Daniel

11/03/2021

Daniel

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Daniel 1

  1. No ano terceiro do reinado de Jeoiaquim, rei de Judá, veio Nabucodonozor, rei de Babilônia, a Jerusalém, e a sitiou.
  2. E o Senhor lhe entregou nas mãos a Jeoiaquim, rei de Judá, e uma parte dos vasos da casa de Deus; e ele os levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus; e os pôs na casa do tesouro do seu deus.
  3. Então disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos que trouxesse alguns dos filhos de Israel, dentre a linhagem real e dos nobres,
  4. jovens em quem não houvesse defeito algum, de bela aparência, dotados de sabedoria, inteligência e instrução, e que tivessem capacidade para assistirem no palácio do rei; e que lhes ensinasse as letras e a língua dos caldeus.
  5. E o rei lhes determinou a porção diária das iguarias do rei, e do vinho que ele bebia, e que assim fossem alimentados por três anos; para que no fim destes pudessem estar diante do rei.
  6. Ora, entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
  7. Mas o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel, o de Beltessazar; a Hananias, o de Sadraque; a Misael, o de Mesaque; e a Azarias, o de Abednego.
  8. Daniel, porém, propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto pediu ao chefe dos eunucos que lhe concedesse não se contaminar.
  9. Ora, Deus fez com que Daniel achasse graça e misericórdia diante do chefe dos eunucos.
  10. E disse o chefe dos eunucos a Daniel: Tenho medo do meu senhor, o rei, que determinou a vossa comida e a vossa bebida; pois veria ele os vossos rostos mais abatidos do que os dos outros jovens da vossa idade? Assim poríeis em perigo a minha cabeça para com o rei.
  11. Então disse Daniel ao despenseiro a quem o chefe dos eunucos havia posto sobre Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
  12. Experimenta, peço-te, os teus servos dez dias; e que se nos dêem legumes a comer e água a beber.
  13. Então se examine na tua presença o nosso semblante e o dos jovens que comem das iguarias reais; e conforme vires procederás para com os teus servos.
  14. Assim ele lhes atendeu o pedido, e os experimentou dez dias.
  15. E, ao fim dos dez dias, apareceram os seus semblantes melhores, e eles estavam mais gordos do que todos os jovens que comiam das iguarias reais.
  16. Pelo que o despenseiro lhes tirou as iguarias e o vinho que deviam beber, e lhes dava legumes.
  17. Ora, quanto a estes quatro jovens, Deus lhes deu o conhecimento e a inteligência em todas as letras e em toda a sabedoria; e Daniel era entendido em todas as visões e todos os sonhos.
  18. E ao fim dos dias, depois dos quais o rei tinha ordenado que fossem apresentados, o chefe dos eunucos os apresentou diante de Nabucodonozor.
  19. Então o rei conversou com eles; e entre todos eles não foram achados outros tais como Daniel, Hananias, Misael e Azarias; por isso ficaram assistindo diante do rei.
  20. E em toda matéria de sabedoria e discernimento, a respeito da qual lhes perguntou o rei, este os achou dez vezes mais doutos do que todos os magos e encantadores que havia em todo o seu reino.
  21. Assim Daniel continuou até o primeiro ano do rei Ciro.

Daniel 2

  1. Ora no segundo ano do reinado de Nabucodonozor, teve este uns sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o sono.
  2. Então o rei mandou chamar os magos, os encantadores, os adivinhadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei os seus sonhos; eles vieram, pois, e se apresentaram diante do rei.
  3. E o rei lhes disse: Tive um sonho, e para saber o sonho está perturbado o meu espírito.
  4. E os caldeus disseram ao rei em aramaico: Ó rei, vive eternamente; dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação
  5. Respondeu o rei, e disse aos caldeus: Esta minha palavra é irrevogável se não me fizerdes saber o sonho e a sua interpretação, sereis despedaçados, e as vossas casas serão feitas um monturo;
  6. mas se vós me declarardes o sonho e a sua interpretação, recebereis de mim dádivas, recompensas e grande honra. Portanto declarai-me o sonho e a sua interpretação.
  7. Responderam pela segunda vez: Diga o rei o sonho a seus servos, e daremos a interpretação.
  8. Respondeu o rei, e disse: Bem sei eu que vós quereis ganhar tempo; porque vedes que a minha palavra é irrevogável.
  9. se não me fizerdes saber o sonho, uma só sentença será a vossa; pois vós preparastes palavras mentirosas e perversas para as proferirdes na minha presença, até que se mude o tempo. portanto dizei-me o sonho, para que eu saiba que me podeis dar a sua interpretação.
  10. Responderam os caldeus na presença do rei, e disseram: Não há ninguém sobre a terra que possa cumprir a palavra do rei; pois nenhum rei, por grande e poderoso que fosse, tem exigido coisa semelhante de algum mago ou encantador, ou caldeu.
  11. A coisa que o rei requer é difícil, e ninguém há que a possa declarar ao rei, senão os deuses, cuja morada não é com a carne mortal.
  12. Então o rei muito se irou e enfureceu, e ordenou que matassem a todos os sábios de Babilônia.
  13. saiu, pois, o decreto, segundo o qual deviam ser mortos os sábios; e buscaram a Daniel e aos seus companheiros, para que fossem mortos.
  14. Então Daniel falou avisada e prudentemente a Arioque, capitão da guarda do rei, que tinha saído para matar os sábios de Babilônia;
  15. pois disse a Arioque, capitão do rei: Por que é o decreto do rei tão urgente? Então Arioque explicou o caso a Daniel.
  16. Ao que Daniel se apresentou ao rei e pediu que lhe designasse o prazo, para que desse ao rei a interpretação.
  17. Então Daniel foi para casa, e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus companheiros,
  18. para que pedissem misericórdia ao Deus do céu sobre este mistério, a fim de que Daniel e seus companheiros não perecessem, juntamente com o resto dos sábios de Babilônia.
  19. Então foi revelado o mistério a Daniel numa visão de noite; pelo que Daniel louvou o Deus do céu.
  20. Disse Daniel: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre, porque são dele a sabedoria e a força.
  21. Ele muda os tempos e as estações; ele remove os reis e estabelece os reis; é ele quem dá a sabedoria aos sábios e o entendimento aos entendidos.
  22. Ele revela o profundo e o escondido; conhece o que está em trevas, e com ele mora a luz.
  23. Oh! Deus de meus pais, a ti dou graças e louvor porque me deste sabedoria e força; e agora me fizeste saber o que te pedimos; pois nos fizeste saber este assunto do rei.
  24. Por isso Daniel foi ter com Arioque, ao qual o rei tinha constituído para matar os sábios de Babilônia; entrou, e disse-lhe assim: Não mates os sábios de Babilônia; introduze-me na presença do rei, e lhe darei a interpretação.
  25. Então Arioque depressa introduziu Daniel à presença do rei, e disse-lhe assim: Achei dentre os filhos dos cativos de Judá um homem que fará saber ao rei a interpretação.
  26. Respondeu o rei e disse a Daniel, cujo nome era Beltessazar: Podes tu fazer-me saber o sonho que tive e a sua interpretação?
  27. Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exigiu, nem sábios, nem encantadores, nem magos, nem adivinhadores lhe podem revelar;
  28. mas há um Deus no céu, o qual revela os mistérios; ele, pois, fez saber ao rei Nabucodonozor o que há de suceder nos últimos dias. O teu sonho e as visões que tiveste na tua cama são estas:
  29. Estando tu, ó rei, na tua cama, subiram os teus pensamentos sobre o que havia de suceder no futuro. Aquele, pois, que revela os mistérios te fez saber o que há de ser.
  30. E a mim me foi revelado este mistério, não por ter eu mais sabedoria que qualquer outro vivente, mas para que a interpretação se fizesse saber ao rei, e para que entendesses os pensamentos do teu coração.
  31. Tu, ó rei, na visão olhaste e eis uma grande estátua. Esta estátua, imensa e de excelente esplendor, estava em pé diante de ti; e a sua aparência era terrível.
  32. A cabeça dessa estátua era de ouro fino; o peito e os braços de prata; o ventre e as coxas de bronze;
  33. as pernas de ferro; e os pés em parte de ferro e em parte de barro.
  34. Estavas vendo isto, quando uma pedra foi cortada, sem auxílio de mãos, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou.
  35. Então foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o bronze, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se podia achar nenhum vestígio deles; a pedra, porém, que feriu a estátua se tornou uma grande montanha, e encheu toda a terra.
  36. Este é o sonho; agora diremos ao rei a sua interpretação.
  37. Tu, ó rei, és rei de reis, a quem o Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força e a glória;
  38. e em cuja mão ele entregou os filhos dos homens, onde quer que habitem, os animais do campo e as aves do céu, e te fez reinar sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro.
  39. Depois de ti se levantará outro reino, inferior ao teu; e um terceiro reino, de bronze, o qual terá domínio sobre toda a terra.
  40. E haverá um quarto reino, forte como ferro, porquanto o ferro esmiúça e quebra tudo; como o ferro quebra todas as coisas, assim ele quebrantará e esmiuçará.
  41. Quanto ao que viste dos pés e dos dedos, em parte de barro de oleiro, e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo haverá nele alguma coisa da firmeza do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo.
  42. E como os dedos dos pés eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte, e por outra será frágil.
  43. Quanto ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão pelo casamento; mas não se ligarão um ao outro, assim como o ferro não se mistura com o barro.
  44. Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu suscitará um reino que não será jamais destruído; nem passará a soberania deste reino a outro povo; mas esmiuçará e consumirá todos esses reinos, e subsistirá para sempre.
  45. Porquanto viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, e ela esmiuçou o ferro, o bronze, o barro, a prata e o ouro, o grande Deus faz saber ao rei o que há de suceder no futuro. Certo é o sonho, e fiel a sua interpretação.
  46. Então o rei Nabucodonozor caiu com o rosto em terra, e adorou a Daniel, e ordenou que lhe oferecessem uma oblação e perfumes suaves.
  47. Respondeu o rei a Daniel, e disse: Verdadeiramente, o vosso Deus é Deus dos deuses, e o Senhor dos reis, e o revelador dos mistérios, pois pudeste revelar este misterio.
  48. Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitas e grandes dádivas, e o pôs por governador sobre toda a província de Babilônia, como também o fez chefe principal de todos os sábios de Babilônia.
  49. A pedido de Daniel, o rei constituiu superintendentes sobre os negócios da província de Babilônia a Sadraque, Mesaque e Abednego; mas Daniel permaneceu na corte do rei.

Daniel 3

  1. O rei Nabucodonozor fez uma estátua de ouro, a altura da qual era de sessenta côvados, e a sua largura de seis côvados; levantou-a no campo de Dura, na província de Babilônia.
  2. Então o rei Nabucodonozor mandou ajuntar os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à dedicação da estátua que ele fizera levantar.
  3. Então se ajuntaram os sátrapas, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os magistrados, e todos os oficiais das províncias, para a dedicação da estátua que o rei Nabucodonozor fizera levantar; e estavam todos em pé diante da imagem.
  4. E o pregoeiro clamou em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e gentes de todas as línguas:
  5. Logo que ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a imagem de ouro que o rei Nabucodonozor tem levantado.
  6. E qualquer que não se prostrar e não a adorar, será na mesma hora lançado dentro duma fornalha de fogo ardente.
  7. Portanto, no mesmo instante em que todos os povos ouviram o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, e de toda a sorte de música, se prostraram todos os povos, nações e línguas, e adoraram a estátua de ouro que o rei Nabucodonozor tinha levantado.
  8. Ora, nesse tempo se chegaram alguns homens caldeus, e acusaram os judeus.
  9. E disseram ao rei Nabucodonozor: Ó rei, vive eternamente.
  10. Tu, ó rei, fizeste um decreto, pelo qual todo homem que ouvisse o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, se prostraria e adoraria a estátua de ouro;
  11. e qualquer que não se prostrasse e adorasse seria lançado numa fornalha de fogo ardente.
  12. Há uns homens judeus, que tu constituíste sobre os negócios da província de Babilônia: Sadraque, Mesaque e Abednego; estes homens, ó rei, não fizeram caso de ti; a teus deuses não servem, nem adoram a estátua de ouro que levantaste.
  13. Então Nabucodonozor, na sua ira e fúria, mandou chamar Sadraque, Mesaque e Abednego. Logo estes homens foram trazidos perante o rei.
  14. Falou Nabucodonozor, e lhes disse: E verdade, ó Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei?
  15. Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da trombeta, da flauta, da harpa, da cítara, do saltério, da gaita de foles, e de toda a sorte de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro duma fornalha de fogo ardente; e quem é esse deus que vos poderá livrar das minhas mãos?
  16. Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei: Nabucodonozor, não necessitamos de te responder sobre este negócio.
  17. Eis que o nosso Deus a quem nós servimos pode nos livrar da fornalha de fogo ardente; e ele nos livrará da tua mão, ó rei.
  18. Mas se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste.
  19. Então Nabucodonozor se encheu de raiva, e se lhe mudou o aspecto do semblante contra Sadraque, Mesaque e Abednego; e deu ordem para que a fornalha se aquecesse sete vezes mais do que se costumava aquecer;
  20. e ordenou a uns homens valentes do seu exército, que atassem a Sadraque, Mesaque e Abednego, e os lançassem na fornalha de fogo ardente.
  21. Então estes homens foram atados, vestidos de seus mantos, suas túnicas, seus turbantes e demais roupas, e foram lançados na fornalha de fogo ardente.
  22. Ora, tão urgente era a ordem do rei e a fornalha estava tão quente, que a chama do fogo matou os homens que carregaram a Sadraque, Mesaque e Abednego.
  23. E estes três, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.
  24. Então o rei Nabucodonozor se espantou, e se levantou depressa; falou, e disse aos seus conselheiros: Não lançamos nós dentro do fogo três homens atados? Responderam ao rei: É verdade, ó rei.
  25. Disse ele: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nenhum dano sofrem; e o aspacto do quarto é semelhante a um filho dos deuses.
  26. Então chegando-se Nabucodonozor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Logo Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.
  27. E os sátrapas, os prefeitos, os governadores, e os conselheiros do rei, estando reunidos, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os corpos destes homens, nem foram chamuscados os cabelos da sua cabeça, nem sofreram mudança os seus mantos, nem sobre eles tinha passado o cheiro de fogo.
  28. Falou Nabucodonozor, e disse: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, o qual enviou o seu anjo e livrou os seus servos, que confiaram nele e frustraram a ordem do rei, escolhendo antes entregar os seus corpos, do que servir ou adorar a deus algum, senão o seu Deus.
  29. Por mim, pois, é feito um decreto, que todo o povo, nação e língua que proferir blasfêmia contra o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, seja despedaçado, e as suas casas sejam feitas um monturo; porquanto não há outro deus que possa livrar desta maneira.
  30. Então o rei fez prosperar a Sadraque, Mesaque e Abednego na província de Babilonia.

Daniel 4

  1. Nabucodonozor rei, a todos os povos, nações, e línguas, que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
  2. Pareceu-me bem fazer conhecidos os sinais e maravilhas que Deus, o Altíssimo, tem feito para comigo.
  3. Quão grandes são os seus sinais, e quão poderosas as suas maravilhas! O seu reino é um reino sempiterno, e o seu domínio de geração em geração.
  4. Eu, Nabucodonozor, estava sossegado em minha casa, e próspero no meu palácio.
  5. Tive um sonho que me espantou; e estando eu na minha cama, os pensamentos e as visões da minha cabeça me perturbaram.
  6. Portanto expedi um decreto, que fossem introduzidos à minha presença todos os sábios de Babilônia, para que me fizessem saber a interpretação do sonho.
  7. Então entraram os magos, os encantadores, os caldeus, e os adivinhadores, e lhes contei o sonho; mas não me fizeram saber a interpretação do mesmo.
  8. Por fim entrou na minha presença Daniel, cujo nome é Beltessazar, segundo o nome do meu deus, e no qual há o espírito dos deuses santos; e eu lhe contei o sonho, dizendo:
  9. Oh! Beltessazar, chefe dos magos, porquanto eu sei que há em ti o espírito dos deuses santos, e nenhum mistério te é difícil, dize-me as visões do meu sonho que tive e a sua interpretação.
  10. Eram assim as visões da minha cabeça, estando eu na minha cama: eu olhava, e eis uma árvore no meio da terra, e grande era a sua altura;
  11. crescia a árvore, e se fazia forte, de maneira que a sua altura chegava até o céu, e era vista até os confins da terra.
  12. A sua folhagem era formosa, e o seu fruto abundante, e havia nela sustento para todos; debaixo dela os animais do campo achavam sombra, e as aves do céu faziam morada nos seus ramos, e dela se mantinha toda a carne.
  13. Eu via isso nas visões da minha cabeça, estando eu na minha cama, e eis que um vigia, um santo, descia do céu.
  14. Ele clamou em alta voz e disse assim: Derrubai a árvore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas e espalhai o seu fruto; afugentem-se os animais de debaixo dela, e as aves dos seus ramos.
  15. Contudo deixai na terra o tronco com as suas raízes, numa cinta de ferro e de bronze, no meio da tenra relva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais na erva da terra.
  16. Seja mudada a sua mente, para que não seja mais a de homem, e lhe seja dada mente de animal; e passem sobre ele sete tempos.
  17. Esta sentença é por decreto dos vigias, e por mandado dos santos; a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens constitui sobre eles.
  18. Este sonho eu, rei Nabucodonozor, o vi. Tu, pois, Beltessazar, dize a interpretação; porquanto todos os sábios do meu reino não puderam fazer-me saber a interpretação; mas tu podes; pois há em ti o espírito dos deuses santos.
  19. Então Daniel, cujo nome era Beltessazar, esteve atônito por algum tempo, e os seus pensamentos o perturbaram. Falou, pois, o rei e disse: Beltessazar, não te espante o sonho, nem a sua interpretação. Respondeu Beltessazar, e disse: Senhor meu, seja o sonho para os que te odeiam, e a sua interpretação para os teus inimigos:
  20. A árvore que viste, que cresceu, e se fez forte, cuja altura chegava até o céu, e que era vista por toda a terra;
  21. cujas folhas eram formosas, e o seu fruto abundante, e em que para todos havia sustento, debaixo da qual os animais do campo achavam sombra, e em cujos ramos habitavam as aves do céu;
  22. és ,tu, ó rei, que cresceste, e te fizeste forte; pois a tua grandeza cresceu, e chegou até o céu, e o teu domínio até a extremidade da terra.
  23. E quanto ao que viu o rei, um vigia, um santo, que descia do céu, e que dizia: Cortai a árvore, e destruí-a; contudo deixai na terra o tronco com as suas raízes, numa cinta de ferro e de bronze, no meio da tenra relva do campo; e seja molhado do orvalho do céu, e seja a sua porção com os animais do campo, até que passem sobre ele sete tempos;
  24. esta é a interpretação, ó rei é o decreto do Altíssimo, que é vindo sobre o rei, meu senhor:
  25. serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.
  26. E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina.
  27. Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniqüidades, usando de misericórdia com os pobres, se, porventura, se prolongar a tua tranqüilidade.
  28. Tudo isso veio sobre o rei Nabucodonozor.
  29. Ao cabo de doze meses, quando passeava sobre o palácio real de Babilônia,
  30. falou o rei, e disse: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a morada real, pela força do meu poder, e para a glória da minha majestade?
  31. Ainda estava a palavra na boca do rei, quando caiu uma voz do céu: A ti se diz, ó rei Nabucodonozor: Passou de ti o reino.
  32. E serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os animais do campo; far-te-ão comer erva como os bois, e passar-se- ão sete tempos sobre ti, até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer.
  33. Na mesma hora a palavra se cumpriu sobre Nabucodonozor, e foi expulso do meio dos homens, e comia erva como os bois, e o seu corpo foi molhado do orvalho do ceu, até que lhe cresceu o cabelo como as penas da águia, e as suas unhas como as das aves:
  34. Mas ao fim daqueles dias eu, Nabucodonozor, levantei ao céu os meus olhos, e voltou a mim o meu entendimento, e eu bendisse o Altíssimo, e louvei, e glorifiquei ao que vive para sempre; porque o seu domínio é um domínio sempiterno, e o seu reino é de geração em geração.
  35. E todos os moradores da terra são reputados em nada; e segundo a sua vontade ele opera no exército do céu e entre os moradores da terra; não há quem lhe possa deter a mão, nem lhe dizer: Que fazes?
  36. No mesmo tempo voltou a mim o meu entendimento; e para a glória do meu reino voltou a mim a minha majestade e o meu resplendor. Buscaram-me os meus conselheiros e os meus grandes; e fui restabelecido no meu reino, e foi-me acrescentada excelente grandeza.
  37. Agora, pois, eu, Nabucodonozor, louvo, e exalço, e glorifico ao Rei do céu; porque todas as suas obras são retas, e os seus caminhos justos, e ele pode humilhar aos que andam na soberba.

Daniel 5

  1. O rei Belsazar deu um grande banquete a mil dos seus grandes, e bebeu vinho na presença dos mil.
  2. Havendo Belsazar provado o vinho, mandou trazer os vasos de ouro e de prata que Nabucodonozor, seu pai, tinha tirado do templo que estava em Jerusalém, para que bebessem por eles o rei, e os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.
  3. Então trouxeram os vasos de ouro que foram tirados do templo da casa de Deus, que estava em Jerusalém, e beberam por eles o rei, os seus grandes, as suas mulheres e concubinas.
  4. Beberam vinho, e deram louvores aos deuses de ouro, e de prata, de bronze, de ferro, de madeira, e de pedra.
  5. Na mesma hora apareceram uns dedos de mão de homem, e escreviam, defronte do castiçal, na caiadura da parede do palácio real; e o rei via a parte da mão que estava escrevendo.
  6. Mudou-se, então, o semblante do rei, e os seus pensamentos o perturbaram; as juntas dos seus lombos se relaxaram, e os seus joelhos batiam um no outro.
  7. E ordenou o rei em alta voz, que se introduzissem os encantadores, os caldeus e os adivinhadores; e falou o rei, e disse aos sábios de Babilônia: Qualquer que ler esta escritura, e me declarar a sua interpretação, será vestido de púrpura, e trará uma cadeia de ouro ao pescoço, e no reino será o terceiro governante.
  8. Então entraram todos os sábios do rei; mas não puderam ler o escrito, nem fazer saber ao rei a sua interpretação.
  9. Nisto ficou o rei Belsazar muito perturbado, e se lhe mudou o semblante; e os seus grandes estavam perplexos.
  10. Ora a rainha, por causa das palavras do rei e dos seus grandes, entrou na casa do banquete; e a rainha disse: Ó rei, vive para sempre; não te perturbem os teus pensamentos, nem se mude o teu semblante.
  11. Há no teu reino um homem que tem o espírito dos deuses santos; e nos dias de teu pai se achou nele luz, e inteligência, e sabedoria, como a sabedoria dos deuses; e teu pai, o rei Nabucodonozor, sim, teu pai, ó rei, o constituiu chefe dos magos, dos encantadores, dos caldeus, e dos adivinhadores;
  12. porquanto se achou neste Daniel um espírito excelente, e conhecimento e entendimento para interpretar sonhos, explicar enigmas e resolver dúvidas, ao qual o rei pôs o nome de Beltessazar. Chame-se, pois, agora Daniel, e ele dará a interpretação.
  13. Então Daniel foi introduzido à presença do rei. Falou o rei, e disse à Daniel: És tu aquele Daniel, um dos cativos de Judá, que o rei, meu pai, trouxe de Judá?
  14. Tenho ouvido dizer a teu respeito que o espírito dos deuses está em ti, e que em ti se acham a luz, o entendimento e a excelente sabedoria.
  15. Acabam de ser introduzidos à minha presença os sábios, os encantadores, para lerem o escrito, e me fazerem saber a sua interpretação; mas não puderam dar a interpretação destas palavras.
  16. Ouvi dizer, porém, a teu respeito que podes dar interpretações e resolver dúvidas. Agora, pois, se puderes ler esta escritura e fazer-me saber a sua interpretação, serás vestido de púrpura, e terás cadeia de ouro ao pescoço, e no reino serás o terceiro governante.
  17. Então respondeu Daniel, e disse na presença do rei: Os teus presentes fiquem contigo, e dá os teus prêmios a outro; todavia vou ler ao rei o escrito, e lhe farei saber a interpretação.
  18. O Altíssimo Deus, ó rei, deu a Nabucodonozor, teu pai, o reino e a grandeza, glória e majestade;
  19. e por causa da grandeza que lhe deu, todos os povos, nações, e línguas tremiam e temiam diante dele; a quem queria matava, e a quem queria conservava em vida; a quem queria exaltava, e a quem queria abatia.
  20. Mas quando o seu coração se elevou, e o seu espírito se endureceu para se haver arrogantemente, foi derrubado do seu trono real, e passou dele a sua glória.
  21. E foi expulso do meio dos filhos dos homens, e o seu coração foi feito semelhante aos dos animais, e a sua morada foi com os jumentos monteses; deram-lhe a comer erva como aos bois, e do orvalho do céu foi molhado o seu corpo, até que conheceu que o Altíssinuo Deus tem domínio sobre o reino dos homens, e a quem quer constitui sobre ele.
  22. E tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o teu coração, ainda que soubeste tudo isso;
  23. porém te elevaste contra o Senhor do céu; pois foram trazidos a tua presença os vasos da casa dele, e tu, os teus grandes, as tua mulheres e as tuas concubinas, bebestes vinho neles; além disso, deste louvores aos deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não vêem, não ouvem, nem sabem; mas a Deus, em cuja mão está a tua vida, e de quem são todos os teus caminhos, a ele não glorificaste.:
  24. Então dele foi enviada aquela parte da mão que traçou o escrito.
  25. Esta, pois, é a escritura que foi traçada: MENE, MENE, TEQUEL, UFARSIM.
  26. Esta é a interpretação daquilo: MENE: Contou Deus o teu reino, e o acabou.
  27. TEQUEL: Pesado foste na balança, e foste achado em falta.
  28. PERES: Dividido está o teu reino, e entregue aos medos e persas.
  29. Então Belsazar deu ordem, e vestiram a Daniel de púrpura, puseram-lhe uma cadeia de ouro ao pescoço, e proclamaram a respeito dele que seria o terceiro em autoridade no reino.
  30. Naquela mesma noite Belsazar, o rei dos caldeus, foi morto.
  31. E Dario, o medo, recebeu o reino, tendo cerca de sessenta e dois anos de idade.

Daniel 6

  1. Pareceu bem a Dario constituir sobre o reino cento e vinte sátrapas, que estivessem por todo o reino;
  2. e sobre eles três presidentes, dos quais Daniel era um; a fim de que estes sátrapas lhes dessem conta, e que o rei não sofresse dano.
  3. Então o mesmo Daniel sobrepujava a estes presidentes e aos sátrapas; porque nele havia um espírito excelente; e o rei pensava constituí-lo sobre todo o reino:
  4. Nisso os presidentes e os sátrapas procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino mas não podiam achar ocasião ou falta alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem falta.
  5. Pelo que estes homens disseram: Nunca acharemos ocasião alguma contra este Daniel, a menos que a procuremos no que diz respeito a lei do seu Deus.
  6. Então os presidentes e os sátrapas foram juntos ao rei, e disseram-lhe assim: Ó rei Dario, vive para sempre.
  7. Todos os presidentes do reino, os prefeitos e os sátrapas, os conselheiros e os governadores, concordaram em que o rei devia baixar um decreto e publicar o respectivo interdito, que qualquer que, por espaço de trinta dias, fizer uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem, exceto a ti, ó rei, seja lançado na cova dos leões.
  8. Agora pois, ó rei, estabelece o interdito, e assina o edital, para que não seja mudado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
  9. Em virtude disto o rei Dario assinou o edital e o interdito.
  10. Quando Daniel soube que o edital estava assinado, entrou em sua casa, no seu quarto em cima, onde estavam abertas as janelas que davam para o lado de Jerusalém; e três vezes no dia se punha de joelhos e orava, e dava graças diante do seu Deus, como também antes costumava fazer.
  11. Então aqueles homens foram juntos, e acharam a Daniel orando e suplicando diante do seu Deus.
  12. Depois se foram à presença do rei e lhe perguntaram no tocante ao interdito real: Porventura não assinaste um interdito pelo qual todo homem que fizesse uma petição a qualquer deus, ou a qualquer homem por espaço de trinta dias, exceto a ti, ó rei, fosse lançado na cova dos leões? Respondeu o rei, e disse: Esta palavra é certa, conforme a lei dos medos e dos persas, que não se pode revogar.
  13. Então responderam ao rei, dizendo-lhe Esse Daniel, que é dos exilados de Judá, e não tem feito caso de ti, ó rei, nem do interdito que assinaste; antes três vezes por dia faz a sua oração.
  14. Ouvindo então o rei a notícia, ficou muito penalizado, e a favor de Daniel propôs dentro do seu coração livrá-lo; e até o pôr do sol trabalhou para o salvar.
  15. Nisso aqueles homens foram juntos ao rei, e lhe disseram: Sabe, ó rei, que é lei dos medos e persas que nenhum interdito ou decreto que o rei estabelecer, se pode mudar.
  16. Então o rei deu ordem, e trouxeram Daniel, e o lançaram na cova dos leões. Ora, disse o rei a Daniel: O teu Deus, a quem tu continuamente serves, ele te livrará.
  17. E uma pedra foi trazida e posta sobre a boca da cova; e o rei a selou com o seu anel e com o anel dos seus grandes, para que no tocante a Daniel nada se mudasse:
  18. Depois o rei se dirigiu para o seu palácio, e passou a noite em jejum; e não foram trazidos à sua presença instrumentos de música, e fugiu dele o sono.
  19. Então o rei se levantou ao romper do dia, e foi com pressa à cova dos leões.
  20. E, chegando-se à cova, chamou por Daniel com voz triste; e disse o rei a Daniel: Ó Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar- te dos leões?
  21. Então Daniel falou ao rei: Ó rei, vive para sempre.
  22. O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, e eles não me fizeram mal algum; porque foi achada em mim inocência diante dele; e também diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum.
  23. Então o rei muito se alegrou, e mandou tirar a Daniel da cova. Assim foi tirado Daniel da cova, e não se achou nele lesão alguma, porque ele havia confiado em seu Deus.
  24. E o rei deu ordem, e foram trazidos aqueles homens que tinham acusado Daniel, e foram lançados na cova dos leões, eles, seus filhos e suas mulheres; e ainda não tinham chegado ao fundo da cova quando os leões se apoderaram deles, e lhes esmigalharam todos os ossos.
  25. Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada.
  26. Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e permanece para sempre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durará até o fim.
  27. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quem livrou Daniel do poder dos leões.
  28. Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa.

Daniel 7

  1. No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e visões da sua cabeça. Então escreveu o sonho, e relatou a suma das coisas.
  2. Falou Daniel, e disse: Eu estava olhando, numa visão noturna, e eis que os quatro ventos do céu agitavam o Mar Grande.
  3. E quatro grandes animais, diferentes uns dos outros, subiam do mar.
  4. O primeiro era como leão, e tinha asas de águia; enquanto eu olhava, foram-lhe arrancadas as asas, e foi levantado da terra, e posto em dois pés como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem.
  5. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne.
  6. Depois disto, continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha nas costas quatro asas de ave; tinha também este animal quatro cabeças; e foi-lhe dado domínio.
  7. Depois disto, eu continuava olhando, em visões noturnas, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso, e muito forte, o qual tinha grandes dentes de ferro; ele devorava e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele, e tinha dez chifres.
  8. Eu considerava os chifres, e eis que entre eles subiu outro chifre, pequeno, diante do qual três dos primeiros chifres foram arrancados; e eis que neste chifre havia olhos, como os de homem, e uma boca que falava grandes coisas.
  9. Eu continuei olhando, até que foram postos uns tronos, e um ancião de dias se assentou; o seu vestido era branco como a neve, e o cabelo da sua cabeça como lã puríssima; o seu trono era de chamas de fogo, e as rodas dele eram fogo ardente.
  10. Um rio de fogo manava e saía de diante dele; milhares de milhares o serviam, e miríades de miríades assistiam diante dele. Assentou-se para o juízo, e os livros foram abertos.
  11. Então estive olhando, por causa da voz das grandes palavras que o chifre proferia; estive olhando até que o animal foi morto, e o seu corpo destruído; pois ele foi entregue para ser queimado pelo fogo.
  12. Quanto aos outros animais, foi-lhes tirado o domínio; todavia foi-lhes concedida prolongação de vida por um prazo e mais um tempo.
  13. Eu estava olhando nas minhas visões noturnas, e eis que vinha com as nuvens do céu um como filho de homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e foi apresentado diante dele.
  14. E foi-lhe dado domínio, e glória, e um reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; o seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o seu reino tal, que não será destruído.
  15. Quanto a mim, Daniel, o meu espírito foi abatido dentro do corpo, e as visões da minha cabeça me perturbavam.
  16. Cheguei-me a um dos que estavam perto, e perguntei-lhe a verdadeira significação de tudo isso. Ele me respondeu e me fez saber a interpretação das coisas.
  17. Estes grandes animais, que são quatro, são quatro reis, que se levantarão da terra.
  18. Mas os santos do Altíssimo receberão o reino e o possuirão para todo o sempre, sim, para todo o sempre.
  19. Então tive desejo de conhecer a verdade a respeito do quarto animal, que era diferente de todos os outros, sobremodo terrível, com dentes de ferro e unhas de bronze; o qual devorava, fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobrava;
  20. e também a respeito dos dez chifres que ele tinha na cabeça, e do outro que subiu e diante do qual caíram três, isto é, daquele chifre que tinha olhos, e uma boca que falava grandes coisas, e parecia ser mais robusto do que os seus companheiros.
  21. Enquanto eu olhava, eis que o mesmo chifre fazia guerra contra os santos, e prevalecia contra eles,
  22. até que veio o ancião de dias, e foi executado o juízo a favor dos santos do Altíssimo; e chegou o tempo em que os santos possuíram o reino.
  23. Assim me disse ele: O quarto animal será um quarto reino na terra, o qual será diferente de todos os reinos; devorará toda a terra, e a pisará aos pés, e a fará em pedaços.
  24. Quanto aos dez chifres, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros, e abaterá a três reis.
  25. Proferirá palavras contra o Altíssimo, e consumirá os santos do Altíssimo; cuidará em mudar os tempos e a lei; os santos lhe serão entregues na mão por um tempo, e tempos, e metade de um tempo.
  26. Mas o tribunal se assentará em juízo, e lhe tirará o domínio, para o destruir e para o desfazer até o fim.
  27. O reino, e o domínio, e a grandeza dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo. O seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão.
  28. Aqui é o fim do assunto. Quanto a mim, Daniel, os meus pensamentos muito me perturbaram e o meu semblante se mudou; mas guardei estas coisas no coração.

Daniel 8

  1. No ano terceiro do reinado do rei Belsazar apareceu-me uma visão, a mim, Daniel, depois daquela que me apareceu no princípio.
  2. E na visão que tive, parecia-me que eu estava na cidadela de Susã, na província de Elão; e conforme a visão, eu estava junto ao rio Ulai.
  3. Levantei os olhos, e olhei, e eis que estava em pé diante do rio um carneiro, que tinha dois chifres; e os dois chifres eram altos; mas um era mais alto do que o outro, e o mais alto subiu por último.
  4. Vi que o carneiro dava marradas para o ocidente, e para o norte e para o sul; e nenhum dos animais lhe podia resistir, nem havia quem pudesse livrar-se do seu poder; ele, porém, fazia conforme a sua vontade, e se engrandecia.
  5. E, estando eu considerando, eis que um bode vinha do ocidente sobre a face de toda a terra, mas sem tocar no chão; e aquele bode tinha um chifre notável entre os olhos.
  6. E dirigiu-se ao carneiro que tinha os dois chifres, ao qual eu tinha visto em pé diante do rio, e correu contra ele no furor da sua força.
  7. Vi-o chegar perto do carneiro; e, movido de cólera contra ele, o feriu, e lhe quebrou os dois chifres; não havia força no carneiro para lhe resistir, e o bode o lançou por terra, e o pisou aos pés; também não havia quem pudesse livrar o carneiro do seu poder.
  8. O bode, pois, se engrandeceu sobremaneira; e estando ele forte, aquele grande chifre foi quebrado, e no seu lugar outros quatro também notáveis nasceram para os quatro ventos do céu.
  9. Ainda de um deles saiu um chifre pequeno, o qual cresceu muito para o sul, e para o oriente, e para a terra formosa;
  10. e se engrandeceu até o exército do céu; e lançou por terra algumas das estrelas desse exército, e as pisou.
  11. Sim, ele se engrandeceu até o príncipe do exército; e lhe tirou o holocausto contínuo, e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo.
  12. E o exército lhe foi entregue, juntamente com o holocausto contínuo, por causa da transgressão; lançou a verdade por terra; e fez o que era do seu agrado, e prosperou.
  13. Depois ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão relativamente ao holocausto contínuo e à transgressão assoladora, e à entrega do santuário e do exército, para serem pisados?
  14. Ele me respondeu: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; então o santuário será purificado.
  15. Havendo eu, Daniel, tido a visão, procurei entendê-la, e eis que se me apresentou como que uma semelhança de homem.
  16. E ouvi uma voz de homem entre as margens do Ulai, a qual gritou, e disse: Gabriel, faze que este homem entenda a visão.
  17. Veio, pois, perto de onde eu estava; e vindo ele, fiquei amedrontado, e caí com o rosto em terra. Mas ele me disse: Entende, filho do homem, pois esta visão se refere ao tempo do fim.
  18. Ora, enquanto ele falava comigo, caí num profundo sono, com o rosto em terra; ele, porém, me tocou, e me pôs em pé.
  19. e disse: Eis que te farei saber o que há de acontecer no último tempo da ira; pois isso pertence ao determinado tempo do fim.
  20. Aquele carneiro que viste, o qual tinha dois chifres, são estes os reis da Média e da Pérsia.
  21. Mas o bode peludo é o rei da Grécia; e o grande chifre que tinha entre os olhos é o primeiro rei.
  22. O ter sido quebrado, levantando-se quatro em lugar dele, significa que quatro reinos se levantarão da mesma nação, porém não com a força dele.
  23. Mas, no fim do reinado deles, quando os transgressores tiverem chegado ao cúmulo, levantar-se-á um rei, feroz de semblante e que entende enigmas.
  24. Grande será o seu poder, mas não de si mesmo; e destruirá terrivelmente, e prosperará, e fará o que lhe aprouver; e destruirá os poderosos e o povo santo.
  25. Pela sua sutileza fará prosperar o engano na sua mão; no seu coração se engrandecerá, e destruirá a muitos que vivem em segurança; e se levantará contra o príncipe dos príncipes; mas será quebrado sem intervir mão de homem.
  26. E a visão da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira. Tu, porém, cerra a visão, porque se refere a dias mui distantes.
  27. E eu, Daniel, desmaiei, e estive enfermo alguns dias; então me levantei e tratei dos negócios do rei. E espantei-me acerca da visão, pois não havia quem a entendesse.

Daniel 9

  1. No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, da linhagem dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus.
  2. no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falara o Senhor ao profeta Jeremias, que haviam de durar as desolações de Jerusalém, era de setenta anos.
  3. Eu, pois, dirigi o meu rosto ao Senhor Deus, para o buscar com oração e súplicas, com jejum, e saco e cinza.
  4. E orei ao Senhor meu Deus, e confessei, e disse: Ó Senhor, Deus grande e tremendo, que guardas o pacto e a misericórdia para com os que te amam e guardam os teus mandamentos;
  5. pecamos e cometemos iniqüidades, procedemos impiamente, e fomos rebeldes, apartando-nos dos teus preceitos e das tuas ordenanças.
  6. Não demos ouvidos aos teus servos, os profetas, que em teu nome falaram aos nossos reis, nossos príncipes, e nossos pais, como também a todo o povo da terra.
  7. A ti, ó Senhor, pertence a justiça, porém a nós a confusão de rosto, como hoje se vê; aos homens de Judá, e aos moradores de Jerusalém, e a todo o Israel; aos de perto e aos de longe, em todas as terras para onde os tens lançado por causa das suas transgressões que cometeram contra ti.
  8. Oh! Senhor, a nós pertence a confusão de rosto, aos nossos reis, aos nossos príncipes, e a nossos pais, porque temos pecado contra ti.
  9. Ao Senhor, nosso Deus, pertencem a misericórdia e o perdão; pois nos rebelamos contra ele,
  10. e não temos obedecido à voz do Senhor, nosso Deus, para andarmos nas suas leis, que nos deu por intermédio de seus servos, os profetas.
  11. Sim, todo o Israel tem transgredido a tua lei, desviando-se, para não obedecer à tua voz; por isso a maldição, o juramento que está escrito na lei de Moisés, servo de Deus, se derramou sobre nós; porque pecamos contra ele.
  12. E ele confirmou a sua palavra, que falou contra nós, e contra os nossos juízes que nos julgavam, trazendo sobre nós um grande mal; porquanto debaixo de todo o céu nunca se fez como se tem feito a Jerusalém.
  13. Como está escrito na lei de Moisés, todo este mal nos sobreveio; apesar disso, não temos implorado o favor do Senhor nosso Deus, para nos convertermos das nossas iniqüidades, e para alcançarmos discernimento na tua verdade.
  14. por isso, o Senhor vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós; pois justo é o Senhor, nosso Deus, em todas as obras que faz; e nós não temos obedecido à sua voz.
  15. Na verdade, ó Senhor, nosso Deus, que tiraste o teu povo da terra do Egito com mão poderosa, e te adquiriste nome como hoje se vê, temos pecado, temos procedido impiamente.
  16. e Senhor, segundo todas as tuas justiças, apartem-se a tua ira e o teu furor da tua cidade de Jerusalém, do teu santo monte; porquanto por causa dos nossos pecados, e por causa das iniqüidades de nossos pais, tornou-se Jerusalém e o teu povo um opróbrio para todos os que estão em redor de nós.
  17. Agora, pois, ó Deus nosso, ouve a oração do teu servo, e as suas súplicas, e sobre o teu santuário assolado faze resplandecer o teu rosto, por amor do Senhor.
  18. Inclina, ó Deus meu, os teus ouvidos, e ouve; abre os teus olhos, e olha para a nossa desolação, e para a cidade que é chamada pelo teu nome; pois não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias.
  19. Oh! Senhor, ouve; ó Senhor, perdoa; ó Senhor, atende-nos e põe mãos à obra sem tardar, por amor de ti mesmo, ó Deus meu, porque a tua cidade e o teu povo se chamam pelo teu nome.
  20. Enquanto estava eu ainda falando e orando, e confessando o meu pecado, e o pecado do meu povo Israel, e lançando a minha súplica perante a face do Senhor, meu Deus, pelo monte santo do meu Deus,
  21. sim enquanto estava eu ainda falando na oração, o varão Gabriel, que eu tinha visto na minha visão ao princípio, veio voando rapidamente, e tocou-me à hora da oblação da tarde.
  22. Ele me instruiu, e falou comigo, dizendo: Daniel, vim agora para fazer-te sábio e entendido.
  23. No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, pois és muito amado; considera, pois, a palavra e entende a visão.
  24. Setenta semanas estão decretadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para fazer cessar a transgressão, para dar fim aos pecados, e para expiar a iniqüidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o santíssimo.
  25. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém até o ungido, o príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; com praças e tranqueiras se reedificará, mas em tempos angustiosos.
  26. E depois de sessenta e duas semanas será cortado o ungido, e nada lhe subsistirá; e o povo do príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até o fim haverá guerra; estão determinadas assolações.
  27. E ele fará um pacto firme com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador; e até a destruição determinada, a qual será derramada sobre o assolador.

Daniel 10

  1. No ano terceiro de Ciro, rei da Pérsia, foi revelada uma palavra a Daniel, cujo nome se chama Beltessazar, uma palavra verdadeira concernente a um grande conflito; e ele entendeu esta palavra, e teve entendimento da visão.
  2. Naqueles dias eu, Daniel, estava pranteando por três semanas inteiras.
  3. Nenhuma coisa desejável comi, nem carne nem vinho entraram na minha boca, nem me ungi com ungüento, até que se cumpriram as três semanas completas.
  4. No dia vinte e quatro do primeiro mês, estava eu à borda do grande rio, o Tigre;
  5. levantei os meus olhos, e olhei, e eis um homem vestido de linho e os seus lombos cingidos com ouro fino de Ufaz;
  6. o seu corpo era como o berilo, e o seu rosto como um relâmpago; os seus olhos eram como tochas de fogo, e os seus braços e os seus pés como o brilho de bronze polido; e a voz das suas palavras como a voz duma multidão.
  7. Ora, só eu, Daniel, vi aquela visão; pois os homens que estavam comigo não a viram: não obstante, caiu sobre eles um grande temor, e fugiram para se esconder.
  8. Fiquei pois eu só a contemplar a grande visão, e não ficou força em mim; desfigurou-se a feição do meu rosto, e não retive força alguma.
  9. Contudo, ouvi a voz das suas palavras; e, ouvindo o som das suas palavras, eu caí num profundo sono, com o rosto em terra.
  10. E eis que uma mão me tocou, e fez com que me levantasse, tremendo, sobre os meus joelhos e sobre as palmas das minhas mãos.
  11. E me disse: Daniel, homem muito amado, entende as palavras que te vou dizer, e levanta-te sobre os teus pés; pois agora te sou enviado. Ao falar ele comigo esta palavra, pus-me em pé tremendo.
  12. Então me disse: Não temas, Daniel; porque desde o primeiro dia em que aplicaste o teu coração a compreender e a humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras, e por causa das tuas palavras eu vim.
  13. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu por vinte e um dias; e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar- me, e eu o deixei ali com os reis da Pérsia.
  14. Agora vim, para fazer-te entender o que há de suceder ao teu povo nos derradeiros dias; pois a visão se refere a dias ainda distantes.
  15. Ao falar ele comigo estas palavras, abaixei o rosto para a terra e emudeci.
  16. E eis que um que tinha a semelhança dos filhos dos homens me tocou os lábios; então abri a boca e falei, e disse àquele que estava em pé diante de mim: Senhor meu, por causa da visão sobrevieram-me dores, e não retenho força alguma.
  17. Como, pois, pode o servo do meu Senhor falar com o meu Senhor? pois, quanto a mim, desde agora não resta força em mim, nem fôlego ficou em mim.
  18. Então tornou a tocar-me um que tinha a semelhança dum homem, e me consolou.
  19. E disse: Não temas, homem muito amado; paz seja contigo; sê forte, e tem bom ânimo. E quando ele falou comigo, fiquei fortalecido, e disse: Fala, meu senhor, pois me fortaleceste.
  20. Ainda disse ele: Sabes por que eu vim a ti? Agora tornarei a pelejar contra o príncipe dos persas; e, saindo eu, eis que virá o príncipe da Grécia.
  21. Contudo eu te declararei o que está gravado na escritura da verdade; e ninguém há que se esforce comigo contra aqueles, senão Miguel, vosso príncipe.

Daniel 11

  1. Eu, pois, no primeiro ano de Dario, medo, levantei-me para o animar e fortalecer.
  2. E agora te declararei a verdade: Eis que ainda se levantarão três reis na Pérsia, e o quarto será muito mais rico do que todos eles; e tendo-se tornado forte por meio das suas riquezas, agitará todos contra o reino da Grécia.
  3. Depois se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio, e fará o que lhe aprouver.
  4. Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado, e será repartido para os quatro ventos do céu; porém não para os seus descendentes, nem tampouco segundo o poder com que reinou; porque o seu reino será arrancado, e passará a outros que não eles.
  5. O rei do sul será forte, como também um dos seus príncipes; e este será mais forte do que ele, e reinará, e grande será o seu domínio,
  6. mas, ao cabo de anos, eles se aliarão; e a filha do rei do sul virá ao rei do norte para fazer um tratado. Ela, porém, não conservara a força de seu braço; nem subsistirá ele, nem o seu braço; mas será ela entregue, e bem assim os que a tiverem trazido, e seu pai, e o que a fortalecia naqueles tempos.
  7. Mas dum renovo das raízes dela um se levantará em seu lugar, e virá ao exército, e entrará na fortaleza do rei do norte, e operará contra eles e prevalecerá.
  8. Também os seus deuses, juntamente com as suas imagens de fundição, com os seus vasos preciosos de prata e ouro, ele os levará cativos para o Egito; e por alguns anos ele deixará de atacar ao rei do norte.
  9. E entrará no reino do rei do sul, mas voltará para a sua terra.
  10. Mas seus filhos intervirão, e reunirão uma multidão de grandes forças; a qual avançará, e inundará, e passará para adiante; e, voltando, levará a guerra até a sua fortaleza.
  11. Então o rei do sul se exasperará, e sairá, e pelejará contra ele, contra o rei do norte; este porá em campo grande multidão, e a multidão será entregue na mão daquele.
  12. E a multidão será levada, e o coração dele se exaltará; mas, ainda que derrubará miríades, não prevalecerá.
  13. Porque o rei do norte tornará, e porá em campo uma multidão maior do que a primeira; e ao cabo de tempos, isto é, de anos, avançará com grande exército e abundantes provisões.
  14. E, naqueles tempos, muitos se levantarão contra o rei do sul; e os violentos dentre o teu povo se levantarão para cumprir a visão, mas eles cairão.
  15. Assim virá o rei do norte, e levantará baluartes, e tomará uma cidade bem fortificada; e as forças do sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir.
  16. O que, porém, há de vir contra ele fará o que lhe aprouver, e ninguém poderá resistir diante dele; ele se fincará na terra gloriosa, tendo-a inteiramente sob seu poder.
  17. E firmará o propósito de vir com toda a força do seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará a filha de mulheres, para ele a corromper; ela, porém, não subsistirá, nem será para ele.
  18. Depois disso virará o seu rosto para as ilhas, e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar o seu opróbrio contra ele, e ainda fará recair sobre ele o seu opróbrio.
  19. Virará então o seu rosto para as fortalezas da sua própria terra, mas tropeçará, e cairá, e não será achado.
  20. Então no seu lugar se levantará quem fará passar um exator de tributo pela glória do reino; mas dentro de poucos dias será quebrantado, e isto sem ira e sem batalha.
  21. Depois se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a majestade real; mas ele virá caladamente, e tomará o reino com lisonja.
  22. E as forças inundantes serão varridas de diante dele, e serão quebrantadas, como também o príncipe do pacto.
  23. E, depois de feita com ele a aliança, usará de engano; e subirá, e se tornará forte com pouca gente.
  24. Virá também em tempo de segurança sobre os lugares mais férteis da província; e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais; espalhará entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo.
  25. E suscitará a sua força e a sua coragem contra o rei do sul com um grande exército; e o rei do sul sairá à guerra com um grande e mui poderoso exército, mas não subsistirá, pois maquinarão projetos contra ele.
  26. E os que comerem os seus manjares o quebrantarão; e o exército dele será varrido por uma inundação, e cairão muitos traspassados.
  27. Também estes dois reis terão o coração atento para fazerem o mal, e assentados à mesma mesa falarão a mentira; esta, porém, não prosperará, porque ainda virá o fim no tempo determinado.
  28. Então tornará para a sua terra com muitos bens; e o seu coração será contra o santo pacto; e fará o que lhe aprouver, e tornará para a sua terra.
  29. No tempo determinado voltará, e entrará no sul; mas não sucederá desta vez como na primeira.
  30. Porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; por isso voltará, e se indignará contra o santo pacto, e fará como lhe aprouver. Voltará e atenderá aos que tiverem abandonado o santo pacto.
  31. E estarão ao lado dele forças que profanarão o santuário, isto é, a fortaleza, e tirarão o holocausto contínuo, estabelecendo a abominação desoladora.
  32. Ainda aos violadores do pacto ele perverterá com lisonjas; mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte, e fará proezas.
  33. Os entendidos entre o povo ensinarão a muitos; todavia por muitos dias cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo despojo.
  34. Mas, caindo eles, serão ajudados com pequeno socorro; muitos, porém, se ajuntarão a eles com lisonjas.
  35. Alguns dos entendidos cairão para serem acrisolados, purificados e embranquecidos, até o fim do tempo; pois isso ainda será para o tempo determinado.
  36. e o rei fará conforme lhe aprouver; exaltar-se-á, e se engrandecerá sobre todo deus, e contra o Deus dos deuses falará coisas espantosas; e será próspero, até que se cumpra a indignação: pois aquilo que está determinado será feito.
  37. E não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao amado das mulheres, nem a qualquer outro deus; pois sobre tudo se engrandecerá.
  38. Mas em seu lugar honrará ao deus das fortalezas; e a um deus a quem seus pais não conheceram, ele o honrará com ouro e com prata, com pedras preciosas e com coisas agradáveis.
  39. E haver-se-á com os castelos fortes com o auxílio dum deus estranho; aos que o reconhecerem, multiplicará a glória; e os fará reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por preço.
  40. Ora, no fim do tempo, o rei do sul lutará com ele; e o rei do norte virá como turbilhão contra ele, com carros e cavaleiros, e com muitos navios; e entrará nos países, e os inundará, e passará para adiante.
  41. Entrará na terra gloriosa, e dezenas de milhares cairão; mas da sua mão escaparão estes: Edom e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom.
  42. E estenderá a sua mão contra os países; e a terra do Egito não escapará.
  43. Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata, e de todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão.
  44. Mas os rumores do oriente e do norte o espantarão; e ele sairá com grande furor, para destruir e extirpar a muitos.
  45. E armará as tendas do seu palácio entre o mar grande e o glorioso monte santo; contudo virá ao seu fim, e não haverá quem o socorra.

Daniel 12

  1. Naquele tempo se levantará Miguel, o grande príncipe, que se levanta a favor dos filhos do teu povo; e haverá um tempo de tribulação, qual nunca houve, desde que existiu nação até aquele tempo; mas naquele tempo livrar-se-á o teu povo, todo aquele que for achado escrito no livro.
  2. E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para a vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.
  3. Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que converterem a muitos para a justiça, como as estrelas sempre e eternamente.
  4. Tu, porém, Daniel, cerra as palavras e sela o livro, até o fim do tempo; muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará.
  5. Então eu, Daniel, olhei, e eis que estavam em pé outros dois, um de uma banda à beira do rio, e o outro da outra banda à beira do rio.
  6. E perguntei ao homem vestido de linho, que estava por cima das águas do rio: Quanto tempo haverá até o fim destas maravilhas?
  7. E ouvi o homem vestido de linho, que estava por cima das águas do rio, quando levantou ao céu a mão direita e a mão esquerda, e jurou por aquele que vive eternamente que isso seria para um tempo, dois tempos, e metade de um tempo. E quando tiverem acabado de despedaçar o poder do povo santo, cumprir-se-ão todas estas coisas.
  8. Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso perguntei: Senhor meu, qual será o fim destas coisas?
  9. Ele respondeu: Vai-te, Daniel, porque estas palavras estão cerradas e seladas até o tempo do fim.
  10. Muitos se purificarão, e se embranquecerão, e serão acrisolados; mas os ímpios procederão impiamente; e nenhum deles entenderá; mas os sábios entenderão.
  11. E desde o tempo em que o holocausto contínuo for tirado, e estabelecida a abominação desoladora, haverá mil duzentos e noventa dias.
  12. Bem-aventurado é o que espera e chega aos mil trezentos e trinta e cinco dias.
  13. Tu, porém, vai-te, até que chegue o fim; pois descansarás, e estarás no teu quinhão ao fim dos dias.

Ezequiel Oséias

Esta é a interpretação, ó rei é o decreto do Altíssimo, que é vindo sobre o rei, meu senhor: serás expulso do meio dos homens, e a tua morada será com os animais do campo, e te farão comer erva como os bois, e serás molhado do orvalho do céu, e passar-se-ão sete tempos por cima de ti; até que conheças que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer. E quanto ao que foi dito, que deixassem o tronco com as raízes da árvore, o teu reino voltará para ti, depois que tiveres conhecido que o céu reina. Portanto, ó rei, aceita o meu conselho, e põe fim aos teus pecados, praticando a justiça, e às tuas iniqüidades, usando de misericórdia com os pobres, se, porventura, se prolongar a tua tranqüilidade.

Daniel 4:24-27