
  39. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
  40. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
  41. Ora, enquanto os fariseus estavam reunidos, interrogou-os Jesus, dizendo:
  42. Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe: De Davi.
  43. Replicou-lhes ele: Como é então que Davi, no Espírito, lhe chama Senhor, dizendo:
  44. Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos de baixo dos teus pés?
  45. Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho?
  46. E ninguém podia responder-lhe palavra; nem desde aquele dia jamais ousou alguém interrogá-lo.

Mateus 23

  1. Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo:
  2. Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.
  3. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
  4. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
  5. Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos;
  6. gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas,
  7. das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.
  8. Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.
  9. E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus.
  10. Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo.
  11. Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.
  12. Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.
  13. Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.
  14. [Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.]
  15. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.
  16. Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou.
  17. Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?
  18. E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou.
  19. Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?
  20. Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está;
  21. e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele que nele habita;
  22. e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado.
  23. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.
  24. Guias cegos! que coais um mosquito, e engulis um camelo.
  25. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.
  26. Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também o exterior se torne limpo.
  27. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia.
  28. Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.
  29. Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
  30. e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido cúmplices no derramar o sangue dos profetas.
  31. Assim, vós testemunhais contra vós mesmos que sois filhos daqueles que mataram os profetas.
  32. Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
  33. Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
  34. Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas: e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros os perseguireis de cidade em cidade;
  35. para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o altar.
  36. Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre esta geração.
  37. Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!
  38. Eis aí abandonada vos é a vossa casa.
  39. Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.

Mateus 24

  1. Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
  2. Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
  3. E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.
  4. Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane.
  5. Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão.
  6. E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim.
  7. Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares.
  8. Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
  9. Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
  10. Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
  11. Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
  12. e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
  13. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
  14. E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
  15. Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda),
  16. então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
  17. quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,
  18. e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa.
  19. Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
  20. Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
  21. porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
  22. E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
  23. Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis;
  24. porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
  25. Eis que de antemão vo-lo tenho dito.
  26. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
  27. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem.
  28. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
  29. Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados.
  30. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
  31. E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
  32. Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
  33. Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
  34. Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram.
  35. Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
  36. Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai.
  37. Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
  38. Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
  39. e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem.
  40. Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro;
  41. estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
  42. Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor;
  43. sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
  44. Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
  45. Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs sobre os seus serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento?
  46. Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim fazendo.
  47. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
  48. Mas se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir,
  49. e começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com os ébrios,
  50. virá o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe,
  51. e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.

Mateus 25

  1. Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo.
  2. Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes.
  3. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo.
  4. As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas.
  5. E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram.
  6. Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro!
  7. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
  8. E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando.
  9. Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
  10. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
  11. Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta.
  12. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço.
  13. Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
  14. Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens:
  15. a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem.
  16. O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco;
  17. da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois;
  18. mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
  19. Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
  20. Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei.
  21. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
  22. Chegando também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis aqui outros dois que ganhei.
  23. Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
  24. Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não joeiraste;
  25. e, atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu.
  26. Ao que lhe respondeu o seu senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde não joeirei?
  27. Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros.
  28. Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos.
  29. Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
  30. E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
  31. Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
  32. e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos;
  33. e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.
  34. Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
  35. porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes;
  36. estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me.
  37. Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
  38. Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos?
  39. Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te?
  40. E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes.
  41. Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;
  42. porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
  43. era forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não me vestistes; enfermo, e na prisão, e não me visitastes.
  44. Então também estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
  45. Ao que lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim.
  46. E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.

Mateus 26

  1. E havendo Jesus concluído todas estas palavras, disse aos seus discípulos:
  2. Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado.
  3. Então os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no pátio da casa do sumo sacerdote, o qual se chamava Caifás;
  4. e deliberaram como prender Jesus a traição, e o matar.
  5. Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
  6. Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,
  7. aproximou-se dele uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo precioso, e lho derramou sobre a cabeça, estando ele reclinado à mesa.
  8. Quando os discípulos viram isso, indignaram-se, e disseram: Para que este desperdício?
  9. Pois este bálsamo podia ser vendido por muito dinheiro, que se daria aos pobres.
  10. Jesus, porém, percebendo isso, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo.
  11. Porquanto os pobres sempre os tendes convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes.
  12. Ora, derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo a fim de preparar-me para a minha sepultura.
  13. Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em todo o mundo este evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
  14. Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes,
  15. e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata.
  16. E desde então buscava ele oportunidade para o entregar.
  17. Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, vieram os discípulos a Jesus, e perguntaram: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
  18. Respondeu ele: Ide à cidade a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.
  19. E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa.
  20. Ao anoitecer reclinou-se à mesa com os doze discípulos;
  21. e, enquanto comiam, disse: Em verdade vos digo que um de vós me trairá.
  22. E eles, profundamente contristados, começaram cada um a perguntar-lhe: Porventura sou eu, Senhor?
  23. Respondeu ele: O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá.
  24. Em verdade o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traido! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
  25. Também Judas, que o traía, perguntou: Porventura sou eu, Rabí? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste.
  26. Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo.
  27. E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
  28. pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados.
  29. Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu Pai.
  30. E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
  31. Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis de mim; pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
  32. Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.
  33. Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem de ti, eu nunca me escandalizarei.
  34. Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante três vezes me negarás.
  35. Respondeu-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei. E o mesmo disseram todos os discípulos.
  36. Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmane, e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.
  37. E levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
  38. Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo.
  39. E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
  40. Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Assim nem uma hora pudestes vigiar comigo?
  41. Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
  42. Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
  43. E, voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados.
  44. Deixando-os novamente, foi orar terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
  45. Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
  46. Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
  47. E estando ele ainda a falar, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo.
  48. Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é: prendei-o.
  49. E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Rabi. E o beijou.
  50. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
  51. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
  52. Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
  53. Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?
  54. Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?
  55. Disse Jesus à multidão naquela hora: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? Todos os dias estava eu sentado no templo ensinando, e não me prendestes.
  56. Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos, deixando-o fugiram.
  57. Aqueles que prenderam a Jesus levaram-no à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.
  58. E Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote; e entrando, sentou-se entre os guardas, para ver o fim.
  59. Ora, os principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem entregá-lo à morte;
  60. e não achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas. Mas por fim compareceram duas,
  61. e disseram: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus, e reedificá-lo em três dias.
  62. Levantou-se então o sumo sacerdote e perguntou-lhe: Nada respondes? Que é que estes depõem contra ti?
  63. Jesus, porém, guardava silêncio. E o sumo sacerdote disse- lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho do Deus.
  64. Repondeu-lhe Jesus: É como disseste; contudo vos digo que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.
  65. Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que agora acabais de ouvir a sua blasfêmia.
  66. Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.
  67. Então uns lhe cuspiram no rosto e lhe deram socos;
  68. e outros o esbofetearam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem foi que te bateu?
  69. Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
  70. Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
  71. E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno.
  72. E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem.
  73. E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denuncia.
  74. Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
  75. E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.

Mateus 27

  1. Ora, chegada a manhã, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem;
  2. e, maniatando-o, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.
  3. Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo:
  4. Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo.
  5. E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se.
  6. Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue.
  7. E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros.
  8. Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.
  9. Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram,
  10. e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.
  11. Jesus, pois, ficou em pé diante do governador; e este lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
  12. Mas ao ser acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
  13. Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas coisas testificam contra ti?
  14. E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer; de modo que o governador muito se admirava.
  15. Ora, por ocasião da festa costumava o governador soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse.
  16. Nesse tempo tinham um preso notório, chamado Barrabás.
  17. Portanto, estando o povo reunido, perguntou-lhe Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado o Cristo?
  18. Pois sabia que por inveja o haviam entregado.
  19. E estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele.
  20. Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e fizessem morrer Jesus.
  21. O governador, pois, perguntou-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte? E disseram: Barrabás.
  22. Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado.
  23. Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
  24. Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
  25. E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
  26. Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar, e o entregou para ser crucificado.
  27. Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a coorte.
  28. E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate;
  29. e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
  30. E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça.
  31. Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.
  32. Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
  33. Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira,
  34. deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
  35. Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele, lançando sortes, [para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitaram sortes.]
  36. E, sentados, ali o guardavam.
  37. Puseram-lhe por cima da cabeça a sua acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
  38. Então foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
  39. E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça
  40. e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.
  41. De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam:
  42. A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele;
  43. confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.
  44. O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados.
  45. E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
  46. Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
  47. Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias.
  48. E logo correu um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
  49. Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.
  50. De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito.
  51. E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,
  52. os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados;
  53. e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
  54. ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de Deus.
  55. Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o ouvir;
  56. entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
  57. Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também era discípulo de Jesus.
  58. Esse foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue.
  59. E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de linho,
  60. e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou- se.
  61. Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas defronte do sepulcro.
  62. No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos,
  63. e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei.
  64. Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro.
  65. Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis.
  66. Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.

Mateus 28

  1. No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
  2. E eis que houvera um grande terremoto; pois um anjo do Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre ela.
  3. o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como a neve.
  4. E de medo dele tremeram os guardas, e ficaram como mortos.
  5. Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
  6. Não está aqui, porque ressurgiu, como ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia;
  7. e ide depressa, e dizei aos seus discípulos que ressurgiu dos mortos; e eis que vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que vo-lo tenho dito.
  8. E, partindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos.
  9. E eis que Jesus lhes veio ao encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o adoraram.
  10. Então lhes disse Jesus: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão para a Galiléia; ali me verão.
  11. Ora, enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à cidade, e contaram aos principais sacerdotes tudo quanto havia acontecido.
  12. E congregados eles com os anciãos e tendo consultado entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
  13. e ordenaram-lhes que dissessem: Vieram de noite os seus discípulos e, estando nós dormindo, furtaram-no.
  14. E, se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o persuadiremos, e vos livraremos de cuidado.
  15. Então eles, tendo recebido o dinheiro, fizeram como foram instruídos. E essa história tem-se divulgado entre os judeus até o dia de hoje.
  16. Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde Jesus lhes designara.
  17. Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.
  18. E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
  19. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
  20. ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.

Malaquias Marcos

Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á. Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á. Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?

Mateus 7:7-10

11/03/2021

Malaquias

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Malaquias 1

  1. A palavra do Senhor a Israel, por intermédio de Malaquias.
  2. Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Acaso não era Esaú irmão de Jacó? diz o Senhor; todavia amei a Jacó,
  3. e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto.
  4. Ainda que Edom diga: Arruinados estamos, porém tornaremos e edificaremos as ruínas; assim diz o Senhor dos exércitos: Eles edificarão, eu, porém, demolirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre.
  5. E os vossos olhos o verão, e direis: Engrandecido é o Senhor ainda além dos termos de Israel.
  6. O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu, pois, sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou amo, onde está o temor de mim? diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o teu nome?
  7. Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais, que a mesa do Senhor é desprezível.
  8. Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
  9. Agora, pois, suplicai o favor de Deus, para que se compadeça de nós. Com tal oferta da vossa mão, aceitará ele a vossa pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
  10. Oxalá que entre vós houvesse até um que fechasse as portas para que não acendesse debalde o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão.
  11. Mas desde o nascente do sol até o poente é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar se oferece ao meu nome incenso, e uma oblação pura; porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos exércitos.
  12. Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é profana, e o seu produto, isto é, a sua comida, é desprezível.
  13. Dizeis também: Eis aqui, que canseira! e o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos exércitos; e tendes trazido o que foi roubado, e o coxo e o doente; assim trazeis a oferta. Aceitaria eu isso de vossa mão? diz o Senhor.
  14. Mas seja maldito o enganador que, tendo animal macho no seu rebanho, o vota, e sacrifica ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos exércitos, e o meu nome é temível entre as nações.

Malaquias 2

  1. Agora, ó sacerdotes, este mandamento e para vós.
  2. Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração.
  3. Eis que vos reprovarei a posteridade, e espalharei sobre os vossos rostos o esterco, sim, o esterco dos vossos sacrifícios; e juntamente com este sereis levados para fora.
  4. Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu pacto fosse com Levi, diz o Senhor dos exércitos.
  5. Meu pacto com ele foi de vida e de paz; e eu lhas dei para que me temesse; e ele me temeu, e assombrou-se por causa do meu nome.
  6. A lei da verdade esteve na sua boca, e a impiedade não se achou nos seus lábios; ele andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade apartou a muitos.
  7. Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos.
  8. Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos.
  9. Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.
  10. Não temos nós todos um mesmo Pai? não nos criou um mesmo Deus? por que nos havemos aleivosamente uns para com outros, profanando o pacto de nossos pais?
  11. Judá se tem havido aleivosamente, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho.
  12. O Senhor extirpará das tendas de Jacó o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o que oferece dons ao Senhor dos exércitos.
  13. Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choros e de gemidos, porque ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.
  14. Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.
  15. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
  16. Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido; portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos; e não sejais infiéis.
  17. Tendes enfadado ao Senhor com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o havemos enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor, e desses é que ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?

Malaquias 3

  1. Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o anjo do pacto, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos exércitos.
  2. Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando ele aparecer? Pois ele será como o fogo de fundidor e como o sabão de lavandeiros;
  3. assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata, até que tragam ao Senhor ofertas em justiça.
  4. Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.
  5. E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o trabalhador em seu salário, a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos exércitos.
  6. Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
  7. Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes. Tornai vós para mim, e eu tornarei para vós diz o Senhor dos exércitos. Mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
  8. Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.
  9. Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda.
  10. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.
  11. Também por amor de vós reprovarei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; nem a vossa vide no campo lançará o seu fruto antes do tempo, diz o Senhor dos exércitos.
  12. E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos exércitos.
  13. As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Que temos falado contra ti?
  14. Vós tendes dito: lnútil é servir a Deus. Que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos exércitos?
  15. Ora pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam; sim, eles tentam a Deus, e escapam.
  16. Então aqueles que temiam ao Senhor falaram uns aos outros; e o Senhor atentou e ouviu, e um memorial foi escrito diante dele, para os que temiam ao Senhor, e para os que se lembravam do seu nome.
  17. E eles serão meus, diz o Senhor dos exércitos, minha possessão particular naquele dia que prepararei; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.
  18. Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que o não serve.

Malaquias 4

  1. Pois eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como restolho; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.
  2. Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.
  3. E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos.
  4. Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e ordenanças.
  5. Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor;
  6. e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.

Zacarias Mateus

O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu, pois, sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou amo, onde está o temor de mim? diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais, que a mesa do Senhor é desprezível. Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos.

Malaquias 1:6-8

11/03/2021

Zacarias

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Zacarias 1

  1. No oitavo mês do segundo ano de Dario veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
  2. O Senhor se irou fortemente contra vossos pais.
  3. Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exércitos: Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos exércitos, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos exércitos.
  4. Não sejais como vossos pais, aos quais clamavam os profetas antigos, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; mas não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor.
  5. Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, viverão eles para sempre?
  6. Contudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu ordenei pelos profetas, meus servos, acaso nao alcançaram a vossos pais? E eles se arrependeram, e disseram: Assim como o Senhor dos exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim ele nos tratou.
  7. Aos vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
  8. Olhei de noite, e vi um homem montado num cavalo vermelho, e ele estava parado entre as murtas que se achavam no vale; e atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.
  9. Então perguntei: Meu Senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo: Eu te mostrarei o que estes são.
  10. Respondeu, pois, o homem que estava parado entre as murtas, e disse: Estes são os que o Senhor tem enviado para percorrerem a terra.
  11. E eles responderam ao anjo do Senhor, que estava parado entre as murtas, e disseram: Nós temos percorrido a terra, e eis que a terra toda está tranqüila e em descanso.
  12. Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: O Senhor dos exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste indignado estes setenta anos?
  13. Respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo, com palavras boas, palavras consoladoras.
  14. O anjo, pois, que falava comigo, disse-me: Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião.
  15. E estou grandemente indignado contra as nações em descanso; porque eu estava um pouco indignado, mas eles agravaram o mal.
  16. Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora, para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém.
  17. Clama outra vez, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: As minhas cidades ainda se transbordarão de bens; e o Senhor ainda consolará a Sião, e ainda escolherá a Jerusalém.
  18. Levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro chifres.
  19. Eu perguntei ao anjo que falava comigo: Que é isto? Ele me respondeu: Estes são os chifres que dispersaram a Judá, a Israel e a Jerusalém.
  20. O Senhor mostrou-me também quatro ferreiros.
  21. Então perguntei: Que vêm estes a fazer? Ele respondeu, dizendo: Estes são os chifres que dispersaram Judá, de maneira que ninguém levantou a cabeça; mas estes vieram para os amedrontarem, para derrubarem os chifres das nações que levantaram os seus chifres contra a terra de Judá, a fim de a espalharem.

Zacarias 2

  1. Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um homem que tinha na mão um cordel de medir.
  2. Então perguntei: Para onde vais tu? Respondeu-me ele: Para medir Jerusalém, a fim de ver qual é a sua largura e qual o seu comprimento.
  3. E eis que saiu o anjo que falava comigo, e outro anjo lhe saiu ao encontro,
  4. e lhe disse: Corre, fala a este mancebo, dizendo: Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão, nela, dos homens e dos animais.
  5. Pois eu, diz o Senhor, lhe serei um muro de fogo em redor, e eu, no meio dela, lhe serei a glória.
  6. Ah, ah! fugi agora da terra do norte, diz o Senhor, porque vos espalhei como os quatro ventos do céu, diz o Senhor.
  7. Ah! Escapai para Sião, vós que habitais com a filha de Babilônia.
  8. Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Para obter a glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho.
  9. Porque eis aí levantarei a minha mão contra eles, e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor dos exércitos me enviou.
  10. Exulta, e alegra-te, ó filha de Sião; pois eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor.
  11. E naquele dia muitas nações se ajuntarão ao Senhor, e serão o meu povo; e habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a ti.
  12. Então o Senhor possuirá a Judá como sua porção na terra santa, e ainda escolherá a Jerusalém.
  13. Cale-se, toda a carne, diante do Senhor; porque ele se levantou da sua santa morada.

Zacarias 3

  1. Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor.
  2. Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: Que o Senhor te repreenda, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um tição tirado do fogo?
  3. Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé diante do anjo.
  4. Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de trajes festivos.
  5. Também disse eu: Ponham-lhe sobre a cabeça uma mitra limpa. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça uma mitra limpa, e vestiram-no; e o anjo do Senhor estava ali de pe.
  6. E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo:
  7. Assim diz o Senhor dos exércitos: Se andares nos meus caminhos, e se observares as minhas ordenanças, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei lugar entre os que estão aqui.
  8. Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo.
  9. Pois eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos. Eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra num só dia.
  10. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cada um de vós convidará o seu vizinho para debaixo da videira e para debaixo da figueira.

Zacarias 4

  1. Ora o anjo que falava comigo voltou, e me despertou, como a um homem que é despertado do seu sono;
  2. e me perguntou: Que vês? Respondi: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite em cima, com sete lâmpadas, e há sete canudos que se unem às lâmpadas que estão em cima dele;
  3. e junto a ele há duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda.
  4. Então perguntei ao anjo que falava comigo: Meu senhor, que é isso?
  5. Respondeu-me o anjo que falava comigo, e me disse: Não sabes tu o que isso é? E eu disse: Não, meu senhor.
  6. Ele me respondeu, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos.
  7. Quem és tu, ó monte grande? Diante de Zorobabel tornar-te-ás uma campina; e ele trará a pedra angular com aclamações: Graça, graça a ela.
  8. Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
  9. As mãos de Zorobabel têm lançado os alicerces desta casa; também as suas mãos a acabarão; e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a vos.
  10. Ora, quem despreza o dia das coisas pequenas? pois estes sete se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel. São estes os sete olhos do Senhor, que discorrem por toda a terra.
  11. Falei mais, e lhe perguntei: Que são estas duas oliveiras à direita e à esquerda do castiçal?
  12. Segunda vez falei-lhe, perguntando: Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite dourado?
  13. Ele me respondeu, dizendo: Não sabes o que é isso? E eu disse: Não, meu senhor.
  14. Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra.

Zacarias 5

  1. Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um rolo voante.
  2. Perguntou-me o anjo: Que vês? Eu respondi: Vejo um rolo voante, que tem vinte côvados de comprido e dez côvados de largo.
  3. Então disse-me ele: Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra: porque daqui, conforme a maldição, será desarraigado todo o que furtar; assim como daqui será desarraigado conforme a maldição todo o que jurar falsamente.
  4. Mandá-la-ei, diz o Senhor dos exércitos, e a farei entrar na casa do ladrão, e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e permanecerá no meio da sua casa, e a consumirá juntamente com a sua madeira e com as suas pedras.
  5. Então saiu o anjo, que falava comigo, e me disse: levanta agora os teus olhos, e vê que é isto que sai.
  6. Eu perguntei: Que é isto? Respondeu ele: Isto é uma efa que sai. E disse mais: Esta é a iniqüidade em toda a terra.
  7. E eis que foi levantada a tampa de chumbo, e uma mulher estava sentada no meio da efa.
  8. Prosseguiu o anjo: Esta é a impiedade. E ele a lançou dentro da efa, e pôs sobre a boca desta o peso de chumbo.
  9. Então levantei os meus olhos e olhei, e eis que vinham avançando duas mulheres com o vento nas suas asas, pois tinham asas como as da cegonha; e levantaram a efa entre a terra e o céu.
  10. Perguntei ao anjo que falava comigo: Para onde levam elas a efa?
  11. Respondeu-me ele: Para lhe edificarem uma casa na terra de Sinar; e, quando a casa for preparada, a efa será colocada ali no seu lugar.

Zacarias 6

  1. De novo levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro carros que saíam dentre dois montes, e estes montes eram montes de bronze.
  2. No primeiro carro eram cavalos vermelhos, no segundo carro cavalos pretos,
  3. no terceiro carro cavalos brancos, e no quarto carro cavalos baios com malhas.
  4. Então, dirigindo-me ao anjo que falava comigo, perguntei: Que são estes, meu senhor?
  5. Respondeu-me o anjo: Estes estão saindo aos quatro ventos do céu, depois de se apresentarem perante o Senhor de toda a terra.
  6. O carro em que estão os cavalos pretos sai para a terra do norte, os brancos são para o oeste, e os malhados para a terra do sul;
  7. e os cavalos baios saíam, e procuravam ir por diante, para percorrerem a terra. E ele disse: Ide, percorrei a terra. E eles a percorriam.
  8. Então clamou para mim, dizendo: Eis que aqueles que saíram para a terra do norte fazem repousar na terra do norte o meu Espírito.
  9. Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
  10. Recebe dos que foram levados cativos, a saber, de Heldai, de Tobias, e de Jedaías, e vem tu no mesmo dia, e entra na casa de Josias, filho de Sofonias, para a qual vieram de Babilônia;
  11. recebe, digo, prata e ouro, e faze coroas, e põe-nas na cabeça do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque;
  12. e fala-lhe, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor.
  13. Ele mesmo edificará o templo do Senhor; receberá a honra real, assentar-se-á no seu trono, e dominará. E Josué, o sacerdote, ficará à sua direita; e haverá entre os dois o conselho de paz.
  14. Essas coroas servirão a Helem, e a Tobias, e a Jedaías, e a Hem, filho de Sofonias, de memorial no templo do Senhor.
  15. E aqueles que estão longe virão, e ajudarão a edificar o templo do Senhor; e vós sabereis que o Senhor dos exércitos me tem enviado a vós; e isso sucederá, se diligentemente obedecerdes a voz do Senhor vosso Deus.

Zacarias 7

  1. Aconteceu no ano quarto do rei Dario, que a palavra do Senhor veio a Zacarias, no dia quarto do nono mês, que é quisleu:
  2. Ora, o povo de Betel tinha enviado Sarezer, e Regem-Meleque, e os seus homens, para suplicarem o favor do Senhor,
  3. e para dizerem aos sacerdotes, que estavam na casa do Senhor dos exércitos, e aos profetas: Chorarei eu no quinto mês, com jejum, como o tenho feito por tantos anos?
  4. Então a palavra do Senhor dos exércitos veio a mim, dizendo:
  5. Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi mesmo para mim que jejuastes?
  6. Ou quando comeis e quando bebeis, não é para vós mesmos que comeis e bebeis?
  7. Não eram estas as palavras que o Senhor proferiu por intermédio dos profetas antigos, quando Jerusalém estava habitada e próspera, juntamente com as suas cidades ao redor dela, e quando o Sul e a campina eram habitados?
  8. E a palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo:
  9. Assim falou o Senhor dos exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e compaixão cada um para com o seu irmão;
  10. e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre; e nenhum de vós intente no seu coração o mal contra o seu irmão.
  11. Eles, porém, não quiseram escutar, e me deram o ombro rebelde, e taparam os ouvidos, para que não ouvissem.
  12. Sim, fizeram duro como diamante o seu coração, para não ouvirem a lei, nem as palavras que o Senhor dos exércitos enviara pelo seu Espírito mediante os profetas antigos; por isso veio a grande ira do Senhor dos exércitos.
  13. Assim como eu clamei, e eles não ouviram, assim também eles clamaram, e eu não ouvi, diz o Senhor dos exércitos;
  14. mas os espalhei com um turbilhão por entre todas as nações, que eles não conheceram. Assim, pois, a terra foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem voltava; porquanto fizeram da terra desejada uma desolação.

Zacarias 8

  1. Depois veio a mim a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
  2. Assim diz o Senhor dos exércitos: Zelo por Sião com grande zelo; e, com grande indignação, por ela estou zelando.
  3. Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; e Jerusalém chamar-se-á a cidade da verdade, e o monte do Senhor dos exércitos o monte santo.
  4. Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda nas praças de Jerusalém sentar-se-ão velhos e velhas, levando cada um na mão o seu cajado, por causa da sua muita idade.
  5. E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão.
  6. Assim diz o Senhor dos exércitos: Se isto for maravilhoso aos olhos do resto deste povo naqueles dias, acaso será também maravilhoso aos meus olhos? diz o Senhor dos exércitos.
  7. Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que salvarei o meu povo, tirando-o da terra do oriente e da terra do ocidente;
  8. e os trarei, e eles habitarão no meio de Jerusalém; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus em verdade e em justiça.
  9. Assim diz o Senhor dos exércitos: Sejam fortes as vossas mãos, ó vós, que nestes dias ouvistes estas palavras da boca dos profetas, que estiveram no dia em que foi posto o fundamento da casa do Senhor dos exércitos, a fim de que o templo fosse edificado.
  10. Pois antes daqueles dias não havia salário para os homens, nem lhes davam ganho os animais; nem havia paz para o que saia nem para o que entrava, por causa do inimigo; porque eu incitei a todos os homens, cada um contra o seu próximo.
  11. Mas agora não me haverei para com o resto deste povo como nos dias passados, diz o Senhor dos exércitos;
  12. porquanto haverá a sementeira de paz; a vide dará o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e os céus darão o seu orvalho; e farei que o resto deste povo herde todas essas coisas.
  13. E há de suceder, ó casa de Judá, e ó casa de Israel, que, assim como éreis uma maldição entre as nações, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não temais, mas sejam fortes as vossas mãos.
  14. Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Como intentei fazer-vos o mal, quando vossos pais me provocaram a ira, diz o Senhor dos exércitos, e não me compadeci,
  15. assim tornei a intentar nestes dias fazer o bem a Jerusalém e à casa de Judá; não temais.
  16. Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas;
  17. e nenhum de vós intente no seu coração o mal contra o seu próximo; nem ame o juramento falso; porque todas estas são coisas que eu aborreço, diz o senhor.
  18. De novo me veio a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
  19. Assim diz o Senhor dos exércitos: O jejum do quarto mês, bem como o do quinto, o do sétimo, e o do décimo mês se tornarão para a casa de Judá em regozijo, alegria, e festas alegres; amai, pois, a verdade e a paz.
  20. Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda sucederá que virão povos, e os habitantes de muitas cidades;
  21. e os habitantes de uma cidade irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do Senhor, e buscar o Senhor dos exércitos; eu também irei.
  22. Assim virão muitos povos, e poderosas nações, buscar em Jerusalém o Senhor dos exércitos, e suplicar a bênção do Senhor.
  23. Assim diz o Senhor dos exércitos: Naquele dia sucederá que dez homens, de nações de todas as línguas, pegarão na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.

Zacarias 9

  1. A palavra do Senhor está contra a terra de Hadraque, e repousará sobre Damasco, pois ao Senhor pertencem as cidades de Arã, e todas as tribos de Israel.
  2. E também Hamate que confina com ela, e Tiro e Sidom, ainda que sejam mui sábias.
  3. Ora Tiro edificou para si fortalezas, e amontoou prata como o pó, e ouro como a lama das ruas.
  4. Eis que o Senhor a despojará, e ferirá o seu poder no mar; e ela será consumida pelo fogo.
  5. Asquelom o verá, e temerá; também Gaza, e terá grande dor; igualmente Ecrom, porque a sua esperança será iludida; e de Gaza perecerá o rei, e Asquelom não será habitada.
  6. Povo mestiço habitará em Asdode; e exterminarei a soberba dos filisteus.
  7. E da sua boca tirarei o sangue, e dentre os seus dentes as abominações; e ele também ficará como um resto para o nosso Deus; e será como chefe em Judá, e Ecrom como um jebuseu.
  8. Ao redor da minha casa acamparei contra o exército, para que ninguem passe, nem volte; e não passará mais por eles o opressor; pois agora vi com os meus olhos.
  9. Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta.
  10. De Efraim exterminarei os carros, e de Jerusalém os cavalos, e o arco de guerra será destruído, e ele anunciará paz às nações; e o seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o Rio até as extremidades da terra.
  11. Ainda quanto a ti, por causa do sangue do teu pacto, libertei os teus presos da cova em que não havia água.
  12. Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje anuncio que te recompensarei em dobro.
  13. Pois curvei Judá por meu arco, pus-lhe Efraim por seta; suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grécia; e te farei a ti, ó Sião, como a espada de um valente.
  14. Por cima deles será visto o Senhor; e a sua flecha sairá como o relâmpago; e o Senhor Deus fará soar a trombeta, e irá com redemoinhos do sul.
  15. O Senhor dos exércitos os protegerá; e eles devorarão, e pisarão os fundibulários; também beberão o sangue deles como ao vinho; e encher-se-ão como bacias de sacrifício, como os cantos do altar.
  16. E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará, como o rebanho do seu povo; porque eles serão como as pedras de uma coroa, elevadas sobre a terra dele.
  17. Pois quão grande é a sua bondade, e quão grande é a sua formosura! o trigo fará florescer os mancebos e o mosto as donzelas.

Zacarias 10

  1. Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao Senhor, que faz os relâmpagos; e ele lhes dará chuvas copiosas, e a cada um erva no campo,
  2. Pois os terafins falam vaidade, e os adivinhos vêem mentira e contam sonhos falsos; em vão procuram consolar; por isso seguem o seu caminho como ovelhas; estão aflitos, porque não há pastor.
  3. Contra os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes; mas o Senhor dos exércitos visitará o seu rebanho, a casa de Judá, e o fará como o seu majestoso cavalo na peleja.
  4. De Judá sairá a pedra angular, dele a estaca da tenda, dele o arco de guerra, dele sairão todos os chefes.
  5. Eles serão como valentes que na batalha pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o Senhor esta com eles; e confundirão os que andam montados em cavalos.
  6. Fortalecerei a casa de Judá, e salvarei a casa de José; fá-los-ei voltar, porque me compadeço deles; e serão como se eu não os tivera rejeitado; porque eu sou o Senhor seu Deus, e os ouvirei.
  7. Então os de Efraim serão como um valente, e o seu coração se alegrará como pelo vinho; seus filhos o verão, e se alegrarão; o seu coração se regozijará no Senhor.
  8. Eu lhes assobiarei, e os ajuntarei, porque os tenho remido; e multiplicar-se-ão como dantes se multiplicavam.
  9. Ainda que os espalhei entre os povos, eles se lembrarão de mim em terras remotas; e, com seus filhos, viverão e voltarão.
  10. Pois eu os farei voltar da terra do Egito, e os congregarei da Assíria; e trálos-ei à terra de Gileade e do Líbano; e não se achará lugar bastante para eles.
  11. Passarão pelo mar de aflição, e serão feridas as ondas do mar, e todas as profundezas do Nilo se secarão; então será abatida a soberba da Assíria, e o cetro do Eeito se retirará.
  12. Eu os fortalecerei no Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor.

Zacarias 11

  1. Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo devore os teus cedros.
  2. Geme, ó cipreste, porque caiu o cedro, porque os mais excelentes são destruídos; gemei, ó carvalhos de Basã, porque o bosque forte é derrubado.
  3. Voz de uivo dos pastores! porque a sua glória é destruída; voz de bramido de leões novos! porque foi destruída a soberba do Jordão.
  4. Assim diz o Senhor meu Deus: Apascenta as ovelhas destinadas para a matança,
  5. cujos compradores as matam, e não se têm por culpados; e cujos vendedores dizem: Louvado seja o Senhor, porque hei enriquecido; e os seus pastores não têm piedade delas.
  6. Certamente não terei mais piedade dos moradores desta terra, diz o Senhor; mas, eis que entregarei os homens cada um na mão do seu próximo e na mão do seu rei; eles ferirão a terra, e eu não os livrarei da mão deles.
  7. Eu pois apascentei as ovelhas destinadas para a matança, as pobres ovelhas do rebanho. E tomei para mim duas varas: a uma chamei Graça, e à outra chamei União; e apascentei as ovelhas.
  8. E destruí os três pastores num mês; porque me enfadei deles, e também eles se enfastiaram de mim.
  9. Então eu disse: Não vos apascentarei mais; o que morrer morra, e o que for destruído seja destruído; e os que restarem, comam cada um a carne do seu próximo.
  10. E tomei a minha vara Graça, e a quebrei, para desfazer o meu pacto, que tinha estabelecido com todos os povos.
  11. Foi, pois, anulado naquele dia; assim os pobres do rebanho que me respeitavam, reconheceram que isso era palavra do Senhor.
  12. E eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário, trinta moedas de prata.
  13. Ora o Senhor disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor.
  14. Então quebrei a minha segunda vara União, para romper a irmandade entre Judá e Israel.
  15. Então o Senhor me disse: Toma ainda para ti os instrumentos de um pastor insensato.
  16. Pois eis que suscitarei um pastor na terra, que não cuidará das que estão perecendo, não procurará as errantes, não curará a ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas, e lhes despedaçará as unhas.
  17. Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! a espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o seu braço será de todo mirrado, e o seu olho direito será inteiramente escurecido.

Zacarias 12

  1. A palavra do Senhor acerca de Israel: Fala o Senhor, o que estendeu o céu, e que lançou os alicerces da terra e que formou o espírito do homem dentro dele.
  2. Eis que eu farei de Jerusalém um copo de atordoamento para todos os povos em redor, e também para Judá, durante o cerco contra Jerusalém.
  3. Naquele dia farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem, serão gravemente feridos. E ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra.
  4. Naquele dia, diz o Senhor, ferirei de espanto a todos os cavalos, e de loucura os que montam neles. Mas sobre a casa de Judá abrirei os meus olhos, e ferirei de cegueira todos os cavalos dos povos.
  5. Então os chefes de Judá dirão no seu coração: Os habitantes de Jerusalém são a minha força no Senhor dos exércitos, seu Deus.
  6. Naquele dia porei os chefes de Judá como um braseiro ardente no meio de lenha, e como um facho entre gavelas; e eles devorarão à direita e à esquerda a todos os povos em redor; e Jerusalém será habitada outra vez no seu próprio lugar, mesmo em Jerusalém.
  7. Também o Senhor salvará primeiro as tendas de Judá, para que a glória da casa de Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém não se engrandeçam sobre Judá.
  8. Naquele dia o Senhor defenderá os habitantes de Jerusalém, de sorte que o mais fraco dentre eles naquele dia será como Davi, e a casa de Davi será como Deus, como o anjo do Senhor diante deles.
  9. E naquele dia, tratarei de destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém.
  10. Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.
  11. Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megidom.
  12. E a terra pranteará, cada família à parte: a família da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; e a família da casa de Natã à parte, e suas mulheres à parte;
  13. a familia da casa de Levi à parte, e suas mulheres à parte; a família de Simei à parte, e suas mulheres à parte;
  14. todas as mais famílias, cade família à parte, e suas mulheres à parte.

Zacarias 13

  1. Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza.
  2. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cortarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória; e também farei sair da terra os profetas e o espirito da impureza.
  3. E se alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque falas mentiras em o nome do Senhor; e seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar.
  4. Naquele dia os profetas se sentirão envergonhados, cada um da sua visão, quando profetizarem; nem mais se vestirão de manto de pêlos, para enganarem,
  5. mas dirão: Não sou profeta, sou lavrador da terra; porque tenho sido escravo desde a minha mocidade.
  6. E se alguém lhe disser: Que feridas são essas entre as tuas mãos? Dirá ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos.
  7. Ó espada, ergue-te contra o meu pastor, e contra o varão que é o meu companheiro, diz o Senhor dos exércitos; fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão para os pequenos.
  8. Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.
  9. E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus.

Zacarias 14

  1. Eis que vem um dia do Senhor, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti.
  2. Pois eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro mas o resto do povo não será exterminado da cidade.
  3. Então o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como quando peleja no dia da batalha.
  4. Naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; se o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, do oriente para o ocidente e haverá um vale muito grande; e metade do monte se removerá para o norte, e a outra metade dele para o sul.
  5. E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de uzias, rei de Judá. Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos com ele.
  6. Acontecerá naquele dia, que não haverá calor, nem frio, nem geada;
  7. porém será um dia conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; mas até na parte da tarde haverá luz.
  8. Naquele dia também acontecerá que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e metade delas para o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isso.
  9. E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um sera o seu nome.
  10. Toda a terra em redor se tornará em planície, desde Geba até Rimom, ae sul de Jerusalém; ela será exaltada, e habitará no seu lugar, desde a porta de Benjamim até o lugar da primeira porta, até a porta da esquina, e desde a torre de Hananel até os lagares do rei
  11. E habitarão nela, e não haverá mais maldição; mas Jerusalém habitará em segurança.
  12. Esta será a praga com que o Senhor ferirá todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: apodrecer-se-á a sua carne, estando eles de pé, e se lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e a língua se lhes apodrecerá na boca,
  13. Naquele dia também haverá da parte do Senhor um grande tumulto entre eles; e pegará cada um na mão do seu próximo, e cada um levantará a mão contra o seu próximo.
  14. Também Judá pelejará contra Jerusalém; e se ajuntarão as riquezas de todas as nações circunvizinhas, ouro e prata, e vestidos em grande abundância.
  15. Como esta praga, assim será a praga dos cavalos, dos muares, dos camelos e dos jumentos e de todos os animais que estiverem naqueles arraiais.
  16. Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos.
  17. E se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos exércitos, não cairá sobre ela a chuva.
  18. E, se a família do Egito não subir, nem vier, não virá sobre ela a chuva; virá a praga com que o Senhor ferirá as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
  19. Esse será o castigo do Egito, e o castigo de todas as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
  20. Naquele dia se gravará sobre as campainhas dos cavalos. SANTO AO SENHOR; e as panelas na casa do Senhor serão como as bacias diante do altar.
  21. E todas as panelas em Jerusalém e Judá serão consagradas ao Senhor dos exércitos; e todos os que sacrificarem virão, e delas tomarão, e nelas cozerão. Naquele dia não haverá mais cananeu na casa do Senhor dos exércitos.

Ageu Malaquias

Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cortarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória; e também farei sair da terra os profetas e o espirito da impureza. E se alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque falas mentiras em o nome do Senhor; e seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar.

Zacarias 13:1-3

11/03/2021

Ageu

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Ageu 1

  1. No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, governador de Judá, filho de Sealtiel, e a Josué, o sumo sacerdote, filho de Jeozadaque, dizendo:
  2. Assim fala o Senhor dos exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo de se edificar a casa do Senhor.
  3. Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
  4. Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica desolada?
  5. Ora pois, assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai os vossos caminhos.
  6. Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para o meter num saco furado.
  7. Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai os vossos caminhos.
  8. Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me deleitarei, e serei glorificado, diz o Senhor.
  9. Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o dissipei com um assopro. Por que causa? diz o Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à sua propria casa.
  10. Por isso os ceus por cima de vós retêm o orvalho, e a terra retém os seus frutos.
  11. E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre as colinas, sobre o trigo e o mosto e o azeite, e sobre tudo o que a terra produz; como também sobre os homens e os animais, e sobre todo o seu trabalho.
  12. Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, juntamente com todo o resto do povo, obedeceram a voz do Senhor seu Deus, e as palavras do profeta Ageu, como o Senhor seu Deus o tinha enviado; e temeu o povo diante do Senhor.
  13. Então Ageu, o mensageiro do Senhor, falou ao povo, conforme a mensagem do Senhor, dizendo: Eu sou convosco, e diz o Senhor.
  14. E o Senhor suscitou o espírito do governador de Judá Zorobabel, filho de Sealtiel, e o espírito do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e o espírito de todo o resto do povo; e eles vieram, e começaram a trabalhar na casa do Senhor dos exércitos, seu Deus,
  15. ao vigésimo quarto dia do sexto mês.

Ageu 2

  1. No segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao vigésimo primeiro do mês, veio a palavra do Senhor por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
  2. Fala agora ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e ao sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e ao resto do povo, dizendo:
  3. Quem há entre vós, dos sobreviventes, que viu esta casa na sua primeira glória? Em que estado a vedes agora? Não é como nada em vossos olhos?
  4. Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos exércitos,
  5. segundo o pacto que fiz convosco, quando saístes do Egito, e o meu Espírito habita no meio de vós; não temais.
  6. Pois assim diz o Senhor dos exércitos; Ainda uma vez, daqui a pouco, e abalarei os céus e a terra, o mar e a terra seca.
  7. Abalarei todas as nações; e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos exércitos.
  8. Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos exércitos.
  9. A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos exércitos.
  10. Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Ageu, dizendo:
  11. Assim diz o Senhor dos exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo:
  12. Se alguém levar na aba de suas vestes carne santa, e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes responderam: Não.
  13. Então perguntou Ageu: Se alguém, que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam: Ficará imunda.
  14. Ao que respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o Senhor; assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.
  15. Agora considerai o que acontece desde aquele dia. Antes que se lançasse pedra sobre pedra no templo do Senhor,
  16. quando alguém vinha a um montão de trigo de vinte medidas, havia somente dez; quando vinha ao lagar para tirar cinqüenta, havia somente vinte.
  17. Feri-vos com mangra, e com ferrugem, e com saraiva, em todas as obras das vossas mãos; e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.
  18. Considerai, pois, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se lançaram os alicerces do templo do Senhor, sim, considerai essas coisas.
  19. Está ainda semente no celeiro? A videira, a figueira, a romeira, e a oliveira ainda não dão os seus frutos? Desde este dia hei de vos abençoar.
  20. Veio pela segunda vez a palavra do Senhor a Ageu, aos vinte e quatro do mês, dizendo:
  21. Fala a Zorobabel, governador de Judá, dizendo: Abalarei os céus e a terra;
  22. e derrubarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações; destruirei o carro e os que nele andam; os cavalos e os seus cavaleiros cairão, cada um pela espada do seu irmão.
  23. Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, tomar-te-ei, ó Zorobabel, servo meu, filho de Sealtiel, diz o Senhor, e te farei como um anel de selar; porque te escolhi, diz o Senhor dos exércitos.

Sofonias Zacarias

Feri-vos com mangra, e com ferrugem, e com saraiva, em todas as obras das vossas mãos; e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor. Considerai, pois, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se lançaram os alicerces do templo do Senhor, sim, considerai essas coisas. Está ainda semente no celeiro? A videira, a figueira, a romeira, e a oliveira ainda não dão os seus frutos? Desde este dia hei de vos abençoar.

Ageu 2:17-19