João

13/03/2021

João

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João 1

  1. No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
  2. Ele estava no princípio com Deus.
  3. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
  4. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;
  5. a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
  6. Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
  7. Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.
  8. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
  9. Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo.
  10. Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu.
  11. Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
  12. Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus;
  13. os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
  14. E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.
  15. João deu testemunho dele, e clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou adiante de mim; porque antes de mim ele já existia.
  16. Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça.
  17. Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
  18. Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer.
  19. E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
  20. Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo.
  21. Ao que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não.
  22. Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
  23. Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
  24. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.
  25. Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
  26. Respondeu-lhes João: Eu batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis.
  27. aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia da alparca.
  28. Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
  29. No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
  30. este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia.
  31. Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água.
  32. E João deu testemunho, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
  33. Eu não o conhecia; mas o que me enviou a batizar em água, esse me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, e sobre ele permanecer, esse é o que batiza no Espírito Santo.
  34. Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho de Deus.
  35. No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos
  36. e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus!
  37. Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.
  38. Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde pousas?
  39. Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram, pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora décima.
  40. André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus.
  41. Ele achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Havemos achado o Messias (que, traduzido, quer dizer Cristo).
  42. E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).
  43. No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galiléia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me.
  44. Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
  45. Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
  46. Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê.
  47. Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!
  48. Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.
  49. Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel.
  50. Ao que lhe disse Jesus: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás.
  51. E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.

João 2

  1. Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus;
  2. e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento.
  3. E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho.
  4. Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
  5. Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.
  6. Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas.
  7. Ordenou-lhe Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram- nas até em cima.
  8. Então lhes disse: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E eles o fizeram.
  9. Quando o mestre-sala provou a água tornada em vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água, chamou o mestre-sala ao noivo
  10. e lhe disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
  11. Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
  12. Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.
  13. Estando próxima a páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém.
  14. E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados;
  15. e tendo feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas;
  16. e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
  17. Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.
  18. Protestaram, pois, os judeus, perguntando-lhe: Que sinal de autoridade nos mostras, uma vez que fazes isto?
  19. Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei.
  20. Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias?
  21. Mas ele falava do santuário do seu corpo.
  22. Quando, pois ressurgiu dentre os mortos, seus discípulos se lembraram de que dissera isto, e creram na Escritura, e na palavra que Jesus havia dito.
  23. Ora, estando ele em Jerusalém pela festa da páscoa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
  24. Mas o próprio Jesus não confiava a eles, porque os conhecia a todos,
  25. e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem.

João 3

  1. Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
  2. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
  3. Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
  4. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
  5. Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
  6. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
  7. Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.
  8. O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
  9. Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?
  10. Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?
  11. Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho!
  12. Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?
  13. Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem.
  14. E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;
  15. para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.
  16. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
  17. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
  18. Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
  19. E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.
  20. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
  21. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus.
  22. Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia, onde se demorou com eles e batizava.
  23. Ora, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e o povo ía e se batizava.
  24. Pois João ainda não fora lançado no cárcere.
  25. Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da purificação.
  26. E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele.
  27. Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.
  28. Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.
  29. Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este meu gozo está completo.
  30. É necessário que ele cresça e que eu diminua.
  31. Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra, e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.
  32. Aquilo que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho.
  33. Mas o que aceitar o seu testemunho, esse confirma que Deus é verdadeiro.
  34. Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; porque Deus não dá o Espírito por medida.
  35. O Pai ama ao Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.
  36. Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.

João 4

  1. Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que João
  2. (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos)
  3. deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.
  4. E era-lhe necessário passar por Samária.
  5. Chegou, pois, a uma cidade de Samária, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó dera a seu filho José;
  6. achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço; era cerca da hora sexta.
  7. Veio uma mulher de Samária tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá- me de beber.
  8. Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.
  9. Disse-lhe então a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
  10. Respondeu-lhe Jesus: Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.
  11. Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo; donde, pois, tens essa água viva?
  12. És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual também ele mesmo bebeu, e os filhos, e o seu gado?.
  13. Replicou-lhe Jesus: Todo o que beber desta água tornará a ter sede;
  14. mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
  15. Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la.
  16. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá.
  17. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;
  18. porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade.
  19. Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
  20. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
  21. Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
  22. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus.
  23. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
  24. Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
  25. Replicou-lhe a mulher: Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo); quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas.
  26. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo.
  27. E nisto vieram os seus discípulos, e se admiravam de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe perguntou: Que é que procuras? ou: Por que falas com ela?
  28. Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
  29. Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto eu tenho feito; será este, porventura, o Cristo?
  30. Saíram, pois, da cidade e vinham ter com ele.
  31. Entrementes os seus discípulos lhe rogavam, dizendo: Rabi, come.
  32. Ele, porém, respondeu: Uma comida tenho para comer que vós não conheceis.
  33. Então os discípulos diziam uns aos outros: Acaso alguém lhe trouxe de comer?
  34. Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra.
  35. Não dizeis vós: Ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Ora, eu vos digo: levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa.
  36. Quem ceifa já está recebendo recompensa e ajuntando fruto para a vida eterna; para que o que semeia e o que ceifa juntamente se regozijem.
  37. Porque nisto é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia, e outro o que ceifa.
  38. Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.
  39. E muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito.
  40. Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias.
  41. E muitos mais creram por causa da palavra dele;
  42. e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.
  43. Passados os dois dias partiu dali para a Galiléia.
  44. Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não recebe honra na sua própria pátria.
  45. Assim, pois, que chegou à Galiléia, os galileus o receberam, porque tinham visto todas as coisas que fizera em Jerusalém na ocasião da festa; pois também eles tinham ido à festa.
  46. Foi, então, outra vez a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.
  47. Quando ele soube que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele, e lhe rogou que descesse e lhe curasse o filho; pois estava à morte.
  48. Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e prodígios, de modo algum crereis.
  49. Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce antes que meu filho morra.
  50. Respondeu-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe dissera, e partiu.
  51. Quando ele já ia descendo, saíram-lhe ao encontro os seus servos, e lhe disseram que seu filho vivia.
  52. Perguntou-lhes, pois, a que hora começara a melhorar; ao que lhe disseram: Ontem à hora sétima a febre o deixou.
  53. Reconheceu, pois, o pai ser aquela hora a mesma em que Jesus lhe dissera: O teu filho vive; e creu ele e toda a sua casa.
  54. Foi esta a segunda vez que Jesus, ao voltar da Judéia para a Galiléia, ali operou sinal.

João 5

  1. Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém.
  2. Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres.
  3. Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento da água.]
  4. [Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.]
  5. Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo.
  6. Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são?
  7. Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
  8. Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
  9. Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.
  10. Pelo que disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.
  11. Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda.
  12. Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?
  13. Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar.
  14. Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.
  15. Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara.
  16. Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado.
  17. Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.
  18. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.
  19. Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.
  20. Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe tudo o que ele mesmo faz; e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis.
  21. Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer.
  22. Porque o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento,
  23. para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
  24. Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.
  25. Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
  26. Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter vida em si mesmos;
  27. e deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem.
  28. Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão:
  29. os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.
  30. Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
  31. Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.
  32. Outro é quem dá testemunho de mim; e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
  33. Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade;
  34. eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto para que sejais salvos.
  35. Ele era a lâmpada que ardia e alumiava; e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.
  36. Mas o testemunho que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que faço dão testemunho de mim que o Pai me enviou.
  37. E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma;
  38. e a sua palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que ele enviou.
  39. Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim;
  40. mas não quereis vir a mim para terdes vida!
  41. Eu não recebo glória da parte dos homens;
  42. mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.
  43. Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis.
  44. Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus?
  45. Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.
  46. Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu.
  47. Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?

João 6

  1. Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades.
  2. E seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
  3. Subiu, pois, Jesus ao monte e sentou-se ali com seus discípulos.
  4. Ora, a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
  5. Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?
  6. Mas dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o que ia fazer.
  7. Respondeu-lhe Felipe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pouco.
  8. Ao que lhe disse um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
  9. Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
  10. Disse Jesus: Fazei reclinar-se o povo. Ora, naquele lugar havia muita relva. Reclinaram-se aí, pois, os homens em número de quase cinco mil.
  11. Jesus, então, tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos que estavam reclinados; e de igual modo os peixes, quanto eles queriam.
  12. E quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
  13. Recolheram-nos, pois e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
  14. Vendo, pois, aqueles homens o sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo.
  15. Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho.
  16. Ao cair da tarde, desceram os seus discípulos ao mar;
  17. e, entrando num barco, atravessavam o mar em direção a Cafarnaum; enquanto isso, escurecera e Jesus ainda não tinha vindo ter com eles;
  18. ademais, o mar se empolava, porque soprava forte vento.
  19. Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e ficaram atemorizados.
  20. Mas ele lhes disse: Sou eu; não temais.
  21. Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam.
  22. No dia seguinte, a multidão que ficara no outro lado do mar, sabendo que não houvera ali senão um barquinho, e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, mas que estes tinham ido sós
  23. (contudo, outros barquinhos haviam chegado a Tiberíades para perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças);
  24. quando, pois, viram que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus.
  25. E, achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?
  26. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.
  27. Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.
  28. Pergutaram-lhe, pois: Que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?
  29. Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.
  30. Perguntaram-lhe, então: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos e te creiamos? Que operas tu?
  31. Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer.
  32. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.
  33. Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
  34. Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
  35. Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais tará sede.
  36. Mas como já vos disse, vós me tendes visto, e contudo não credes.
  37. Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
  38. Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
  39. E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.
  40. Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
  41. Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu;
  42. e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu?
  43. Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.
  44. Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
  45. Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
  46. Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de Deus; só ele tem visto o Pai.
  47. Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna.
  48. Eu sou o pão da vida.
  49. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
  50. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
  51. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.
  52. Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer?
  53. Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
  54. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
  55. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
  56. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
  57. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
  58. Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
  59. Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum.
  60. Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
  61. Mas, sabendo Jesus em si mesmo que murmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: Isto vos escandaliza?
  62. Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?
  63. O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
  64. Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.
  65. E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido.
  66. Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele.
  67. Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
  68. Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.
  69. E nós já temos crido e bem sabemos que tu és o Santo de Deus.
  70. Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo.
  71. Referia-se a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era ele o que o havia de entregar, sendo um dos doze.

João 7

  1. Depois disto andava Jesus pela Galiléia; pois não queria andar pela Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo.
  2. Ora, estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos.
  3. Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.
  4. Porque ninguém faz coisa alguma em oculto, quando procura ser conhecido. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.
  5. Pois nem seus irmãos criam nele.
  6. Disse-lhes, então, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo; mas o vosso tempo sempre está presente.
  7. O mundo não vos pode odiar; mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más.
  8. Subi vós à festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda não é chegado o meu tempo.
  9. E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia.
  10. Mas quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não publicamente, mas como em secreto.
  11. Ora, os judeus o procuravam na festa, e perguntavam: Onde está ele?
  12. E era grande a murmuração a respeito dele entre as multidões. Diziam alguns: Ele é bom. Mas outros diziam: não, antes engana o povo.
  13. Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus.
  14. Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus ao templo e começou a ensinar.
  15. Então os judeus se admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem ter estudado?
  16. Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
  17. Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo.
  18. Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.
  19. Não vos deu Moisés a lei? no entanto nenhum de vós cumpre a lei. Por que procurais matar-me?
  20. Respondeu a multidão: Tens demônio; quem procura matar-te?
  21. Replicou-lhes Jesus: Uma só obra fiz, e todos vós admirais por causa disto.
  22. Moisés vos ordenou a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), e no sábado circuncidais um homem.
  23. Ora, se um homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, como vos indignais contra mim, porque no sábado tornei um homem inteiramente são?
  24. Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o reto juízo.
  25. Diziam então alguns dos de Jerusalém: Não é este o que procuram matar?
  26. E eis que ele está falando abertamente, e nada lhe dizem. Será que as autoridades realmente o reconhecem como o Cristo?
  27. Entretanto sabemos donde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá donde ele é.
  28. Jesus, pois, levantou a voz no templo e ensinava, dizendo: Sim, vós me conheceis, e sabeis donde sou; contudo eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis.
  29. Mas eu o conheço, porque dele venho, e ele me enviou.
  30. Procuravam, pois, prendê-lo; mas ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora.
  31. Contudo muitos da multidão creram nele, e diziam: Será que o Cristo, quando vier, fará mais sinais do que este tem feito?
  32. Os fariseus ouviram a multidão murmurar estas coisas a respeito dele; e os principais sacerdotes e os fariseus mandaram guardas para o prenderem.
  33. Disse, pois, Jesus: Ainda um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou.
  34. Vós me buscareis, e não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir.
  35. Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá ele, que não o acharemos? Irá, porventura, à Dispersão entre os gregos, e ensinará os gregos?
  36. Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis, e não me achareis; e, Onde eu estou, vós não podeis vir?
  37. Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
  38. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.
  39. Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.
  40. Então alguns dentre o povo, ouvindo essas palavras, diziam: Verdadeiramente este é o profeta.
  41. Outros diziam: Este é o Cristo; mas outros replicavam: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?
  42. Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, a aldeia donde era Davi?
  43. Assim houve uma dissensão entre o povo por causa dele.
  44. Alguns deles queriam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs as mãos.
  45. Os guardas, pois, foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes?
  46. Responderam os guardas: Nunca homem algum falou assim como este homem.
  47. Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Também vós fostes enganados?
  48. Creu nele porventura alguma das autoridades, ou alguém dentre os fariseus?
  49. Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita.
  50. Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes:
  51. A nossa lei, porventura, julga um homem sem primeiro ouvi-lo e ter conhecimento do que ele faz?
  52. Responderam-lhe eles: És tu também da Galiléia? Examina e vê que da Galiléia não surge profeta.
  53. [E cada um foi para sua casa.

João 8

  1. Mas Jesus foi para o Monte das Oliveiras.
  2. Pela manhã cedo voltou ao templo, e todo o povo vinha ter com ele; e Jesus, sentando-se o ensinava.
  3. Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio,
  4. disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.
  5. Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
  6. Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo.
  7. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse- lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra.
  8. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
  9. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé.
  10. Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
  11. Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.]
  12. Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.
  13. Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu dás testemunho de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.
  14. Respondeu-lhes Jesus: Ainda que eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro; porque sei donde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou.
  15. Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo.
  16. E, mesmo que eu julgue, o meu juízo é verdadeiro; porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou.
  17. Ora, na vossa lei está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro.
  18. Sou eu que dou testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou, também dá testemunho de mim.
  19. Perguntavam-lhe, pois: Onde está teu pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.
  20. Essas palavras proferiu Jesus no lugar do tesouro, quando ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora.
  21. Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu me retiro; buscar-me- eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir.
  22. Então diziam os judeus: Será que ele vai suicidar-se, pois diz: Para onde eu vou, vós não podeis ir?
  23. Disse-lhes ele: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.
  24. Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
  25. Perguntavam-lhe então: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Exatamente o que venho dizendo que sou.
  26. Muitas coisas tenho que dizer e julgar acerca de vós; mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele ouvi, isso falo ao mundo.
  27. Eles não perceberam que lhes falava do Pai.
  28. Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que eu sou, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo.
  29. E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado.
  30. Falando ele estas coisas, muitos creram nele.
  31. Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;
  32. e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
  33. Responderam-lhe: Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
  34. Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.
  35. Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre.
  36. Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
  37. Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar em vós.
  38. Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que também ouvistes de vosso pai.
  39. Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão.
  40. Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez.
  41. Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.
  42. Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
  43. Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra.
  44. Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.
  45. Mas porque eu digo a verdade, não me credes.
  46. Quem dentre vós me convence de pecado? Se digo a verdade, por que não me credes?
  47. Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.
  48. Responderam-lhe os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que tens demônio?
  49. Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; antes honro a meu Pai, e vós me desonrais.
  50. Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue.
  51. Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
  52. Disseram-lhe os judeus: Agora sabemos que tens demônios. Abraão morreu, e também os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte!
  53. Porventura és tu maior do que nosso pai Abraão, que morreu? Também os profetas morreram; quem pretendes tu ser?
  54. Respondeu Jesus: Se eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, do qual vós dizeis que é o vosso Deus;
  55. e vós não o conheceis; mas eu o conheço; e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós; mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.
  56. Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; viu-o, e alegrou-se.
  57. Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?
  58. Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.
  59. Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo.

João 9

  1. E passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
  2. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
  3. Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.
  4. Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.
  5. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
  6. Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego,
  7. e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi, lavou-se, e voltou vendo.
  8. Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto, quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a mendigar?
  9. Uns diziam: É ele. E outros: Não é, mas se parece com ele. Ele dizia: Sou eu.
  10. Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
  11. Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e fiquei vendo.
  12. E perguntaram-lhe: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
  13. Levaram aos fariseus o que fora cego.
  14. Ora, era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
  15. Então os fariseus também se puseram a perguntar-lhe como recebera a vista. Respondeu-lhes ele: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo.
  16. Por isso alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
  17. Tornaram, pois, a perguntar ao cego: Que dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos? E ele respondeu: É profeta.
  18. Os judeus, porém, não acreditaram que ele tivesse sido cego e recebido a vista, enquanto não chamaram os pais do que fora curado,
  19. e lhes perguntaram: É este o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
  20. Responderam seus pais: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;
  21. mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe abriu os olhos, nós não sabemos; perguntai a ele mesmo; tem idade; ele falará por si mesmo.
  22. Isso disseram seus pais, porque temiam os judeus, porquanto já tinham estes combinado que se alguém confessasse ser Jesus o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
  23. Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.
  24. Então chamaram pela segunda vez o homem que fora cego, e lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.
  25. Respondeu ele: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo.
  26. Perguntaram-lhe pois: Que foi que te fez? Como te abriu os olhos?
  27. Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não atendestes; para que o quereis tornar a ouvir? Acaso também vós quereis tornar-vos discípulos dele?
  28. Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele és tu; nós porém, somos discípulos de Moisés.
  29. Sabemos que Deus falou a Moisés; mas quanto a este, não sabemos donde é.
  30. Respondeu-lhes o homem: Nisto, pois, está a maravilha: não sabeis donde ele é, e entretanto ele me abriu os olhos;
  31. sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve.
  32. Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
  33. Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.
  34. Replicaram-lhe eles: Tu nasceste todo em pecados, e vens nos ensinar a nós? E expulsaram-no.
  35. Soube Jesus que o haviam expulsado; e achando-o perguntou- lhe: Crês tu no Filho do homem?
  36. Respondeu ele: Quem é, senhor, para que nele creia?
  37. Disse-lhe Jesus: Já o viste, e é ele quem fala contigo.
  38. Disse o homem: Creio, Senhor! E o adorou.
  39. Prosseguiu então Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos.
  40. Alguns fariseus que ali estavam com ele, ouvindo isso, perguntaram-lhe: Porventura somos nós também cegos?
  41. Respondeu-lhes Jesus: Se fosseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Nós vemos, permanece o vosso pecado.

João 10

  1. Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador.
  2. Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
  3. A este o porteiro abre; e as ovelhas ouvem a sua voz; e ele chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para fora.
  4. Depois de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz;
  5. mas de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
  6. Jesus propôs-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.
  7. Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
  8. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.
  9. Eu sou a porta; se alguém entrar a casa; o filho fica entrará e sairá, e achará pastagens.
  10. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
  11. Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
  12. Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.
  13. Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas.
  14. Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem,
  15. assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
  16. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.
  17. Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar.
  18. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.
  19. Por causa dessas palavras, houve outra dissensão entre os judeus.
  20. E muitos deles diziam: Tem demônio, e perdeu o juízo; por que o escutais?
  21. Diziam outros: Essas palavras não são de quem está endemoninhado; pode porventura um demônio abrir os olhos aos cegos?
  22. Celebrava-se então em Jerusalém a festa da dedicação. E era inverno.
  23. Andava Jesus passeando no templo, no pórtico de Salomão.
  24. Rodearam-no, pois, os judeus e lhe perguntavam: Até quando nos deixarás perplexos? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.
  25. Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim.
  26. Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
  27. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;
  28. eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão.
  29. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
  30. Eu e o Pai somos um.
  31. Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar.
  32. Disse-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte de meu Pai vos tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me?
  33. Responderam-lhe os judeus: Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te, mas por blasfêmia; e porque, sendo tu homem, te fazes Deus.
  34. Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses?
  35. Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada),
  36. àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Sou Filho de Deus?
  37. Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.
  38. Mas se as faço, embora não me creiais a mim, crede nas obras; para que entendais e saibais que o Pai está em mim e eu no Pai.
  39. Outra vez, pois, procuravam prendê-lo; mas ele lhes escapou das mãos.
  40. E retirou-se de novo para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio; e ali ficou.
  41. Muitos foram ter com ele, e diziam: João, na verdade, não fez sinal algum, mas tudo quanto disse deste homem era verdadeiro.
  42. E muitos ali creram nele.

João 11

  1. Ora, estava enfermo um homem chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.
  2. E Maria, cujo irmão Lázaro se achava enfermo, era a mesma que ungiu o Senhor com bálsamo, e lhe enxugou os pés com os seus cabelos.
  3. Mandaram, pois, as irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.
  4. Jesus, porém, ao ouvir isto, disse: Esta enfermidade não é para a morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
  5. Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
  6. Quando, pois, ouviu que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde se achava.
  7. Depois disto, disse a seus discípulos: Vamos outra vez para Judéia.
  8. Disseram-lhe eles: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá?
  9. Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
  10. mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.
  11. E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.
  12. Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, ficará bom.
  13. Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém, entenderam que falava do repouso do sono.
  14. Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu;
  15. e, por vossa causa, folgo de que eu lá não estivesse, para para que creiais; mas vamos ter com ele.
  16. Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos seus condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.
  17. Chegando pois Jesus, encontrou-o já com quatro dias de sepultura.
  18. Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios.
  19. E muitos dos judeus tinham vindo visitar Marta e Maria, para as consolar acerca de seu irmão.
  20. Marta, pois, ao saber que Jesus chegava, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa.
  21. Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se meu irmão não teria morrido.
  22. E mesmo agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
  23. Respondeu-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir.
  24. Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia.
  25. Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
  26. e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?
  27. Respondeu-lhe Marta: Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
  28. Dito isto, retirou-se e foi chamar em segredo a Maria, sua irmã, e lhe disse: O Mestre está aí, e te chama.
  29. Ela, ouvindo isto, levantou-se depressa, e foi ter com ele.
  30. Pois Jesus ainda não havia entrado na aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.
  31. Então os judeus que estavam com Maria em casa e a consolavam, vendo-a levantar-se apressadamente e sair, seguiram-na, pensando que ia ao sepulcro para chorar ali.
  32. Tendo, pois, Maria chegado ao lugar onde Jesus estava, e vendo-a, lançou-se-lhe aos pés e disse: Senhor, se tu estiveras aqui, meu irmão não teria morrido.
  33. Jesus, pois, quando a viu chorar, e chorarem também os judeus que com ela vinham, comoveu-se em espírito, e perturbou-se,
  34. e perguntou: Onde o puseste? Responderam-lhe: Senhor, vem e vê.
  35. Jesus chorou.
  36. Disseram então os judeus: Vede como o amava.
  37. Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também que este não morreste?
  38. Jesus, pois, comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta, e tinha uma pedra posta sobre ela.
  39. Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse- lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro dias.
  40. Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?
  41. Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste.
  42. Eu sabia que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está em redor é que assim falei, para que eles creiam que tu me enviaste.
  43. E, tendo dito isso, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!
  44. Saiu o que estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.
  45. Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.
  46. Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
  47. Então os principais sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio e diziam: Que faremos? porquanto este homem vem operando muitos sinais.
  48. Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação.
  49. Um deles, porém, chamado Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: Vós nada sabeis,
  50. nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça a nação toda.
  51. Ora, isso não disse ele por si mesmo; mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação,
  52. e não somente pela nação, mas também para congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos.
  53. Desde aquele dia, pois, tomavam conselho para o matarem.
  54. De sorte que Jesus já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a região vizinha ao deserto, a uma cidade chamada Efraim; e ali demorou com os seus discípulos.
  55. Ora, estava próxima a páscoa dos judeus, e dessa região subiram muitos a Jerusalém, antes da páscoa, para se purificarem.
  56. Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá ele à festa?
  57. Ora, os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para que o prendessem.

João 12

  1. Veio, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
  2. Deram-lhe ali uma ceia; Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.
  3. Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo.
  4. Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse:
  5. Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?
  6. Ora, ele disse isto, não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, subtraía o que nela se lançava.
  7. Respondeu, pois Jesus: Deixa-a; para o dia da minha preparação para a sepultura o guardou;
  8. porque os pobres sempre os tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes.
  9. E grande número dos judeus chegou a saber que ele estava ali: e afluiram, não só por causa de Jesus mas também para verem a Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
  10. Mas os principais sacerdotes deliberaram matar também a Lázaro;
  11. porque muitos, por causa dele, deixavam os judeus e criam em Jesus.
  12. No dia seguinte, as grandes multidões que tinham vindo à festa, ouvindo dizer que Jesus vinha a Jerusalém,
  13. tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o rei de Israel!
  14. E achou Jesus um jumentinho e montou nele, conforme está escrito:
  15. Não temas, ó filha de Sião; eis que vem teu Rei, montado sobre o filho de uma jumenta.
  16. Os seus discípulos, porém, a princípio não entenderam isto; mas quando Jesus foi glorificado, então eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele, e de que assim lhe fizeram.
  17. Dava-lhe, pois, testemunho a multidão que estava com ele quando chamara a Lázaro da sepultura e o ressuscitara dentre os mortos;
  18. e foi por isso que a multidão lhe saiu ao encontro, por ter ouvido que ele fizera este sinal.
  19. De sorte que os fariseus disseram entre si: Vedes que nada aproveitais? eis que o mundo inteiro vai após ele.
  20. Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia alguns gregos.
  21. Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
  22. Felipe foi dizê-lo a André, e então André e Felipe foram dizê-lo a Jesus.
  23. Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem.
  24. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
  25. Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
  26. Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.
  27. Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora.
  28. Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.
  29. A multidão, pois, que ali estava, e que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: Um anjo lhe falou.
  30. Respondeu Jesus: Não veio esta voz por minha causa, mas por causa de vós.
  31. Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
  32. E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
  33. Isto dizia, significando de que modo havia de morrer.
  34. Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
  35. Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
  36. Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles.
  37. E embora tivesse operado tantos sinais diante deles, não criam nele;
  38. para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías: Senhor, quem creu em nossa pregação? e aquem foi revelado o braço do Senhor?
  39. Por isso não podiam crer, porque, como disse ainda Isaías:
  40. Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos e entendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.
  41. Estas coisas disse Isaías, porque viu a sua glória, e dele falou.
  42. Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele; mas por causa dos fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga;
  43. porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
  44. Clamou Jesus, dizendo: Quem crê em mim, crê, nâo em mim, mas naquele que me enviou.
  45. E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.
  46. Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
  47. E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
  48. Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o julgará no último dia.
  49. Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar.
  50. E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.

João 13

  1. Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
  2. Enquanto ceavam, tendo já o Diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse,
  3. Jesus, sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas mãos, e que viera de Deus e para Deus voltava,
  4. levantou-se da ceia, tirou o manto e, tomando uma toalha, cingiu-se.
  5. Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
  6. Chegou, pois, a Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, lavas-me os pés a mim?
  7. Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás.
  8. Tornou-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Replicou-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
  9. Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
  10. Respondeu-lhe Jesus: Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós estais limpos, mas não todos.
  11. Pois ele sabia quem o estava traindo; por isso disse: Nem todos estais limpos.
  12. Ora, depois de lhes ter lavado os pés, tomou o manto, tornou a reclinar-se à mesa e perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
  13. Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou.
  14. Ora, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.
  15. Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
  16. Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.
  17. Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.
  18. Não falo de todos vós; eu conheço aqueles que escolhi; mas para que se cumprisse a escritura: O que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.
  19. Desde já no-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, creiais que eu sou.
  20. Em verdade, em verdade vos digo: Quem receber aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
  21. Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e declarou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
  22. Os discípulos se entreolhavam, perplexos, sem saber de quem ele falava.
  23. Ora, achava-se reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava.
  24. A esse, pois, fez Simão Pedro sinal, e lhe pediu: Pergunta- lhe de quem é que fala.
  25. Aquele discípulo, recostando-se assim ao peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?
  26. Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
  27. E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Disse-lhe, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.
  28. E nenhum dos que estavam à mesa percebeu a que propósito lhe disse isto;
  29. pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe queria dizer: Compra o que nos é necessário para a festa; ou, que desse alguma coisa aos pobres.
  30. Então ele, tendo recebido o bocado saiu logo. E era noite.
  31. Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele;
  32. se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar.
  33. Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Procurar-me- eis; e, como eu disse aos judeus, também a vós o digo agora: Para onde eu vou, não podeis vós ir.
  34. Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros.
  35. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.
  36. Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus; Para onde eu vou, não podes agora seguir-me; mais tarde, porém, me seguirás.
  37. Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.
  38. Respondeu Jesus: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo até que me tenhas negado três vezes.

João 14

  1. Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
  2. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
  3. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
  4. E para onde eu vou vós conheceis o caminho.
  5. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?
  6. Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
  7. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.
  8. Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
  9. Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
  10. Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras.
  11. Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
  12. Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai;
  13. e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
  14. Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei.
  15. Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
  16. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre.
  17. a saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós.
  18. Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós.
  19. Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis.
  20. Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
  21. Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
  22. Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
  23. Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.
  24. Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou.
  25. Estas coisas vos tenho falado, estando ainda convosco.
  26. Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.
  27. Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
  28. Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.
  29. Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.
  30. Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim;
  31. mas, assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantai-vos, vamo-nos daqui.

João 15

  1. Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor.
  2. Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto.
  3. Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
  4. Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.
  5. Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
  6. Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas.
  7. Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.
  8. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
  9. Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor.
  10. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
  11. Estas coisas vos tenho dito, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.
  12. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
  13. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
  14. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
  15. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
  16. Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
  17. Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
  18. Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
  19. Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
  20. Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa.
  21. Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.
  22. Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado; agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.
  23. Aquele que me odeia a mim, odeia também a meu Pai.
  24. Se eu entre eles não tivesse feito tais obras, quais nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora, não somente viram, mas também odiaram tanto a mim como a meu Pai.
  25. Mas isto é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa.
  26. Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, esse dará testemunho de mim;
  27. e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.

João 16

  1. Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis.
  2. Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.
  3. E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.
  4. Mas tenho-vos dito estas coisas, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que eu vo-las tinha dito. Não vo-las disse desde o princípio, porque estava convosco.
  5. Agora, porém, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
  6. Antes, porque vos disse isto, o vosso coração se encheu de tristeza.
  7. Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei.
  8. E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:
  9. do pecado, porque não crêem em mim;
  10. da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais,
  11. e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
  12. Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.
  13. Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras.
  14. Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
  15. Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu, vo-lo anunciará.
  16. Um pouco, e já não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis.
  17. Então alguns dos seus discípulos perguntaram uns para os outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai?
  18. Diziam pois: Que quer dizer isto: Um pouco? Não compreendemos o que ele está dizendo.
  19. Percebeu Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis?
  20. Em verdade, em verdade, vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós estareis tristes, porém a vossa tristeza se converterá em alegria.
  21. A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo gozo de haver um homem nascido ao mundo.
  22. Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas eu vos tornarei a ver, e alegrar-se-á o vosso coração, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.
  23. Naquele dia nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes ao Pai, ele vo-lo concederá em meu nome.
  24. Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo seja completo.
  25. Disse-vos estas coisas por figuras; chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por figuras, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.
  26. Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai;
  27. pois o Pai mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes que eu saí de Deus.
  28. Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.
  29. Disseram os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não por figura alguma.
  30. Agora conhecemos que sabes todas as coisas, e não necessitas de que alguém te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus.
  31. Respondeu-lhes Jesus: Credes agora?
  32. Eis que vem a hora, e já é chegada, em que vós sereis dispersos cada um para o seu lado, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo.
  33. Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.

João 17

  1. Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique;
  2. assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos aqueles que lhe tens dado.
  3. E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.
  4. Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.
  5. Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.
  6. Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua palavra.
  7. Agora sabem que tudo quanto me deste provém de ti;
  8. porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
  9. Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens dado, porque são teus;
  10. todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado.
  11. Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós.
  12. Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
  13. Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos.
  14. Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
  15. Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.
  16. Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
  17. Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.
  18. Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo.
  19. E por eles eu me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade.
  20. E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim;
  21. para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
  22. E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um;
  23. eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim.
  24. Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo.
  25. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço; conheceram que tu me enviaste;
  26. e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja.

João 18

  1. Tendo Jesus dito isto, saiu com seus discípulos para o outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim, e com eles ali entrou.
  2. Ora, Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque muitas vezes Jesus se reunira ali com os discípulos.
  3. Tendo, pois, Judas tomado a coorte e uns guardas da parte dos principais sacerdotes e fariseus, chegou ali com lanternas archotes e armas.
  4. Sabendo, pois, Jesus tudo o que lhe havia de suceder, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?
  5. Responderam-lhe: A Jesus, o nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, também estava com eles.
  6. Quando Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.
  7. Tornou-lhes então a perguntar: A quem buscais? e responderam: A Jesus, o nazareno.
  8. Replicou-lhes Jesus: Já vos disse que sou eu; se, pois, é a mim que buscais, deixai ir estes;
  9. para que se cumprisse a palavra que dissera: Dos que me tens dado, nenhum deles perdi.
  10. Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco.
  11. Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?
  12. Então a coorte, e o comandante, e os guardas dos judeus prenderam a Jesus, e o maniataram.
  13. E conduziram-no primeiramente a Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano.
  14. Ora, Caifás era quem aconselhara aos judeus que convinha morrer um homem pelo povo.
  15. Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,
  16. enquanto Pedro ficava da parte de fora, à porta. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira, e levou Pedro para dentro.
  17. Então a porteira perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Respondeu ele: Não sou.
  18. Ora, estavam ali os servos e os guardas, que tinham acendido um braseiro e se aquentavam, porque fazia frio; e também Pedro estava ali em pé no meio deles, aquentando-se.
  19. Então o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
  20. Respondeu-lhe Jesus: Eu tenho falado abertamente ao mundo; eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se congregam, e nada falei em oculto.
  21. Por que me perguntas a mim? pergunta aos que me ouviram o que é que lhes falei; eis que eles sabem o que eu disse.
  22. E, havendo ele dito isso, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote?
  23. Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se bem, por que me feres?
  24. Então Anás o enviou, maniatado, a Caifás, o sumo sacerdote.
  25. E Simão Pedro ainda estava ali, aquentando-se. Perguntaram- lhe, pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou, e disse: Não sou.
  26. Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no jardim com ele?
  27. Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo cantou.
  28. Depois conduziram Jesus da presença de Caifás para o pretório; era de manhã cedo; e eles não entraram no pretório, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa.
  29. Então Pilatos saiu a ter com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?
  30. Responderam-lhe: Se ele não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
  31. Disse-lhes, então, Pilatos: Tomai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe os judeus: A nós não nos é lícito tirar a vida a ninguém.
  32. Isso foi para que se cumprisse a palavra que dissera Jesus, significando de que morte havia de morrer.
  33. Pilatos, pois, tornou a entrar no pretório, chamou a Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
  34. Respondeu Jesus: Dizes isso de ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?
  35. Replicou Pilatos: Porventura sou eu judeu? O teu povo e os principais sacerdotes entregaram-te a mim; que fizeste?
  36. Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui.
  37. Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
  38. Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
  39. Tendes, porém, por costume que eu vos solte alguém por ocasião da páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
  40. Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas Barrabás. Ora, Barrabás era salteador.

João 19

  1. Nisso, pois, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo.
  2. E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura;
  3. e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e e davam-lhe bofetadas.
  4. Então Pilatos saiu outra vez, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum.
  5. Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis o homem!
  6. Quando o viram os principais sacerdotes e os guardas, clamaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque nenhum crime acho nele.
  7. Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo esta lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
  8. Ora, Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou;
  9. e entrando outra vez no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.
  10. Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?
  11. Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem.
  12. Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César.
  13. Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gabatá.
  14. Ora, era a preparação da páscoa, e cerca da hora sexta. E disse aos judeus: Eis o vosso rei.
  15. Mas eles clamaram: Tira-o! tira-o! crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? responderam, os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César.
  16. Então lho entregou para ser crucificado.
  17. Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota,
  18. onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
  19. E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
  20. Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.
  21. Diziam então a Pilatos os principais sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O rei dos judeus; mas que ele disse: Sou rei dos judeus.
  22. Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
  23. Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte. Tomaram também a túnica; ora a túnica não tinha costura, sendo toda tecida de alto a baixo.
  24. Pelo que disseram uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será (para que se cumprisse a escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sortes). E, de fato, os soldados assim fizeram.
  25. Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena.
  26. Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
  27. Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
  28. Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede.
  29. Estava ali um vaso cheio de vinagre. Puseram, pois, numa cana de hissopo uma esponja ensopada de vinagre, e lha chegaram à boca.
  30. Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
  31. Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali.
  32. Foram então os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado;
  33. mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas;
  34. contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
  35. E é quem viu isso que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade, para que também vós creiais.
  36. Porque isto aconteceu para que se cumprisse a escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
  37. Também há outra escritura que diz: Olharão para aquele que traspassaram.
  38. Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, embora oculto por medo dos judeus, rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus; e Pilatos lho permitiu. Então foi e o tirou.
  39. E Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus de noite, foi também, levando cerca de cem libras duma mistura de mirra e aloés.
  40. Tomaram, pois, o corpo de Jesus, e o envolveram em panos de linho com as especiarias, como os judeus costumavam fazer na preparação para a sepultura.
  41. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda havia sido posto.
  42. Ali, pois, por ser a véspera do sábado dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram a Jesus.

João 20

  1. No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.
  2. Correu, pois, e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram.
  3. Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro.
  4. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro;
  5. e, abaixando-se viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou.
  6. Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados,
  7. e que o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
  8. Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu.
  9. Porque ainda não entendiam a escritura, que era necessário que ele ressurgisse dentre os mortos.
  10. Tornaram, pois, os discípulos para casa.
  11. Maria, porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro,
  12. e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
  13. E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
  14. Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus.
  15. Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
  16. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! – que quer dizer, Mestre.
  17. Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
  18. E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! – e que ele lhe dissera estas coisas.
  19. Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco.
  20. Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem o Senhor.
  21. Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
  22. E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
  23. Âqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos.
  24. Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
  25. Diziam-lhe, pois, ou outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei.
  26. Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.
  27. Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente.
  28. Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!
  29. Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.
  30. Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;
  31. estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.

João 21

  1. Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se deste modo:
  2. Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
  3. Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Nós também vamos contigo. Saíram e entraram no barco; e naquela noite nada apanharam.
  4. Mas ao romper da manhã, Jesus se apresentou na praia; todavia os discípulos não sabiam que era ele.
  5. Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, não tendes nada que comer? Responderam-lhe: Não.
  6. Disse-lhes ele: Lançai a rede à direita do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam puxar por causa da grande quantidade de peixes.
  7. Então aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: Senhor. Quando, pois, Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava despido, e lançou-se ao mar;
  8. mas os outros discípulos vieram no barquinho, puxando a rede com os peixes, porque não estavam distantes da terra senão cerca de duzentos côvados.
  9. Ora, ao saltarem em terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima delas, e pão.
  10. Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que agora apanhastes.
  11. Entrou Simão Pedro no barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede.
  12. Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.
  13. Chegou Jesus, tomou o pão e deu-lho, e semelhantemente o peixe.
  14. Foi esta a terceira vez que Jesus se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressurgido dentre os mortos.
  15. Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu- lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos.
  16. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas.
  17. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas- me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.
  18. Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres.
  19. Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me.
  20. E Pedro, virando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia se recostara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que te trai?
  21. Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?
  22. Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Segue-me tu.
  23. Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?
  24. Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
  25. E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem.

Lucas Atos dos Apóstolos

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.

João 1:1-3