Isaac Newton 1642-1727
Sua Infância
Curiosamente, Isaac Newton nasceu menos de um ano apôs a morte de Galileu (que, por sua vez, nascera três dias antes da morte de Michelangelo, um dos maiores artistas do Renascimento). Teve saúde extremamente frágil nos primeiros meses de vida e cedo perdeu o pai, sendo criado pelos avós quando a mãe casou-se novamente. Consta que não se destacava muito nos estudos antes da adolescência e que adorava ficar inventando e construindo pequenos objetos, desde pipas até relógio solares e de água.
Um tio que trabalhava na Universidade de Cambridge percebeu suas tendências e conseguiu levá-lo para estudar nessa universidade. Durante os anos em que lá permaneceu, Newton não foi considerado excepcionalmente brilhante, mas, mesmo assim, desenvolveu um recurso matemático que ainda hoje leva seu nome: o binômio de Newton. (Com esse recurso, pode-se obter rapidamente as potências da soma de dois termos).
A Maçã
Na época em que se formou, uma epidemia de peste assolava Londres, o que o fez retirar-se para a fazenda da mãe. Foi ali que fez sua observação mais famosa: viu uma maça cair de uma árvore. Esse fenômeno corriqueiro o levou a pensar que haveria uma força puxando a fruta para a Terra e que essa mesma força poderia também estar puxando a Lua, impedindo-a de escapar de sua órbita, espaço afora. (Só bem mais tarde, levando em conta os estudos de Galileu e Kepler, além de suas próprias experiências e cálculos, Newton formularia essa ideia no seguinte princípio: “A velocidade da queda é proporcional à força da gravidade, e inversamente proporcional ao quadrado da distância até o centro da Terra”.)
Essa teria sido a primeira vez em que se cogitava que uma mesma lei física (a atração dos corpos) pudesse se aplicar tanto a objetos terrestres quanto a corpos celestes. Até então, seguindo o raciocínio de Aristóteles, achava-se que esses dois mundos – Terra e céu – tivessem naturezas completamente diferentes, sendo cada um regido por um conjunto específico de leis.
“Se enxerguei além dos outros, é por que estava no ombro de gigantes” (Isaac Newton)
Fenômenos Luminosos
As experiências de Newton com a luz também possibilitaram descobertas surpreendentes. A mais conhecida delas foi conseguida quando deixou um pequeno feixe de luz do Sol penetrar numa sala escura e atravessar um prisma de vidro. Verificou que o feixe se abria ao sair do prisma, revelando ser constituído de luzes de diferentes cores, dispostas na mesma ordem em que aprecem no arco-íris. Para que essas cores não fossem acrescentadas pelo próprio vidro, Newton fez o feixe colorido passar por um segundo prisma. Como resultado, as cores voltaram a se juntar, provando que sua reunião formava outro feixe de luz branca, igual ao inicial.
O fenômeno da refração luminosa ocorria, de fato, sempre que a luz atravessava prismas ou lentes (de modo menos pronunciado), o que limitava a eficiência dos telescópios. Newton projetou então um telescópio refletor, no qual a concentração da luz, em vez de ser feita com uma lente, era obtida pela reflexão num espelho parabólico. Esse princípio é utilizado até hoje na maioria dos telescópios.
Disputas
Já conhecido por suas experiências ópticas, Newton retornou a Cambridge, onde se tornaria professor catedrático de Matemática (um posto altíssimo), com apenas 27 anos. Mais tarde, foi eleito membro da Royal Society. Nesta sociedade de estudos científicos, passou a enfrentar a frequente inimizade de Robert Hooke. Esse relacionamento belicoso era piorado pela extrema suscetibilidade de Newton às críticas. A maior contenda entre os dois (dentre as muitas ocorridas ao longo dos anos) dizia respeito à natureza da luz: Newton acreditava ser ela composta por partículas; já para Hooke, a luz era feita de ondas, tal como o som, (Essa disputa prosseguiria até muito depois da morte de ambos. Podemos hoje considerar, à luz dos conhecimentos mais avançados, que essa partida resultou, por assim dizer, num empate com dois vendedores: a luz tem uma natureza simultaneamente ondulatória e corpuscular.)
Outra disputa, desta vez internacional, envolveu Newton e o matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz. Ambos criaram, independentemente – e, para complicar as coisas, quase ao mesmo tempo – o cálculo infinitesimal, com base nos estudos feitos pelo francês Pierre de Fermat.
Publicações científicas
Em 1687, Newton publicou sua mais importante obra, Philosophiae naturalis principia athematica [Princípios matemáticos da filosofia natural]. Nessa obra, ele inclui todos os seus conhecimentos científicos. Ali constam, por exemplo, suas famosas três leis do movimento, que lhe permitiram formular matematicamente o valor da força de atração entre dois corpos quaisquer, em qualquer parte do universo. Embora Newton soubesse que a gravidade era constante, esse valor ainda permaneceria desconhecido por um século, até ser determinado por Cavendish.
Com essa relação, conhecida como lei da gravitação universal, conseguia-se, por fim, descrever adequadamente os movimentos de todos os corpos do Sistema Solar, incluindo as menores irregularidades de seus trânsitos. Estas podiam agora ser explicadas como resultantes da influência gravitacional dos vários corpos entre si.
Se Copérnico costuma ser visto como o iniciador de um período de progresso intelectual chamado Revolução Científica, Newton pode ser considerado o ápice dessa ascensão. Suas conclusões explicavam maior número de fenômenos com o menor número possível de elementos. (isto é o que muitos estudiosos chamam de “solução elegante”.)
Certa vez, o astrônomo Edmund Halley (o descobridor do cometa que leva seu nome) perguntou a Newton como conseguia realizar tantas descobertas notáveis. Ele respondeu que as atribuía mais a um esforço contínuo do pensamento do que à inspiração ou à percepção súbita. Esse esforço mental, porém, devia deixá-lo tão consumido que, aos 50 anos de idade, precisou interromper sua produção por dois anos, devido a um esgotamento nervoso. (Diz-se que uma vela teria caído sobre um calhamaço de cálculos desenvolvidos por vários anos.) Isso não o impediu, porém de retornar seu trabalho, nem de se tornar membro do Parlamento inglês ou ser diretor da Casa da Moeda.
Em 1703, foi eleito presidente da Royal Society (quando Hooke já estava morto), cargo para o qual foi reeleito anualmente, enquanto viveu. Em 1704, publicou Opticks, livro que versa sobre suas descobertas no campo da Óptica.
Curiosamente, Newton ficou grisalho com apenas 30 anos, mas se manteve em atividade mental por toda a vida. Aos 80 anos, orgulhava-se de enxergar e ouvir bem e de ainda possuir todos os dentes!
Tentando avaliar sua carreira científica, ele disse certa vez: “Tenho a impressão de Ter sido uma criança brincando à beira-mar, divertindo-me em descobrir uma pedrinha mais lisa ou uma concha mais bonita que as outras, enquanto o imenso oceano da verdade continua misteriosos diante de meus olhos”.
O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei?