13/03/2021
Atos dos Apóstolos
Atos 1
- Fiz o primeiro tratado, ó Teófilo, acerca de tudo quanto Jesus começou a fazer e ensinar,
- até o dia em que foi levado para cima, depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera;
- aos quais também, depois de haver padecido, se apresentou vivo, com muitas provas infalíveis, aparecendo-lhes por espaço de quarenta dias, e lhes falando das coisas concernentes ao reino de Deus.
- Estando com eles, ordenou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual (disse ele) de mim ouvistes.
- Porque, na verdade, João batizou em água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo, dentro de poucos dias.
- Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe, dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel?
- Respondeu-lhes: A vós não vos compete saber os tempos ou as épocas, que o Pai reservou à sua própria autoridade.
- Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra.
- Tendo ele dito estas coisas, foi levado para cima, enquanto eles olhavam, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos.
- Estando eles com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles apareceram dois varões vestidos de branco,
- os quais lhes disseram: Varões galileus, por que ficais aí olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi elevado para o céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir.
- Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras, que está perto de Jerusalém, à distância da jornada de um sábado.
- E, entrando, subiram ao cenáculo, onde permaneciam Pedro e João, Tiago e André, Felipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus; Tiago, filho de Alfeu, Simão o Zelote, e Judas, filho de Tiago.
- Todos estes perseveravam unanimemente em oração, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele.
- Naqueles dias levantou-se Pedro no meio dos irmãos, sendo o número de pessoas ali reunidas cerca de cento e vinte, e disse:
- Irmãos, convinha que se cumprisse a escritura que o Espírito Santo predisse pela boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam a Jesus;
- pois ele era contado entre nós e teve parte neste ministério.
- (Ora, ele adquiriu um campo com o salário da sua iniquidade; e precipitando-se, caiu prostrado e arrebentou pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram.
- E tornou-se isto conhecido de todos os habitantes de Jerusalém; de maneira que na própria língua deles esse campo se chama Acéldama, isto é, Campo de Sangue.)
- Porquanto no livro dos Salmos está escrito: Fique deserta a sua habitação, e não haja quem nela habite; e: Tome outro o seu ministério.
- É necessário, pois, que dos varões que conviveram conosco todo o tempo em que o Senhor Jesus andou entre nós,
- começando desde o batismo de João até o dia em que dentre nós foi levado para cima, um deles se torne testemunha conosco da sua ressurreição.
- E apresentaram dois: José, chamado Barsabás, que tinha por sobrenome o Justo, e Matias.
- E orando, disseram: Tu, Senhor, que conheces os corações de todos, mostra qual destes dois tens escolhido
- para tomar o lugar neste ministério e apostolado, do qual Judas se desviou para ir ao seu próprio lugar.
- Então deitaram sortes a respeito deles e caiu a sorte sobre Matias, e por voto comum foi ele contado com os onze apóstolos.
Atos 2
- Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.
- De repente veio do céu um ruído, como que de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados.
- E lhes apareceram umas línguas como que de fogo, que se distribuíam, e sobre cada um deles pousou uma.
- E todos ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
- Habitavam então em Jerusalém judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu.
- Ouvindo-se, pois, aquele ruído, ajuntou-se a multidão; e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua.
- E todos pasmavam e se admiravam, dizendo uns aos outros: Pois quê! não são galileus todos esses que estão falando?
- Como é, pois, que os ouvimos falar cada um na própria língua em que nascemos?
- Nós, partos, medos, e elamitas; e os que habitamos a Mesopotâmia, a Judéia e a Capadócia, o Ponto e a Ásia,
- a Frígia e a Panfília, o Egito e as partes da Líbia próximas a Cirene, e forasteiros romanos, tanto judeus como prosélitos,
- cretenses e árabes – ouvímo-los em nossas línguas, falar das grandezas de Deus.
- E todos pasmavam e estavam perplexos, dizendo uns aos outros: Que quer dizer isto?
- E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.
- Então Pedro, pondo-se em pé com os onze, levantou a voz e disse-lhes: Varões judeus e todos os que habitais em Jerusalém, seja- vos isto notório, e escutai as minhas palavras.
- Pois estes homens não estão embriagados, como vós pensais, visto que é apenas a terceira hora do dia.
- Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel:
- E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos mancebos terão visões, os vossos anciãos terão sonhos;
- e sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e eles profetizarão.
- E mostrarei prodígios em cima no céu; e sinais embaixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumaça.
- O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e glorioso dia do Senhor.
- e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.
- Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;
- a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos;
- ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que fosse retido por ela.
- Porque dele fala Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado;
- por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; e além disso a minha carne há de repousar em esperança;
- pois não deixarás a minha alma no hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção;
- fizeste-me conhecer os caminhos da vida; encher-me-ás de alegria na tua presença.
- Irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura.
- Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que faria sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes –
- prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, que a sua alma não foi deixada no hades, nem a sua carne viu a corrupção.
- Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.
- De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis.
- Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
- até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés.
- Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.
- E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos?
- Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo.
- Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar.
- E com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava, dizendo: salvai-vos desta geração perversa.
- De sorte que foram batizados os que receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas;
- e perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações.
- Em cada alma havia temor, e muitos prodígios e sinais eram feitos pelos apóstolos.
- Todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum.
- E vendiam suas propriedades e bens e os repartiam por todos, segundo a necessidade de cada um.
- E, perseverando unânimes todos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração,
- louvando a Deus, e caindo na graça de todo o povo. E cada dia acrescentava-lhes o Senhor os que iam sendo salvos.
Atos 3
- Pedro e João subiam ao templo à hora da oração, a nona.
- E, era carregado um homem, coxo de nascença, o qual todos os dias punham à porta do templo, chamada Formosa, para pedir esmolas aos que entravam.
- Ora, vendo ele a Pedro e João, que iam entrando no templo, pediu que lhe dessem uma esmola.
- E Pedro, com João, fitando os olhos nele, disse: Olha para nós.
- E ele os olhava atentamente, esperando receber deles alguma coisa.
- Disse-lhe Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho, isso te dou; em nome de Jesus Cristo, o nazareno, anda.
- Nisso, tomando-o pela mão direita, o levantou; imediatamente os seus pés e artelhos se firmaram
- e, dando ele um salto, pôs-se em pé. Começou a andar e entrou com eles no templo, andando, saltando e louvando a Deus.
- Todo o povo, ao vê-lo andar e louvar a Deus,
- reconhecia-o como o mesmo que estivera sentado a pedir esmola à Porta Formosa do templo; e todos ficaram cheios de pasmo e assombro, pelo que lhe acontecera.
- Apegando-se o homem a Pedro e João, todo o povo correu atônito para junto deles, ao pórtico chamado de Salomão.
- Pedro, vendo isto, disse ao povo: Varões israelitas, por que vos admirais deste homem? Ou, por que fitais os olhos em nós, como se por nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar?
- O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu Servo Jesus, a quem vós entregastes e perante a face de Pilatos negastes, quando este havia resolvido soltá-lo.
- Mas vós negastes o Santo e Justo, e pedistes que se vos desse um homicida;
- e matastes o Autor da vida, a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, do que nós somos testemunhas.
- E pela fé em seu nome fez o seu nome fortalecer a este homem que vedes e conheceis; sim, a fé, que vem por ele, deu a este, na presença de todos vós, esta perfeita saúde.
- Agora, irmãos, eu sei que o fizestes por ignorância, como também as vossas autoridades.
- Mas Deus assim cumpriu o que já dantes pela boca de todos os seus profetas havia anunciado que o seu Cristo havia de padecer.
- Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor,
- e envie ele o Cristo, que já dantes vos foi indicado, Jesus,
- ao qual convém que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, das quais Deus falou pela boca dos seus santos profetas, desde o princípio.
- Pois Moisés disse: Suscitar-vos-á o Senhor vosso Deus, dentre vossos irmãos, um profeta semelhante a mim; a ele ouvireis em tudo quanto vos disser.
- E acontecerá que toda alma que não ouvir a esse profeta, será exterminada dentre o povo.
- E todos os profetas, desde Samuel e os que sucederam, quantos falaram, também anunciaram estes dias.
- Vós sois os filhos dos profetas e do pacto que Deus fez com vossos pais, dizendo a Abraão: Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra.
- Deus suscitou a seu Servo, e a vós primeiramente vo-lo enviou para que vos abençoasse, desviando-vos, a cada um, das vossas maldades.
Atos 4
- Enquanto eles estavam falando ao povo, sobrevieram-lhes os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus,
- doendo-se muito de que eles ensinassem o povo, e anunciassem em Jesus a ressurreição dentre os mortos,
- deitaram mão neles, e os encerraram na prisão até o dia seguinte; pois era já tarde.
- Muitos, porém, dos que ouviram a palavra, creram, e se elevou o número dos homens a quase cinco mil.
- No dia seguinte, reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos, os escribas,
- e Anás, o sumo sacerdote, e Caifás, João, Alexandre, e todos quantos eram da linhagem do sumo sacerdote.
- E, pondo-os no meio deles, perguntaram: Com que poder ou em nome de quem fizestes vós isto?
- Então Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e vós, anciãos,
- se nós hoje somos inquiridos acerca do benefício feito a um enfermo, e do modo como foi curado,
- seja conhecido de vós todos, e de todo o povo de Israel, que em nome de Jesus Cristo, o nazareno, aquele a quem vós crucificastes e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, nesse nome está este aqui, são diante de vós.
- Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta como pedra angular.
- E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em que devamos ser salvos.
- Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que haviam estado com Jesus.
- E vendo em pé com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário.
- Todavia, mandando-os sair do sinédrio, conferenciaram entre si,
- dizendo: Que havemos de fazer a estes homens? porque a todos os que habitam em Jerusalém é manifesto que por eles foi feito um sinal notório, e não o podemos negar.
- Mas, para que não se divulgue mais entre o povo, ameacemo-los para que de ora em diante não falem neste nome a homem algum.
- E, chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem nem ensinassem em nome de Jesus.
- Mas Pedro e João, respondendo, lhes disseram: Julgai vós se é justo diante de Deus ouvir-nos antes a vós do que a Deus;
- pois nós não podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido.
- Mas eles ainda os ameaçaram mais, e, não achando motivo para os castigar, soltaram-nos, por causa do povo; porque todos glorificavam a Deus pelo que acontecera;
- pois tinha mais de quarenta anos o homem em quem se operara esta cura milagrosa.
- E soltos eles, foram para os seus, e contaram tudo o que lhes haviam dito os principais sacerdotes e os anciãos.
- Ao ouvirem isto, levantaram unanimemente a voz a Deus e disseram: Senhor, tu que fizeste o céu, a terra, o mar, e tudo o que neles há;
- que pelo Espírito Santo, por boca de nosso pai Davi, teu servo, disseste: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?
- Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram- se à uma, contra o Senhor e contra o seu Ungido.
- Porque verdadeiramente se ajuntaram, nesta cidade, contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, não só Herodes, mas também Pôncio Pilatos com os gentios e os povos de Israel;
- para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho predeterminaram que se fizesse.
- Agora pois, ó Senhor, olha para as suas ameaças, e concede aos teus servos que falam com toda a intrepidez a tua palavra,
- enquanto estendes a mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome de teu santo Servo Jesus.
- E, tendo eles orado, tremeu o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com intrepidez a palavra de Deus.
- Da multidão dos que criam, era um só o coração e uma só a alma, e ninguém dizia que coisa alguma das que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns.
- Com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça.
- Pois não havia entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que vendiam e o depositavam aos pés dos apóstolos.
- E se repartia a qualquer um que tivesse necessidade.
- então José, cognominado pelos apóstolos Barnabé (que quer dizer, filho de consolação), levita, natural de Chipre,
- possuindo um campo, vendeu-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos.
Atos 5
- Mas um certo homem chamado Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade,
- e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e levando a outra parte, a depositou aos pés dos apóstolos.
- Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço do terreno?
- Enquanto o possuías, não era teu? e vendido, não estava o preço em teu poder? Como, pois, formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.
- E Ananias, ouvindo estas palavras, caiu e expirou. E grande temor veio sobre todos os que souberam disto.
- Levantando-se os moços, cobriram-no e, transportando-o para fora, o sepultaram.
- Depois de um intervalo de cerca de três horas, entrou também sua mulher, sabendo o que havia acontecido.
- E perguntou-lhe Pedro: Dize-me vendestes por tanto aquele terreno? E ela respondeu: Sim, por tanto.
- Então Pedro lhe disse: Por que é que combinastes entre vós provar o Espírito do Senhor? Eis aí à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e te levarão também a ti.
- Imediatamente ela caiu aos pés dele e expirou. E entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a para fora, sepultaram-na ao lado do marido.
- Sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos os que ouviram estas coisas.
- E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos de comum acordo no pórtico de Salomão.
- Dos outros, porém, nenhum ousava ajuntar-se a eles; mas o povo os tinha em grande estima;
- e cada vez mais se agregavam crentes ao Senhor em grande número tanto de homens como de mulheres;
- a ponto de transportarem os enfermos para as ruas, e os porem em leitos e macas, para que ao passar Pedro, ao menos sua sombra cobrisse alguns deles.
- Também das cidades circunvizinhas afluía muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais eram todos curados.
- Levantando-se o sumo sacerdote e todos os que estavam com ele (isto é, a seita dos saduceus), encheram-se de inveja,
- deitaram mão nos apóstolos, e os puseram na prisão pública.
- Mas de noite um anjo do Senhor abriu as portas do cárcere e, tirando-os para fora, disse:
- Ide, apresentai-vos no templo, e falai ao povo todas as palavras desta vida.
- Ora, tendo eles ouvido isto, entraram de manhã cedo no templo e ensinavam. Chegando, porém o sumo sacerdote e os que estavam com ele, convocaram o sinédrio, com todos os anciãos dos filhos de Israel, e enviaram guardas ao cárcere para trazê-los.
- Mas os guardas, tendo lá ido, não os acharam na prisão; e voltando, lho anunciaram,
- dizendo: Achamos realmente o cárcere fechado com toda a segurança, e as sentinelas em pé às portas; mas, abrindo-as, a ninguém achamos dentro.
- E quando o capitão do templo e os principais sacerdotes ouviram estas palavras ficaram perplexos acerca deles e do que viria a ser isso.
- Então chegou alguém e lhes anunciou: Eis que os homens que encerrastes na prisão estão no templo, em pé, a ensinar o povo.
- Nisso foi o capitão com os guardas e os trouxe, não com violência, porque temiam ser apedrejados pelo povo.
- E tendo-os trazido, os apresentaram ao sinédrio. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:
- Não vos admoestamos expressamente que não ensinásseis nesse nome? e eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
- Respondendo Pedro e os apóstolos, disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens.
- O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus, ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro;
- sim, Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão de pecados.
- E nós somos testemunhas destas coisas, e bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
- Ora, ouvindo eles isto, se enfureceram e queriam matá-los.
- Mas, levantando-se no sinédrio certo fariseu chamado Gamaliel, doutor da lei, acatado por todo o povo, mandou que por um pouco saíssem aqueles homens;
- e prosseguiu: Varões israelitas, acautelai-vos a respeito do que estai para fazer a estes homens.
- Porque, há algum tempo, levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; ao qual se ajuntaram uns quatrocentos homens; mas ele foi morto, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos e reduzidos a nada.
- Depois dele levantou-se Judas, o galileu, nos dias do recenseamento, e levou muitos após si; mas também este pereceu, e todos quantos lhe obedeciam foram dispersos.
- Agora vos digo: Dai de mão a estes homens, e deixai-os, porque este conselho ou esta obra, caso seja dos homens, se desfará;
- mas, se é de Deus, não podereis derrotá-los; para que não sejais, porventura, achados até combatendo contra Deus.
- Concordaram, pois, com ele, e tendo chamado os apóstolos, açoitaram-nos e mandaram que não falassem em nome de Jesus, e os soltaram.
- Retiraram-se pois da presença do sinédrio, regozijando-se de terem sido julgados dignos de sofrer afronta pelo nome de Jesus.
- E todos os dias, no templo e de casa em casa, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus, o Cristo.
Atos 6
- Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos helenistas contra os hebreus, porque as viúvas daqueles estavam sendo esquecidas na distribuição diária.
- E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas.
- Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais encarreguemos deste serviço.
- Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra.
- O parecer agradou a todos, e elegeram a Estevão, homem cheio de fé e do Espírito Santo, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Pármenas, e Nicolau, prosélito de Antioquia,
- e os apresentaram perante os apóstolos; estes, tendo orado, lhes impuseram as mãos.
- E divulgava-se a palavra de Deus, de sorte que se multiplicava muito o número dos discípulos em Jerusalém e muitos sacerdotes obedeciam à fé.
- Ora, Estêvão, cheio de graça e poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
- Levantaram-se, porém, alguns que eram da sinagoga chamada dos libertos, dos cireneus, dos alexandrinos, dos da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão;
- e não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.
- Então subornaram uns homens para que dissessem: Temo-lo ouvido proferir palavras blasfemas contra Moisés e contra Deus.
- Assim excitaram o povo, os anciãos, e os escribas; e investindo contra ele, o arrebataram e o levaram ao sinédrio;
- e apresentaram falsas testemunhas que diziam: Este homem não cessa de proferir palavras contra este santo lugar e contra a lei;
- porque nós o temos ouvido dizer que esse Jesus, o nazareno, há de destruir este lugar e mudar os costumes que Moisés nos transmitiu.
- Então todos os que estavam assentados no sinédrio, fitando os olhos nele, viram o seu rosto como de um anjo.
Atos 7
- E disse o sumo sacerdote: Porventura são assim estas coisas?
- Estêvão respondeu: Irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a nosso pai Abraão, estando ele na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã,
- e disse-lhe: Sai da tua terra e dentre a tua parentela, e dirige-te à terra que eu te mostrar.
- Então saiu da terra dos caldeus e habitou em Harã. Dali, depois que seu pai faleceu, Deus o trouxe para esta terra em que vós agora habitais.
- E não lhe deu nela herança, nem sequer o espaço de um pé; mas prometeu que lha daria em possessão, e depois dele à sua descendência, não tendo ele ainda filho.
- Pois Deus disse que a sua descendência seria peregrina em terra estranha e que a escravizariam e maltratariam por quatrocentos anos.
- Mas eu julgarei a nação que os tiver escravizado, disse Deus; e depois disto sairão, e me servirão neste lugar.
- E deu-lhe o pacto da circuncisão; assim então gerou Abraão a Isaque, e o circuncidou ao oitavo dia; e Isaque gerou a Jacó, e Jacó aos doze patriarcas.
- Os patriarcas, movidos de inveja, venderam José para o Egito; mas Deus era com ele,
- e o livrou de todas as suas tribulações, e lhe deu graça e sabedoria perante Faraó, rei do Egito, que o constituiu governador sobre o Egito e toda a sua casa.
- Sobreveio então uma fome a todo o Egito e Canaã, e grande tribulação; e nossos pais não achavam alimentos.
- Mas tendo ouvido Jacó que no Egito havia trigo, enviou ali nossos pais pela primeira vez.
- E na segunda vez deu-se José a conhecer a seus irmãos, e a sua linhagem tornou-se manifesta a Faraó.
- Então José mandou chamar a seu pai Jacó, e a toda a sua parentela – setenta e cinco almas.
- Jacó, pois, desceu ao Egito, onde morreu, ele e nossos pais;
- e foram transportados para Siquém e depositados na sepultura que Abraão comprara por certo preço em prata aos filhos de Emor, em Siquém.
- Enquanto se aproximava o tempo da promessa que Deus tinha feito a Abraão, o povo crescia e se multiplicava no Egito;
- até que se levantou ali outro rei, que não tinha conhecido José.
- Usando esse de astúcia contra a nossa raça, maltratou a nossos pais, ao ponto de fazê-los enjeitar seus filhos, para que não vivessem.
- Nesse tempo nasceu Moisés, e era mui formoso, e foi criado três meses em casa de seu pai.
- Sendo ele enjeitado, a filha de Faraó o recolheu e o criou como seu próprio filho.
- Assim Moisés foi instruído em toda a sabedoria dos egípcios, e era poderoso em palavras e obras.
- Ora, quando ele completou quarenta anos, veio-lhe ao coração visitar seus irmãos, os filhos de Israel.
- E vendo um deles sofrer injustamente, defendeu-o, e vingou o oprimido, matando o egípcio.
- Cuidava que seus irmãos entenderiam que por mão dele Deus lhes havia de dar a liberdade; mas eles não entenderam.
- No dia seguinte apareceu-lhes quando brigavam, e quis levá-los à paz, dizendo: Homens, sois irmãos; por que vos maltratais um ao outro?
- Mas o que fazia injustiça ao seu próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu senhor e juiz sobre nós?
- Acaso queres tu matar-me como ontem mataste o egípcio?
- A esta palavra fugiu Moisés, e tornou-se peregrino na terra de Madiã, onde gerou dois filhos.
- E passados mais quarenta anos, apareceu-lhe um anjo no deserto do monte Sinai, numa chama de fogo no meio de uma sarça.
- Moisés, vendo isto, admirou-se da visão; e, aproximando-se ele para observar, soou a voz do Senhor;
- Eu sou o deus de teus pais, o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó. E Moisés ficou trêmulo e não ousava olhar.
- Disse-lhe então o Senhor: Tira as alparcas dos teus pés, porque o lugar em que estás é terra santa.
- Vi, com efeito, a aflição do meu povo no Egito, ouvi os seus gemidos, e desci para livrá-lo. Agora pois vem, e enviar-te-ei ao Egito.
- A este Moisés que eles haviam repelido, dizendo: Quem te constituiu senhor e juiz? a este enviou Deus como senhor e libertador, pela mão do anjo que lhe aparecera na sarça.
- Foi este que os conduziu para fora, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, e no Mar Vermelho, e no deserto por quarenta anos.
- Este é o Moisés que disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta como eu.
- Este é o que esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai, e com nossos pais, o qual recebeu palavras de vida para vo-las dar;
- ao qual os nossos pais não quiseram obedecer, antes o rejeitaram, e em seus corações voltaram ao Egito,
- dizendo a arão: Faze-nos deuses que vão adiante de nós; porque a esse Moisés que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe aconteceu.
- Fizeram, pois, naqueles dias o bezerro, e ofereceram sacrifício ao ídolo, e se alegravam nas obras das suas mãos.
- Mas Deus se afastou, e os abandonou ao culto das hostes do céu, como está escrito no livro dos profetas: Porventura me oferecestes vítimas e sacrifícios por quarenta anos no deserto, ó casa de Israel?
- Antes carregastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que vós fizestes para adorá-las. Desterrar-vos-ei pois, para além da Babilônia.
- Entre os nossos pais no deserto estava o tabernáculo do testemunho, como ordenara aquele que disse a Moisés que o fizesse segundo o modelo que tinha visto;
- o qual nossos pais, tendo-o por sua vez recebido, o levaram sob a direção de Josué, quando entraram na posse da terra das nações que Deus expulsou da presença dos nossos pais, até os dias de Davi,
- que achou graça diante de Deus, e pediu que lhe fosse dado achar habitação para o Deus de Jacó.
- Entretanto foi Salomão quem lhe edificou uma casa;
- mas o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta:
- O céu é meu trono, e a terra o escabelo dos meus pés. Que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual o lugar do meu repouso?
- Não fez, porventura, a minha mão todas estas coisas?
- Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo; como o fizeram os vossos pais, assim também vós.
- A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que dantes anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora vos tornastes traidores e homicidas,
- vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes.
- Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, e rangiam os dentes contra Estêvão.
- Mas ele, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos no céu, viu a glória de Deus, e Jesus em pé à direita de Deus,
- e disse: Eis que vejo os céus abertos, e o Filho do homem em pé à direita de Deus.
- Então eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos, e arremeteram unânimes contra ele
- e, lançando-o fora da cidade o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um mancebo chamado Saulo.
- Apedrejavam, pois, a Estêvão que orando, dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.
- E pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. Tendo dito isto, adormeceu. E Saulo consentia na sua morte.
Atos 8
- Naquele dia levantou-se grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos exceto os apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e da Samária.
- E uns homens piedosos sepultaram a Estêvão, e fizeram grande pranto sobre ele.
- Saulo porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão.
- No entanto os que foram dispersos iam por toda parte, anunciando a palavra.
- E descendo Filipe à cidade de Samária, pregava-lhes a Cristo.
- As multidões escutavam, unânimes, as coisas que Filipe dizia, ouvindo-o e vendo os sinais que operava;
- pois saíam de muitos possessos os espíritos imundos, clamando em alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados;
- pelo que houve grande alegria naquela cidade.
- Ora, estava ali certo homem chamado Simão, que vinha exercendo naquela cidade a arte mágica, fazendo pasmar o povo da Samária, e dizendo ser ele uma grande personagem;
- ao qual todos atendiam, desde o menor até o maior, dizendo: Este é o Poder de Deus que se chama Grande.
- Eles o atendiam porque já desde muito tempo os vinha fazendo pasmar com suas artes mágicas.
- Mas, quando creram em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus e do nome de Jesus, batizavam-se homens e mulheres.
- E creu até o próprio Simão e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e admirava-se, vendo os sinais e os grandes milagres que se faziam.
- Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, tendo ouvido que os da Samária haviam recebido a palavra de Deus, enviaram-lhes Pedro e João;
- os quais, tendo descido, oraram por eles, para que recebessem o Espírito Santo.
- Porque sobre nenhum deles havia ele descido ainda; mas somente tinham sido batizados em nome do Senhor Jesus.
- Então lhes impuseram as mãos, e eles receberam o Espírito Santo.
- Quando Simão viu que pela imposição das mãos dos apóstolos se dava o Espírito Santo, ofereceu-lhes dinheiro,
- dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu impuser as mãos, receba o Espírito Santo.
- Mas disse-lhe Pedro: Vá tua prata contigo à perdição, pois cuidaste adquirir com dinheiro o dom de Deus.
- Tu não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
- Arrepende-te, pois, dessa tua maldade, e roga ao Senhor para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração;
- pois vejo que estás em fel de amargura, e em laços de iniquidade.
- Respondendo, porém, Simão, disse: Rogai vós por mim ao Senhor, para que nada do que haveis dito venha sobre mim.
- Eles, pois, havendo testificado e falado a palavra do Senhor, voltando para Jerusalém, evangelizavam muitas aldeias dos samaritanos.
- Mas um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto.
- E levantou-se e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo- mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adorar,
- regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
- Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.
- E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes, porventura, o que estás lendo?
- Ele respondeu: Pois como poderei entender, se alguém não me ensinar? e rogou a Filipe que subisse e com ele se sentasse.
- Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como a ovelha ao matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim ele não abre a sua boca.
- Na sua humilhação foi tirado o seu julgamento; quem contará a sua geração? porque a sua vida é tirada da terra.
- Respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? de si mesmo, ou de algum outro?
- Então Filipe tomou a palavra e, começando por esta escritura, anunciou-lhe a Jesus.
- E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado?
- [E disse Felipe: é lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus.]
- mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o batizou.
- Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco, que jubiloso seguia o seu caminho.
- Mas Filipe achou-se em Azoto e, indo passando, evangelizava todas as cidades, até que chegou a Cesaréia.
Atos 9
- Saulo, porém, respirando ainda ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor, dirigiu-se ao sumo sacerdote,
- e pediu-lhe cartas para Damasco, para as sinagogas, a fim de que, caso encontrasse alguns do Caminho, quer homens quer mulheres, os conduzisse presos a Jerusalém.
- Mas, seguindo ele viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente o cercou um resplendor de luz do céu;
- e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
- Ele perguntou: Quem és tu, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
- mas levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o que te cumpre fazer.
- Os homens que viajavam com ele quedaram-se emudecidos, ouvindo, na verdade, a voz, mas não vendo ninguém.
- Saulo levantou-se da terra e, abrindo os olhos, não via coisa alguma; e, guiando-o pela mão, conduziram-no a Damasco.
- E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
- Ora, havia em Damasco certo discípulo chamado Ananias; e disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! Respondeu ele: Eis-me aqui, Senhor.
- Ordenou-lhe o Senhor: Levanta-te, vai à rua chamada Direita e procura em casa de Judas um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando;
- e viu um homem chamado Ananias entrar e impor-lhe as mãos, para que recuperasse a vista.
- Respondeu Ananias: Senhor, a muitos ouvi acerca desse homem, quantos males tem feito aos teus santos em Jerusalém;
- e aqui tem poder dos principais sacerdotes para prender a todos os que invocam o teu nome.
- Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome perante os gentios, e os reis, e os filhos de Israel;
- pois eu lhe mostrarei quanto lhe cumpre padecer pelo meu nome.
- Partiu Ananias e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, enviou-me para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo.
- Logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista: então, levantando-se, foi batizado.
- E, tendo tomado alimento, ficou fortalecido. Depois demorou- se alguns dias com os discípulos que estavam em Damasco;
- e logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o filho de Deus.
- Todos os seus ouvintes pasmavam e diziam: Não é este o que em Jerusalém perseguia os que invocavam esse nome, e para isso veio aqui, para os levar presos aos principais sacerdotes?
- Saulo, porém, se fortalecia cada vez mais e confundia os judeus que habitavam em Damasco, provando que Jesus era o Cristo.
- Decorridos muitos dias, os judeus deliberaram entre si matá-lo.
- Mas as suas ciladas vieram ao conhecimento de Saulo. E como eles guardavam as portas de dia e de noite para tirar-lhe a vida,
- os discípulos, tomando-o de noite, desceram-no pelo muro, dentro de um cesto.
- Tendo Saulo chegado a Jerusalém, procurava juntar-se aos discípulos; mas todos o temiam, não crendo que fosse discípulo.
- Então Barnabé, tomando-o consigo, o levou aos apóstolos, e lhes contou como no caminho ele vira o Senhor e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus.
- Assim andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo,
- e pregando ousadamente em nome do Senhor. Falava e disputava também com os helenistas; mas procuravam matá-lo.
- Os irmãos, porém, quando o souberam, acompanharam-no até Cesaréia e o enviaram a Tarso.
- Assim, pois, a igreja em toda a Judéia, Galiléia e Samária, tinha paz, sendo edificada, e andando no temor do Senhor; e, pelo auxílio do Espírito Santo, se multiplicava.
- E aconteceu que, passando Pedro por toda parte, veio também aos santos que habitavam em Lida.
- Achou ali certo homem, chamado Enéias, que havia oito anos jazia numa cama, porque era paralítico.
- Disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura; levanta e faze a tua cama. E logo se levantou.
- E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor.
- Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, que traduzido quer dizer Dorcas, a qual estava cheia de boas obras e esmolas que fazia.
- Ora, aconteceu naqueles dias que ela, adoecendo, morreu; e, tendo-a lavado, a colocaram no cenáculo.
- Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: Não te demores em vir ter conosco.
- Pedro levantou-se e foi com eles; quando chegou, levaram-no ao cenáulo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe as túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas.
- Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pôs-se de joelhos e orou; e voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se.
- Ele, dando-lhe a mão, levantou-a e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva.
- Tornou-se isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor.
- Pedro ficou muitos dias em Jope, em casa de um curtidor chamado Simão.
Atos 10
- Um homem em Cesaréia, por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana,
- piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus,
- cerca da hora nona do dia, viu claramente em visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e lhe dizia: Cornélio!
- Este, fitando nele os olhos e atemorizado, perguntou: Que é, Senhor? O anjo respondeu-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus;
- agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro;
- este se acha hospedado com um certo Simão, curtidor, cuja casa fica à beira-mar. [Ele te dirá o que deves fazer.]
- Logo que se retirou o anjo que lhe falava, Cornélio chamou dois dos seus domésticos e um piedoso soldado dos que estavam a seu serviço;
- e, havendo contado tudo, os enviou a Jope.
- No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao eirado para orar, cerca de hora sexta.
- E tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase,
- e via o céu aberto e um objeto descendo, como se fosse um grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra,
- no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu.
- E uma voz lhe disse: Levanta-te, Pedro, mata e come.
- Mas Pedro respondeu: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda.
- Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
- Sucedeu isto por três vezes; e logo foi o objeto recolhido ao céu.
- Enquanto Pedro refletia, perplexo, sobre o que seria a visão que tivera, eis que os homens enviados por Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam à porta.
- E, chamando, indagavam se ali estava hospedado Simão, que tinha por sobrenome Pedro.
- Estando Pedro ainda a meditar sobre a visão, o Espírito lhe disse: Eis que dois homens te procuram.
- Levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu tos enviei.
- E descendo Pedro ao encontro desses homens, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que viestes?
- Eles responderam: O centurião Cornélio, homem justo e temente a Deus e que tem bom testemunho de toda a nação judaica, foi avisado por um santo anjo para te chamar à sua casa e ouvir as tuas palavras.
- Pedro, pois, convidando-os a entrar, os hospedou. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles, e alguns irmãos, dentre os de Jope, o acompanharam.
- No outro dia entrou em Cesaréia. E Cornélio os esperava, tendo reunido os seus parentes e amigos mais íntimos.
- Quando Pedro ia entrar, veio-lhe Cornélio ao encontro e, prostrando-se a seus pés, o adorou.
- Mas Pedro o ergueu, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem.
- E conversando com ele, entrou e achou muitos reunidos,
- e disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo;
- pelo que, sendo chamado, vim sem objeção. Pergunto pois: Por que razão mandastes chamar-me?
- Então disse Cornélio: Faz agora quatro dias que eu estava orando em minha casa à hora nona, e eis que diante de mim se apresentou um homem com vestiduras resplandescentes,
- e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus.
- Envia, pois, a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro; ele está hospedado em casa de Simão, curtidor, à beira-mar.
- Portanto mandei logo chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora pois estamos todos aqui presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto te foi ordenado pelo Senhor.
- Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas;
- mas que lhe é aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica o que é justo.
- A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo (este é o Senhor de todos) –
- esta palavra, vós bem sabeis, foi proclamada por toda a Judéia, começando pela Galiléia, depois do batismo que João pregou,
- concernente a Jesus de Nazaré, como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; o qual andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele.
- Nós somos testemunhas de tudo quanto fez, tanto na terra dos judeus como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro.
- A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e lhe concedeu que se manifestasse,
- não a todo povo, mas às testemunhas predeterminadas por Deus, a nós, que comemos e bebemos juntamente com ele depois que ressurgiu dentre os mortos;
- este nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos vivos e dos mortos.
- A ele todos os profetas dão testemunho de que todo o que nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome.
- Enquanto Pedro ainda dizia estas coisas, desceu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
- Os crentes que eram de circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os gentios se derramasse o dom do Espírito Santo;
- porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus.
- Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo?
- Mandou, pois, que fossem batizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe rogaram que ficasse com eles por alguns dias.
Atos 11
- Ora, ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus.
- E quando Pedro subiu a Jerusalém, disputavam com ele os que eram da circuncisão,
- dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles.
- Pedro, porém, começou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo:
- Estava eu orando na cidade de Jope, e em êxtase tive uma visão; descia um objeto, como se fosse um grande lençol, sendo baixado do céu pelas quatro pontas, e chegou perto de mim.
- E, fitando nele os olhos, o contemplava, e vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu.
- Ouvi também uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro, mata e come.
- Mas eu respondi: De modo nenhum, Senhor, pois nunca em minha boca entrou coisa alguma comum e imunda.
- Mas a voz respondeu-me do céu segunda vez: Não chames tu comum ao que Deus purificou.
- Sucedeu isto por três vezes; e tudo tornou a recolher-se ao céu.
- E eis que, nesse momento, pararam em frente à casa onde estávamos três homens que me foram enviados de Cesaréia.
- Disse-me o Espírito que eu fosse com eles, sem hesitar; e também estes seis irmãos foram comigo e entramos na casa daquele homem.
- E ele nos contou como vira em pé em sua casa o anjo, que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro,
- o qual te dirá palavras pelas quais serás salvo, tu e toda a tua casa.
- Logo que eu comecei a falar, desceu sobre eles o Espírito Santo, como também sobre nós no princípio.
- Lembrei-me então da palavra do Senhor, como disse: João, na verdade, batizou com água; mas vós sereis batizados no Espírito Santo.
- Portanto, se Deus lhes deu o mesmo dom que dera também a nós, ao crermos no Senhor Jesus Cristo, quem era eu, para que pudesse resistir a Deus?
- Ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus, dizendo: Assim, pois, Deus concedeu também aos gentios o arrependimento para a vida.
- Aqueles, pois, que foram dispersos pela tribulação suscitada por causa de Estêvão, passaram até a Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus.
- Havia, porém, entre eles alguns cíprios e cirenenses, os quais, entrando em Antioquia, falaram também aos gregos, anunciando o Senhor Jesus.
- E a mão do Senhor era com eles, e grande número creu e se converteu ao Senhor.
- Chegou a notícia destas coisas aos ouvidos da igreja em Jerusalém; e enviaram Barnabé a Antioquia;
- o qual, quando chegou e viu a graça de Deus, se alegrou, e exortava a todos a perseverarem no Senhor com firmeza de coração;
- porque era homem de bem, e cheio do Espírito Santo e de fé. E muita gente se uniu ao Senhor.
- Partiu, pois, Barnabé para Tarso, em busca de Saulo;
- e tendo-o achado, o levou para Antioquia. E durante um ano inteiro reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente; e em Antioquia os discípulos pela primeira vez foram chamados cristãos.
- Naqueles dias desceram profetas de Jerusalém para Antioquia;
- e levantando-se um deles, de nome Ágabo, dava a entender pelo Espírito, que haveria uma grande fome por todo o mundo, a qual ocorreu no tempo de Cláudio.
- E os discípulos resolveram mandar, cada um conforme suas posses, socorro aos irmãos que habitavam na Judéia;
- o que eles com efeito fizeram, enviando-o aos anciãos por mão de Barnabé e Saulo.
Atos 12
- Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar;
- e matou à espada Tiago, irmão de João.
- Vendo que isso agradava aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. (Eram então os dias dos pães ázimos.)
- E, havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a quatro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencionando apresentá-lo ao povo depois da páscoa.
- Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele.
- Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão.
- E eis que sobreveio um anjo do Senhor, e uma luz resplandeceu na prisão; e ele, tocando no lado de Pedro, o despertou, dizendo: Levanta-te depressa. E caíram-lhe das mãos as cadeias.
- Disse-lhe ainda o anjo: Cinge-te e calça as tuas sandálias. E ele o fez. Disse-lhe mais; Cobre-te com a tua capa e segue-me.
- Pedro, saindo, o seguia, mesmo sem compreender que era real o que se fazia por intermédio de um anjo, julgando que era uma visão.
- Depois de terem passado a primeira e a segunda sentinela, chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, a qual se lhes abriu por si mesma; e tendo saído, passaram uma rua, e logo o anjo se apartou dele.
- Pedro então, tornando a si, disse: Agora sei verdadeiramente que o Senhor enviou o seu anjo, e me livrou da mão de Herodes e de toda a expectativa do povo dos judeus.
- Depois de assim refletir foi à casa de Maria, mãe de João, que tem por sobrenome Marcos, onde muitas pessoas estavam reunidas e oravam.
- Quando ele bateu ao portão do pátio, uma criada chamada Rode saiu a escutar;
- e, reconhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu o portão, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava lá fora.
- Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, assegurava que assim era. Eles então diziam: É o seu anjo.
- Mas Pedro continuava a bater, e, quando abriram, viram-no e pasmaram.
- Mas ele, acenando-lhes com a mão para que se calassem, contou-lhes como o Senhor o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar.
- Logo que amanheceu, houve grande alvoroço entre os soldados sobre o que teria sido feito de Pedro.
- E Herodes, tendo-o procurado e não o achando, inquiriu as sentinelas e mandou que fossem justiçadas; e descendo da Judéia para Cesaréia, demorou-se ali.
- Ora, Herodes estava muito irritado contra os de Tiro e de Sidom; mas estes, vindo de comum acordo ter com ele e obtendo a amizade de Blasto, camareiro do rei, pediam paz, porquanto o seu país se abastecia do país do rei.
- num dia designado, Herodes, vestido de trajes reais, sentou- se no trono e dirigia-lhes a palavra.
- E o povo exclamava: É a voz de um deus, e não de um homem.
- No mesmo instante o anjo do Senhor o feriu, porque não deu glória a Deus; e, comido de vermes, expirou.
- E a palavra de Deus crescia e se multiplicava.
- Barnabé e Saulo, havendo terminando aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando consigo a João, que tem por sobrenome Marcos.
Atos 13
- Ora, na igreja em Antioquia havia profetas e mestres, a saber: Barnabé, Simeão, chamado Níger, Lúcio de Cirene, Manaém, colaço de Herodes o tetrarca, e Saulo.
- Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.
- Então, depois que jejuaram, oraram e lhes impuseram as mãos, os despediram.
- Estes, pois, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.
- Chegados a Salamina, anunciavam a palavra de Deus nas sinagogas dos judeus, e tinham a João como auxiliar.
- Havendo atravessado a ilha toda até Pafos, acharam um certo mago, falso profeta, judeu, chamado Bar-Jesus,
- que estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou a Barnabé e Saulo e mostrou desejo de ouvir a palavra de Deus.
- Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando desviar a fé do procônsul.
- Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele,
- disse: Ó filho do Diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os caminhos retos do Senhor?
- Agora eis a mão do Senhor sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. Imediatamente caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão.
- Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhando-se da doutrina do Senhor.
- Tendo Paulo e seus companheiros navegado de Pafos, chegaram a Perge, na Panfília. João, porém, apartando-se deles, voltou para Jerusalém.
- Mas eles, passando de Perge, chegaram a Antioquia da Psídia; e entrando na sinagoga, no dia de sábado, sentaram-se.
- Depois da leitura da lei e dos profetas, os chefes da sinagoga mandaram dizer-lhes: Irmãos, se tendes alguma palavra de exortação ao povo, falai.
- Então Paulo se levantou e, pedindo silêncio com a mão, disse: Varões israelitas, e os que temeis a Deus, ouvi:
- O Deus deste povo de Israel escolheu a nossos pais, e exaltou o povo, sendo eles estrangeiros na terra do Egito, de onde os tirou com braço poderoso,
- e suportou-lhes os maus costumes no deserto por espaço de quase quarenta anos;
- e, havendo destruído as sete nações na terra de Canaã, deu- lhes o território delas por herança durante cerca de quatrocentos e cinquenta anos.
- Depois disto, deu-lhes juízes até o profeta Samuel.
- Então pediram um rei, e Deus lhes deu por quarenta anos a Saul, filho de Cis, varão da tribo de Benjamim.
- E tendo deposto a este, levantou-lhes como rei a Davi, ao qual também, dando testemunho, disse: Achei a Davi, filho de Jessé, homem segundo o meu coração, que fará toda a minha vontade.
- Da descendência deste, conforme a promessa, trouxe Deus a Israel um Salvador, Jesus;
- havendo João, antes da aparecimento dele, pregado a todo o povo de Israel o batismo de arrependimento.
- Mas João, quando completava a carreira, dizia: Quem pensais vós que su sou? Eu não sou o Cristo, mas eis que após mim vem aquele a quem não sou digno de desatar as alparcas dos pés.
- Irmãos, filhos da estirpe de Abraão, e os que dentre vós temem a Deus, a nós é enviada a palavra desta salvação.
- Pois, os que habitam em Jerusalém e as suas autoridades, porquanto não conheceram a este Jesus, condenando-o, cumpriram as mesmas palavras dos profetas que se ouvem ler todos os sábados.
- E, se bem que não achassem nele nenhuma causa de morte, pediram a Pilatos que ele fosse morto.
- Quando haviam cumprido todas as coisas que dele estavam escritas, tirando-o do madeiro, o puseram na sepultura;
- mas Deus o ressuscitou dentre os mortos;
- e ele foi visto durante muitos dias por aqueles que com ele subiram da Galiléia a Jerusalém, os quais agora são suas testemunhas para com o povo.
- E nós vos anunciamos as boas novas da promessa, feita aos pais,
- a qual Deus nos tem cumprido, a nós, filhos deles, levantando a Jesus, como também está escrito no salmo segundo: Tu és meu Filho, hoje te gerei.
- E no tocante a que o ressuscitou dentre os mortos para nunca mais tornar à corrupção, falou Deus assim: Dar-vos-ei as santas e fiéis bênçãos de Davi;
- pelo que ainda em outro salmo diz: Não permitirás que o teu Santo veja a corrupção.
- Porque Davi, na verdade, havendo servido a sua própria geração pela vontade de Deus, dormiu e foi depositado junto a seus pais e experimentou corrupção.
- Mas aquele a quem Deus ressuscitou nenhuma corrupção experimentou.
- Seja-vos pois notório, varões, que por este se vos anuncia a remissão dos pecados.
- E de todas as coisas de que não pudestes ser justificados pela lei de Moisés, por ele é justificado todo o que crê.
- Cuidai pois que não venha sobre vós o que está dito nos profetas:
- Vede, ó desprezadores, admirai-vos e desaparecei; porque realizo uma obra em vossos dias, obra em que de modo algum crereis, se alguém vo-la contar.
- Quando iam saindo, rogavam que estas palavras lhes fossem repetidas no sábado seguinte.
- E, despedida a sinagoga, muitos judeus e prosélitos devotos seguiram a Paulo e Barnabé, os quais, falando-lhes, os exortavam a perseverarem na graça de Deus.
- No sábado seguinte reuniu-se quase toda a cidade para ouvir a palavra de Deus.
- Mas os judeus, vendo as multidões, encheram-se de inveja e, blasfemando, contradiziam o que Paulo falava.
- Então Paulo e Barnabé, falando ousadamente, disseram: Era mister que a vós se pregasse em primeiro lugar a palavra de Deus; mas, visto que a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos viramos para os gentios;
- porque assim nos ordenou o Senhor: Eu te pus para luz dos gentios, a fim de que sejas para salvação até os confins da terra.
- Os gentios, ouvindo isto, alegravam-se e glorificavam a palavra do Senhor; e creram todos quantos haviam sido destinados para a vida eterna.
- E divulgava-se a palavra do Senhor por toda aquela região.
- Mas os judeus incitaram as mulheres devotas de alta posição e os principais da cidade, suscitaram uma perseguição contra Paulo e Barnabé, e os lançaram fora dos seus termos.
- Mas estes, sacudindo contra eles o pó dos seus pés, partiram para Icônio.
- Os discípulos, porém, estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
Atos 14
- Em Icônio entraram juntos na sinagoga dos judeus e falaram de tal modo que creu uma grande multidão tanto de judeus como de gregos.
- Mas os judeus incrédulos excitaram e irritaram os ânimos dos gentios contra os irmãos.
- Eles, entretanto, se demoraram ali por muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da sua graça, concedendo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios.
- E se dividiu o povo da cidade; uns eram pelos judeus, e outros pelos apóstolos.
- E, havendo um motim tanto dos gentios como dos judeus, juntamente com as suas autoridades, para os ultrajarem e apedrejarem,
- eles, sabendo-o, fugiram para Listra e Derbe, cidades da Licaônia, e a região circunvizinha;
- e ali pregavam o evangelho.
- Em Listra estava sentado um homem aleijado dos pés, coxo de nascença e que nunca tinha andado.
- Este ouvia falar Paulo, que, fitando nele os olhos e vendo que tinha fé para ser curado,
- disse em alta voz: Levanta-te direito sobre os teus pés. E ele saltou, e andava.
- As multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nós.
- A Barnabé chamavam Júpiter e a Paulo, Mercúrio, porque era ele o que dirigia a palavra.
- O sacerdote de Júpiter, cujo templo estava em frente da cidade, trouxe para as portas touros e grinaldas e, juntamente com as multidões, queria oferecer-lhes sacrifícios.
- Quando, porém, os apóstolos Barnabé e Paulo ouviram isto, rasgaram as suas vestes e saltaram para o meio da multidão, clamando
- e dizendo: Senhores, por que fazeis estas coisas? Nós também somos homens, de natureza semelhante à vossa, e vos anunciamos o evangelho para que destas práticas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar, e tudo quanto há neles;
- o qual nos tempos passados permitiu que todas as nações andassem nos seus próprios caminhos.
- Contudo não deixou de dar testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos chuvas do céu e estações frutíferas, enchendo-vos de mantimento, e de alegria os vossos corações.
- E dizendo isto, com dificuldade impediram as multidões de lhes oferecerem sacrifícios.
- Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e de Icônio e, havendo persuadido as multidões, apedrejaram a Paulo, e arrastaram-no para fora da cidade, cuidando que estava morto.
- Mas quando os discípulos o rodearam, ele se levantou e entrou na cidade. No dia seguinte partiu com Barnabé para Derbe.
- E, tendo anunciado o evangelho naquela cidade e feito muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia,
- confirmando as almas dos discípulos, exortando-os a perseverarem na fé, dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus.
- E, havendo-lhes feito eleger anciãos em cada igreja e orado com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido.
- Atravessando então a Pisídia, chegaram à Panfília.
- E, tendo anunciado a palavra em Perge, desceram a Atália.
- E dali navegaram para Antioquia, donde tinham sido encomendados à graça de Deus para a obra que acabavam de cumprir.
- Quando chegaram e reuniram a igreja, relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles, e como abrira aos gentios a porta da fé.
- E ficaram ali não pouco tempo, com os discípulos.
Atos 15
- Então alguns que tinham descido da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes, segundo o rito de Moisés, não podeis ser salvos.
- Tendo Paulo e Barnabé contenda e não pequena discussão com eles, os irmãos resolveram que Paulo e Barnabé e mais alguns dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, por causa desta questão.
- Eles, pois, sendo acompanhados pela igreja por um trecho do caminho, passavam pela Fenícia e por Samária, contando a conversão dos gentios; e davam grande alegria a todos os irmãos.
- E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e relataram tudo quanto Deus fizera por meio deles.
- Mas alguns da seita dos fariseus, que tinham crido, levantaram-se dizendo que era necessário circuncidá-los e mandar-lhes observar a lei de Moisés.
- Congregaram-se pois os apóstolos e os anciãos para considerar este assunto.
- E, havendo grande discussão, levantou-se Pedro e disse-lhes: Irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho e cressem.
- E Deus, que conhece os corações, testemunhou a favor deles, dando-lhes o Espírito Santo, assim como a nós;
- e não fez distinção alguma entre eles e nós, purificando os seus corações pela fé.
- Agora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem nossos pais nem nós pudemos suportar?
- Mas cremos que somos salvos pela graça do Senhor Jesus, do mesmo modo que eles também.
- Então toda a multidão se calou e escutava a Barnabé e a Paulo, que contavam quantos sinais e prodígios Deus havia feito por meio deles entre os gentios.
- Depois que se calaram, Tiago, tomando a palavra, disse: Irmãos, ouvi-me:
- Simão relatou como primeiramente Deus visitou os gentios para tomar dentre eles um povo para o seu Nome.
- E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito:
- Depois disto voltarei, e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído; reedificarei as suas ruínas, e tornarei a levantá-lo;
- para que o resto dos homens busque ao Senhor, sim, todos os gentios, sobre os quais é invocado o meu nome,
- diz o Senhor que faz estas coisas, que são conhecidas desde a antiguidade.
- Por isso, julgo que não se deve perturbar aqueles, dentre os gentios, que se convertem a Deus,
- mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue.
- Porque Moisés, desde tempos antigos, tem em cada cidade homens que o preguem, e cada sábado é lido nas sinagogas.
- Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos com toda a igreja escolher homens dentre eles e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os irmãos.
- E por intermédio deles escreveram o seguinte: Os apóstolos e os anciãos, irmãos, aos irmãos dentre os gentios em Antioquia, na Síria e na Cicília, saúde.
- Portanto ouvimos que alguns dentre nós, aos quais nada mandamos, vos têm perturbado com palavras, confundindo as vossas almas,
- pareceu-nos bem, tendo chegado a um acordo, escolher alguns homens e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo,
- homens que têm exposto as suas vidas pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo.
- Enviamos portanto Judas e Silas, os quais também por palavra vos anunciarão as mesmas coisas.
- Porque pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas necessárias:
- Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição; e destas coisas fareis bem de vos guardar. Bem vos vá.
- Então eles, tendo-se despedido, desceram a Antioquia e, havendo reunido a assembléia, entregaram a carta.
- E, quando a leram, alegraram-se pela consolação.
- Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram os irmãos com muitas palavras e os fortaleceram.
- E, tendo-se demorado ali por algum tempo, foram pelos irmãos despedidos em paz, de volta aos que os haviam mandado.
- [Mas pareceu bem a Silas ficar ali.]
- Mas Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia, ensinando e pregando com muitos outros a palavra do Senhor.
- Decorridos alguns dias, disse Paulo a Barnabé: Tornemos a visitar os irmãos por todas as cidades em que temos anunciado a palavra do Senhor, para ver como vão.
- Ora, Barnabé queria que levassem também a João, chamado Marcos.
- Mas a Paulo não parecia razoável que tomassem consigo aquele que desde a Panfília se tinha apartado deles e não os tinha acompanhado no trabalho.
- E houve entre eles tal desavença que se separaram um do outro, e Barnabé, levando consigo a Marcos, navegou para Chipre.
- Mas Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu encomendado pelos irmãos à graça do Senhor.
- E passou pela Síria e Cilícia, fortalecendo as igrejas.
Atos 16
- Chegou também a Derbe e Listra. E eis que estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia crente, mas de pai grego;
- do qual davam bom testemunho os irmãos em Listra e Icônio.
- Paulo quis que este fosse com ele e, tomando-o, o circuncidou por causa dos judeus que estavam naqueles lugares; porque todos sabiam que seu pai era grego.
- Quando iam passando pelas cidades, entregavam aos irmãos, para serem observadas, as decisões que haviam sido tomadas pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém.
- Assim as igrejas eram confirmadas na fé, e dia a dia cresciam em número.
- Atravessaram a região frígio-gálata, tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia;
- e tendo chegado diante da Mísia, tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu.
- Então, passando pela Mísia, desceram a Trôade.
- De noite apareceu a Paulo esta visão: estava ali em pé um homem da Macedônia, que lhe rogava: Passa à Macedônia e ajuda-nos.
- E quando ele teve esta visão, procuravamos logo partir para a Macedônia, concluindo que Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o evangelho.
- Navegando, pois, de Trôade, fomos em direitura a Samotrácia, e no dia seguinte a Neápolis;
- e dali para Filipos, que é a primeira cidade desse distrito da Macedônia, e colônia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade.
- No sábado saímos portas afora para a beira do rio, onde julgávamos haver um lugar de oração e, sentados, falávamos às mulheres ali reunidas.
- E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia.
- Depois que foi batizada, ela e a sua casa, rogou-nos, dizendo: Se haveis julgado que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso.
- Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores.
- Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: São servos do Deus Altíssimo estes homens que vos anunciam um caminho de salvação.
- E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou- se e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora saiu.
- Ora, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro havia desaparecido, prenderam a Paulo e Silas, e os arrastaram para uma praça à presença dos magistrados.
- E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo judeus, estão perturbando muito a nossa cidade.
- e pregam costumes que não nos é lícito receber nem praticar, sendo nós romanos.
- A multidão levantou-se à uma contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoitá-los com varas.
- E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança.
- Ele, tendo recebido tal ordem, os lançou na prisão interior e lhes segurou os pés no tronco.
- Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam.
- De repente houve um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os grilhões de todos.
- Ora, o carcereiro, tendo acordado e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada e ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido.
- Mas Paulo bradou em alta voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, porque todos aqui estamos.
- Tendo ele pedido luz, saltou dentro e, todo trêmulo, se prostrou ante Paulo e Silas
- e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que me é necessário fazer para me salvar?
- Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.
- Então lhe pregaram a palavra de Deus, e a todos os que estavam em sua casa.
- Tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou- lhes as feridas; e logo foi batizado, ele e todos os seus.
- Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou- se muito com toda a sua casa, por ter crido em Deus.
- Quando amanheceu, os magistrados mandaram quadrilheiros a dizer: Soltai aqueles homens.
- E o carcereiro transmitiu a Paulo estas palavras, dizendo: Os magistrados mandaram que fosseis soltos; agora, pois, saí e ide em paz.
- Mas Paulo respondeu-lhes: Açoitaram-nos publicamente sem sermos condenados, sendo cidadãos romanos, e nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? De modo nenhum será assim; mas venham eles mesmos e nos tirem.
- E os quadrilheiros foram dizer aos magistrados estas palavras, e estes temeram quando ouviram que eles eram romanos;
- vieram, pediram-lhes desculpas e, tirando-os para fora, rogavam que se retirassem da cidade.
- Então eles saíram da prisão, entraram em casa de Lídia, e, vendo os irmãos, os confortaram, e partiram.
Atos 17
- Tendo passado por Anfípolis e Apolônia, chegaram a Tessalônica, onde havia uma sinagoga dos judeus.
- Ora, Paulo, segundo o seu costume, foi ter com eles; e por três sábados discutiu com eles as Escrituras,
- expondo e demonstrando que era necessário que o Cristo padecesse e ressuscitasse dentre os mortos; este Jesus que eu vos anuncio, dizia ele, é o Cristo.
- E alguns deles ficaram persuadidos e aderiram a Paulo e Silas, bem como grande multidão de gregos devotos e não poucas mulheres de posição.
- Mas os judeus, movidos de inveja, tomando consigo alguns homens maus dentre os vadios e ajuntando o povo, alvoroçavam a cidade e, assaltando a casa de Jáson, os procuravam para entregá-los ao povo.
- Porém, não os achando, arrastaram Jáson e alguns irmãos à presença dos magistrados da cidade, clamando: Estes que têm transtornado o mundo chegaram também aqui,
- os quais Jáson acolheu; e todos eles procedem contra os decretos de César, dizendo haver outro rei, que é Jesus.
- Assim alvoroçaram a multidão e os magistrados da cidade, que ouviram estas coisas.
- Tendo, porém, recebido fiança de Jáson e dos demais, soltaram-nos.
- E logo, de noite, os irmãos enviaram Paulo e Silas para Beréia; tendo eles ali chegado, foram à sinagoga dos judeus.
- Ora, estes eram mais nobres do que os de Tessalônica, porque receberam a palavra com toda avidez, examinando diariamente as Escrituras para ver se estas coisas eram assim.
- De sorte que muitos deles creram, bem como bom número de mulheres gregas de alta posição e não poucos homens.
- Mas, logo que os judeus de Tessalônica souberam que também em Beréia era anunciada por Paulo a palavra de Deus, foram lá agitar e sublevar as multidões.
- Imediatamente os irmãos fizeram sair a Paulo para que fosse até o mar; mas Silas e Timóteo ficaram ali.
- E os que acompanhavam a Paulo levaram-no até Atenas e, tendo recebido ordem para Silas e Timóteo a fim de que estes fossem ter com ele o mais depressa possível, partiram.
- Enquanto Paulo os esperava em Atenas, revoltava-se nele o seu espírito, vendo a cidade cheia de ídolos.
- Argumentava, portanto, na sinagoga com os judeus e os gregos devotos, e na praça todos os dias com os que se encontravam ali.
- Ora, alguns filósofos epicureus e estóicos disputavam com ele. Uns diziam: Que quer dizer este paroleiro? E outros: Parece ser pregador de deuses estranhos; pois anunciava a boa nova de Jesus e a ressurreição.
- E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?
- Pois tu nos trazes aos ouvidos coisas estranhas; portanto queremos saber o que vem a ser isto.
- Ora, todos os atenienses, como também os estrangeiros que ali residiam, de nenhuma outra coisa se ocupavam senão de contar ou de ouvir a última novidade.
- Então Paulo, estando de pé no meio do Areópago, disse: Varões atenienses, em tudo vejo que sois excepcionalmente religiosos;
- Porque, passando eu e observando os objetos do vosso culto, encontrei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais sem o conhecer, é o que vos anuncio.
- O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo ele Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;
- nem tampouco é servido por mãos humanas, como se necessitasse de alguma coisa; pois ele mesmo é quem dá a todos a vida, a respiração e todas as coisas;
- e de um só fez todas as raças dos homens, para habitarem sobre toda a face da terra, determinando-lhes os tempos já dantes ordenados e os limites da sua habitação;
- para que buscassem a Deus, se porventura, tateando, o pudessem achar, o qual, todavia, não está longe de cada um de nós;
- porque nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois dele também somos geração.
- Sendo nós, pois, geração de Deus, não devemos pensar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida pela arte e imaginação do homem.
- Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda agora que todos os homens em todo lugar se arrependam;
- porquanto determinou um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do varão que para isso ordenou; e disso tem dado certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos.
- Mas quando ouviram falar em ressurreição de mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos ainda outra vez.
- Assim Paulo saiu do meio deles.
- Todavia, alguns homens aderiram a ele, e creram, entre os quais Dionísio, o areopagita, e uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros.
Atos 18
- Depois disto Paulo partiu para Atenas e chegou a Corinto.
- E encontrando um judeu por nome Áqüila, natural do Ponto, que pouco antes viera da Itália, e Priscila, sua mulher (porque Cláudio tinha decretado que todos os judeus saíssem de Roma), foi ter com eles,
- e, por ser do mesmo ofício, com eles morava, e juntos trabalhavam; pois eram, por ofício, fabricantes de tendas.
- Ele discutia todos os sábados na sinagoga, e persuadia a judeus e gregos.
- Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo dedicou- se inteiramente à palavra, testificando aos judeus que Jesus era o Cristo.
- Como estes, porém, se opusessem e proferissem injúrias, sacudiu ele as vestes e disse-lhes: O vosso sangue seja sobre a vossa cabeça; eu estou limpo, e desde agora vou para os gentios.
- E saindo dali, entrou em casa de um homem temente a Deus, chamado Tito Justo, cuja casa ficava junto da sinagoga.
- Crispo, chefe da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos coríntios, ouvindo, criam e eram batizados.
- E de noite disse o Senhor em visão a Paulo: Não temas, mas fala e não te cales;
- porque eu estou contigo e ninguém te acometerá para te fazer mal, pois tenho muito povo nesta cidade.
- E ficou ali um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus.
- Sendo Gálio procônsul da Acaia, levantaram-se os judeus de comum acordo contra Paulo, e o levaram ao tribunal,
- dizendo: Este persuade os homens a render culto a Deus de um modo contrário à lei.
- E, quando Paulo estava para abrir a boca, disse Gálio aos judeus: Se de fato houvesse, ó judeus, algum agravo ou crime perverso, com razão eu vos sofreria;
- mas, se são questões de palavras, de nomes, e da vossa lei, disso cuidai vós mesmos; porque eu não quero ser juiz destas coisas.
- E expulsou-os do tribunal.
- Então todos agarraram Sóstenes, chefe da sinagoga, e o espancavam diante do tribunal; e Gálio não se importava com nenhuma dessas coisas.
- Paulo, tendo ficado ali ainda muitos dias, despediu-se dos irmãos e navegou para a Síria, e com ele Priscila e Áqüila, havendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto.
- E eles chegaram a Éfeso, onde Paulo os deixou; e tendo entrado na sinagoga, discutia com os judeus.
- Estes rogavam que ficasse por mais algum tempo, mas ele não anuiu,
- antes se despediu deles, dizendo: Se Deus quiser, de novo voltarei a vós; e navegou de Éfeso.
- Tendo chegado a Cesaréia, subiu a Jerusalém e saudou a igreja, e desceu a Antioquia.
- E, tendo demorado ali algum tempo, partiu, passando sucessivamente pela região da Galácia e da Frígia, fortalecendo a todos os discípulos.
- Ora, chegou a Éfeso certo judeu chamado Apolo, natural de Alexandria, homem eloqüente e poderoso nas Escrituras.
- Era ele instruído no caminho do Senhor e, sendo fervoroso de espírito, falava e ensinava com precisão as coisas concernentes a Jesus, conhecendo entretanto somente o batismo de João.
- Ele começou a falar ousadamente na sinagoga: mas quando Priscila e Áqüila o ouviram, levaram-no consigo e lhe expuseram com mais precisão o caminho de Deus.
- Querendo ele passar à Acáia, os irmãos o animaram e escreveram aos discípulos que o recebessem; e tendo ele chegado, auxiliou muito aos que pela graça haviam crido.
- Pois com grande poder refutava publicamente os judeus, demonstrando pelas escrituras que Jesus era o Cristo.
Atos 19
- E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo tendo atravessado as regiões mais altas, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,
- perguntou-lhes: Recebestes vós o Espírito Santo quando crestes? Responderam-lhe eles: Não, nem sequer ouvimos que haja Espírito Santo.
- Tornou-lhes ele: Em que fostes batizados então? E eles disseram: No batismo de João.
- Mas Paulo respondeu: João administrou o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse naquele que após ele havia de vir, isto é, em Jesus.
- Quando ouviram isso, foram batizados em nome do Senhor Jesus.
- Havendo-lhes Paulo imposto as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas e profetizavam.
- E eram ao todo uns doze homens.
- Paulo, entrando na sinagoga, falou ousadamente por espaço de três meses, discutindo e persuadindo acerca do reino de Deus.
- Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho diante da multidão, apartou-se deles e separou os discípulos, discutindo diariamente na escola de Tirano.
- Durou isto por dois anos; de maneira que todos os que habitavam na Ásia, tanto judeus como gregos, ouviram a palavra do Senhor.
- E Deus pelas mãos de Paulo fazia milagres extraordinários,
- de sorte que lenços e aventais eram levados do seu corpo aos enfermos, e as doenças os deixavam e saíam deles os espíritos malignos.
- Ora, também alguns dos exorcistas judeus, ambulantes, tentavam invocar o nome de Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega.
- E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, um dos principais sacerdotes.
- respondendo, porém, o espírito maligno, disse: A Jesus conheço, e sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?
- Então o homem, no qual estava o espírito maligno, saltando sobre eles, apoderou-se de dois e prevaleceu contra eles, de modo que, nus e feridos, fugiram daquela casa.
- E isto tornou-se conhecido de todos os que moravam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e veio temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido.
- E muitos dos que haviam crido vinham, confessando e revelando os seus feitos.
- Muitos também dos que tinham praticado artes mágicas ajuntaram os seus livros e os queimaram na presença de todos; e, calculando o valor deles, acharam que montava a cinqüenta mil moedas de prata.
- Assim a palavra do Senhor crescia poderosamente e prevalecia.
- Cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e pela Acaia, porque dizia: Depois de haver estado ali, é-me necessário ver também Roma.
- E, enviando à Macedônia dois dos que o auxiliavam, Timóteo e Erasto, ficou ele por algum tempo na Ásia.
- Por esse tempo houve um não pequeno alvoroço acerca do Caminho.
- Porque certo ourives, por nome Demétrio, que fazia da prata miniaturas do templo de Diana, proporcionava não pequeno negócio aos artífices,
- os quais ele ajuntou, bem como os oficiais de obras semelhantes, e disse: Senhores, vós bem sabeis que desta indústria nos vem a prosperidade,
- e estais vendo e ouvindo que não é só em Éfeso, mas em quase toda a Ásia, este Paulo tem persuadido e desviado muita gente, dizendo não serem deuses os que são feitos por mãos humanas.
- E não somente há perigo de que esta nossa profissão caia em descrédito, mas também que o templo da grande deusa Diana seja estimado em nada, vindo mesmo a ser destituída da sua majestade aquela a quem toda a Ásia e o mundo adoram.
- Ao ouvirem isso, encheram-se de ira, e clamavam, dizendo: Grande é a Diana dos efésios!
- A cidade encheu-se de confusão, e todos à uma correram ao teatro, arrebatando a Gaio e a Aristarco, macedônios, companheiros de Paulo na viagem.
- Querendo Paulo apresentar-se ao povo, os discípulos não lho permitiram.
- Também alguns dos asiarcas, sendo amigos dele, mandaram rogar-lhe que não se arriscasse a ir ao teatro.
- Uns, pois, gritavam de um modo, outros de outro; porque a assembléia estava em confusão, e a maior parte deles nem sabia por que causa se tinham ajuntado.
- Então tiraram dentre a turba a Alexandre, a quem os judeus impeliram para a frente; e Alexandre, acenando com a mão, queria apresentar uma defesa ao povo.
- Mas quando perceberam que ele era judeu, todos a uma voz gritaram por quase duas horas: Grande é a Diana dos efésios!
- Havendo o escrivão conseguido apaziguar a turba, disse: Varões efésios, que homem há que não saiba que a cidade dos efésios é a guardadora do templo da grande deusa Diana, e da imagem que caiu de Júpiter?
- Ora, visto que estas coisas não podem ser contestadas, convém que vos aquieteis e nada façais precipitadamente.
- Porque estes homens que aqui trouxestes, nem são sacrílegos nem blasfemadores da nossa deusa.
- Todavia, se Demétrio e os artífices que estão com ele têm alguma queixa contra alguém, os tribunais estão abertos e há procônsules: que se acusem uns aos outros.
- E se demandais alguma outra coisa, averiguar-se-á em legítima assembléia.
- Pois até corremos perigo de sermos acusados de sedição pelos acontecimentos de hoje, não havendo motivo algum com que possamos justificar este ajuntamento.
- E, tendo dito isto, despediu a assembléia.
Atos 20
- Depois que cessou o alvoroço, Paulo mandou chamar os discípulos e, tendo-os exortado, despediu-se e partiu para a Macedônia.
- E, havendo andado por aquelas regiões, exortando os discípulos com muitas palavras, veio à Grécia.
- Depois de passar ali três meses, visto terem os judeus armado uma cilada contra ele quando ia embarcar para a Síria, determinou voltar pela Macedônia.
- Acompanhou-o Sópater de Beréia, filho de Pirro; bem como dos de Tessalônica, Aristarco e Segundo; Gaio de Derbe e Timóteo; e dos da Ásia, Tíquico e Trófimo.
- Estes porém, foram adiante e nos esperavam em Trôade.
- E nós, depois dos dias dos pães ázimos, navegamos de Filipos, e em cinco dias fomos ter com eles em Trôade, onde nos detivemos sete dias.
- No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão, Paulo, que havia de sair no dia seguinte, falava com eles, e prolongou o seu discurso até a meia-noite.
- Ora, havia muitas luzes no cenáculo onde estávamos reunidos.
- E certo jovem, por nome åutico, que estava sentado na janela, tomado de um sono profundo enquanto Paulo prolongava ainda mais o seu sermão, vencido pelo sono caiu do terceiro andar abaixo, e foi levantado morto.
- Tendo Paulo descido, debruçou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis, pois a sua alma está nele.
- Então subiu, e tendo partido o pão e comido, ainda lhes falou largamente até o romper do dia; e assim partiu.
- E levaram vivo o jovem e ficaram muito consolados.
- Nós, porém, tomando a dianteira e embarcando, navegamos para Assôs, onde devíamos receber a Paulo, porque ele, havendo de ir por terra, assim o ordenara.
- E, logo que nos alcançou em Assôs, recebemo-lo a bordo e fomos a Mitilene;
- e navegando dali, chegamos no dia imediato defronte de Quios, no outro aportamos a Samos e [e tendo-nos demorado em Trogílio, chegamos,] no dia seguinte a Mileto.
- Porque Paulo havia determinado passar ao largo de Éfeso, para não se demorar na Ásia; pois se apressava para estar em Jerusalém no dia de Pentecostes, se lhe fosse possível.
- De Mileto mandou a Éfeso chamar os anciãos da igreja.
- E, tendo eles chegado, disse-lhes: Vós bem sabeis de que modo me tenho portado entre vós sempre, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia,
- servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram;
- como não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos publicamente e de casa em casa,
- testificando, tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.
- Agora, eis que eu, constrangido no meu espírito, vou a Jerusalém, não sabendo o que ali acontecerá,
- senão o que o Espírito Santo me testifica, de cidade em cidade, dizendo que me esperam prisões e tribulações.
- mas em nada tenho a minha vida como preciosa para mim, contando que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.
- E eis agora, sei que nenhum de vós, por entre os quais passei pregando o reino de Deus, jamais tornará a ver o meu rosto.
- Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.
- Porque não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus.
- Cuidai pois de vós mesmos e de todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele adquiriu com seu próprio sangue.
- Eu sei que depois da minha partida entrarão no meio de vós lobos cruéis que não pouparão rebanho,
- e que dentre vós mesmos se levantarão homens, falando coisas perversas para atrair os discípulos após si.
- Portanto vigiai, lembrando-vos de que por três anos não cessei noite e dia de admoestar com lágrimas a cada um de vós.
- Agora pois, vos encomendo a Deus e à palavra da sua graça, àquele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados.
- De ninguém cobicei prata, nem ouro, nem vestes.
- Vós mesmos sabeis que estas mãos proveram as minhas necessidades e as dos que estavam comigo.
- Em tudo vos dei o exemplo de que assim trabalhando, é necessário socorrer os enfermos, recordando as palavras do Senhor Jesus, porquanto ele mesmo disse: Coisa mais bem-aventurada é dar do que receber.
- Havendo dito isto, pôs-se de joelhos, e orou com todos eles.
- E levantou-se um grande pranto entre todos, e lançando-se ao pescoço de Paulo, beijavam-no.
- entristecendo-se principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o seu rosto. E eles o acompanharam até o navio.
Atos 21
- E assim aconteceu que, separando-nos deles, navegamos e, correndo em direitura, chegamos a Cós, e no dia seguinte a Rodes, e dali a Pátara.
- Achando um navio que seguia para a Fenícia, embarcamos e partimos.
- E quando avistamos Chipre, deixando-a á esquerda, navegamos para a Síria e chegamos a Tiro, pois o navio havia de ser descarregado ali.
- Havendo achado os discípulos, demoramo-nos ali sete dias; e eles pelo Espírito diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém.
- Depois de passarmos ali aqueles dias, saímos e seguimos a nossa viagem, acompanhando-nos todos, com suas mulheres e filhos, até fora da cidade; e, postos de joelhos na praia, oramos,
- e despedindo-nos uns dos outros, embarcamos, e eles voltaram para casa.
- Concluída a nossa viagem de Tiro, chegamos a Ptolemaida; e, havendo saudado os irmãos, passamos um dia com eles.
- Partindo no dia seguinte, fomos a Cesaréia; e entrando em casa de Felipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.
- Tinha este quatro filhas virgens que profetizavam.
- Demorando-nos ali por muitos dias, desceu da Judéia um profeta, de nome Ágabo;
- e vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo e, ligando os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus ligarão em Jerusalém o homem a quem pertence esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.
- Quando ouvimos isto, rogamos-lhe, tanto nós como os daquele lugar, que não subisse a Jerusalém.
- Então Paulo respondeu: Que fazeis chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.
- E, como não se deixasse persuadir, dissemos: Faça-se a vontade do Senhor; e calamo-nos.
- Depois destes dias, havendo feito os preparativos, fomos subindo a Jerusalém.
- E foram também conosco alguns discípulos de Cesaréia, levando consigo um certo Mnáson, cíprio, discípulo antigo, com quem nos havíamos de hospedar.
- E chegando nós a Jerusalém, os irmãos nos receberam alegremente.
- No dia seguinte Paulo foi em nossa companhia ter com Tiago, e compareceram todos os anciãos.
- E, havendo-os saudado, contou-lhes uma por uma as coisas que por seu ministério Deus fizera entre os gentios.
- Ouvindo eles isto, glorificaram a Deus, e disseram-lhe: Bem vês, irmãos, quantos milhares há entre os judeus que têm crido, e todos são zelosos da lei; gregos, ouviram a palavra do
- e têm sido informados a teu respeito que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a se apartarem de Moisés, dizendo que não circuncidem seus filhos, nem andem segundo os costumes da lei.
- Que se há de fazer, pois? Certamente saberão que és chegado.
- Faze, pois, o que te vamos dizer: Temos quatro homens que fizeram voto;
- toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles as despesas para que rapem a cabeça; e saberão todos que é falso aquilo de que têm sido informados a teu respeito, mas que também tu mesmo andas corretamente, guardando a lei.
- Todavia, quanto aos gentios que têm crido já escrevemos, dando o parecer que se abstenham do que é sacrificado a os ídolos, do sangue, do sufocado e da prostituição.
- Então Paulo, no dia seguinte, tomando consigo aqueles homens, purificou-se com eles e entrou no templo, notificando o cumprimento dos dias da purificação, quando seria feita a favor de cada um deles a respectiva oferta.
- Mas quando os sete dias estavam quase a terminar, os judeus da Ásia, tendo-o visto no templo, alvoroçaram todo o povo e agarraram-no,
- clamando: Varões israelitas, acudi; este é o homem que por toda parte ensina a todos contra o povo, contra a lei, e contra este lugar; e ainda, além disso, introduziu gregos no templo, e tem profanado este santo lugar.
- Porque tinham visto com ele na cidade a Trófimo de Éfeso, e pensavam que Paulo o introduzira no templo.
- Alvoroçou-se toda a cidade, e houve ajuntamento do povo; e agarrando a Paulo, arrastaram-no para fora do templo, e logo as portas se fecharam.
- E, procurando eles matá-lo, chegou ao comandante da coorte o aviso de que Jerusalém estava toda em confusão;
- o qual, tomando logo consigo soldados e centuriões, correu para eles; e quando viram o comandante e os soldados, cessaram de espancar a Paulo.
- Então aproximando-se o comandante, prendeu-o e mandou que fosse acorrentado com duas cadeias, e perguntou quem era e o que tinha feito.
- E na multidão uns gritavam de um modo, outros de outro; mas, não podendo por causa do alvoroço saber a verdade, mandou conduzí-lo à fortaleza.
- E sucedeu que, chegando às escadas, foi ele carregado pelos soldados por causa da violência da turba.
- Pois a multidão o seguia, gritando: Mata-o!
- Quando estava para ser introduzido na fortaleza, disse Paulo ao comandante: É-me permitido dizer-te alguma coisa? Respondeu ele: Sabes o grego?
- Não és porventura o egípcio que há poucos dias fez uma sedição e levou ao deserto os quatro mil sicários?
- Mas Paulo lhe disse: Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia; rogo-te que me permitas falar ao povo.
- E, havendo-lho permitido o comandante, Paulo, em pé na escada, fez sinal ao povo com a mão; e, feito grande silêncio, falou em língua hebraica, dizendo:
Atos 22
- Irmãos e pais, ouvi a minha defesa, que agora faço perante vós.
- Ora, quando ouviram que lhes falava em língua hebraica, guardaram ainda maior silêncio. E ele prosseguiu.
- Eu sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje.
- E persegui este Caminho até a morte, algemando e metendo em prisões tanto a homens como a mulheres,
- do que também o sumo sacerdote me é testemunha, e assim todo o conselho dos anciãos; e, tendo recebido destes cartas para os irmãos, seguia para Damasco, com o fim de trazer algemados a Jerusalém aqueles que ali estivessem, para que fossem castigados.
- Aconteceu, porém, que, quando caminhava e ia chegando perto de Damasco, pelo meio-dia, de repente, do céu brilhou-me ao redor uma grande luz.
- Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?
- Eu respondi: Quem és tu, Senhor? Disse-me: Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu persegues.
- E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, mas não entenderam a voz daquele que falava comigo.
- Então disse eu: Senhor que farei? E o Senhor me disse: Levanta-te, e vai a Damasco, onde se te dirá tudo o que te é ordenado fazer.
- Como eu nada visse por causa do esplendor daquela luz, guiado pela mão dos que estavam comigo cheguei a Damasco.
- um certo Ananias, varão piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam,
- vindo ter comigo, de pé ao meu lado, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela mesma hora, recobrando a vista, eu o vi.
- Disse ele: O Deus de nossos pais de antemão te designou para conhecer a sua vontade, ver o Justo, e ouvir a voz da sua boca.
- Porque hás de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido.
- Agora por que te demoras? Levanta-te, batiza-te e lava os teus pecados, invocando o seu nome.
- Aconteceu que, tendo eu voltado para Jerusalém, enquanto orava no templo, achei-me em êxtase,
- e vi aquele que me dizia: Apressa-te e sai logo de Jerusalém; porque não receberão o teu testemunho acerca de mim.
- Disse eu: Senhor, eles bem sabem que eu encarcerava e açoitava pelas sinagogas os que criam em ti,
- e quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemunha, eu também estava presente, consentindo na sua morte e guardando as capas dos que o matavam.
- Disse-me ele: Vai, porque eu te enviarei para longe aos gentios.
- Ora, escutavam-no até esta palavra, mas então levantaram a voz, dizendo: Tira do mundo tal homem, porque não convém que viva.
- Gritando eles e arrojando de si as capas e lançando pó para o ar,
- o comandante mandou que levassem Paulo para dentro da fortaleza, ordenando que fosse interrogado debaixo de açoites, para saber por que causa assim clamavam contra ele.
- Quando o haviam atado com as correias, disse Paulo ao centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um cidadão romano, sem ser ele condenado?
- Ouvindo isto, foi o centurião ter com o comandante e o avisou, dizendo: Vê o que estás para fazer, pois este homem é romano.
- Vindo o comandante, perguntou-lhe: Dize-me: és tu romano? Respondeu ele: Sou.
- Tornou o comandante: Eu por grande soma de dinheiro adquiri este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento.
- Imediatamente, pois se apartaram dele aqueles que o iam interrogar; e até o comandante, tendo sabido que Paulo era romano, atemorizou-se porque o havia ligado.
- No dia seguinte, querendo saber ao certo a causa por que ele era acusado pelos judeus, soltou-o das prisões, e mandou que se reunissem os principais sacerdotes e todo o sinédrio; e, trazendo Paulo, apresentou-o diante deles.
Atos 23
- Fitando Paulo os olhos no sinédrio, disse: Varões irmãos, até o dia de hoje tenho andado diante de Deus com toda a boa consciência.
- Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele que o ferissem na boca.
- Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá a ti, parede branqueada; tu estás aí sentado para julgar-me segundo a lei, e contra a lei mandas que eu seja ferido?
- Os que estavam ali disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus?
- Disse Paulo: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo.
- Sabendo Paulo que uma parte era de saduceus e outra de fariseus, clamou no sinédrio: Varões irmãos, eu sou fariseu, filho de fariseus; é por causa da esperança da ressurreição dos mortos que estou sendo julgado.
- Ora, dizendo ele isto, surgiu dissensão entre os fariseus e saduceus; e a multidão se dividiu.
- Porque os saduceus dizem que não há ressurreição, nem anjo, nem espírito; mas os fariseus reconhecem uma e outra coisa.
- Daí procedeu grande clamor; e levantando-se alguns da parte dos fariseus, altercavam, dizendo: Não achamos nenhum mal neste homem; e, quem sabe se lhe falou algum espírito ou anjo?
- E avolumando-se a dissenção, o comandante, temendo que Paulo fosse por eles despedaçado, mandou que os soldados descessem e o tirassem do meio deles e o levassem para a fortaleza.
- Na noite seguinte, apresentou-se-lhe o Senhor e disse: Tem bom ânimo: porque, como deste testemunho de mim em Jerusalém, assim importa que o dês também em Roma.
- Quando já era dia, coligaram-se os judeus e juraram sob pena de maldição que não comeriam nem beberiam enquanto não matassem a Paulo.
- Eram mais de quarenta os que fizeram esta conjuração;
- e estes foram ter com os principais sacerdotes e anciãos, e disseram: Conjuramo-nos sob pena de maldição a não provarmos coisa alguma até que matemos a Paulo.
- Agora, pois, vós, com o sinédrio, rogai ao comandante que o mande descer perante vós como se houvésseis de examinar com mais precisão a sua causa; e nós estamos prontos para matá-lo antes que ele chegue.
- Mas o filho da irmã de Paulo tendo sabido da cilada, foi, entrou na fortaleza e avisou a Paulo.
- Chamando Paulo um dos centuriões, disse: Leva este moço ao comandante, porque tem alguma coisa que lhe comunicar.
- Tomando-o ele, pois, levou-o ao comandante e disse: O preso Paulo, chamando-me, pediu-me que trouxesse à tua presença este moço, que tem alguma coisa a dizer-te.
- O comandante tomou-o pela mão e, retirando-se à parte, perguntou-lhe em particular: Que é que tens a contar-me?
- Disse ele: Os judeus combinaram rogar-te que amanhã mandes Paulo descer ao sinédrio, como que tendo de inquirir com mais precisão algo a seu respeito;
- tu, pois, não te deixes persuadir por eles; porque mais de quarenta homens dentre eles armaram ciladas, os quais juraram sob pena de maldição não comerem nem beberem até que o tenham morto; e agora estão aprestados, esperando a tua promessa.
- Então o comandante despediu o moço, ordenando-lhe que a ninguém dissesse que lhe havia contado aquilo.
- Chamando dois centuriões, disse: Aprontai para a terceira hora da noite duzentos soldados de infantaria, setenta de cavalaria e duzentos lanceiros para irem até Cesaréia;
- e mandou que aparelhassem cavalgaduras para que Paulo montasse, a fim de o levarem salvo ao governador Félix.
- E escreveu-lhe uma carta nestes termos:
- Cláudio Lísias, ao excelentíssimo governador Félix, saúde.
- Este homem foi preso pelos judeus, e estava a ponto de ser morto por eles quando eu sobrevim com a tropa e o livrei ao saber que era romano.
- Querendo saber a causa por que o acusavam, levei-o ao sinédrio deles;
- e achei que era acusado de questões da lei deles, mas que nenhum crime havia nele digno de morte ou prisão.
- E quando fui informado que haveria uma cilada contra o homem, logo to enviei, intimando também aos acusadores que perante ti se manifestem contra ele. [Passa bem.]
- Os soldados, pois, conforme lhes fora mandado, tomando a Paulo, o levaram de noite a Antipátride.
- Mas no dia seguinte, deixando aos de cavalaria irem com ele, voltaram à fortaleza;
- os quais, logo que chegaram a Cesaréia e entregaram a carta ao governador, apresentaram-lhe também Paulo.
- Tendo lido a carta, o governador perguntou de que província ele era; e, sabendo que era da Cilícia,
- disse: Ouvir-te-ei quando chegarem também os teus acusadores; e mandou que fosse guardado no pretório de Herodes.
Atos 24
- Cinco dias depois o sumo sacerdote Ananias desceu com alguns anciãos e um certo Tertulo, orador, os quais fizeram, perante o governador, queixa contra Paulo.
- Sendo este chamado, Tertulo começou a acusá-lo, dizendo: Visto que por ti gozamos de muita paz e por tua providência são continuamente feitas reformas nesta nação,
- em tudo e em todo lugar reconhecemo-lo com toda a gratidão, ó excelentíssimo Félix.
- Mas, para que não te detenha muito rogo-te que, conforme a tua eqüidade, nos ouças por um momento.
- Temos achado que este homem é uma peste, e promotor de sedições entre todos os judeus, por todo o mundo, e chefe da seita dos nazarenos;
- o qual tentou profanar o templo; e nós o prendemos, [e conforme a nossa lei o quisemos julgar.
- Mas sobrevindo o comandante Lísias no-lo tirou dentre as mãos com grande violência, mandando aos acusadores que viessem a ti.]
- e tu mesmo, examinando-o, poderás certificar-te de tudo aquilo de que nós o acusamos.
- Os judeus também concordam na acusação, afirmando que estas coisas eram assim.
- Paulo, tendo-lhe o governador feito sinal que falasse, respondeu: Porquanto sei que há muitos anos és juiz sobre esta nação, com bom ânimo faço a minha defesa,
- pois bem podes verificar que não há mais de doze dias subi a Jerusalém para adorar,
- e que não me acharam no templo discutindo com alguém nem amotinando o povo, quer nas sinagogas quer na cidade.
- Nem te podem provar as coisas de que agora me acusam.
- Mas confesso-te isto: que, seguindo o caminho a que eles chamam seita, assim sirvo ao Deus de nossos pais, crendo tudo quanto está escrito na lei e nos profetas,
- tendo esperança em Deus, como estes mesmos também esperam, de que há de haver ressurreição tanto dos justos como dos injustos.
- Por isso procuro sempre ter uma consciência sem ofensas diante de Deus e dos homens.
- Vários anos depois vim trazer à minha nação esmolas e fazer oferendas;
- e ocupado nestas coisas me acharam já santificado no templo não em ajuntamento, nem com tumulto, alguns judeus da Ásia,
- os quais deviam comparecer diante de ti e acusar-me se tivessem alguma coisa contra mim;
- ou estes mesmos digam que iniquidade acharam, quando compareci perante o sinédrio,
- a não ser acerca desta única palavra que, estando no meio deles, bradei: Por causa da ressurreição dos mortos é que hoje estou sendo julgado por vós.
- Félix, porém, que era bem informado a respeito do Caminho, adiou a questão, dizendo: Quando o comandante Lísias tiver descido, então tomarei inteiro conhecimento da vossa causa.
- E ordenou ao centurião que Paulo ficasse detido, mas fosse tratado com brandura e que a nenhum dos seus proibisse servi-lo.
- Alguns dias depois, vindo Félix com sua mulher Drusila, que era judia, mandou chamar a Paulo, e ouviu-o acerca da fé em Cristo Jesus.
- E discorrendo ele sobre a justiça, o domínio próprio e o juízo vindouro, Félix ficou atemorizado e respondeu: Por ora vai-te, e quando tiver ocasião favorável, eu te chamarei.
- Esperava ao mesmo tempo que Paulo lhe desse dinheiro, pelo que o mandava chamar mais freqüentemente e conversava com ele.
- Mas passados dois anos, teve Félix por sucessor a Pórcio Festo; e querendo Félix agradar aos judeus, deixou a Paulo preso.
Atos 25
- Tendo, pois, entrado Festo na província, depois de três dias subiu de Cesaréia a Jerusalém.
- E os principais sacerdotes e os mais eminentes judeus fizeram-lhe queixa contra Paulo e, em detrimento deste,
- lhe rogavam o favor de o mandar a Jerusalém, armando ciladas para o matarem no caminho.
- Mas Festo respondeu que Paulo estava detido em Cesaréia, e que ele mesmo brevemente partiria para lá.
- Portanto – disse ele – as autoridades dentre vós desçam comigo e, se há nesse homem algum crime, acusem-no.
- Tendo-se demorado entre eles não mais de oito ou dez dias, desceu a Cesaréia; e no dia seguinte, sentando-se no tribunal, mandou trazer Paulo.
- Tendo ele comparecido, rodearam-no os judeus que haviam descido de Jerusalém, trazendo contra ele muitas e graves acusações, que não podiam provar.
- Paulo, porém, respondeu em sua defesa: Nem contra a lei dos judeus, nem contra o templo, nem contra César, tenho pecado em coisa alguma.
- Todavia Festo, querendo agradar aos judeus, respondendo a Paulo, disse: Queres subir a Jerusalém e ali ser julgado perante mim acerca destas coisas?
- Mas Paulo disse: Estou perante o tribunal de César, onde devo ser julgado; nenhum mal fiz aos judeus, como muito bem sabes.
- Se, pois, sou malfeitor e tenho cometido alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; mas se nada há daquilo de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles; apelo para César.
- Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César; para César irás.
- Passados alguns dias, o rei Agripa e Berenice vieram a Cesaréia em visita de saudação a Festo.
- E, como se demorassem ali muitos dias, Festo expôs ao rei o caso de Paulo, dizendo: Há aqui certo homem que foi deixado preso por Félix,
- a respeito do qual, quando estive em Jerusalém, os principais sacerdotes e os anciãos dos judeus me fizeram queixas, pedindo sentença contra ele;
- aos quais respondi que não é costume dos romanos condenar homem algum sem que o acusado tenha presentes os seus acusadores e possa defender-se da acusação.
- Quando então eles se haviam reunido aqui, sem me demorar, no dia seguinte sentei-me no tribunal e mandei trazer o homem;
- contra o qual os acusadores, levantando-se, não apresentaram acusação alguma das coisas perversas que eu suspeitava;
- tinham, porém, contra ele algumas questões acerca da sua religião e de um tal Jesus defunto, que Paulo afirmava estar vivo.
- E, estando eu perplexo quanto ao modo de investigar estas coisas, perguntei se não queria ir a Jerusalém e ali ser julgado no tocante às mesmas.
- Mas apelando Paulo para que fosse reservado ao julgamento do imperador, mandei que fosse detido até que o enviasse a César.
- Então Agripa disse a Festo: Eu bem quisera ouvir esse homem. Respondeu-lhe ele: Amanhã o ouvirás.
- No dia seguinte vindo Agripa e Berenice, com muito aparato, entraram no auditório com os chefes militares e homens principais da cidade; então, por ordem de Festo, Paulo foi trazido.
- Disse Festo: Rei Agripa e vós todos que estais presentes conosco, vedes este homem por causa de quem toda a multidão dos judeus, tanto em Jerusalém como aqui, recorreu a mim, clamando que não convinha que ele vivesse mais.
- Eu, porém, achei que ele não havia praticado coisa alguma digna de morte; mas havendo ele apelado para o imperador, resolvi remeter-lho.
- Do qual não tenho coisa certa que escreva a meu senhor, e por isso perante vós o trouxe, principalmente perante ti, ó rei Agripa, para que, depois de feito o interrogatório, tenha eu alguma coisa que escrever.
- Porque não me parece razoável enviar um preso, e não notificar as acusações que há contra ele.
Atos 26
- Depois Agripa disse a Paulo: É-te permitido fazer a tua defesa. Então Paulo, estendendo a mão, começou a sua defesa:
- Sinto-me feliz, ó rei Agripa, em poder defender-me hoje perante ti de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus;
- mormente porque és versado em todos os costumes e questões que há entre os judeus; pelo que te rogo que me ouças com paciência.
- A minha vida, pois, desde a mocidade, o que tem sido sempre entre o meu povo e em Jerusalém, sabem-na todos os judeus,
- pois me conhecem desde o princípio e, se quiserem, podem dar testemunho de que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
- E agora estou aqui para ser julgado por causa da esperança da promessa feita por Deus a nossos pais,
- a qual as nossas doze tribos, servindo a Deus fervorosamente noite e dia, esperam alcançar; é por causa desta esperança, ó rei, que eu sou acusado pelos judeus.
- Por que é que se julga entre vós incrível que Deus ressuscite os mortos?
- Eu, na verdade, cuidara que devia praticar muitas coisas contra o nome de Jesus, o nazareno;
- o que, com efeito, fiz em Jerusalém. Pois havendo recebido autoridade dos principais dos sacerdotes, não somente encerrei muitos dos santos em prisões, como também dei o meu voto contra eles quando os matavam.
- E, castigando-os muitas vezes por todas as sinagogas, obrigava-os a blasfemar; e enfurecido cada vez mais contra eles, perseguia-os até nas cidades estrangeiras.
- Indo com este encargo a Damasco, munido de poder e comissão dos principais sacerdotes,
- ao meio-dia, ó rei vi no caminho uma luz do céu, que excedia o esplendor do sol, resplandecendo em torno de mim e dos que iam comigo.
- E, caindo nós todos por terra, ouvi uma voz que me dizia em língua hebráica: Saulo, Saulo, por que me persegues? Dura coisa te é recalcitrar contra os aguilhões.
- Disse eu: Quem és, Senhor? Respondeu o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues;
- mas levanta-te e põe-te em pé; pois para isto te apareci, para te fazer ministro e testemunha tanto das coisas em que me tens visto como daquelas em que te hei de aparecer;
- livrando-te deste povo e dos gentios, aos quais te envio,
- para lhes abrir os olhos a fim de que se convertam das trevas à luz, e do poder de Satanás a Deus, para que recebam remissão de pecados e herança entre aqueles que são santificados pela fé em mim.
- Pelo que, ó rei Agripa, não fui desobediente à visão celestial,
- antes anunciei primeiramente aos que estão em Damasco, e depois em Jerusalém, e por toda a terra da Judéia e também aos gentios, que se arrependessem e se convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento.
- Por causa disto os judeus me prenderam no templo e procuravam matar-me.
- Tendo, pois, alcançado socorro da parte de Deus, ainda até o dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada senão o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer;
- isto é, como o Cristo devia padecer, e como seria ele o primeiro que, pela ressurreição dos mortos, devia anunciar a luz a este povo e também aos gentios.
- Fazendo ele deste modo a sua defesa, disse Festo em alta voz: Estás louco, Paulo; as muitas letras te fazem delirar.
- Mas Paulo disse: Não deliro, ó excelentíssimo Festo, antes digo palavras de verdade e de perfeito juízo.
- Porque o rei, diante de quem falo com liberdade, sabe destas coisas, pois não creio que nada disto lhe é oculto; porque isto não se fez em qualquer canto.
- Crês tu nos profetas, ó rei Agripa? Sei que crês.
- Disse Agripa a Paulo: Por pouco me persuades a fazer-me cristão.
- Respondeu Paulo: Prouvera a Deus que, ou por pouco ou por muito, não somente tu, mas também todos quantos hoje me ouvem, se tornassem tais qual eu sou, menos estas cadeias.
- E levantou-se o rei, e o governador, e Berenice, e os que com eles estavam sentados,
- e retirando-se falavam uns com os outros, dizendo: Este homem não fez nada digno de morte ou prisão.
- Então Agripa disse a Festo: Este homem bem podia ser solto, se não tivesse apelado para César.
Atos 27
- E, como se determinou que navegássemos para a Itália, entregaram Paulo e alguns outros presos a um centurião por nome Júlio, da coorte augusta.
- E, embarcando em um navio de Adramítio, que estava prestes a navegar em demanda dos portos pela costa da Ásia, fizemo-nos ao mar, estando conosco Aristarco, macedônio de Tessalônica.
- No dia seguinte chegamos a Sidom, e Júlio, tratando Paulo com bondade, permitiu-lhe ir ver os amigos e receber deles os cuidados necessários.
- Partindo dali, fomos navegando a sotavento de Chipre, porque os ventos eram contrários.
- Tendo atravessado o mar ao longo da Cilícia e Panfília, chegamos a Mirra, na Lícia.
- Ali o centurião achou um navio de Alexandria que navegava para a Itália, e nos fez embarcar nele.
- Navegando vagarosamente por muitos dias, e havendo chegado com dificuldade defronte de Cnido, não nos permitindo o vento ir mais adiante, navegamos a sotavento de Creta, à altura de Salmone;
- e, costeando-a com dificuldade, chegamos a um lugar chamado Bons Portos, perto do qual estava a cidade de Laséia.
- Havendo decorrido muito tempo e tendo-se tornado perigosa a navegação, porque já havia passado o jejum, Paulo os advertia,
- dizendo-lhes: Senhores, vejo que a viagem vai ser com avaria e muita perda não só para a carga e o navio, mas também para as nossas vidas.
- Mas o centurião dava mais crédito ao piloto e ao dono do navio do que às coisas que Paulo dizia.
- E não sendo o porto muito próprio para invernar, os mais deles foram de parecer que daí se fizessem ao mar para ver se de algum modo podiam chegar a Fênice, um porto de Creta que olha para o nordeste e para o sueste, para ali invernar.
- Soprando brandamente o vento sul, e supondo eles terem alcançado o que desejavam, levantaram ferro e iam costeando Creta bem de perto.
- Mas não muito depois desencadeou-se do lado da ilha um tufão de vento chamado euro-aquilão;
- e, sendo arrebatado o navio e não podendo navegar contra o vento, cedemos à sua força e nos deixávamos levar.
- Correndo a sota-vento de uma pequena ilha chamada Clauda, somente a custo pudemos segurar o batel,
- o qual recolheram, usando então os meios disponíveis para cingir o navio; e, temendo que fossem lançados na Sirte, arriaram os aparelhos e se deixavam levar.
- Como fôssemos violentamente açoitados pela tempestade, no dia seguinte começaram a alijar a carga ao mar.
- E ao terceiro dia, com as próprias mãos lançaram os aparelhos do navio.
- Não aparecendo por muitos dia nem sol nem estrelas, e sendo nós ainda batidos por grande tempestade, fugiu-nos afinal toda a esperança de sermos salvos.
- Havendo eles estado muito tempo sem comer, Paulo, pondo-se em pé no meio deles, disse: Senhores, devíeis ter-me ouvido e não ter partido de Creta, para evitar esta avaria e perda.
- E agora vos exorto a que tenhais bom ânimo, pois não se perderá vida alguma entre vós, mas somente o navio.
- Porque esta noite me apareceu um anjo do Deus de quem eu sou e a quem sirvo,
- dizendo: Não temas, Paulo, importa que compareças perante César, e eis que Deus te deu todos os que navegam contigo.
- Portanto, senhores, tende bom ânimo; pois creio em Deus que há de suceder assim como me foi dito.
- Contudo é necessário irmos dar em alguma ilha.
- Quando chegou a décima quarta noite, sendo nós ainda impelidos pela tempestade no mar de Ádria, pela meia-noite, suspeitaram os marinheiros a proximidade de terra;
- e lançando a sonda, acharam vinte braças; passando um pouco mais adiante, e tornando a lançar a sonda, acharam quinze braças.
- Ora, temendo irmos dar em rochedos, lançaram da popa quatro âncoras, e esperaram ansiosos que amanhecesse.
- Procurando, entrementes, os marinheiros fugir do navio, e tendo arriado o batel ao mar sob pretexto de irem lançar âncoras pela proa,
- disse Paulo ao centurião e aos soldados: Se estes não ficarem no navio, não podereis salvar-vos.
- Então os soldados cortaram os cabos do batel e o deixaram cair.
- Enquanto amanhecia, Paulo rogava a todos que comessem alguma coisa, dizendo: É já hoje o décimo quarto dia que esperais e permaneceis em jejum, não havendo provado coisa alguma.
- Rogo-vos, portanto, que comais alguma coisa, porque disso depende a vossa segurança; porque nem um cabelo cairá da cabeça de qualquer de vós.
- E, havendo dito isto, tomou o pão, deu graças a Deus na presença de todos e, partindo-o começou a comer.
- Então todos cobraram ânimo e se puseram também a comer.
- Éramos ao todo no navio duzentas e setenta e seis almas.
- Depois de saciados com a comida, começaram a aliviar o navio, alijando o trigo no mar.
- Quando amanheceu, não reconheciam a terra; divisavam, porém, uma enseada com uma praia, e consultavam se poderiam nela encalhar o navio.
- Soltando as âncoras, deixaram-nas no mar, largando ao mesmo tempo as amarras do leme; e, içando ao vento a vela da proa, dirigiram-se para a praia.
- Dando, porém, num lugar onde duas correntes se encontravam, encalharam o navio; e a proa, encravando-se, ficou imóvel, mas a popa se desfazia com a força das ondas.
- Então o parecer dos soldados era que matassem os presos para que nenhum deles fugisse, escapando a nado.
- Mas o centurião, querendo salvar a Paulo, estorvou-lhes este intento; e mandou que os que pudessem nadar fossem os primeiros a lançar-se ao mar e alcançar a terra;
- e que os demais se salvassem, uns em tábuas e outros em quaisquer destroços do navio. Assim chegaram todos à terra salvos.
Atos 28
- Estando já salvos, soubemos então que a ilha se chamava Malta.
- Os indígenas usaram conosco de não pouca humanidade; pois acenderam uma fogueira e nos recolheram a todos por causa da chuva que caía, e por causa do frio.
- Ora havendo Paulo ajuntado e posto sobre o fogo um feixe de gravetos, uma víbora, fugindo do calor, apegou-se-lhe à mão.
- Quando os indígenas viram o réptil pendente da mão dele, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida, pois, embora salvo do mar, a Justiça não o deixa viver.
- Mas ele, sacudindo o réptil no fogo, não sofreu mal nenhum.
- Eles, porém, esperavam que Paulo viesse a inchar ou a cair morto de repente; mas tendo esperado muito tempo e vendo que nada de anormal lhe sucedia, mudaram de parecer e diziam que era um deus.
- Ora, nos arredores daquele lugar havia umas terras que pertenciam ao homem principal da ilha, por nome Públio, o qual nos recebeu e hospedou bondosamente por três dias.
- Aconteceu estar de cama, enfermo de febre e disenteria, o pai de Públio; Paulo foi visitá-lo, e havendo orado, impôs-lhe as mãos, e o curou.
- Feito isto, vinham também os demais enfermos da ilha, e eram curados;
- e estes nos distinguiram com muitas honras; e, ao embarcarmos, puseram a bordo as coisas que nos eram necessárias.
- Passados três meses, partimos em um navio de Alexandria que invernara na ilha, o qual tinha por insígnia Castor e Pólux.
- E chegando a Siracusa, ficamos ali três dias;
- donde, costeando, viemos a Régio; e, soprando no dia seguinte o vento sul, chegamos em dois dias a Putéoli,
- onde, achando alguns irmãos, fomos convidados a ficar com eles sete dias; e depois nos dirigimos a Roma.
- Ora, os irmãos da lá, havendo recebido notícias nossas, vieram ao nosso encontro até a praça de Ápio e às Três Vendas, e Paulo, quando os viu, deu graças a Deus e cobrou ânimo.
- Quando chegamos a Roma, [o centurião entregou os presos ao general do exército, mas,] a Paulo se lhe permitiu morar à parte, com o soldado que o guardava.
- Passados três dias, ele convocou os principais dentre os judeus; e reunidos eles, disse-lhes: Varões irmãos, não havendo eu feito nada contra o povo, ou contra os ritos paternos, vim contudo preso desde Jerusalém, entregue nas mãos dos romanos;
- os quais, havendo-me interrogado, queriam soltar-me, por não haver em mim crime algum que merecesse a morte.
- Mas opondo-se a isso os judeus, vi-me obrigado a apelar para César, não tendo, contudo, nada de que acusar a minha nação.
- Por esta causa, pois, vos convidei, para vos ver e falar; porque pela esperança de Israel estou preso com esta cadeia.
- Mas eles lhe disseram: Nem recebemos da Judéia cartas a teu respeito, nem veio aqui irmão algum que contasse ou dissesse mal de ti.
- No entanto bem quiséramos ouvir de ti o que pensas; porque, quanto a esta seita, notório nos é que em toda parte é impugnada.
- Havendo-lhe eles marcado um dia, muitos foram ter com ele à sua morada, aos quais desde a manhã até a noite explicava com bom testemunho o reino de Deus e procurava persuadí-los acerca de Jesus, tanto pela lei de Moisés como pelos profetas.
- Uns criam nas suas palavras, mas outros as rejeitavam.
- E estando discordes entre si, retiraram-se, havendo Paulo dito esta palavra: Bem falou o Espírito Santo aos vossos pais pelo profeta Isaías,
- dizendo: Vai a este povo e dize: Ouvindo, ouvireis, e de maneira nenhuma entendereis; e vendo, vereis, e de maneira nenhuma percebereis.
- Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos; para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração nem se convertam e eu os cure.
- Seja-vos pois notório que esta salvação de Deus é enviada aos gentios, e eles ouvirão.
- [E, havendo ele dito isto, partiram os judeus, tendo entre si grande contenda.]
- E morou dois anos inteiros na casa que alugara, e recebia a todos os que o visitavam,
- pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento algum.
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13/03/2021
João
João 1
- No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
- Ele estava no princípio com Deus.
- Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e sem ele nada do que foi feito se fez.
- Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens;
- a luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela.
- Houve um homem enviado de Deus, cujo nome era João.
- Este veio como testemunha, a fim de dar testemunho da luz, para que todos cressem por meio dele.
- Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
- Pois a verdadeira luz, que alumia a todo homem, estava chegando ao mundo.
- Estava ele no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, e o mundo não o conheceu.
- Veio para o que era seu, e os seus não o receberam.
- Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus;
- os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de Deus.
- E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade; e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai.
- João deu testemunho dele, e clamou, dizendo: Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim, passou adiante de mim; porque antes de mim ele já existia.
- Pois todos nós recebemos da sua plenitude, e graça sobre graça.
- Porque a lei foi dada por meio de Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo.
- Ninguém jamais viu a Deus. O Deus unigênito, que está no seio do Pai, esse o deu a conhecer.
- E este foi o testemunho de João, quando os judeus lhe enviaram de Jerusalém sacerdotes e levitas para que lhe perguntassem: Quem és tu?
- Ele, pois, confessou e não negou; sim, confessou: Eu não sou o Cristo.
- Ao que lhe perguntaram: Pois que? És tu Elias? Respondeu ele: Não sou. És tu o profeta? E respondeu: Não.
- Disseram-lhe, pois: Quem és? para podermos dar resposta aos que nos enviaram; que dizes de ti mesmo?
- Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.
- E os que tinham sido enviados eram dos fariseus.
- Então lhe perguntaram: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta?
- Respondeu-lhes João: Eu batizo em água; no meio de vós está um a quem vós não conheceis.
- aquele que vem depois de mim, de quem eu não sou digno de desatar a correia da alparca.
- Estas coisas aconteceram em Betânia, além do Jordão, onde João estava batizando.
- No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.
- este é aquele de quem eu disse: Depois de mim vem um varão que passou adiante de mim, porque antes de mim ele já existia.
- Eu não o conhecia; mas, para que ele fosse manifestado a Israel, é que vim batizando em água.
- E João deu testemunho, dizendo: Vi o Espírito descer do céu como pomba, e repousar sobre ele.
- Eu não o conhecia; mas o que me enviou a batizar em água, esse me disse: Aquele sobre quem vires descer o Espírito, e sobre ele permanecer, esse é o que batiza no Espírito Santo.
- Eu mesmo vi e já vos dei testemunho de que este é o Filho de Deus.
- No dia seguinte João estava outra vez ali, com dois dos seus discípulos
- e, olhando para Jesus, que passava, disse: Eis o Cordeiro de Deus!
- Aqueles dois discípulos ouviram-no dizer isto, e seguiram a Jesus.
- Voltando-se Jesus e vendo que o seguiam, perguntou-lhes: Que buscais? Disseram-lhe eles: rabi (que, traduzido, quer dizer Mestre), onde pousas?
- Respondeu-lhes: Vinde, e vereis. Foram, pois, e viram onde pousava; e passaram o dia com ele; era cerca da hora décima.
- André, irmão de Simão Pedro, era um dos dois que ouviram João falar, e que seguiram a Jesus.
- Ele achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Havemos achado o Messias (que, traduzido, quer dizer Cristo).
- E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro).
- No dia seguinte Jesus resolveu partir para a Galiléia, e achando a Felipe disse-lhe: Segue-me.
- Ora, Felipe era de Betsaida, cidade de André e de Pedro.
- Felipe achou a Natanael, e disse-lhe: Acabamos de achar aquele de quem escreveram Moisés na lei, e os profetas: Jesus de Nazaré, filho de José.
- Perguntou-lhe Natanael: Pode haver coisa bem vinda de Nazaré? Disse-lhe Felipe: Vem e vê.
- Jesus, vendo Natanael aproximar-se dele, disse a seu respeito: Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!
- Perguntou-lhe Natanael: Donde me conheces? Respondeu-lhe Jesus: Antes que Felipe te chamasse, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira.
- Respondeu-lhe Natanael: Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és rei de Israel.
- Ao que lhe disse Jesus: Porque te disse: Vi-te debaixo da figueira, crês? coisas maiores do que estas verás.
- E acrescentou: Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto, e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem.
João 2
- Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, e estava ali a mãe de Jesus;
- e foi também convidado Jesus com seus discípulos para o casamento.
- E, tendo acabado o vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Eles não têm vinho.
- Respondeu-lhes Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
- Disse então sua mãe aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.
- Ora, estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam duas ou três metretas.
- Ordenou-lhe Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram- nas até em cima.
- Então lhes disse: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E eles o fizeram.
- Quando o mestre-sala provou a água tornada em vinho, não sabendo donde era, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água, chamou o mestre-sala ao noivo
- e lhe disse: Todo homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
- Assim deu Jesus início aos seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
- Depois disso desceu a Cafarnaum, ele, sua mãe, seus irmãos, e seus discípulos; e ficaram ali não muitos dias.
- Estando próxima a páscoa dos judeus, Jesus subiu a Jerusalém.
- E achou no templo os que vendiam bois, ovelhas e pombas, e também os cambistas ali sentados;
- e tendo feito um azorrague de cordas, lançou todos fora do templo, bem como as ovelhas e os bois; e espalhou o dinheiro dos cambistas, e virou-lhes as mesas;
- e disse aos que vendiam as pombas: Tirai daqui estas coisas; não façais da casa de meu Pai casa de negócio.
- Lembraram-se então os seus discípulos de que está escrito: O zelo da tua casa me devorará.
- Protestaram, pois, os judeus, perguntando-lhe: Que sinal de autoridade nos mostras, uma vez que fazes isto?
- Respondeu-lhes Jesus: Derribai este santuário, e em três dias o levantarei.
- Disseram, pois, os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu o levantarás em três dias?
- Mas ele falava do santuário do seu corpo.
- Quando, pois ressurgiu dentre os mortos, seus discípulos se lembraram de que dissera isto, e creram na Escritura, e na palavra que Jesus havia dito.
- Ora, estando ele em Jerusalém pela festa da páscoa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome.
- Mas o próprio Jesus não confiava a eles, porque os conhecia a todos,
- e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem.
João 3
- Ora, havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais dos judeus.
- Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-lhe: Rabi, sabemos que és Mestre, vindo de Deus; pois ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele.
- Respondeu-lhe Jesus: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.
- Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer?
- Jesus respondeu: Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.
- O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.
- Não te admires de eu te haver dito: Necessário vos é nascer de novo.
- O vento sopra onde quer, e ouves a sua voz; mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.
- Perguntou-lhe Nicodemos: Como pode ser isto?
- Respondeu-lhe Jesus: Tu és mestre em Israel, e não entendes estas coisas?
- Em verdade, em verdade te digo que nós dizemos o que sabemos e testemunhamos o que temos visto; e não aceitais o nosso testemunho!
- Se vos falei de coisas terrestres, e não credes, como crereis, se vos falar das celestiais?
- Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem.
- E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado;
- para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna.
- Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
- Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.
- Quem crê nele não é julgado; mas quem não crê, já está julgado; porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.
- E o julgamento é este: A luz veio ao mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más.
- Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.
- Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas em Deus.
- Depois disto foi Jesus com seus discípulos para a terra da Judéia, onde se demorou com eles e batizava.
- Ora, João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque havia ali muitas águas; e o povo ía e se batizava.
- Pois João ainda não fora lançado no cárcere.
- Surgiu então uma contenda entre os discípulos de João e um judeu acerca da purificação.
- E foram ter com João e disseram-lhe: Rabi, aquele que estava contigo além do Jordão, do qual tens dado testemunho, eis que está batizando, e todos vão ter com ele.
- Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu.
- Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele.
- Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este meu gozo está completo.
- É necessário que ele cresça e que eu diminua.
- Aquele que vem de cima é sobre todos; aquele que vem da terra é da terra, e fala da terra. Aquele que vem do céu é sobre todos.
- Aquilo que ele tem visto e ouvido, isso testifica; e ninguém aceita o seu testemunho.
- Mas o que aceitar o seu testemunho, esse confirma que Deus é verdadeiro.
- Pois aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus; porque Deus não dá o Espírito por medida.
- O Pai ama ao Filho, e todas as coisas entregou nas suas mãos.
- Quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, porém, desobedece ao Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.
João 4
- Quando, pois, o Senhor soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele, Jesus, fazia e batizava mais discípulos do que João
- (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discípulos)
- deixou a Judéia, e foi outra vez para a Galiléia.
- E era-lhe necessário passar por Samária.
- Chegou, pois, a uma cidade de Samária, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó dera a seu filho José;
- achava-se ali o poço de Jacó. Jesus, pois, cansado da viagem, sentou-se assim junto do poço; era cerca da hora sexta.
- Veio uma mulher de Samária tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá- me de beber.
- Pois seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida.
- Disse-lhe então a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana? (Porque os judeus não se comunicavam com os samaritanos.)
- Respondeu-lhe Jesus: Se tivesses conhecido o dom de Deus e quem é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe terias pedido e ele te haveria dado água viva.
- Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que tirá-la, e o poço é fundo; donde, pois, tens essa água viva?
- És tu, porventura, maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, do qual também ele mesmo bebeu, e os filhos, e o seu gado?.
- Replicou-lhe Jesus: Todo o que beber desta água tornará a ter sede;
- mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que jorre para a vida eterna.
- Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, nem venha aqui tirá-la.
- Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá.
- Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido;
- porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade.
- Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.
- Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que em Jerusalém é o lugar onde se deve adorar.
- Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
- Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos; porque a salvação vem dos judeus.
- Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.
- Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.
- Replicou-lhe a mulher: Eu sei que vem o Messias (que se chama o Cristo); quando ele vier há de nos anunciar todas as coisas.
- Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo.
- E nisto vieram os seus discípulos, e se admiravam de que estivesse falando com uma mulher; todavia nenhum lhe perguntou: Que é que procuras? ou: Por que falas com ela?
- Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à cidade e disse àqueles homens:
- Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto eu tenho feito; será este, porventura, o Cristo?
- Saíram, pois, da cidade e vinham ter com ele.
- Entrementes os seus discípulos lhe rogavam, dizendo: Rabi, come.
- Ele, porém, respondeu: Uma comida tenho para comer que vós não conheceis.
- Então os discípulos diziam uns aos outros: Acaso alguém lhe trouxe de comer?
- Disse-lhes Jesus: A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra.
- Não dizeis vós: Ainda há quatro meses até que venha a ceifa? Ora, eu vos digo: levantai os vossos olhos, e vede os campos, que já estão brancos para a ceifa.
- Quem ceifa já está recebendo recompensa e ajuntando fruto para a vida eterna; para que o que semeia e o que ceifa juntamente se regozijem.
- Porque nisto é verdadeiro o ditado: Um é o que semeia, e outro o que ceifa.
- Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhaste; outros trabalharam, e vós entrastes no seu trabalho.
- E muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher, que testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito.
- Indo, pois, ter com ele os samaritanos, rogaram-lhe que ficasse com eles; e ficou ali dois dias.
- E muitos mais creram por causa da palavra dele;
- e diziam à mulher: Já não é pela tua palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo.
- Passados os dois dias partiu dali para a Galiléia.
- Porque Jesus mesmo testificou que um profeta não recebe honra na sua própria pátria.
- Assim, pois, que chegou à Galiléia, os galileus o receberam, porque tinham visto todas as coisas que fizera em Jerusalém na ocasião da festa; pois também eles tinham ido à festa.
- Foi, então, outra vez a Caná da Galiléia, onde da água fizera vinho. Ora, havia um oficial do rei, cujo filho estava enfermo em Cafarnaum.
- Quando ele soube que Jesus tinha vindo da Judéia para a Galiléia, foi ter com ele, e lhe rogou que descesse e lhe curasse o filho; pois estava à morte.
- Então Jesus lhe disse: Se não virdes sinais e prodígios, de modo algum crereis.
- Rogou-lhe o oficial: Senhor, desce antes que meu filho morra.
- Respondeu-lhe Jesus: Vai, o teu filho vive. E o homem creu na palavra que Jesus lhe dissera, e partiu.
- Quando ele já ia descendo, saíram-lhe ao encontro os seus servos, e lhe disseram que seu filho vivia.
- Perguntou-lhes, pois, a que hora começara a melhorar; ao que lhe disseram: Ontem à hora sétima a febre o deixou.
- Reconheceu, pois, o pai ser aquela hora a mesma em que Jesus lhe dissera: O teu filho vive; e creu ele e toda a sua casa.
- Foi esta a segunda vez que Jesus, ao voltar da Judéia para a Galiléia, ali operou sinal.
João 5
- Depois disso havia uma festa dos judeus; e Jesus subiu a Jerusalém.
- Ora, em Jerusalém, próximo à porta das ovelhas, há um tanque, chamado em hebraico Betesda, o qual tem cinco alpendres.
- Nestes jazia grande multidão de enfermos, cegos, mancos e ressicados [esperando o movimento da água.]
- [Porquanto um anjo descia em certo tempo ao tanque, e agitava a água; então o primeiro que ali descia, depois do movimento da água, sarava de qualquer enfermidade que tivesse.]
- Achava-se ali um homem que, havia trinta e oito anos, estava enfermo.
- Jesus, vendo-o deitado e sabendo que estava assim havia muito tempo, perguntou-lhe: Queres ficar são?
- Respondeu-lhe o enfermo: Senhor, não tenho ninguém que, ao ser agitada a água, me ponha no tanque; assim, enquanto eu vou, desce outro antes de mim.
- Disse-lhe Jesus: Levanta-te, toma o teu leito e anda.
- Imediatamente o homem ficou são; e, tomando o seu leito, começou a andar. Ora, aquele dia era sábado.
- Pelo que disseram os judeus ao que fora curado: Hoje é sábado, e não te é lícito carregar o leito.
- Ele, porém, lhes respondeu: Aquele que me curou, esse mesmo me disse: Toma o teu leito e anda.
- Perguntaram-lhe, pois: Quem é o homem que te disse: Toma o teu leito e anda?
- Mas o que fora curado não sabia quem era; porque Jesus se retirara, por haver muita gente naquele lugar.
- Depois Jesus o encontrou no templo, e disse-lhe: Olha, já estás curado; não peques mais, para que não te suceda coisa pior.
- Retirou-se, então, o homem, e contou aos judeus que era Jesus quem o curara.
- Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado.
- Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também.
- Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.
- Disse-lhes, pois, Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que o Filho de si mesmo nada pode fazer, senão o que vir o Pai fazer; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente.
- Porque o Pai ama ao Filho, e mostra-lhe tudo o que ele mesmo faz; e maiores obras do que estas lhe mostrará, para que vos maravilheis.
- Pois, assim como o Pai levanta os mortos e lhes dá vida, assim também o Filho dá vida a quem ele quer.
- Porque o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o julgamento,
- para que todos honrem o Filho, assim como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou.
- Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida.
- Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão.
- Pois assim como o Pai tem vida em si mesmo, assim também deu ao Filho ter vida em si mesmos;
- e deu-lhe autoridade para julgar, porque é o Filho do homem.
- Não vos admireis disso, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz e sairão:
- os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida, e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.
- Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma; como ouço, assim julgo; e o meu juízo é justo, porque não procuro a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
- Se eu der testemunho de mim mesmo, o meu testemunho não é verdadeiro.
- Outro é quem dá testemunho de mim; e sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro.
- Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade;
- eu, porém, não recebo testemunho de homem; mas digo isto para que sejais salvos.
- Ele era a lâmpada que ardia e alumiava; e vós quisestes alegrar-vos por um pouco de tempo com a sua luz.
- Mas o testemunho que eu tenho é maior do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que faço dão testemunho de mim que o Pai me enviou.
- E o Pai que me enviou, ele mesmo tem dado testemunho de mim. Vós nunca ouvistes a sua voz, nem vistes a sua forma;
- e a sua palavra não permanece em vós; porque não credes naquele que ele enviou.
- Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de mim;
- mas não quereis vir a mim para terdes vida!
- Eu não recebo glória da parte dos homens;
- mas bem vos conheço, que não tendes em vós o amor de Deus.
- Eu vim em nome de meu Pai, e não me recebeis; se outro vier em seu próprio nome, a esse recebereis.
- Como podeis crer, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus?
- Não penseis que eu vos hei de acusar perante o Pai. Há um que vos acusa, Moisés, em quem vós esperais.
- Pois se crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim ele escreveu.
- Mas, se não credes nos escritos, como crereis nas minhas palavras?
João 6
- Depois disto partiu Jesus para o outro lado do mar da Galiléia, também chamado de Tiberíades.
- E seguia-o uma grande multidão, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
- Subiu, pois, Jesus ao monte e sentou-se ali com seus discípulos.
- Ora, a páscoa, a festa dos judeus, estava próxima.
- Então Jesus, levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Felipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?
- Mas dizia isto para o experimentar; pois ele bem sabia o que ia fazer.
- Respondeu-lhe Felipe: Duzentos denários de pão não lhes bastam, para que cada um receba um pouco.
- Ao que lhe disse um dos seus discípulos, André, irmão de Simão Pedro:
- Está aqui um rapaz que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isto para tantos?
- Disse Jesus: Fazei reclinar-se o povo. Ora, naquele lugar havia muita relva. Reclinaram-se aí, pois, os homens em número de quase cinco mil.
- Jesus, então, tomou os pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos que estavam reclinados; e de igual modo os peixes, quanto eles queriam.
- E quando estavam saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para que nada se perca.
- Recolheram-nos, pois e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que haviam comido.
- Vendo, pois, aqueles homens o sinal que Jesus operara, diziam: este é verdadeiramente o profeta que havia de vir ao mundo.
- Percebendo, pois, Jesus que estavam prestes a vir e levá-lo à força para o fazerem rei, tornou a retirar-se para o monte, ele sozinho.
- Ao cair da tarde, desceram os seus discípulos ao mar;
- e, entrando num barco, atravessavam o mar em direção a Cafarnaum; enquanto isso, escurecera e Jesus ainda não tinha vindo ter com eles;
- ademais, o mar se empolava, porque soprava forte vento.
- Tendo, pois, remado uns vinte e cinco ou trinta estádios, viram a Jesus andando sobre o mar e aproximando-se do barco; e ficaram atemorizados.
- Mas ele lhes disse: Sou eu; não temais.
- Então eles de boa mente o receberam no barco; e logo o barco chegou à terra para onde iam.
- No dia seguinte, a multidão que ficara no outro lado do mar, sabendo que não houvera ali senão um barquinho, e que Jesus não embarcara nele com seus discípulos, mas que estes tinham ido sós
- (contudo, outros barquinhos haviam chegado a Tiberíades para perto do lugar onde comeram o pão, havendo o Senhor dado graças);
- quando, pois, viram que Jesus não estava ali nem os seus discípulos, entraram eles também nos barcos, e foram a Cafarnaum, em busca de Jesus.
- E, achando-o no outro lado do mar, perguntaram-lhe: Rabi, quando chegaste aqui?
- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que me buscais, não porque vistes sinais, mas porque comestes do pão e vos saciastes.
- Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; pois neste, Deus, o Pai, imprimiu o seu selo.
- Pergutaram-lhe, pois: Que havemos de fazer para praticarmos as obras de Deus?
- Jesus lhes respondeu: A obra de Deus é esta: Que creiais naquele que ele enviou.
- Perguntaram-lhe, então: Que sinal, pois, fazes tu, para que o vejamos e te creiamos? Que operas tu?
- Nossos pais comeram o maná no deserto, como está escrito: Do céu deu-lhes pão a comer.
- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Não foi Moisés que vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu.
- Porque o pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo.
- Disseram-lhe, pois: Senhor, dá-nos sempre desse pão.
- Declarou-lhes Jesus. Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim, de modo algum terá fome, e quem crê em mim jamais tará sede.
- Mas como já vos disse, vós me tendes visto, e contudo não credes.
- Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
- Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou.
- E a vontade do que me enviou é esta: Que eu não perca nenhum de todos aqueles que me deu, mas que eu o ressuscite no último dia.
- Porquanto esta é a vontade de meu Pai: Que todo aquele que vê o Filho e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
- Murmuravam, pois, dele os judeus, porque dissera: Eu sou o pão que desceu do céu;
- e perguntavam: Não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe nós conhecemos? Como, pois, diz agora: Desci do céu?
- Respondeu-lhes Jesus: Não murmureis entre vós.
- Ninguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer; e eu o ressuscitarei no último dia.
- Está escrito nos profetas: E serão todos ensinados por Deus. Portanto todo aquele que do Pai ouviu e aprendeu vem a mim.
- Não que alguém tenha visto o Pai, senão aquele que é vindo de Deus; só ele tem visto o Pai.
- Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê tem a vida eterna.
- Eu sou o pão da vida.
- Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
- Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
- Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu darei pela vida do mundo é a minha carne.
- Disputavam, pois, os judeus entre si, dizendo: Como pode este dar-nos a sua carne a comer?
- Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.
- Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.
- Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.
- Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.
- Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.
- Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este pão viverá para sempre.
- Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum.
- Muitos, pois, dos seus discípulos, ouvindo isto, disseram: Duro é este discurso; quem o pode ouvir?
- Mas, sabendo Jesus em si mesmo que murmuravam disto os seus discípulos, disse-lhes: Isto vos escandaliza?
- Que seria, pois, se vísseis subir o Filho do homem para onde primeiro estava?
- O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.
- Mas há alguns de vós que não crêem. Pois Jesus sabia, desde o princípio, quem eram os que não criam, e quem era o que o havia de entregar.
- E continuou: Por isso vos disse que ninguém pode vir a mim, se pelo Pai lhe não for concedido.
- Por causa disso muitos dos seus discípulos voltaram para trás e não andaram mais com ele.
- Perguntou então Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?
- Respondeu-lhe Simão Pedro: Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras da vida eterna.
- E nós já temos crido e bem sabemos que tu és o Santo de Deus.
- Respondeu-lhes Jesus: Não vos escolhi a vós os doze? Contudo um de vós é o diabo.
- Referia-se a Judas, filho de Simão Iscariotes; porque era ele o que o havia de entregar, sendo um dos doze.
João 7
- Depois disto andava Jesus pela Galiléia; pois não queria andar pela Judéia, porque os judeus procuravam matá-lo.
- Ora, estava próxima a festa dos judeus, a dos tabernáculos.
- Disseram-lhe, então, seus irmãos: Retira-te daqui e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes.
- Porque ninguém faz coisa alguma em oculto, quando procura ser conhecido. Já que fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo.
- Pois nem seus irmãos criam nele.
- Disse-lhes, então, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo; mas o vosso tempo sempre está presente.
- O mundo não vos pode odiar; mas ele me odeia a mim, porquanto dele testifico que as suas obras são más.
- Subi vós à festa; eu não subo ainda a esta festa, porque ainda não é chegado o meu tempo.
- E, havendo-lhes dito isto, ficou na Galiléia.
- Mas quando seus irmãos já tinham subido à festa, então subiu ele também, não publicamente, mas como em secreto.
- Ora, os judeus o procuravam na festa, e perguntavam: Onde está ele?
- E era grande a murmuração a respeito dele entre as multidões. Diziam alguns: Ele é bom. Mas outros diziam: não, antes engana o povo.
- Todavia ninguém falava dele abertamente, por medo dos judeus.
- Estando, pois, a festa já em meio, subiu Jesus ao templo e começou a ensinar.
- Então os judeus se admiravam, dizendo: Como sabe este letras, sem ter estudado?
- Respondeu-lhes Jesus: A minha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou.
- Se alguém quiser fazer a vontade de Deus, há de saber se a doutrina é dele, ou se eu falo por mim mesmo.
- Quem fala por si mesmo busca a sua própria glória; mas o que busca a glória daquele que o enviou, esse é verdadeiro, e não há nele injustiça.
- Não vos deu Moisés a lei? no entanto nenhum de vós cumpre a lei. Por que procurais matar-me?
- Respondeu a multidão: Tens demônio; quem procura matar-te?
- Replicou-lhes Jesus: Uma só obra fiz, e todos vós admirais por causa disto.
- Moisés vos ordenou a circuncisão (não que fosse de Moisés, mas dos pais), e no sábado circuncidais um homem.
- Ora, se um homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, como vos indignais contra mim, porque no sábado tornei um homem inteiramente são?
- Não julgueis pela aparência mas julgai segundo o reto juízo.
- Diziam então alguns dos de Jerusalém: Não é este o que procuram matar?
- E eis que ele está falando abertamente, e nada lhe dizem. Será que as autoridades realmente o reconhecem como o Cristo?
- Entretanto sabemos donde este é; mas, quando vier o Cristo, ninguém saberá donde ele é.
- Jesus, pois, levantou a voz no templo e ensinava, dizendo: Sim, vós me conheceis, e sabeis donde sou; contudo eu não vim de mim mesmo, mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis.
- Mas eu o conheço, porque dele venho, e ele me enviou.
- Procuravam, pois, prendê-lo; mas ninguém lhe deitou as mãos, porque ainda não era chegada a sua hora.
- Contudo muitos da multidão creram nele, e diziam: Será que o Cristo, quando vier, fará mais sinais do que este tem feito?
- Os fariseus ouviram a multidão murmurar estas coisas a respeito dele; e os principais sacerdotes e os fariseus mandaram guardas para o prenderem.
- Disse, pois, Jesus: Ainda um pouco de tempo estou convosco, e depois vou para aquele que me enviou.
- Vós me buscareis, e não me achareis; e onde eu estou, vós não podeis vir.
- Disseram, pois, os judeus uns aos outros: Para onde irá ele, que não o acharemos? Irá, porventura, à Dispersão entre os gregos, e ensinará os gregos?
- Que palavra é esta que disse: Buscar-me-eis, e não me achareis; e, Onde eu estou, vós não podeis vir?
- Ora, no seu último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, venha a mim e beba.
- Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva.
- Ora, isto ele disse a respeito do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; pois o Espírito ainda não fora dado, porque Jesus ainda não tinha sido glorificado.
- Então alguns dentre o povo, ouvindo essas palavras, diziam: Verdadeiramente este é o profeta.
- Outros diziam: Este é o Cristo; mas outros replicavam: Vem, pois, o Cristo da Galiléia?
- Não diz a Escritura que o Cristo vem da descendência de Davi, e de Belém, a aldeia donde era Davi?
- Assim houve uma dissensão entre o povo por causa dele.
- Alguns deles queriam prendê-lo; mas ninguém lhe pôs as mãos.
- Os guardas, pois, foram ter com os principais dos sacerdotes e fariseus, e estes lhes perguntaram: Por que não o trouxestes?
- Responderam os guardas: Nunca homem algum falou assim como este homem.
- Replicaram-lhes, pois, os fariseus: Também vós fostes enganados?
- Creu nele porventura alguma das autoridades, ou alguém dentre os fariseus?
- Mas esta multidão, que não sabe a lei, é maldita.
- Nicodemos, um deles, que antes fora ter com Jesus, perguntou-lhes:
- A nossa lei, porventura, julga um homem sem primeiro ouvi-lo e ter conhecimento do que ele faz?
- Responderam-lhe eles: És tu também da Galiléia? Examina e vê que da Galiléia não surge profeta.
- [E cada um foi para sua casa.
João 8
- Mas Jesus foi para o Monte das Oliveiras.
- Pela manhã cedo voltou ao templo, e todo o povo vinha ter com ele; e Jesus, sentando-se o ensinava.
- Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio,
- disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério.
- Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
- Isto diziam eles, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo.
- Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse- lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra.
- E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
- Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé.
- Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
- Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais.]
- Então Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.
- Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu dás testemunho de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.
- Respondeu-lhes Jesus: Ainda que eu dou testemunho de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro; porque sei donde vim, e para onde vou; mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou.
- Vós julgais segundo a carne; eu a ninguém julgo.
- E, mesmo que eu julgue, o meu juízo é verdadeiro; porque não sou eu só, mas eu e o Pai que me enviou.
- Ora, na vossa lei está escrito que o testemunho de dois homens é verdadeiro.
- Sou eu que dou testemunho de mim mesmo, e o Pai que me enviou, também dá testemunho de mim.
- Perguntavam-lhe, pois: Onde está teu pai? Jesus respondeu: Não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai.
- Essas palavras proferiu Jesus no lugar do tesouro, quando ensinava no templo; e ninguém o prendeu, porque ainda não era chegada a sua hora.
- Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Eu me retiro; buscar-me- eis, e morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir.
- Então diziam os judeus: Será que ele vai suicidar-se, pois diz: Para onde eu vou, vós não podeis ir?
- Disse-lhes ele: Vós sois de baixo, eu sou de cima; vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo.
- Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados; porque, se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados.
- Perguntavam-lhe então: Quem és tu? Respondeu-lhes Jesus: Exatamente o que venho dizendo que sou.
- Muitas coisas tenho que dizer e julgar acerca de vós; mas aquele que me enviou é verdadeiro; e o que dele ouvi, isso falo ao mundo.
- Eles não perceberam que lhes falava do Pai.
- Prosseguiu, pois, Jesus: Quando tiverdes levantado o Filho do homem, então conhecereis que eu sou, e que nada faço de mim mesmo; mas como o Pai me ensinou, assim falo.
- E aquele que me enviou está comigo; não me tem deixado só; porque faço sempre o que é do seu agrado.
- Falando ele estas coisas, muitos creram nele.
- Dizia, pois, Jesus aos judeus que nele creram: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos;
- e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
- Responderam-lhe: Somos descendentes de Abraão, e nunca fomos escravos de ninguém; como dizes tu: Sereis livres?
- Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é escravo do pecado.
- Ora, o escravo não fica para sempre na casa; o filho fica para sempre.
- Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.
- Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não encontra lugar em vós.
- Eu falo do que vi junto de meu Pai; e vós fazeis o que também ouvistes de vosso pai.
- Responderam-lhe: Nosso pai é Abraão. Disse-lhes Jesus: Se sois filhos de Abraão, fazei as obras de Abraão.
- Mas agora procurais matar-me, a mim que vos falei a verdade que de Deus ouvi; isso Abraão não fez.
- Vós fazeis as obras de vosso pai. Replicaram-lhe eles: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um Pai, que é Deus.
- Respondeu-lhes Jesus: Se Deus fosse o vosso Pai, vós me amaríeis, porque eu saí e vim de Deus; pois não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.
- Por que não compreendeis a minha linguagem? é porque não podeis ouvir a minha palavra.
- Vós tendes por pai o Diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai; ele é homicida desde o princípio, e nunca se firmou na verdade, porque nele não há verdade; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai da mentira.
- Mas porque eu digo a verdade, não me credes.
- Quem dentre vós me convence de pecado? Se digo a verdade, por que não me credes?
- Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso vós não as ouvis, porque não sois de Deus.
- Responderam-lhe os judeus: Não dizemos com razão que és samaritano, e que tens demônio?
- Jesus respondeu: Eu não tenho demônio; antes honro a meu Pai, e vós me desonrais.
- Eu não busco a minha glória; há quem a busque, e julgue.
- Em verdade, em verdade vos digo que, se alguém guardar a minha palavra, nunca verá a morte.
- Disseram-lhe os judeus: Agora sabemos que tens demônios. Abraão morreu, e também os profetas; e tu dizes: Se alguém guardar a minha palavra, nunca provará a morte!
- Porventura és tu maior do que nosso pai Abraão, que morreu? Também os profetas morreram; quem pretendes tu ser?
- Respondeu Jesus: Se eu me glorificar a mim mesmo, a minha glória não é nada; quem me glorifica é meu Pai, do qual vós dizeis que é o vosso Deus;
- e vós não o conheceis; mas eu o conheço; e se disser que não o conheço, serei mentiroso como vós; mas eu o conheço, e guardo a sua palavra.
- Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia; viu-o, e alegrou-se.
- Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?
- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, eu sou.
- Então pegaram em pedras para lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo.
João 9
- E passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
- Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
- Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus.
- Importa que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.
- Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
- Dito isto, cuspiu no chão e com a saliva fez lodo, e untou com lodo os olhos do cego,
- e disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa Enviado). E ele foi, lavou-se, e voltou vendo.
- Então os vizinhos e aqueles que antes o tinham visto, quando mendigo, perguntavam: Não é este o mesmo que se sentava a mendigar?
- Uns diziam: É ele. E outros: Não é, mas se parece com ele. Ele dizia: Sou eu.
- Perguntaram-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
- Respondeu ele: O homem que se chama Jesus fez lodo, untou-me os olhos, e disse-me: Vai a Siloé e lava-te. Fui, pois, lavei-me, e fiquei vendo.
- E perguntaram-lhe: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
- Levaram aos fariseus o que fora cego.
- Ora, era sábado o dia em que Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
- Então os fariseus também se puseram a perguntar-lhe como recebera a vista. Respondeu-lhes ele: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me e vejo.
- Por isso alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus; pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
- Tornaram, pois, a perguntar ao cego: Que dizes tu a respeito dele, visto que te abriu os olhos? E ele respondeu: É profeta.
- Os judeus, porém, não acreditaram que ele tivesse sido cego e recebido a vista, enquanto não chamaram os pais do que fora curado,
- e lhes perguntaram: É este o vosso filho, que dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
- Responderam seus pais: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;
- mas como agora vê, não sabemos; ou quem lhe abriu os olhos, nós não sabemos; perguntai a ele mesmo; tem idade; ele falará por si mesmo.
- Isso disseram seus pais, porque temiam os judeus, porquanto já tinham estes combinado que se alguém confessasse ser Jesus o Cristo, fosse expulso da sinagoga.
- Por isso é que seus pais disseram: Tem idade, perguntai-lho a ele mesmo.
- Então chamaram pela segunda vez o homem que fora cego, e lhe disseram: Dá glória a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador.
- Respondeu ele: Se é pecador, não sei; uma coisa sei: eu era cego, e agora vejo.
- Perguntaram-lhe pois: Que foi que te fez? Como te abriu os olhos?
- Respondeu-lhes: Já vo-lo disse, e não atendestes; para que o quereis tornar a ouvir? Acaso também vós quereis tornar-vos discípulos dele?
- Então o injuriaram, e disseram: Discípulo dele és tu; nós porém, somos discípulos de Moisés.
- Sabemos que Deus falou a Moisés; mas quanto a este, não sabemos donde é.
- Respondeu-lhes o homem: Nisto, pois, está a maravilha: não sabeis donde ele é, e entretanto ele me abriu os olhos;
- sabemos que Deus não ouve a pecadores; mas, se alguém for temente a Deus, e fizer a sua vontade, a esse ele ouve.
- Desde o princípio do mundo nunca se ouviu que alguém abrisse os olhos a um cego de nascença.
- Se este não fosse de Deus, nada poderia fazer.
- Replicaram-lhe eles: Tu nasceste todo em pecados, e vens nos ensinar a nós? E expulsaram-no.
- Soube Jesus que o haviam expulsado; e achando-o perguntou- lhe: Crês tu no Filho do homem?
- Respondeu ele: Quem é, senhor, para que nele creia?
- Disse-lhe Jesus: Já o viste, e é ele quem fala contigo.
- Disse o homem: Creio, Senhor! E o adorou.
- Prosseguiu então Jesus: Eu vim a este mundo para juízo, a fim de que os que não vêem vejam, e os que vêem se tornem cegos.
- Alguns fariseus que ali estavam com ele, ouvindo isso, perguntaram-lhe: Porventura somos nós também cegos?
- Respondeu-lhes Jesus: Se fosseis cegos, não teríeis pecado; mas como agora dizeis: Nós vemos, permanece o vosso pecado.
João 10
- Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador.
- Mas o que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
- A este o porteiro abre; e as ovelhas ouvem a sua voz; e ele chama pelo nome as suas ovelhas, e as conduz para fora.
- Depois de conduzir para fora todas as que lhe pertencem, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz;
- mas de modo algum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.
- Jesus propôs-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que era que lhes dizia.
- Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas.
- Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram.
- Eu sou a porta; se alguém entrar a casa; o filho fica entrará e sairá, e achará pastagens.
- O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
- Eu sou o bom pastor; o bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas.
- Mas o que é mercenário, e não pastor, de quem não são as ovelhas, vendo vir o lobo, deixa as ovelhas e foge; e o lobo as arrebata e dispersa.
- Ora, o mercenário foge porque é mercenário, e não se importa com as ovelhas.
- Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem,
- assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas.
- Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; a essas também me importa conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um rebanho e um pastor.
- Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para a retomar.
- Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho autoridade para a dar, e tenho autoridade para retomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai.
- Por causa dessas palavras, houve outra dissensão entre os judeus.
- E muitos deles diziam: Tem demônio, e perdeu o juízo; por que o escutais?
- Diziam outros: Essas palavras não são de quem está endemoninhado; pode porventura um demônio abrir os olhos aos cegos?
- Celebrava-se então em Jerusalém a festa da dedicação. E era inverno.
- Andava Jesus passeando no templo, no pórtico de Salomão.
- Rodearam-no, pois, os judeus e lhe perguntavam: Até quando nos deixarás perplexos? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.
- Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai, essas dão testemunho de mim.
- Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas.
- As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem;
- eu lhes dou a vida eterna, e jamais perecerão; e ninguém as arrebatará da minha mão.
- Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
- Eu e o Pai somos um.
- Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar.
- Disse-lhes Jesus: Muitas obras boas da parte de meu Pai vos tenho mostrado; por qual destas obras ides apedrejar-me?
- Responderam-lhe os judeus: Não é por nenhuma obra boa que vamos apedrejar-te, mas por blasfêmia; e porque, sendo tu homem, te fazes Deus.
- Tornou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Vós sois deuses?
- Se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada),
- àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, dizeis vós: Blasfemas; porque eu disse: Sou Filho de Deus?
- Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.
- Mas se as faço, embora não me creiais a mim, crede nas obras; para que entendais e saibais que o Pai está em mim e eu no Pai.
- Outra vez, pois, procuravam prendê-lo; mas ele lhes escapou das mãos.
- E retirou-se de novo para além do Jordão, para o lugar onde João batizava no princípio; e ali ficou.
- Muitos foram ter com ele, e diziam: João, na verdade, não fez sinal algum, mas tudo quanto disse deste homem era verdadeiro.
- E muitos ali creram nele.
João 11
- Ora, estava enfermo um homem chamado Lázaro, de Betânia, aldeia de Maria e de sua irmã Marta.
- E Maria, cujo irmão Lázaro se achava enfermo, era a mesma que ungiu o Senhor com bálsamo, e lhe enxugou os pés com os seus cabelos.
- Mandaram, pois, as irmãs dizer a Jesus: Senhor, eis que está enfermo aquele que tu amas.
- Jesus, porém, ao ouvir isto, disse: Esta enfermidade não é para a morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela.
- Ora, Jesus amava a Marta, e a sua irmã, e a Lázaro.
- Quando, pois, ouviu que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde se achava.
- Depois disto, disse a seus discípulos: Vamos outra vez para Judéia.
- Disseram-lhe eles: Rabi, ainda agora os judeus procuravam apedrejar-te, e voltas para lá?
- Respondeu Jesus: Não são doze as horas do dia? Se alguém andar de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo;
- mas se andar de noite, tropeça, porque nele não há luz.
- E, tendo assim falado, acrescentou: Lázaro, o nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo do sono.
- Disseram-lhe, pois, os discípulos: Senhor, se dorme, ficará bom.
- Mas Jesus falara da sua morte; eles, porém, entenderam que falava do repouso do sono.
- Então Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu;
- e, por vossa causa, folgo de que eu lá não estivesse, para para que creiais; mas vamos ter com ele.
- Disse, pois, Tomé, chamado Dídimo, aos seus condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com ele.
- Chegando pois Jesus, encontrou-o já com quatro dias de sepultura.
- Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios.
- E muitos dos judeus tinham vindo visitar Marta e Maria, para as consolar acerca de seu irmão.
- Marta, pois, ao saber que Jesus chegava, saiu-lhe ao encontro; Maria, porém, ficou sentada em casa.
- Disse, pois, Marta a Jesus: Senhor, se meu irmão não teria morrido.
- E mesmo agora sei que tudo quanto pedires a Deus, Deus to concederá.
- Respondeu-lhe Jesus: Teu irmão há de ressurgir.
- Disse-lhe Marta: Sei que ele há de ressurgir na ressurreição, no último dia.
- Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que morra, viverá;
- e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais morrerá. Crês isto?
- Respondeu-lhe Marta: Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo.
- Dito isto, retirou-se e foi chamar em segredo a Maria, sua irmã, e lhe disse: O Mestre está aí, e te chama.
- Ela, ouvindo isto, levantou-se depressa, e foi ter com ele.
- Pois Jesus ainda não havia entrado na aldeia, mas estava no lugar onde Marta o encontrara.
- Então os judeus que estavam com Maria em casa e a consolavam, vendo-a levantar-se apressadamente e sair, seguiram-na, pensando que ia ao sepulcro para chorar ali.
- Tendo, pois, Maria chegado ao lugar onde Jesus estava, e vendo-a, lançou-se-lhe aos pés e disse: Senhor, se tu estiveras aqui, meu irmão não teria morrido.
- Jesus, pois, quando a viu chorar, e chorarem também os judeus que com ela vinham, comoveu-se em espírito, e perturbou-se,
- e perguntou: Onde o puseste? Responderam-lhe: Senhor, vem e vê.
- Jesus chorou.
- Disseram então os judeus: Vede como o amava.
- Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos ao cego, fazer também que este não morreste?
- Jesus, pois, comovendo-se outra vez, profundamente, foi ao sepulcro; era uma gruta, e tinha uma pedra posta sobre ela.
- Disse Jesus: Tirai a pedra. Marta, irmã do defunto, disse- lhe: Senhor, já cheira mal, porque está morto há quase quatro dias.
- Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?
- Tiraram então a pedra. E Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, graças te dou, porque me ouviste.
- Eu sabia que sempre me ouves; mas por causa da multidão que está em redor é que assim falei, para que eles creiam que tu me enviaste.
- E, tendo dito isso, clamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!
- Saiu o que estivera morto, ligados os pés e as mãos com faixas, e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.
- Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo visitar Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele.
- Mas alguns deles foram ter com os fariseus e disseram-lhes o que Jesus tinha feito.
- Então os principais sacerdotes e os fariseus reuniram o sinédrio e diziam: Que faremos? porquanto este homem vem operando muitos sinais.
- Se o deixarmos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e nos tirarão tanto o nosso lugar como a nossa nação.
- Um deles, porém, chamado Caifás, que era sumo sacerdote naquele ano, disse-lhes: Vós nada sabeis,
- nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça a nação toda.
- Ora, isso não disse ele por si mesmo; mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus havia de morrer pela nação,
- e não somente pela nação, mas também para congregar num só corpo os filhos de Deus que estão dispersos.
- Desde aquele dia, pois, tomavam conselho para o matarem.
- De sorte que Jesus já não andava manifestamente entre os judeus, mas retirou-se dali para a região vizinha ao deserto, a uma cidade chamada Efraim; e ali demorou com os seus discípulos.
- Ora, estava próxima a páscoa dos judeus, e dessa região subiram muitos a Jerusalém, antes da páscoa, para se purificarem.
- Buscavam, pois, a Jesus e diziam uns aos outros, estando no templo: Que vos parece? Não virá ele à festa?
- Ora, os principais sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem que, se alguém soubesse onde ele estava, o denunciasse, para que o prendessem.
João 12
- Veio, pois, Jesus seis dias antes da páscoa, a Betânia, onde estava Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
- Deram-lhe ali uma ceia; Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele.
- Então Maria, tomando uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do bálsamo.
- Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair disse:
- Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?
- Ora, ele disse isto, não porque tivesse cuidado dos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, subtraía o que nela se lançava.
- Respondeu, pois Jesus: Deixa-a; para o dia da minha preparação para a sepultura o guardou;
- porque os pobres sempre os tendes convosco; mas a mim nem sempre me tendes.
- E grande número dos judeus chegou a saber que ele estava ali: e afluiram, não só por causa de Jesus mas também para verem a Lázaro, a quem ele ressuscitara dentre os mortos.
- Mas os principais sacerdotes deliberaram matar também a Lázaro;
- porque muitos, por causa dele, deixavam os judeus e criam em Jesus.
- No dia seguinte, as grandes multidões que tinham vindo à festa, ouvindo dizer que Jesus vinha a Jerusalém,
- tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! Bendito o rei de Israel!
- E achou Jesus um jumentinho e montou nele, conforme está escrito:
- Não temas, ó filha de Sião; eis que vem teu Rei, montado sobre o filho de uma jumenta.
- Os seus discípulos, porém, a princípio não entenderam isto; mas quando Jesus foi glorificado, então eles se lembraram de que estas coisas estavam escritas a respeito dele, e de que assim lhe fizeram.
- Dava-lhe, pois, testemunho a multidão que estava com ele quando chamara a Lázaro da sepultura e o ressuscitara dentre os mortos;
- e foi por isso que a multidão lhe saiu ao encontro, por ter ouvido que ele fizera este sinal.
- De sorte que os fariseus disseram entre si: Vedes que nada aproveitais? eis que o mundo inteiro vai após ele.
- Ora, entre os que tinham subido a adorar na festa havia alguns gregos.
- Estes, pois, dirigiram-se a Felipe, que era de Betsaida da Galiléia, e rogaram-lhe, dizendo: Senhor, queríamos ver a Jesus.
- Felipe foi dizê-lo a André, e então André e Felipe foram dizê-lo a Jesus.
- Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem.
- Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo caindo na terra não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto.
- Quem ama a sua vida, perdê-la-á; e quem neste mundo odeia a a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.
- Se alguém me quiser servir, siga-me; e onde eu estiver, ali estará também o meu servo; se alguém me servir, o Pai o honrará.
- Agora a minha alma está perturbada; e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas para isto vim a esta hora.
- Pai, glorifica o teu nome. Veio, então, do céu esta voz: Já o tenho glorificado, e outra vez o glorificarei.
- A multidão, pois, que ali estava, e que a ouvira, dizia ter havido um trovão; outros diziam: Um anjo lhe falou.
- Respondeu Jesus: Não veio esta voz por minha causa, mas por causa de vós.
- Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo.
- E eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a mim.
- Isto dizia, significando de que modo havia de morrer.
- Respondeu-lhe a multidão: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre; e como dizes tu: Importa que o Filho do homem seja levantado? Quem é esse Filho do homem?
- Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.
- Enquanto tendes a luz, crede na luz, para que vos torneis filhos da luz. Havendo Jesus assim falado, retirou-se e escondeu-se deles.
- E embora tivesse operado tantos sinais diante deles, não criam nele;
- para que se cumprisse a palavra do profeta Isaías: Senhor, quem creu em nossa pregação? e aquem foi revelado o braço do Senhor?
- Por isso não podiam crer, porque, como disse ainda Isaías:
- Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos e entendam com o coração, e se convertam, e eu os cure.
- Estas coisas disse Isaías, porque viu a sua glória, e dele falou.
- Contudo, muitos dentre as próprias autoridades creram nele; mas por causa dos fariseus não o confessavam, para não serem expulsos da sinagoga;
- porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus.
- Clamou Jesus, dizendo: Quem crê em mim, crê, nâo em mim, mas naquele que me enviou.
- E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou.
- Eu, que sou a luz, vim ao mundo, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
- E, se alguém ouvir as minhas palavras, e não as guardar, eu não o julgo; pois eu vim, não para julgar o mundo, mas para salvar o mundo.
- Quem me rejeita, e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o julgará no último dia.
- Porque eu não falei por mim mesmo; mas o Pai, que me enviou, esse me deu mandamento quanto ao que dizer e como falar.
- E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exatamente como o Pai me ordenou.
João 13
- Antes da festa da páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
- Enquanto ceavam, tendo já o Diabo posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, que o traísse,
- Jesus, sabendo que o Pai lhe entregara tudo nas mãos, e que viera de Deus e para Deus voltava,
- levantou-se da ceia, tirou o manto e, tomando uma toalha, cingiu-se.
- Depois deitou água na bacia e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.
- Chegou, pois, a Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, lavas-me os pés a mim?
- Respondeu-lhe Jesus: O que eu faço, tu não o sabes agora; mas depois o entenderás.
- Tornou-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Replicou-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.
- Disse-lhe Simão Pedro: Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
- Respondeu-lhe Jesus: Aquele que se banhou não necessita de lavar senão os pés, pois no mais está todo limpo; e vós estais limpos, mas não todos.
- Pois ele sabia quem o estava traindo; por isso disse: Nem todos estais limpos.
- Ora, depois de lhes ter lavado os pés, tomou o manto, tornou a reclinar-se à mesa e perguntou-lhes: Entendeis o que vos tenho feito?
- Vós me chamais Mestre e Senhor; e dizeis bem, porque eu o sou.
- Ora, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros.
- Porque eu vos dei exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.
- Em verdade, em verdade vos digo: Não é o servo maior do que o seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou.
- Se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes.
- Não falo de todos vós; eu conheço aqueles que escolhi; mas para que se cumprisse a escritura: O que comia do meu pão, levantou contra mim o seu calcanhar.
- Desde já no-lo digo, antes que suceda, para que, quando suceder, creiais que eu sou.
- Em verdade, em verdade vos digo: Quem receber aquele que eu enviar, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
- Tendo Jesus dito isto, turbou-se em espírito, e declarou: Em verdade, em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
- Os discípulos se entreolhavam, perplexos, sem saber de quem ele falava.
- Ora, achava-se reclinado sobre o peito de Jesus um de seus discípulos, aquele a quem Jesus amava.
- A esse, pois, fez Simão Pedro sinal, e lhe pediu: Pergunta- lhe de quem é que fala.
- Aquele discípulo, recostando-se assim ao peito de Jesus, perguntou-lhe: Senhor, quem é?
- Respondeu Jesus: É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tendo, pois, molhado um bocado de pão, deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.
- E, logo após o bocado, entrou nele Satanás. Disse-lhe, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa.
- E nenhum dos que estavam à mesa percebeu a que propósito lhe disse isto;
- pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe queria dizer: Compra o que nos é necessário para a festa; ou, que desse alguma coisa aos pobres.
- Então ele, tendo recebido o bocado saiu logo. E era noite.
- Tendo ele, pois, saído, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado nele;
- se Deus é glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e logo o há de glorificar.
- Filhinhos, ainda por um pouco estou convosco. Procurar-me- eis; e, como eu disse aos judeus, também a vós o digo agora: Para onde eu vou, não podeis vós ir.
- Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros.
- Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.
- Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Respondeu Jesus; Para onde eu vou, não podes agora seguir-me; mais tarde, porém, me seguirás.
- Disse-lhe Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida.
- Respondeu Jesus: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo até que me tenhas negado três vezes.
João 14
- Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim.
- Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito; vou preparar-vos lugar.
- E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também.
- E para onde eu vou vós conheceis o caminho.
- Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais; e como podemos saber o caminho?
- Respondeu-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.
- Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto.
- Disse-lhe Felipe: Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta.
- Respondeu-lhe Jesus: Há tanto tempo que estou convosco, e ainda não me conheces, Felipe? Quem me viu a mim, viu o Pai; como dizes tu: Mostra-nos o Pai?
- Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é quem faz as suas obras.
- Crede-me que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras.
- Em verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu vou para o Pai;
- e tudo quanto pedirdes em meu nome, eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.
- Se me pedirdes alguma coisa em meu nome, eu a farei.
- Se me amardes, guardareis os meus mandamentos.
- E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Ajudador, para que fique convosco para sempre.
- a saber, o Espírito da verdade, o qual o mundo não pode receber; porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita convosco, e estará em vós.
- Não vos deixarei órfãos; voltarei a vós.
- Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais; mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis.
- Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós.
- Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele.
- Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes): O que houve, Senhor, que te hás de manifestar a nós, e não ao mundo?
- Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada.
- Quem não me ama, não guarda as minhas palavras; ora, a palavra que estais ouvindo não é minha, mas do Pai que me enviou.
- Estas coisas vos tenho falado, estando ainda convosco.
- Mas o Ajudador, o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto eu vos tenho dito.
- Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.
- Ouvistes que eu vos disse: Vou, e voltarei a vós. Se me amásseis, alegrar-vos-íeis de que eu vá para o Pai; porque o Pai é maior do que eu.
- Eu vo-lo disse agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais.
- Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim;
- mas, assim como o Pai me ordenou, assim mesmo faço, para que o mundo saiba que eu amo o Pai. Levantai-vos, vamo-nos daqui.
João 15
- Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o viticultor.
- Toda vara em mim que não dá fruto, ele a corta; e toda vara que dá fruto, ele a limpa, para que dê mais fruto.
- Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
- Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim.
- Eu sou a videira; vós sois as varas. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
- Quem não permanece em mim é lançado fora, como a vara, e seca; tais varas são recolhidas, lançadas no fogo e queimadas.
- Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito.
- Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
- Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor.
- Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor.
- Estas coisas vos tenho dito, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo.
- O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei.
- Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos.
- Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando.
- Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos dei a conhecer.
- Vós não me escolhestes a mim mas eu vos escolhi a vós, e vos designei, para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda.
- Isto vos mando: que vos ameis uns aos outros.
- Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim.
- Se fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu; mas, porque não sois do mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
- Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa.
- Mas tudo isto vos farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.
- Se eu não viera e não lhes falara, não teriam pecado; agora, porém, não têm desculpa do seu pecado.
- Aquele que me odeia a mim, odeia também a meu Pai.
- Se eu entre eles não tivesse feito tais obras, quais nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora, não somente viram, mas também odiaram tanto a mim como a meu Pai.
- Mas isto é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem causa.
- Quando vier o Ajudador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade, que do Pai procede, esse dará testemunho de mim;
- e também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio.
João 16
- Tenho-vos dito estas coisas para que não vos escandalizeis.
- Expulsar-vos-ão das sinagogas; ainda mais, vem a hora em que qualquer que vos matar julgará prestar um serviço a Deus.
- E isto vos farão, porque não conheceram ao Pai nem a mim.
- Mas tenho-vos dito estas coisas, a fim de que, quando chegar aquela hora, vos lembreis de que eu vo-las tinha dito. Não vo-las disse desde o princípio, porque estava convosco.
- Agora, porém, vou para aquele que me enviou; e nenhum de vós me pergunta: Para onde vais?
- Antes, porque vos disse isto, o vosso coração se encheu de tristeza.
- Todavia, digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei.
- E quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo:
- do pecado, porque não crêem em mim;
- da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais,
- e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado.
- Ainda tenho muito que vos dizer; mas vós não o podeis suportar agora.
- Quando vier, porém, aquele, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá o que tiver ouvido, e vos anunciará as coisas vindouras.
- Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.
- Tudo quanto o Pai tem é meu; por isso eu vos disse que ele, recebendo do que é meu, vo-lo anunciará.
- Um pouco, e já não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis.
- Então alguns dos seus discípulos perguntaram uns para os outros: Que é isto que nos diz? Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis; e: Porquanto vou para o Pai?
- Diziam pois: Que quer dizer isto: Um pouco? Não compreendemos o que ele está dizendo.
- Percebeu Jesus que o queriam interrogar, e disse-lhes: Indagais entre vós acerca disto que disse: Um pouco, e não me vereis; e outra vez um pouco, e ver-me-eis?
- Em verdade, em verdade, vos digo que vós chorareis e vos lamentareis, mas o mundo se alegrará; vós estareis tristes, porém a vossa tristeza se converterá em alegria.
- A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza porque é chegada a sua hora; mas, depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição, pelo gozo de haver um homem nascido ao mundo.
- Assim também vós agora, na verdade, tendes tristeza; mas eu vos tornarei a ver, e alegrar-se-á o vosso coração, e a vossa alegria ninguém vo-la tirará.
- Naquele dia nada me perguntareis. Em verdade, em verdade vos digo que tudo quanto pedirdes ao Pai, ele vo-lo concederá em meu nome.
- Até agora nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis, para que o vosso gozo seja completo.
- Disse-vos estas coisas por figuras; chega, porém, a hora em que vos não falarei mais por figuras, mas abertamente vos falarei acerca do Pai.
- Naquele dia pedireis em meu nome, e não vos digo que eu rogarei por vós ao Pai;
- pois o Pai mesmo vos ama; visto que vós me amastes e crestes que eu saí de Deus.
- Saí do Pai, e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo, e vou para o Pai.
- Disseram os seus discípulos: Eis que agora falas abertamente, e não por figura alguma.
- Agora conhecemos que sabes todas as coisas, e não necessitas de que alguém te interrogue. Por isso cremos que saíste de Deus.
- Respondeu-lhes Jesus: Credes agora?
- Eis que vem a hora, e já é chegada, em que vós sereis dispersos cada um para o seu lado, e me deixareis só; mas não estou só, porque o Pai está comigo.
- Tenho-vos dito estas coisas, para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.
João 17
- Depois de assim falar, Jesus, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o Filho te glorifique;
- assim como lhe deste autoridade sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos aqueles que lhe tens dado.
- E a vida eterna é esta: que te conheçam a ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste.
- Eu te glorifiquei na terra, completando a obra que me deste para fazer.
- Agora, pois, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que eu tinha contigo antes que o mundo existisse.
- Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus, e tu mos deste; e guardaram a tua palavra.
- Agora sabem que tudo quanto me deste provém de ti;
- porque eu lhes dei as palavras que tu me deste, e eles as receberam, e verdadeiramente conheceram que saí de ti, e creram que tu me enviaste.
- Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me tens dado, porque são teus;
- todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisas são minhas; e neles sou glorificado.
- Eu não estou mais no mundo; mas eles estão no mundo, e eu vou para ti. Pai santo, guarda-os no teu nome, o qual me deste, para que eles sejam um, assim como nós.
- Enquanto eu estava com eles, eu os guardava no teu nome que me deste; e os conservei, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.
- Mas agora vou para ti; e isto falo no mundo, para que eles tenham a minha alegria completa em si mesmos.
- Eu lhes dei a tua palavra; e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
- Não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno.
- Eles não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.
- Santifica-os na verdade, a tua palavra é a verdade.
- Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviarei ao mundo.
- E por eles eu me santifico, para que também eles sejam santificados na verdade.
- E rogo não somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim;
- para que todos sejam um; assim como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti, que também eles sejam um em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.
- E eu lhes dei a glória que a mim me deste, para que sejam um, como nós somos um;
- eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade, a fim de que o mundo conheça que tu me enviaste, e que os amaste a eles, assim como me amaste a mim.
- Pai, desejo que onde eu estou, estejam comigo também aqueles que me tens dado, para verem a minha glória, a qual me deste; pois que me amaste antes da fundação do mundo.
- Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheço; conheceram que tu me enviaste;
- e eu lhes fiz conhecer o teu nome, e lho farei conhecer ainda; para que haja neles aquele amor com que me amaste, e também eu neles esteja.
João 18
- Tendo Jesus dito isto, saiu com seus discípulos para o outro lado do ribeiro de Cedrom, onde havia um jardim, e com eles ali entrou.
- Ora, Judas, que o traía, também conhecia aquele lugar, porque muitas vezes Jesus se reunira ali com os discípulos.
- Tendo, pois, Judas tomado a coorte e uns guardas da parte dos principais sacerdotes e fariseus, chegou ali com lanternas archotes e armas.
- Sabendo, pois, Jesus tudo o que lhe havia de suceder, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?
- Responderam-lhe: A Jesus, o nazareno. Disse-lhes Jesus: Sou eu. E Judas, que o traía, também estava com eles.
- Quando Jesus lhes disse: Sou eu, recuaram, e caíram por terra.
- Tornou-lhes então a perguntar: A quem buscais? e responderam: A Jesus, o nazareno.
- Replicou-lhes Jesus: Já vos disse que sou eu; se, pois, é a mim que buscais, deixai ir estes;
- para que se cumprisse a palavra que dissera: Dos que me tens dado, nenhum deles perdi.
- Então Simão Pedro, que tinha uma espada, desembainhou-a e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco.
- Disse, pois, Jesus a Pedro: Mete a tua espada na bainha; não hei de beber o cálice que o Pai me deu?
- Então a coorte, e o comandante, e os guardas dos judeus prenderam a Jesus, e o maniataram.
- E conduziram-no primeiramente a Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano.
- Ora, Caifás era quem aconselhara aos judeus que convinha morrer um homem pelo povo.
- Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote, e entrou com Jesus no pátio do sumo sacerdote,
- enquanto Pedro ficava da parte de fora, à porta. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do sumo sacerdote, falou à porteira, e levou Pedro para dentro.
- Então a porteira perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Respondeu ele: Não sou.
- Ora, estavam ali os servos e os guardas, que tinham acendido um braseiro e se aquentavam, porque fazia frio; e também Pedro estava ali em pé no meio deles, aquentando-se.
- Então o sumo sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.
- Respondeu-lhe Jesus: Eu tenho falado abertamente ao mundo; eu sempre ensinei nas sinagogas e no templo, onde todos os judeus se congregam, e nada falei em oculto.
- Por que me perguntas a mim? pergunta aos que me ouviram o que é que lhes falei; eis que eles sabem o que eu disse.
- E, havendo ele dito isso, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote?
- Respondeu-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se bem, por que me feres?
- Então Anás o enviou, maniatado, a Caifás, o sumo sacerdote.
- E Simão Pedro ainda estava ali, aquentando-se. Perguntaram- lhe, pois: Não és também tu um dos seus discípulos? Ele negou, e disse: Não sou.
- Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse: Não te vi eu no jardim com ele?
- Pedro negou outra vez, e imediatamente o galo cantou.
- Depois conduziram Jesus da presença de Caifás para o pretório; era de manhã cedo; e eles não entraram no pretório, para não se contaminarem, mas poderem comer a páscoa.
- Então Pilatos saiu a ter com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?
- Responderam-lhe: Se ele não fosse malfeitor, não to entregaríamos.
- Disse-lhes, então, Pilatos: Tomai-o vós, e julgai-o segundo a vossa lei. Disseram-lhe os judeus: A nós não nos é lícito tirar a vida a ninguém.
- Isso foi para que se cumprisse a palavra que dissera Jesus, significando de que morte havia de morrer.
- Pilatos, pois, tornou a entrar no pretório, chamou a Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?
- Respondeu Jesus: Dizes isso de ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?
- Replicou Pilatos: Porventura sou eu judeu? O teu povo e os principais sacerdotes entregaram-te a mim; que fizeste?
- Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam os meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; entretanto o meu reino não é daqui.
- Perguntou-lhe, pois, Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci, e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a minha voz.
- Perguntou-lhe Pilatos: Que é a verdade? E dito isto, de novo saiu a ter com os judeus, e disse-lhes: Não acho nele crime algum.
- Tendes, porém, por costume que eu vos solte alguém por ocasião da páscoa; quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?
- Então todos tornaram a clamar dizendo: Este não, mas Barrabás. Ora, Barrabás era salteador.
João 19
- Nisso, pois, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-lo.
- E os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça, e lhe vestiram um manto de púrpura;
- e chegando-se a ele, diziam: Salve, rei dos judeus! e e davam-lhe bofetadas.
- Então Pilatos saiu outra vez, e disse-lhes: Eis aqui vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele crime algum.
- Saiu, pois, Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis o homem!
- Quando o viram os principais sacerdotes e os guardas, clamaram, dizendo: Crucifica-o! Crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós, e crucificai-o; porque nenhum crime acho nele.
- Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo esta lei ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus.
- Ora, Pilatos, quando ouviu esta palavra, mais atemorizado ficou;
- e entrando outra vez no pretório, perguntou a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta.
- Disse-lhe, então, Pilatos: Não me respondes? não sabes que tenho autoridade para te soltar, e autoridade para te crucificar?
- Respondeu-lhe Jesus: Nenhuma autoridade terias sobre mim, se de cima não te fora dado; por isso aquele que me entregou a ti, maior pecado tem.
- Daí em diante Pilatos procurava soltá-lo; mas os judeus clamaram: Se soltares a este, não és amigo de César; todo aquele que se faz rei é contra César.
- Pilatos, pois, quando ouviu isto, trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Pavimento, e em hebraico Gabatá.
- Ora, era a preparação da páscoa, e cerca da hora sexta. E disse aos judeus: Eis o vosso rei.
- Mas eles clamaram: Tira-o! tira-o! crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? responderam, os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César.
- Então lho entregou para ser crucificado.
- Tomaram, pois, a Jesus; e ele, carregando a sua própria cruz, saiu para o lugar chamado Caveira, que em hebraico se chama Gólgota,
- onde o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.
- E Pilatos escreveu também um título, e o colocou sobre a cruz; e nele estava escrito: JESUS O NAZARENO, O REI DOS JUDEUS.
- Muitos dos judeus, pois, leram este título; porque o lugar onde Jesus foi crucificado era próximo da cidade; e estava escrito em hebraico, latim e grego.
- Diziam então a Pilatos os principais sacerdotes dos judeus: Não escrevas: O rei dos judeus; mas que ele disse: Sou rei dos judeus.
- Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.
- Tendo, pois, os soldados crucificado a Jesus, tomaram as suas vestes, e fizeram delas quatro partes, para cada soldado uma parte. Tomaram também a túnica; ora a túnica não tinha costura, sendo toda tecida de alto a baixo.
- Pelo que disseram uns aos outros: Não a rasguemos, mas lancemos sortes sobre ela, para ver de quem será (para que se cumprisse a escritura que diz: Repartiram entre si as minhas vestes, e lançaram sortes). E, de fato, os soldados assim fizeram.
- Estavam em pé, junto à cruz de Jesus, sua mãe, e a irmã de sua mãe, e Maria, mulher de Clôpas, e Maria Madalena.
- Ora, Jesus, vendo ali sua mãe, e ao lado dela o discípulo a quem ele amava, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho.
- Então disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa.
- Depois, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura, disse: Tenho sede.
- Estava ali um vaso cheio de vinagre. Puseram, pois, numa cana de hissopo uma esponja ensopada de vinagre, e lha chegaram à boca.
- Então Jesus, depois de ter tomado o vinagre, disse: está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
- Ora, os judeus, como era a preparação, e para que no sábado não ficassem os corpos na cruz, pois era grande aquele dia de sábado, rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas, e fossem tirados dali.
- Foram então os soldados e, na verdade, quebraram as pernas ao primeiro e ao outro que com ele fora crucificado;
- mas vindo a Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas;
- contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água.
- E é quem viu isso que dá testemunho, e o seu testemunho é verdadeiro; e sabe que diz a verdade, para que também vós creiais.
- Porque isto aconteceu para que se cumprisse a escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado.
- Também há outra escritura que diz: Olharão para aquele que traspassaram.
- Depois disto, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, embora oculto por medo dos judeus, rogou a Pilatos que lhe permitisse tirar o corpo de Jesus; e Pilatos lho permitiu. Então foi e o tirou.
- E Nicodemos, aquele que anteriormente viera ter com Jesus de noite, foi também, levando cerca de cem libras duma mistura de mirra e aloés.
- Tomaram, pois, o corpo de Jesus, e o envolveram em panos de linho com as especiarias, como os judeus costumavam fazer na preparação para a sepultura.
- No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim, e nesse jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda havia sido posto.
- Ali, pois, por ser a véspera do sábado dos judeus, e por estar perto aquele sepulcro, puseram a Jesus.
João 20
- No primeiro dia da semana Maria Madalena foi ao sepulcro de madrugada, sendo ainda escuro, e viu que a pedra fora removida do sepulcro.
- Correu, pois, e foi ter com Simão Pedro, e o outro discípulo, a quem Jesus amava, e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor, e não sabemos onde o puseram.
- Saíram então Pedro e o outro discípulo e foram ao sepulcro.
- Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais ligeiro do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro;
- e, abaixando-se viu os panos de linho ali deixados, todavia não entrou.
- Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro e viu os panos de linho ali deixados,
- e que o lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte.
- Então entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, e viu e creu.
- Porque ainda não entendiam a escritura, que era necessário que ele ressurgisse dentre os mortos.
- Tornaram, pois, os discípulos para casa.
- Maria, porém, estava em pé, diante do sepulcro, a chorar. Enquanto chorava, abaixou-se a olhar para dentro do sepulcro,
- e viu dois anjos vestidos de branco sentados onde jazera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.
- E perguntaram-lhe eles: Mulher, por que choras? Respondeu- lhes: Porque tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.
- Ao dizer isso, voltou-se para trás, e viu a Jesus ali em pé, mas não sabia que era Jesus.
- Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? A quem procuras? Ela, julgando que fosse o jardineiro, respondeu-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei.
- Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, virando-se, disse-lhe em hebraico: Raboni! – que quer dizer, Mestre.
- Disse-lhe Jesus: Deixa de me tocar, porque ainda não subi ao Pai; mas vai a meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.
- E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor! – e que ele lhe dissera estas coisas.
- Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco.
- Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Alegraram-se, pois, os discípulos ao verem o Senhor.
- Disse-lhes, então, Jesus segunda vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós.
- E havendo dito isso, assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.
- Âqueles a quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os retiverdes, são-lhes retidos.
- Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.
- Diziam-lhe, pois, ou outros discípulos: Vimos o Senhor. Ele, porém, lhes respondeu: Se eu não vir o sinal dos cravos nas mãos, e não meter a mão no seu lado, de maneira nenhuma crerei.
- Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.
- Depois disse a Tomé: Chega aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos; chega a tua mão, e mete-a no meu lado; e não mais sejas incrédulo, mas crente.
- Respondeu-lhe Tomé: Senhor meu, e Deus meu!
- Disse-lhe Jesus: Porque me viste, creste? Bem-aventurados os que não viram e creram.
- Jesus, na verdade, operou na presença de seus discípulos ainda muitos outros sinais que não estão escritos neste livro;
- estes, porém, estão escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome.
João 21
- Depois disto manifestou-se Jesus outra vez aos discípulos junto do mar de Tiberíades; e manifestou-se deste modo:
- Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos.
- Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe: Nós também vamos contigo. Saíram e entraram no barco; e naquela noite nada apanharam.
- Mas ao romper da manhã, Jesus se apresentou na praia; todavia os discípulos não sabiam que era ele.
- Disse-lhes, pois, Jesus: Filhos, não tendes nada que comer? Responderam-lhe: Não.
- Disse-lhes ele: Lançai a rede à direita do barco, e achareis. Lançaram-na, pois, e já não a podiam puxar por causa da grande quantidade de peixes.
- Então aquele discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: Senhor. Quando, pois, Simão Pedro ouviu que era o Senhor, cingiu-se com a túnica, porque estava despido, e lançou-se ao mar;
- mas os outros discípulos vieram no barquinho, puxando a rede com os peixes, porque não estavam distantes da terra senão cerca de duzentos côvados.
- Ora, ao saltarem em terra, viram ali brasas, e um peixe posto em cima delas, e pão.
- Disse-lhes Jesus: Trazei alguns dos peixes que agora apanhastes.
- Entrou Simão Pedro no barco e puxou a rede para terra, cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de serem tantos, não se rompeu a rede.
- Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousava perguntar-lhe: Quem és tu? sabendo que era o Senhor.
- Chegou Jesus, tomou o pão e deu-lho, e semelhantemente o peixe.
- Foi esta a terceira vez que Jesus se manifestou aos seus discípulos, depois de ter ressurgido dentre os mortos.
- Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu- lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos.
- Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas.
- Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas- me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.
- Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queres.
- Ora, isto ele disse, significando com que morte havia Pedro de glorificar a Deus. E, havendo dito isto, ordenou-lhe: Segue-me.
- E Pedro, virando-se, viu que o seguia aquele discípulo a quem Jesus amava, o mesmo que na ceia se recostara sobre o peito de Jesus e perguntara: Senhor, quem é o que te trai?
- Ora, vendo Pedro a este, perguntou a Jesus: Senhor, e deste que será?
- Respondeu-lhe Jesus: Se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso? Segue-me tu.
- Divulgou-se, pois, entre os irmãos este dito, que aquele discípulo não havia de morrer. Jesus, porém, não disse que não morreria, mas: se eu quiser que ele fique até que eu venha, que tens tu com isso?
- Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as escreveu; e sabemos que o seu testemunho é verdadeiro.
- E ainda muitas outras coisas há que Jesus fez; as quais, se fossem escritas uma por uma, creio que nem ainda no mundo inteiro caberiam os livros que se escrevessem.
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11/03/2021
Lucas
Lucas 1
- Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram,
- segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra,
- também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem.
- para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.
- Houve nos dias do Rei Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da turma de Abias; e sua mulher era descendente de Arão, e chamava-se Isabel.
- Ambos eram justos diante de Deus, andando irrepreensíveis em todos os mandamentos e preceitos do Senhor.
- Mas não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos avançados em idade.
- Ora, estando ele a exercer as funções sacerdotais perante Deus, na ordem da sua turma,
- segundo o costume do sacerdócio, coube-lhe por sorte entrar no santuário do Senhor, para oferecer o incenso;
- e toda a multidão do povo orava da parte de fora, à hora do incenso.
- Apareceu-lhe, então, um anjo do Senhor, em pé à direita do altar do incenso.
- E Zacarias, vendo-o, ficou turbado, e o temor o assaltou.
- Mas o anjo lhe disse: Não temais, Zacarias; porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, te dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João;
- e terás alegria e regozijo, e muitos se alegrarão com o seu nascimento;
- porque ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho, nem bebida forte; e será cheio do Espírito Santo já desde o ventre de sua mãe;
- converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus;
- irá adiante dele no espírito e poder de Elias, para converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo apercebido.
- Disse então Zacarias ao anjo: Como terei certeza disso? pois eu sou velho, e minha mulher também está avançada em idade.
- Ao que lhe respondeu o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para te falar e te dar estas boas novas;
- e eis que ficarás mudo, e não poderás falar até o dia em que estas coisas aconteçam; porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo hão de cumprir-se.
- O povo estava esperando Zacarias, e se admirava da sua demora no santuário.
- Quando saiu, porém, não lhes podia falar, e perceberam que tivera uma visão no santuário. E falava-lhes por acenos, mas permanecia mudo.
- E, terminados os dias do seu ministério, voltou para casa.
- Depois desses dias Isabel, sua mulher, concebeu, e por cinco meses se ocultou, dizendo:
- Assim me fez o Senhor nos dias em que atentou para mim, a fim de acabar com o meu opróbrio diante dos homens.
- Ora, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré,
- a uma virgem desposada com um varão cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria.
- E, entrando o anjo onde ela estava disse: Salve, agraciada; o Senhor é contigo.
- Ela, porém, ao ouvir estas palavras, turbou-se muito e pôs-se a pensar que saudação seria essa.
- Disse-lhe então o anjo: Não temas, Maria; pois achaste graça diante de Deus.
- Eis que conceberás e darás à luz um filho, ao qual porás o nome de Jesus.
- Este será grande e será chamado filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi seu pai;
- e reinará eternamente sobre a casa de Jacó, e o seu reino não terá fim.
- Então Maria perguntou ao anjo: Como se fará isso, uma vez que não conheço varão?
- Respondeu-lhe o anjo: Virá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; por isso o que há de nascer será chamado santo, Filho de Deus.
- Eis que também Isabel, tua parenta concebeu um filho em sua velhice; e é este o sexto mês para aquela que era chamada estéril;
- porque para Deus nada será impossível.
- Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.
- Naqueles dias levantou-se Maria, foi apressadamente à região montanhosa, a uma cidade de Judá,
- entrou em casa de Zacarias e saudou a Isabel.
- Ao ouvir Isabel a saudação de Maria, saltou a criancinha no seu ventre, e Isabel ficou cheia do Espírito Santo,
- e exclamou em alta voz: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre!
- E donde me provém isto, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor?
- Pois logo que me soou aos ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria dentro de mim.
- Bem-aventurada aquela que creu que se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor lhe foram ditas.
- Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor,
- e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador;
- porque atentou na condição humilde de sua serva. Desde agora, pois, todas as gerações me chamarão bem-aventurada,
- porque o Poderoso me fez grandes coisas; e santo é o seu nome.
- E a sua misericórdia vai de geração em geração sobre os que o temem.
- Com o seu braço manifestou poder; dissipou os que eram soberbos nos pensamentos de seus corações;
- depôs dos tronos os poderosos, e elevou os humildes.
- Aos famintos encheu de bens, e vazios despediu os ricos.
- Auxiliou a Isabel, seu servo, lembrando-se de misericórdia
- (como falou a nossos pais) para com Abraão e a sua descendência para sempre.
- E Maria ficou com ela cerca de três meses; e depois voltou para sua casa.
- Ora, completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho.
- Ouviram seus vizinhos e parentes que o Senhor lhe multiplicara a sua misericórdia, e se alegravam com ela.
- Sucedeu, pois, no oitavo dia, que vieram circuncidar o menino; e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias.
- Respondeu, porém, sua mãe: De modo nenhum, mas será chamado João.
- Ao que lhe disseram: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome.
- E perguntaram por acenos ao pai como queria que se chamasse.
- E pedindo ele uma tabuinha, escreveu: Seu nome é João. E todos se admiraram.
- Imediatamente a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; louvando a Deus.
- Então veio temor sobre todos os seus vizinhos; e em toda a região montanhosa da Judéia foram divulgadas todas estas coisas.
- E todos os que delas souberam as guardavam no coração, dizendo: Que virá a ser, então, este menino? Pois a mão do Senhor estava com ele.
- Zacarias, seu pai, ficou cheio do Espírito Santo e profetizou, dizendo:
- Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu povo,
- e para nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo;
- assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos profetas;
- para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam;
- para usar de misericórdia com nossos pais, e lembrar-se do seu santo pacto
- e do juramento que fez a Abrão, nosso pai,
- de conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem temor,
- em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida.
- E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do Senhor, a preparar os seus caminhos;
- para dar ao seu povo conhecimento da salvação, na remissão dos seus pecados,
- graças à entranhável misericórdia do nosso Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto,
- para alumiar aos que jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés no caminho da paz.
- Ora, o menino crescia, e se robustecia em espírito; e habitava nos desertos até o dia da sua manifestação a Israel.
Lucas 2
- Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto, para que todo o mundo fosse recenseado.
- Este primeiro recenseamento foi feito quando Quirínio era governador da Síria.
- E todos iam alistar-se, cada um à sua própria cidade.
- Subiu também José, da Galiléia, da cidade de Nazaré, à cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi,
- a fim de alistar-se com Maria, sua esposa, que estava grávida.
- Enquanto estavam ali, chegou o tempo em que ela havia de dar à luz,
- e teve a seu filho primogênito; envolveu-o em faixas e o deitou em uma manjedoura, porque não havia lugar para eles na estalagem.
- Ora, havia naquela mesma região pastores que estavam no campo, e guardavam durante as vigílias da noite o seu rebanho.
- E um anjo do Senhor apareceu-lhes, e a glória do Senhor os cercou de resplendor; pelo que se encheram de grande temor.
- O anjo, porém, lhes disse: Não temais, porquanto vos trago novas de grande alegria que o será para todo o povo:
- É que vos nasceu hoje, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.
- E isto vos será por sinal: Achareis um menino envolto em faixas, e deitado em uma manjedoura.
- Então, de repente, apareceu junto ao anjo grande multidão da milícia celestial, louvando a Deus e dizendo:
- Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens de boa vontade.
- E logo que os anjos se retiraram deles para o céu, diziam os pastores uns aos outros: Vamos já até Belém, e vejamos isso que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer.
- Foram, pois, a toda a pressa, e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura;
- e, vendo-o, divulgaram a palavra que acerca do menino lhes fora dita;
- e todos os que a ouviram se admiravam do que os pastores lhes diziam.
- Maria, porém, guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração.
- E voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes fora dito.
- Quando se completaram os oito dias para ser circuncidado o menino, foi-lhe dado o nome de Jesus, que pelo anjo lhe fora posto antes de ser concebido.
- Terminados os dias da purificação, segundo a lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor
- (conforme está escrito na lei do Senhor: Todo primogênito será consagrado ao Senhor),
- e para oferecerem um sacrifício segundo o disposto na lei do Senhor: um par de rolas, ou dois pombinhos.
- Ora, havia em Jerusalém um homem cujo nome era Simeão; e este homem, justo e temente a Deus, esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele.
- E lhe fora revelado pelo Espírito Santo que ele não morreria antes de ver o Cristo do Senhor.
- Assim pelo Espírito foi ao templo; e quando os pais trouxeram o menino Jesus, para fazerem por ele segundo o costume da lei,
- Simeão o tomou em seus braços, e louvou a Deus, e disse:
- Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra;
- pois os meus olhos já viram a tua salvação,
- a qual tu preparaste ante a face de todos os povos;
- luz para revelação aos gentios, e para glória do teu povo Israel.
- Enquanto isso, seu pai e sua mãe se admiravam das coisas que deles se diziam.
- E Simeão os abençoou, e disse a Maria, mãe do menino: Eis que este é posto para queda e para levantamento de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição,
- sim, e uma espada traspassará a tua própria alma, para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.
- Havia também uma profetisa, Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era já avançada em idade, tendo vivido com o marido sete anos desde a sua virgindade;
- e era viúva, de quase oitenta e quatro anos. Não se afastava do templo, servindo a Deus noite e dia em jejuns e orações.
- Chegando ela na mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém.
- Assim que cumpriram tudo segundo a lei do Senhor, voltaram à Galiléia, para sua cidade de Nazaré.
- E o menino ia crescendo e fortalecendo-se, ficando cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele.
- Ora, seus pais iam todos os anos a Jerusalém, à festa da páscoa.
- Quando Jesus completou doze anos, subiram eles segundo o costume da festa;
- e, terminados aqueles dias, ao regressarem, ficou o menino Jesus em Jerusalém sem o saberem seus pais;
- julgando, porém, que estivesse entre os companheiros de viagem, andaram caminho de um dia, e o procuravam entre os parentes e conhecidos;
- e não o achando, voltaram a Jerusalém em busca dele.
- E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, sentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os.
- E todos os que o ouviam se admiravam da sua inteligência e das suas respostas.
- Quando o viram, ficaram maravilhados, e disse-lhe sua mãe: Filho, por que procedeste assim para conosco? Eis que teu pai e eu ansiosos te procurávamos.
- Respondeu-lhes ele: Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa de meu Pai?
- Eles, porém, não entenderam as palavras que lhes dissera.
- Então, descendo com eles, foi para Nazaré, e era-lhes sujeito. E sua mãe guardava todas estas coisas em seu coração.
- E crescia Jesus em sabedoria, em estatura e em graça diante de Deus e dos homens.
Lucas 3
- No décimo quinto ano do reinado de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos governador da Judéia, Herodes tetrarca da Galiléia, seu irmão Filipe tetrarca da região da Ituréia e de Traconites, e Lisânias tetrarca de Abilene,
- sendo Anás e Caifás sumos sacerdotes, veio a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto.
- E ele percorreu toda a circunvizinhança do Jordão, pregando o batismo de arrependimento para remissão de pecados;
- como está escrito no livro das palavras do profeta Isaías: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas.
- Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão;
- e toda a carne verá a salvação de Deus.
- João dizia, pois, às multidões que saíam para ser batizadas por ele: Raça de víboras, quem vos ensina a fugir da ira vindoura?
- Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos por pai a Abrão; porque eu vos digo que até destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abrão.
- Também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
- Ao que lhe perguntavam as multidões: Que faremos, pois?
- Respondia-lhes então: Aquele que tem duas túnicas, reparta com o que não tem nenhuma, e aquele que tem alimentos, faça o mesmo.
- Chegaram também uns publicanos para serem batizados, e perguntaram-lhe: Mestre, que havemos nós de fazer?
- Respondeu-lhes ele: Não cobreis além daquilo que vos foi prescrito.
- Interrogaram-no também uns soldados: E nós, que faremos? Disse-lhes: A ninguém queirais extorquir coisa alguma; nem deis denúncia falsa; e contentai-vos com o vosso soldo.
- Ora, estando o povo em expectativa e arrazoando todos em seus corações a respeito de João, se porventura seria ele o Cristo,
- respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, vos batizo em água, mas vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de desatar a correia das alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo e em fogo.
- A sua pá ele tem na mão para limpar bem a sua eira, e recolher o trigo ao seu celeiro; mas queimará a palha em fogo inextinguível.
- Assim pois, com muitas outras exortações ainda, anunciava o evangelho ao povo.
- Mas o tetrarca Herodes, sendo repreendido por ele por causa de Herodias, mulher de seu irmão, e por todas as maldades que havia feito,
- acrescentou a todas elas ainda esta, a de encerrar João no cárcere.
- Quando todo o povo fora batizado, tendo sido Jesus também batizado, e estando ele a orar, o céu se abriu;
- e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como uma pomba; e ouviu-se do céu esta voz: Tu és o meu Filho amado; em ti me comprazo.
- Ora, Jesus, ao começar o seu ministério, tinha cerca de trinta anos; sendo (como se cuidava) filho de José, filho de Eli;
- Eli de Matate, Matate de Levi, Levi de Melqui, Melqui de Janai, Janai de José,
- José de Matatias, Matatias de Amós, Amós de Naum, Naum de Esli, Esli de Nagai,
- Nagai de Maate, Maate de Matatias, Matatias de Semei, Semei de Joseque, Joseque de Jodá,
- Jodá de Joanã, Joanã de Resa, Resa de Zorobabel, Zorobabel de Salatiel, Salatiel de Neri,
- Neri de Melqui, Melqui de Adi, Adi de Cosão, Cosão de Elmodã, Elmodão de Er,
- Er de Josué, Josué de Eliézer, Eliézer de Jorim, Jorim de Matate, Matate de Levi,
- Levi de Simeão, Simeão de Judá, Judá de José, José de Jonã, Jonã de Eliaquim,
- Eliaquim de Meleá, Meleá de Mená, Mená de Matatá, Matatá de Natã, Natã de Davi,
- Davi de Jessé, Jessé de Obede, Obede de Boaz, Boaz de Salá, Salá de Nasom,
- Nasom de Aminadabe, Aminadabe de Admim, Admim de Arni, Arni de Esrom, Esrom de Farés, Farés de Judá,
- Judá de Jacó, Jacó de Isaque, Isaque de Abraão, Abraão de Tará, Tará de Naor,
- Naor de Seruque, Seruque de Ragaú, Ragaú de Faleque, Faleque de Eber, Eber de Salá,
- Salá de Cainã, Cainã de Arfaxade, Arfaxade de Sem, Sem de Noé, Noé de Lameque,
- Lameque de Matusalém, Matusalém de Enoque, Enoque de Jarede, Jarede de Maleleel, Maleleel de Cainã,
- Cainã de Enos, Enos de Sete, Sete de Adão, e Adão de Deus.
Lucas 4
- Jesus, pois, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão; e era levado pelo Espírito no deserto,
- durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. E naqueles dias não comeu coisa alguma; e terminados eles, teve fome.
- Disse-lhe então o Diabo: Se tu és Filho de Deus, manda a esta pedra que se torne em pão.
- Jesus, porém, lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem.
- Então o Diabo, levando-o a um lugar elevado, mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo.
- E disse-lhe: Dar-te-ei toda a autoridade e glória destes reinos, porque me foi entregue, e a dou a quem eu quiser;
- se tu, me adorares, será toda tua.
- Respondeu-lhe Jesus: Está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
- Então o levou a Jerusalém e o colocou sobre o pináculo do templo e lhe disse: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo;
- porque está escrito: Aos seus anjos ordenará a teu respeito, que te guardem;
- e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
- Respondeu-lhe Jesus: Dito está: Não tentarás o Senhor teu Deus.
- Assim, tendo o Diabo acabado toda sorte de tentação, retirou-se dele até ocasião oportuna.
- Então voltou Jesus para a Galiléia no poder do Espírito; e a sua fama correu por toda a circunvizinhança.
- Ensinava nas sinagogas deles, e por todos era louvado.
- Chegando a Nazaré, onde fora criado; entrou na sinagoga no dia de sábado, segundo o seu costume, e levantou-se para ler.
- Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías; e abrindo-o, achou o lugar em que estava escrito:
- O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para anunciar boas novas aos pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos, e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,
- e para proclamar o ano aceitável do Senhor.
- E fechando o livro, devolveu-o ao assistente e sentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele.
- Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta escritura aos vossos ouvidos.
- E todos lhe davam testemunho, e se admiravam das palavras de graça que saíam da sua boca; e diziam: Este não é filho de José?
- Disse-lhes Jesus: Sem dúvida me direis este provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo; Tudo o que ouvimos teres feito em Cafarnaum, faze-o também aqui na tua terra.
- E prosseguiu: Em verdade vos digo que nenhum profeta é aceito na sua terra.
- Em verdade vos digo que muitas viúvas havia em Israel nos dias de Elias, quando céu se fechou por três anos e seis meses, de sorte que houve grande fome por toda a terra;
- e a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva em Serepta de Sidom.
- Também muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Elizeu, mas nenhum deles foi purificado senão Naamã, o sírio.
- Todos os que estavam na sinagoga, ao ouvirem estas coisas, ficaram cheios de ira.
- e, levantando-se, expulsaram-no da cidade e o levaram até o despenhadeiro do monte em que a sua cidade estava edificada, para dali o precipitarem.
- Ele, porém, passando pelo meio deles, seguiu o seu caminho.
- Então desceu a Cafarnaum, cidade da Galiléia, e os ensinava no sábado.
- e maravilharam-se da sua doutrina, porque a sua palavra era com autoridade.
- Havia na sinagoga um homem que tinha o espírito de um demônio imundo; e gritou em alta voz:
- Ah! que temos nós contigo, Jesus, nazareno? vieste destruir-nos? Bem sei quem é: o Santo de Deus.
- Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele. E o demônio, tendo-o lançado por terra no meio do povo, saiu dele sem lhe fazer mal algum.
- E veio espanto sobre todos, e falavam entre si, perguntando uns aos outros: Que palavra é esta, pois com autoridade e poder ordena aos espíritos imundos, e eles saem?
- E se divulgava a sua fama por todos os lugares da circunvizinhança.
- Ora, levantando-se Jesus, saiu da sinagoga e entrou em casa de Simão; e estando a sogra de Simão enferma com muita febre, rogaram-lhe por ela.
- E ele, inclinando-se para ela, repreendeu a febre, e esta a deixou. Imediatamente ela se levantou e os servia.
- Ao pôr do sol, todos os que tinham enfermos de várias doenças lhos traziam; e ele punha as mãos sobre cada um deles e os curava.
- Também de muitos saíam demônios, gritando e dizendo: Tu és o Filho de Deus. Ele, porém, os repreendia, e não os deixava falar; pois sabiam que ele era o Cristo.
- Ao romper do dia saiu, e foi a um lugar deserto; e as multidões procuravam-no e, vindo a ele, queriam detê-lo, para que não se ausentasse delas.
- Ele, porém, lhes disse: É necessário que também às outras cidades eu anuncie o evangelho do reino de Deus; porque para isso é que fui enviado.
- E pregava nas sinagogas da Judéia.
Lucas 5
- Certa vez, quando a multidão apertava Jesus para ouvir a palavra de Deus, ele estava junto ao lago de Genezaré;
- e viu dois barcos junto à praia do lago; mas os pescadores haviam descido deles, e estavam lavando as redes.
- Entrando ele num dos barcos, que era o de Simão, pediu-lhe que o afastasse um pouco da terra; e, sentando-se, ensinava do barco as multidões.
- Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.
- Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes.
- Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam.
- Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
- Vendo isso Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.
- Pois, à vista da pesca que haviam feito, o espanto se apoderara dele e de todos os que com ele estavam,
- bem como de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão. Disse Jesus a Simão: Não temas; de agora em diante serás pescador de homens.
- E, levando eles os barcos para a terra, deixaram tudo e o seguiram.
- Estando ele numa das cidades, apareceu um homem cheio de lepra que, vendo a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e suplicou-lhe: Senhor, se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
- Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante desapareceu dele a lepra.
- Ordenou-lhe, então, que a ninguém contasse isto. Mas vai, disse ele, mostra-te ao sacerdote e faze a oferta pela tua purificação, conforme Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
- A sua fama, porém, se divulgava cada vez mais, e grandes multidões se ajuntavam para ouvi-lo e serem curadas das suas enfermidades.
- Mas ele se retirava para os desertos, e ali orava.
- Um dia, quando ele estava ensinando, achavam-se ali sentados fariseus e doutores da lei, que tinham vindo de todas as aldeias da Galiléia e da Judéia, e de Jerusalém; e o poder do Senhor estava com ele para curar.
- E eis que uns homens, trazendo num leito um paralítico, procuravam introduzi-lo e pô-lo diante dele.
- Mas, não achando por onde o pudessem introduzir por causa da multidão, subiram ao eirado e, por entre as telhas, o baixaram com o leito, para o meio de todos, diante de Jesus.
- E vendo-lhes a fé, disse ele: Homem, são-te perdoados os teus pecados.
- Então os escribas e os fariseus começaram a arrazoar, dizendo: Quem é este que profere blasfêmias? Quem é este que profere blasfêmias? Quem pode perdoar pecados, senão só Deus?
- Jesus, porém, percebendo os seus pensamentos, respondeu, e disse-lhes: Por que arrazoais em vossos corações?
- Qual é mais fácil? dizer: São-te perdoados os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, e anda?
- Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse ao paralítico), a ti te digo: Levanta-te, toma o teu leito e vai para tua casa.
- Imediatamente se levantou diante deles, tomou o leito em que estivera deitado e foi para sua casa, glorificando a Deus.
- E, tomados de pasmo, todos glorificavam a Deus; e diziam, cheios de temor: Hoje vimos coisas extraordinárias.
- Depois disso saiu e, vendo um publicano chamado Levi, sentado na coletoria, disse-lhe: Segue-me.
- Este, deixando tudo, levantou-se e o seguiu.
- Deu-lhe então Levi um lauto banquete em sua casa; havia ali grande número de publicanos e outros que estavam com eles à mesa.
- Murmuravam, pois, os fariseus e seus escribas contra os discípulos, perguntando: Por que comeis e bebeis com publicanos e pecadores?
- Respondeu-lhes Jesus: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos;
- eu não vim chamar justos, mas pecadores, ao arrependimento.
- Disseram-lhe eles: Os discípulos de João jejuam frequentemente e fazem orações, como também os dos fariseus, mas os teus comem e bebem.
- Respondeu-lhes Jesus: Podeis, porventura, fazer jejuar os convidados às núpcias enquanto o noivo está com eles?
- Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; naqueles dias, sim hão de jejuar.
- Propôs-lhes também uma parábola: Ninguém tira um pedaço de um vestido novo para o coser em vestido velho; do contrário, não somente rasgará o novo, mas também o pedaço do novo não condirá com o velho.
- E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres e se derramará, e os odres se perderão;
- mas vinho novo deve ser deitado em odres novos.
- E ninguém, tendo bebido o velho, quer o novo; porque diz: O velho é bom.
Lucas 6
- E sucedeu que, num dia de sábado, passava Jesus pelas searas; e seus discípulos iam colhendo espigas e, debulhando-as com as mãos, as comiam.
- Alguns dos fariseus, porém, perguntaram; Por que estais fazendo o que não é lícito fazer nos sábados?
- E Jesus, respondendo-lhes, disse: Nem ao menos tendes lido o que fez Davi quando teve fome, ele e seus companheiros?
- Como entrou na casa de Deus, tomou os pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão só aos sacerdotes, e deles comeu e deu também aos companheiros?
- Também lhes disse: O Filho do homem é Senhor do sábado.
- Ainda em outro sábado entrou na sinagoga, e pôs-se a ensinar. Estava ali um homem que tinha a mão direita atrofiada.
- E os escribas e os fariseus observavam-no, para ver se curaria em dia de sábado, para acharem de que o acusar.
- Mas ele, conhecendo-lhes os pensamentos, disse ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te, e fica em pé aqui no maio. E ele, levantando-se, ficou em pé.
- Disse-lhes, então, Jesus: Eu vos pergunto: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida, ou tirá-la?
- E olhando para todos em redor, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele assim o fez, e a mão lhe foi restabelecida.
- Mas eles se encheram de furor; e uns com os outros conferenciam sobre o que fariam a Jesus.
- Naqueles dias retirou-se para o monte a fim de orar; e passou a noite toda em oração a Deus.
- Depois do amanhecer, chamou seus discípulos, e escolheu doze dentre eles, aos quais deu também o nome de apóstolos:
- Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu;
- Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote;
- Judas, filho de Tiago; e Judas Iscariotes, que veio a ser o traidor.
- E Jesus, descendo com eles, parou num lugar plano, onde havia não só grande número de seus discípulos, mas também grande multidão do povo, de toda a Judéia e Jerusalém, e do litoral de Tiro e de Sidom, que tinham vindo para ouvi-lo e serem curados das suas doenças;
- e os que eram atormentados por espíritos imundos ficavam curados.
- E toda a multidão procurava tocar-lhe; porque saía dele poder que curava a todos.
- Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus.
- Bem-aventurados vós, que agora tendes fome, porque sereis fartos. Bem-aventurados vós, que agora chorais, porque haveis de rir.
- Bem-aventurados sereis quando os homens vos odiarem, e quando vos expulsarem da sua companhia, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como indigno, por causa do Filho do homem.
- Regozijai-vos nesse dia e exultai, porque eis que é grande o vosso galardão no céu; pois assim faziam os seus pais aos profetas.
- Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.
- Ai de vós, os que agora estais fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos lamentareis e chorareis.
- Ai de vós, quando todos os homens vos louvarem! porque assim faziam os seus pais aos falsos profetas.
- Mas a vós que ouvis, digo: Amai a vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam,
- bendizei aos que vos maldizem, e orai pelos que vos caluniam.
- Ao que te ferir numa face, oferece-lhe também a outra; e ao que te houver tirado a capa, não lhe negues também a túnica.
- Dá a todo o que te pedir; e ao que tomar o que é teu, não lho reclames.
- Assim como quereis que os homens vos façam, do mesmo modo lhes fazei vós também.
- Se amardes aos que vos amam, que mérito há nisso? Pois também os pecadores amam aos que os amam.
- E se fizerdes bem aos que vos fazem bem, que mérito há nisso? Também os pecadores fazem o mesmo.
- E se emprestardes àqueles de quem esperais receber, que mérito há nisso? Também os pecadores emprestam aos pecadores, para receberem outro tanto.
- Amai, porém a vossos inimigos, fazei bem e emprestai, nunca desanimado; e grande será a vossa recompensa, e sereis filhos do Altíssimo; porque ele é benigno até para com os integrantes e maus.
- Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
- Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados.
- Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço; porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós.
- E propôs-lhes também uma parábola: Pode porventura um cego guiar outro cego? não cairão ambos no barranco?
- Não é o discípulo mais do que o seu mestre; mas todo o que for bem instruído será como o seu mestre.
- Por que vês o argueiro no olho de teu irmão, e não reparas na trave que está no teu próprio olho?
- Ou como podes dizer a teu irmão: Irmão, deixa-me tirar o argueiro que está no teu olho, não vendo tu mesmo a trave que está no teu? Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro que está no olho de teu irmão.
- Porque não há árvore boa que dê mau fruto nem tampouco árvore má que dê bom fruto.
- Porque cada árvore se conhece pelo seu próprio fruto; pois dos espinheiros não se colhem figos, nem dos abrolhos se vindimam uvas.
- O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem; e o homem mau, do seu mau tesouro tira o mal; pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
- E por que me chamais: Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu vos digo?
- Todo aquele que vem a mim, e ouve as minhas palavras, e as pratica, eu vos mostrarei a quem é semelhante:
- É semelhante ao homem que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala, e pôs os alicerces sobre a rocha; e vindo a enchente, bateu com ímpeto a torrente naquela casa, e não a pôde abalar, porque tinha sido bem edificada.
- Mas o que ouve e não pratica é semelhante a um homem que edificou uma casa sobre terra, sem alicerces, na qual bateu com ímpeto a torrente, e logo caiu; e foi grande a ruína daquela casa.
Lucas 7
- Quando acabou de proferir todas estas palavras aos ouvidos do povo, entrou em Cafarnaum.
- E um servo de certo centurião, de quem era muito estimado, estava doente, quase à morte.
- O centurião, pois, ouvindo falar de Jesus, enviou-lhes uns anciãos dos judeus, a pedir-lhe que viesse curar o seu servo.
- E chegando eles junto de Jesus, rogavam-lhe com instância, dizendo: É digno de que lhe concedas isto;
- porque ama à nossa nação, e ele mesmo nos edificou a sinagoga.
- Ia, pois, Jesus com eles; mas, quando já estava perto da casa, enviou o centurião uns amigos a dizer-lhe: Senhor, não te incomodes; porque não sou digno de que entres debaixo do meu telhado;
- por isso nem ainda me julguei digno de ir à tua presença; dize, porém, uma palavra, e seja o meu servo curado.
- Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
- Jesus, ouvindo isso, admirou-se dele e, voltando-se para a multidão que o seguia, disse: Eu vos afirmo que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé.
- E voltando para casa os que haviam sido enviados, encontraram o servo com saúde.
- Pouco depois seguiu ele viagem para uma cidade chamada Naim; e iam com ele seus discípulos e uma grande multidão.
- Quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam para fora um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.
- Logo que o Senhor a viu, encheu-se de compaixão por ela, e disse-lhe: Não chores.
- Então, chegando-se, tocou no esquife e, quando pararam os que o levavam, disse: Moço, a ti te digo: Levanta-te.
- O que estivera morto sentou-se e começou a falar. Então Jesus o entregou à sua mãe.
- O medo se apoderou de todos, e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta se levantou entre nós; e: Deus visitou o seu povo.
- E correu a notícia disto por toda a Judéia e por toda a região circunvizinha.
- Ora, os discípulos de João anunciaram-lhe todas estas coisas.
- E João, chamando a dois deles, enviou-os ao Senhor para perguntar-lhe: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
- Quando aqueles homens chegaram junto dele, disseram: João, o Batista, enviou-nos a perguntar-te: És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
- Naquela mesma hora, curou a muitos de doenças, de moléstias e de espíritos malignos; e deu vista a muitos cegos.
- Então lhes respondeu: Ide, e contai a João o que tens visto e ouvido: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
- E bem-aventurado aquele que não se escandalizar de mim.
- E, tendo-se retirado os mensageiros de João, Jesus começou a dizer às multidões a respeito de João: Que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
- Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam roupas preciosas, e vivem em delícias, estão nos paços reais.
- Mas que saístes a ver? um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
- Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
- Pois eu vos digo que, entre os nascidos de mulher, não há nenhum maior do que João; mas aquele que é o menor no re medida com é maior do que ele.
- E todo o povo que o ouviu, e até os publicanos, reconheceram a justiça de Deus, recebendo o batismo de João.
- Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus quando a si mesmos, não sendo batizados por ele.
- A que, pois, compararei os homens desta geração, e a que são semelhantes?
- São semelhantes aos meninos que, sentados nas praças, gritam uns para os outros: Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não chorastes.
- Porquanto veio João, o Batista, não comendo pão nem bebendo vinho, e dizeis: Tem demônio;
- veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizeis: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores.
- Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos.
- Um dos fariseus convidou-o para comer com ele; e entrando em casa do fariseu, reclinou-se à mesa.
- E eis que uma mulher pecadora que havia na cidade, quando soube que ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um vaso de alabastro com bálsamo;
- e estando por detrás, aos seus pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo.
- Mas, ao ver isso, o fariseu que o convidara falava consigo, dizendo: Se este homem fosse profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca, pois é uma pecadora.
- E respondendo Jesus, disse-lhe: Simão, tenho uma coisa a dizer-te. Respondeu ele: Dize-a, Mestre.
- Certo credor tinha dois devedores; um lhe devia quinhentos denários, e outro cinquenta.
- Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?
- Respondeu Simão: Suponho que é aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe Jesus: Julgaste bem.
- E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou.
- Não me deste ósculo; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés.
- Não me ungiste a cabeça com óleo; mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
- Por isso te digo: Perdoados lhe são os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama.
- E disse a ela: Perdoados são os teus pecados.
- Mas os que estavam com ele à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este que até perdoa pecados?
- Jesus, porém, disse à mulher: A tua fé te salvou; vai-te em paz.
Lucas 8
- Logo depois disso, andava Jesus de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e iam com ele os doze,
- bem como algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demônios.
- Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, Susana, e muitas outras que os serviam com os seus bens.
- Ora, ajuntando-se uma grande multidão, e vindo ter com ele gente de todas as cidades, disse Jesus por parábola:
- Saiu o semeador a semear a sua semente. E quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho; e foi pisada, e as aves do céu a comeram.
- Outra caiu sobre pedra; e, nascida, secou-se porque não havia umidade.
- E outra caiu no meio dos espinhos; e crescendo com ela os espinhos, sufocaram-na.
- Mas outra caiu em boa terra; e, nascida, produziu fruto, cem por um. Dizendo ele estas coisas, clamava: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
- Perguntaram-lhe então seus discípulos o que significava essa parábola.
- Respondeu ele: A vós é dado conhecer os mistérios do reino de Deus; mas aos outros se fala por parábolas; para que vendo, não vejam, e ouvindo, não entendam.
- É, pois, esta a parábola: A semente é a palavra de Deus.
- Os que estão à beira do caminho são os que ouvem; mas logo vem o Diabo e tira-lhe do coração a palavra, para que não suceda que, crendo, sejam salvos.
- Os que estão sobre a pedra são os que, ouvindo a palavra, a recebem com alegria; mas estes não têm raiz, apenas crêem por algum tempo, mas na hora da provação se desviam.
- A parte que caiu entre os espinhos são os que ouviram e, indo seu caminho, são sufocados pelos cuidados, riquezas, e deleites desta vida e não dão fruto com perfeição.
- Mas a que caiu em boa terra são os que, ouvindo a palavra com coração reto e bom, a retêm e dão fruto com perseverança.
- Ninguém, pois, acende uma candeia e a cobre com algum vaso, ou a põe debaixo da cama; mas põe-na no velador, para que os que entram vejam a luz.
- Porque não há coisa encoberta que não haja de manifestar-se, nem coisa secreta que não haja de saber-se e vir à luz.
- Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver, até o que parece ter lhe será tirado.
- Vieram, então, ter com ele sua mãe e seus irmãos, e não podiam aproximar-se dele por causa da multidão.
- Foi-lhe dito: Tua mãe e teus irmãos estão lá fora, e querem ver-te.
- Ele, porém, lhes respondeu: Minha mãe e meus irmãos são estes que ouvem a palavra de Deus e a observam.
- Ora, aconteceu certo dia que entrou num barco com seus discípulos, e disse-lhes: Passemos à outra margem do lago. E partiram.
- Enquanto navegavam, ele adormeceu; e desceu uma tempestade de vento sobre o lago; e o barco se enchia de água, de sorte que perigavam.
- Chegando-se a ele, o despertaram, dizendo: Mestre, Mestre, estamos perecendo. E ele, levantando-se, repreendeu o vento e a fúria da água; e cessaram, e fez-se bonança.
- Então lhes perguntou: Onde está a vossa fé? Eles, atemorizados, admiraram-se, dizendo uns aos outros: Quem, pois, é este, que até aos ventos e à água manda, e lhe obedecem?
- Apontaram à terra dos gerasenos, que está defronte da Galiléia.
- Logo que saltou em terra, saiu-lhe ao encontro um homem da cidade, possesso de demônios, que havia muito tempo não vestia roupa, nem morava em casa, mas nos sepulcros.
- Quando ele viu a Jesus, gritou, prostrou-se diante dele, e com grande voz exclamou: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes.
- Porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem. Pois já havia muito tempo que se apoderara dele; e guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as prisões, era impelido pelo demônio para os desertos.
- Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham entrado nele muitos demônios.
- E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo.
- Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe, pois que lhes permitisse entrar neles, e lho permitiu.
- E tendo os demônios saído do homem, entraram nos porcos; e a manada precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e afogou-se.
- Quando os pastores viram o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos.
- Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram ter com Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem de quem havia saído os demônios; e se atemorizaram.
- Os que tinham visto aquilo contaram-lhes como fora curado o endemoninhado.
- Então todo o povo da região dos gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande medo. Pelo que ele entrou no barco, e voltou.
- Pedia-lhe, porém, o homem de quem haviam saído os demônios que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo:
- Volta para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.
- Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu; porque todos o estavam esperando.
- E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa;
- porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte. Enquanto, pois, ele ia, apertavam-no as multidões.
- E certa mulher, que tinha uma hemorragia havia doze anos [e gastara com os médicos todos os seus haveres] e por ninguém pudera ser curada,
- chegando-se por detrás, tocou-lhe a orla do manto, e imediatamente cessou a sua hemorragia.
- Perguntou Jesus: Quem é que me tocou? Como todos negassem, disse-lhe Pedro: Mestre, as multidões te apertam e te oprimem.
- Mas disse Jesus: Alguém me tocou; pois percebi que de mim saiu poder.
- Então, vendo a mulher que não passara despercebida, aproximou-se tremendo e, prostrando-se diante dele, declarou-lhe perante todo o povo a causa por que lhe havia tocado, e como fora imediatamente curada.
- Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz.
- Enquanto ainda falava, veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta; não incomodes mais o Mestre.
- Jesus, porém, ouvindo-o, respondeu-lhe: Não temas: crê somente, e será salva.
- Tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina.
- E todos choravam e pranteavam; ele, porém, disse: Não choreis; ela não está morta, mas dorme.
- E riam-se dele, sabendo que ela estava morta.
- Então ele, tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te.
- E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer.
- E seus pais ficaram maravilhados; e ele mandou-lhes que a ninguém contassem o que havia sucedido.
Lucas 9
- Reunindo os doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem doenças;
- e enviou-os a pregar o reino de Deus, e fazer curas,
- dizendo-lhes: Nada leveis para o caminho, nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro; nem tenhais duas túnicas.
- Em qualquer casa em que entrardes, nela ficai, e dali partireis.
- Mas, onde quer que não vos receberem, saindo daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles.
- Saindo, pois, os discípulos percorreram as aldeias, anunciando o evangelho e fazendo curas por toda parte.
- Ora, o tetrarca Herodes soube de tudo o que se passava, e ficou muito perplexo, porque diziam uns: João ressuscitou dos mortos;
- outros: Elias apareceu; e outros: Um dos antigos profetas se levantou.
- Herodes, porém, disse: A João eu mandei degolar; quem é, pois, este a respeito de quem ouço tais coisas? E procurava vê-lo.
- Quando os apóstolos voltaram, contaram-lhe tudo o que havia feito. E ele, levando-os consigo, retirou-se à parte para uma cidade chamada Betsaida.
- Mas as multidões, percebendo isto, seguiram-no; e ele as recebeu, e falava-lhes do reino de Deus, e sarava os que necessitavam de cura.
- Ora, quando o dia começava a declinar, aproximando-se os doze, disseram-lhe: Despede a multidão, para que, indo às aldeias e aos sítios em redor, se hospedem, e achem o que comer; porque aqui estamos em lugar deserto.
- Mas ele lhes disse: Dai-lhes vós de comer. Responderam eles: Não temos senão cinco pães e dois peixes; salvo se nós formos comprar comida para todo este povo.
- Pois eram cerca de cinco mil homens. Então disse a seus discípulos: Fazei-os reclinar-se em grupos de cerca de cinquenta cada um.
- Assim o fizeram, mandando que todos se reclinassem.
- E tomando Jesus os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu, os abençoou e partiu, e os entregava aos seus discípulos para os porem diante da multidão.
- Todos, pois, comeram e se fartaram; e foram levantados, do que lhes sobejou, doze cestos de pedaços.
- Enquanto ele estava orando à parte achavam-se com ele somente seus discípulos; e perguntou-lhes: Quem dizem as multidões que eu sou?
- Responderam eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros, que um dos antigos profetas se levantou.
- Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo Pedro, disse: O Cristo de Deus.
- Jesus, porém, advertindo-os, mandou que não contassem isso a ninguém;
- e disse-lhes: É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que seja morto, e que ao terceiro dia ressuscite.
- Em seguida dizia a todos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e siga-me.
- Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, esse a salvará.
- Pois, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se, ou prejudicar-se a si mesmo?
- Porque, quem se envergonhar de mim e das minhas palavras, dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos.
- Mas em verdade vos digo: Alguns há, dos que estão aqui, que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus.
- Cerca de oito dias depois de ter proferido essas palavras, tomou Jesus consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiu ao monte para orar.
- Enquanto ele orava, mudou-se a aparência do seu rosto, e a sua roupa tornou-se branca e resplandecente.
- E eis que estavam falando com ele dois varões, que eram Moisés e Elias,
- os quais apareceram com glória, e falavam da sua partida que estava para cumprir-se em Jerusalém.
- Ora, Pedro e os que estavam com ele se haviam deixado vencer pelo sono; despertando, porém, viram a sua glória e os dois varões que estavam com ele.
- E, quando estes se apartavam dele, disse Pedro a Jesus: Mestre, bom é estarmos nós aqui: façamos, pois, três cabanas, uma para ti, uma para Moisés, e uma para Elias, não sabendo o que dizia.
- Enquanto ele ainda falava, veio uma nuvem que os cobriu; e se atemorizaram ao entrarem na nuvem.
- E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho, o meu eleito; a ele ouvi.
- Ao soar esta voz, Jesus foi achado sozinho; e eles calaram-se, e por aqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
- No dia seguinte, quando desceram do monte, veio-lhe ao encontro uma grande multidão.
- E eis que um homem dentre a multidão clamou, dizendo: Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que tenho;
- pois um espírito se apodera dele, fazendo-o gritar subitamente, convulsiona-o até escumar e, mesmo depois de o ter quebrantado, dificilmente o larga.
- E roguei aos teus discípulos que o expulsassem, mas não puderam.
- Respondeu Jesus: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco e vos sofrerei? Traze-me cá o teu filho.
- Ainda quando ele vinha chegando, o demônio o derribou e o convulsionou; mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou a seu pai.
- E todos se maravilhavam da majestade de Deus. E admirando-se todos de tudo o que Jesus fazia, disse ele a seus discípulos:
- Ponde vós estas palavras em vossos ouvidos; pois o Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens.
- Eles, porém, não entendiam essa palavra, cujo sentido lhes era encoberto para que não o compreendessem; e temiam interrogá-lo a esse respeito.
- E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior.
- Mas Jesus, percebendo o pensamento de seus corações, tomou uma criança, pô-la junto de si,
- e disse-lhes: Qualquer que receber esta criança em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que me receber a mim, recebe aquele que me enviou; pois aquele que entre vós todos é o menor, esse é grande.
- Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios; e lho proibimos, porque não segue conosco.
- Respondeu-lhe Jesus: Não lho proibais; porque quem não é contra vós é por vós.
- Ora, quando se completavam os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.
- Enviou, pois, mensageiros adiante de si. Indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos para lhe prepararem pousada.
- Mas não o receberam, porque viajava em direção a Jerusalém.
- Vendo isto os discípulos Tiago e João, disseram: Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para os consumir [como Elias também fez?]
- Ele porém, voltando-se, repreendeu-os, [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.]
- [Pois o Filho do Homem não veio para destruir as vidas dos homens, mas para salvá-las.] E foram para outra aldeia.
- Quando iam pelo caminho, disse-lhe um homem: Seguir-te-ei para onde quer que fores.
- Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
- E a outro disse: Segue-me. Ao que este respondeu: Permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
- Replicou-lhe Jesus: Deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos; tu, porém, vai e anuncia o reino de Deus.
- Jesus, porém, lhe respondeu: Ninguém que lança mão do arado e olha para trás é apto para o reino de Deus.
Lucas 10
- Depois disso designou o Senhor outros setenta, e os enviou adiante de si, de dois em dois, a todas as cidades e lugares aonde ele havia de ir.
- E dizia-lhes: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos; rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
- Ide; eis que vos envio como cordeiros ao meio de lobos.
- Não leveis bolsa, nem alforge, nem alparcas; e a ninguém saudeis pelo caminho.
- Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: Paz seja com esta casa.
- E se ali houver um filho da paz, repousará sobre ele a vossa paz; e se não, voltará para vós.
- Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que eles tiverem; pois digno é o trabalhador do seu salário. Não andeis de casa em casa.
- Também, em qualquer cidade em que entrardes, e vos receberem, comei do que puserem diante de vós.
- Curai os enfermos que nela houver, e dizer-lhes: É chegado a vós o reino de Deus.
- Mas em qualquer cidade em que entrardes, e vos não receberem, saindo pelas ruas, dizei:
- Até o pó da vossa cidade, que se nos pegou aos pés, sacudimos contra vós. Contudo, sabei isto: que o reino de Deus é chegado.
- Digo-vos que naquele dia haverá menos rigor para Sodoma, do que para aquela cidade.
- Ai de ti, Corazim! ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito, sentadas em cilício e cinza, elas se teriam arrependido.
- Contudo, para Tiro e Sidom haverá menos rigor no juízo do que para vós.
- E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás.
- Quem vos ouve, a mim me ouve; e quem vos rejeita, a mim me rejeita; e quem a mim me rejeita, rejeita aquele que me enviou.
- Voltaram depois os setenta com alegria, dizendo: Senhor, em teu nome, até os demônios se nos submetem.
- Respondeu-lhes ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.
- Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano algum.
- Contudo, não vos alegreis porque se vos submetem os espíritos; alegrai-vos antes por estarem os vossos nomes escritos nos céus.
- Naquela mesma hora exultou Jesus no Espírito Santo, e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos; sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
- Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
- E voltando-se para os discípulos, disse-lhes em particular: Bem-aventurados os olhos que vêem o que vós vedes.
- Pois vos digo que muitos profetas e reis desejaram ver o que vós vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
- E eis que se levantou certo doutor da lei e, para o experimentar, disse: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
- Perguntou-lhe Jesus: Que está escrito na lei? Como lês tu?
- Respondeu-lhe ele: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.
- Tornou-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás.
- Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: E quem é o meu próximo?
- Jesus, prosseguindo, disse: Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de salteadores, os quais o despojaram e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
- Casualmente, descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e vendo-o, passou de largo.
- De igual modo também um levita chegou àquele lugar, viu-o, e passou de largo.
- Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou perto dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão;
- e aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; e pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
- No dia seguinte tirou dois denários, deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que gastares a mais, eu to pagarei quando voltar.
- Qual, pois, destes três te parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?
- Respondeu o doutor da lei: Aquele que usou de misericórdia para com ele. Disse-lhe, pois, Jesus: Vai, e faze tu o mesmo.
- Ora, quando iam de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa.
- Tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, sentando-se aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.
- Marta, porém, andava preocupada com muito serviço; e aproximando-se, disse: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado a servir sozinha? Dize-lhe, pois, que me ajude.
- Respondeu-lhe o Senhor: Marta, Marta, estás ansiosa e perturbada com muitas coisas;
- entretanto poucas são necessárias, ou mesmo uma só; e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.
Lucas 11
- Estava Jesus em certo lugar orando e, quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos.
- Ao que ele lhes disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino;
- dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano;
- e perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos deve; e não nos deixes entrar em tentação, [mas livra-nos do mal.]
- Disse-lhes também: Se um de vós tiver um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães,
- pois que um amigo meu, estando em viagem, chegou a minha casa, e não tenho o que lhe oferecer;
- e se ele, de dentro, responder: Não me incomodes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para te atender;
- digo-vos que, ainda que se levante para lhos dar por ser seu amigo, todavia, por causa da sua importunação, se levantará e lhe dará quantos pães ele precisar.
- Pelo que eu vos digo: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei, e abrir-se-vos-á;
- pois todo o que pede, recebe; e quem busca acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
- E qual o pai dentre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará por peixe uma serpente?
- Ou, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
- Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?
- Estava Jesus expulsando um demônio, que era mudo; e aconteceu que, saindo o demônio, o mudo falou; e as multidões se admiraram.
- Mas alguns deles disseram: É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa os demônios.
- E outros, experimentando-o, lhe pediam um sinal do céu.
- Ele, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo será assolado, e casa sobre casa cairá.
- Ora, pois, se Satanás está dividido contra si mesmo, como subsistirá o seu reino? Pois dizeis que eu expulso dos demônios por Belzebu.
- E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso eles mesmos serão os vossos juízes.
- Mas, se é pelo dedo de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
- Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança estão os seus bens;
- mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a armadura em que confiava, e reparte os seus despojos.
- Quem não é comigo, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
- Ora, havendo o espírito imundo saindo do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso; e não o encontrando, diz: Voltarei para minha casa, donde saí.
- E chegando, acha-a varrida e adornada.
- Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro.
- Ora, enquanto ele dizia estas coisas, certa mulher dentre a multidão levantou a voz e lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos em que te amamentaste.
- Mas ele respondeu: Antes bem-aventurados os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.
- Como afluíssem as multidões, começou ele a dizer: Geração perversa é esta; ela pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o de Jonas;
- porquanto, assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, também o Filho do homem o será para esta geração.
- A rainha do sul se levantará no juízo com os homens desta geração, e os condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão; e eis, aqui quem é maior do que Salomão.
- Os homens de Nínive se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas; e eis aqui quem é maior do que Jonas.
- Ninguém, depois de acender uma candeia, a põe em lugar oculto, nem debaixo do alqueire, mas no velador, para que os que entram vejam a luz.
- A candeia do corpo são os olhos. Quando, pois, os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; mas, quando forem maus, o teu corpo será tenebroso.
- Vê, então, que a luz que há em ti não sejam trevas.
- Se, pois, todo o teu corpo estiver iluminado, sem ter parte alguma em trevas, será inteiramente luminoso, como quando a candeia te alumia com o seu resplendor.
- Acabando Jesus de falar, um fariseu o convidou para almoçar com ele; e havendo Jesus entrado, reclinou-se à mesa.
- O fariseu admirou-se, vendo que ele não se lavara antes de almoçar.
- Ao que o Senhor lhe disse: Ora vós, os fariseus, limpais o exterior do corpo e do prato; mas o vosso interior do copo e do prato; mas o vosso interior está cheio de rapina e maldade.
- Loucos! quem fez o exterior, não fez também o inferior?
- Dai, porém, de esmola o que está dentro do copo e do prato, e eis que todas as coisas vos serão limpas.
- Mas ai de vós, fariseus! porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda hortaliça, e desprezais a justiça e o amor de Deus. Ora, estas coisas importava fazer, sem deixar aquelas.
- Ai de vós, fariseus! porque gostais dos primeiros assentos nas sinagogas, e das saudações nas praças.
- Ai de vós! porque sois como as sepulturas que não aparecem, sobre as quais andam os homens sem o saberem.
- Disse-lhe, então, um dos doutores da lei: Mestre, quando dizes isso, também nos afrontas a nós.
- Ele, porém, respondeu: Ai de vós também, doutores da lei! porque carregais os homens com fardos difíceis de suportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais nesses fardos.
- Ai de vós! porque edificais os túmulos dos profetas, e vossos pais os mataram.
- Assim sois testemunhas e aprovais as obras de vossos pais; porquanto eles os mataram, e vós lhes edificais os túmulos.
- Por isso diz também a sabedoria de Deus: Profetas e apóstolos lhes mandarei; e eles matarão uns, e perseguirão outros;
- para que a esta geração se peçam contas do sangue de todos os profetas que, desde a fundação do mundo, foi derramado;
- desde o sangue de Abel, até o sangue de Zacarias, que foi morto entre o altar e o santuário; sim, eu vos digo, a esta geração se pedirão contas.
- Ai de vós, doutores da lei! porque tirastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam.
- Ao sair ele dali, começaram os escribas e os fariseus a apertá-lo fortemente, e a interrogá-lo acerca de muitas coisas,
- armando-lhe ciladas, a fim de o apanharem em alguma coisa que dissesse.
Lucas 12
- Ajuntando-se entretanto muitos milhares de pessoas, de sorte que se atropelavam uns aos outros, começou Jesus a dizer primeiro aos seus discípulos: Acautelai-vos do fermento dos fariseus, que é a hipocrisia.
- Mas nada há encoberto, que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser conhecido.
- Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido; e o que falaste ao ouvido no gabinete, dos eirados será apregoado.
- Digo-vos, amigos meus: Não temais os que matam o corpo, e depois disso nada mais podem fazer.
- Mas eu vos mostrarei a quem é que deveis temer; temei aquele que, depois de matar, tem poder para lançar no inferno; sim, digo, a esse temei.
- Não se vendem cinco passarinhos por dois asses? E nenhum deles está esquecido diante de Deus.
- Mas até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois mais valeis vós do que muitos passarinhos.
- E digo-vos que todo aquele que me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus;
- mas quem me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de Deus.
- E a todo aquele que proferir uma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas ao que blasfemar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado.
- Quando, pois, vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não estejais solícitos de como ou do que haveis de responder, nem do que haveis de dizer.
- Porque o Espírito Santo vos ensinará na mesma hora o que deveis dizer.
- Disse-lhe alguém dentre a multidão: Mestre, dize a meu irmão que reparte comigo a herança.
- Mas ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu a mim juiz ou repartidor entre vós?
- E disse ao povo: Acautelai-vos e guardai-vos de toda espécie de cobiça; porque a vida do homem não consiste na abundância das coisas que possui.
- Propôs-lhes então uma parábola, dizendo: O campo de um homem rico produzira com abundância;
- e ele arrazoava consigo, dizendo: Que farei? Pois não tenho onde recolher os meus frutos.
- Disse então: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores, e ali recolherei todos os meus cereais e os meus bens;
- e direi à minha alma: Alma, tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe, regala-te.
- Mas Deus lhe disse: Insensato, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?
- Assim é aquele que para si ajunta tesouros, e não é rico para com Deus.
- E disse aos seus discípulos: Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, nem quanto ao corpo, pelo que haveis de vestir.
- Pois a vida é mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário.
- Considerai os corvos, que não semeiam nem ceifam; não têm despensa nem celeiro; contudo, Deus os alimenta. Quanto mais não valeis vós do que as aves!
- Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
- Porquanto, se não podeis fazer nem as coisas mínimas, por que estais ansiosos pelas outras?
- Considerai os lírios, como crescem; não trabalham, nem fiam; contudo vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles.
- Se, pois, Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais vós, homens de pouca fé?
- Não procureis, pois, o que haveis de comer, ou o que haveis de beber, e não andeis preocupados.
- Porque a todas estas coisas os povos do mundo procuram; mas vosso Pai sabe que precisais delas.
- Buscai antes o seu reino, e estas coisas vos serão acrescentadas.
- Não temas, ó pequeno rebanho! porque a vosso Pai agradou dar-vos o reino.
- Vendei o que possuís, e dai esmolas. Fazei para vós bolsas que não envelheçam; tesouro nos céus que jamais acabe, aonde não chega ladrão e a traça não rói.
- Porque, onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.
- Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas candeias;
- e sede semelhantes a homens que esperam o seu senhor, quando houver de voltar das bodas, para que, quando vier e bater, logo possam abrir-lhe.
- Bem-aventurados aqueles servos, aos quais o senhor, quando vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará reclinar-se à mesa e, chegando-se, os servirá.
- Quer venha na segunda vigília, quer na terceira, bem-aventurados serão eles, se assim os achar.
- Sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que hora havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
- Estai vós também apercebidos; porque, numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
- Então Pedro perguntou: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
- Respondeu o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, que o Senhor porá sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
- Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
- Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
- Mas, se aquele servo disser em teu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se,
- virá o senhor desse servo num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe, e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
- O servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
- mas o que não a soube, e fez coisas que mereciam castigo, com poucos açoites será castigado. Daquele a quem muito é dado, muito se lhe requererá; e a quem muito é confiado, mais ainda se lhe pedirá.
- Vim lançar fogo à terra; e que mais quero, se já está aceso?
- Há um batismo em que hei de ser batizado; e como me angustio até que venha a cumprir-se!
- Cuidais vós que vim trazer paz à terra? Não, eu vos digo, mas antes dissensão:
- pois daqui em diante estarão cinco pessoas numa casa divididas, três contra duas, e duas contra três;
- estarão divididos: pai contra filho, e filho contra pai; mãe contra filha, e filha contra mãe; sogra contra nora, e nora contra sogra.
- Dizia também às multidões: Quando vedes subir uma nuvem do ocidente, logo dizeis: Lá vem chuva; e assim sucede;
- e quando vedes soprar o vento sul dizeis; Haverá calor; e assim sucede.
- Hipócritas, sabeis discernir a face da terra e do céu; como não sabeis então discernir este tempo?
- E por que não julgais também por vós mesmos o que é justo?
- Quando, pois, vais com o teu adversário ao magistrado, procura fazer as pazes com ele no caminho; para que não suceda que ele te arraste ao juiz, e o juiz te entregue ao meirinho, e o meirinho te lance na prisão
- Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro lepto.
Lucas 13
- Ora, naquele mesmo tempo estavam presentes alguns que lhe falavam dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios deles.
- Respondeu-lhes Jesus: Pensais vós que esses foram maiores pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?
- Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
- Ou pensais que aqueles dezoito, sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, foram mais culpados do que todos os outros habitantes de Jerusalém?
- Não, eu vos digo; antes, se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis.
- E passou a narrar esta parábola: Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha; e indo procurar fruto nela, e não o achou.
- Disse então ao viticultor: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho; corta-a; para que ocupa ela ainda a terra inutilmente?
- Respondeu-lhe ele: Senhor, deixa-a este ano ainda, até que eu cave em derredor, e lhe deite estrume;
- e se no futuro der fruto, bem; mas, se não, cortá-la-ás.
- Jesus estava ensinando numa das sinagogas no sábado.
- E estava ali uma mulher que tinha um espírito de enfermidade havia já dezoito anos; e andava encurvada, e não podia de modo algum endireitar-se.
- Vendo-a Jesus, chamou-a, e disse-lhe: Mulher, estás livre da tua enfermidade;
- e impôs-lhe as mãos e imediatamente ela se endireitou, e glorificava a Deus.
- Então o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus curara no sábado, tomando a palavra disse à multidão: Seis dias há em que se deve trabalhar; vinde, pois, neles para serdes curados, e não no dia de sábado.
- Respondeu-lhe, porém, o Senhor: Hipócritas, no sábado não desprende da manjedoura cada um de vós o seu boi, ou jumento, para o levar a beber?
- E não devia ser solta desta prisão, no dia de sábado, esta que é filha de Abraão, a qual há dezoito anos Satanás tinha presa?
- E dizendo ele essas coisas, todos os seus adversário ficavam envergonhados; e todo o povo se alegrava por todas as coisas gloriosas que eram feitas por ele.
- Ele, pois, dizia: A que é semelhante o reino de Deus, e a que o compararei?
- É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e lançou na sua horta; cresceu, e fez-se árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.
- E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus?
- É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar toda ela levedada.
- Assim percorria Jesus as cidades e as aldeias, ensinando, e caminhando para Jerusalém.
- E alguém lhe perguntou: Senhor, são poucos os que se salvam? Ao que ele lhes respondeu:
- Porfiai por entrar pela porta estreita; porque eu vos digo que muitos procurarão entrar, e não poderão.
- Quando o dono da casa se tiver levantado e cerrado a porta, e vós começardes, de fora, a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos; e ele vos responder: Não sei donde vós sois;
- então começareis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença, e tu ensinaste nas nossas ruas;
- e ele vos responderá: Não sei donde sois; apartai-vos de mim, vós todos os que praticais a iniqüidade.
- Ali haverá choro e ranger de dentes quando virdes Abraão, Isaque, Jacó e todos os profetas no reino de Deus, e vós lançados fora.
- Muitos virão do oriente e do ocidente, do norte e do sul, e reclinar-se-ão à mesa no reino de Deus.
- Pois há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos.
- Naquela mesma hora chegaram alguns fariseus que lhe disseram: Sai, e retira-te daqui, porque Herodes quer matar-te.
- Respondeu-lhes Jesus: Ide e dizei a essa raposa: Eis que vou expulsando demônios e fazendo curas, hoje e amanhã, e no terceiro dia serei consumado.
- Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã, e no dia seguinte; porque não convém que morra um profeta fora de Jerusalém.
- Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que a ti são enviados! Quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta a sua ninhada debaixo das asas, e não quiseste!
- Eis aí, abandonada vos é a vossa casa. E eu vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.
Lucas 14
- Tendo Jesus entrado, num sábado, em casa de um dos chefes dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando.
- Achava-se ali diante dele certo homem hidrópico.
- E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei e aos fariseus, e perguntou: É lícito curar no sábado, ou não?
- Eles, porém, ficaram calados. E Jesus, pegando no homem, o curou, e o despediu.
- Então lhes perguntou: Qual de vós, se lhe cair num poço um filho, ou um boi, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado?
- A isto nada puderam responder.
- Ao notar como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes esta parábola:
- Quando por alguém fores convidado às bodas, não te reclines no primeiro lugar; não aconteça que esteja convidado outro mais digno do que tu;
- e vindo o que te convidou a ti e a ele, te diga: Dá o lugar a este; e então, com vergonha, tenhas de tomar o último lugar.
- Mas, quando fores convidado, vai e reclina-te no último lugar, para que, quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, sobe mais para cima. Então terás honra diante de todos os que estiverem contigo à mesa.
- Porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado.
- Disse também ao que o havia convidado: Quando deres um jantar, ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem os vizinhos ricos, para que não suceda que também eles te tornem a convidar, e te seja isso retribuído.
- Mas quando deres um banquete, convida os pobres, os aleijados, os mancos e os cegos;
- e serás bem-aventurado; porque eles não têm com que te retribuir; pois retribuído te será na ressurreição dos justos.
- Ao ouvir isso um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus.
- Jesus, porém, lhe disse: Certo homem dava uma grande ceia, e convidou a muitos.
- E à hora da ceia mandou o seu servo dizer aos convidados: vinde, porque tudo já está preparado.
- Mas todos à uma começaram a escusar-se. Disse-lhe o primeiro: Comprei um campo, e preciso ir vê-lo; rogo-te que me dês por escusado.
- Outro disse: Comprei cinco juntas de bois, e vou experimentá-los; rogo-te que me dês por escusado.
- Ainda outro disse: Casei-me e portanto não posso ir.
- Voltou o servo e contou tudo isto a seu senhor: Então o dono da casa, indignado, disse a seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.
- Depois disse o servo: Senhor, feito está como o ordenaste, e ainda há lugar.
- Respondeu o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e obriga-os a entrar, para que a minha casa se encha.
- Pois eu vos digo que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.
- Ora, iam com ele grandes multidões; e, voltando-se, disse-lhes:
- Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo.
- Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo.
- Pois qual de vós, querendo edificar uma torre, não se senta primeiro a calcular as despesas, para ver se tem com que a acabar?
- Para não acontecer que, depois de haver posto os alicerces, e não a podendo acabar, todos os que a virem comecem a zombar dele,
- dizendo: Este homem começou a edificar e não pode acabar.
- Ou qual é o rei que, indo entrar em guerra contra outro rei, não se senta primeiro a consultar se com dez mil pode sair ao encontro do que vem contra ele com vinte mil?
- No caso contrário, enquanto o outro ainda está longe, manda embaixadores, e pede condições de paz.
- Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.
- Bom é o sal; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor?
- Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
Lucas 15
- Ora, chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o ouvir.
- E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores, e come com eles.
- Então ele lhes propôs esta parábola:
- Qual de vós é o homem que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto, e não vai após a perdida até que a encontre?
- E achando-a, põe-na sobre os ombros, cheio de júbilo;
- e chegando a casa, reúne os amigos e vizinhos e lhes diz: Alegrai-vos comigo, porque achei a minha ovelha que se havia perdido.
- Digo-vos que assim haverá maior alegria no céu por um pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento.
- Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma dracma, não acende a candeia, e não varre a casa, buscando com diligência até encontrá-la?
- E achando-a, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque achei a dracma que eu havia perdido.
- Assim, digo-vos, há alegria na presença dos anjos de Deus por um só pecador que se arrepende.
- Disse-lhe mais: Certo homem tinha dois filhos.
- O mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me toca. Repartiu-lhes, pois, os seus haveres.
- Poucos dias depois, o filho mais moço ajuntando tudo, partiu para um país distante, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
- E, havendo ele dissipado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a passar necessidades.
- Então foi encontrar-se a um dos cidadãos daquele país, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos.
- E desejava encher o estômago com as alfarrobas que os porcos comiam; e ninguém lhe dava nada.
- Caindo, porém, em si, disse: Quantos empregados de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
- Levantar-me-ei, irei ter com meu pai e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e diante de ti;
- já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus empregados.
- Levantou-se, pois, e foi para seu pai. Estando ele ainda longe, seu pai o viu, encheu-se de compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
- Disse-lhe o filho: Pai, pequei conta o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho.
- Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e alparcas nos pés;
- trazei também o bezerro, cevado e matai-o; comamos, e regozijemo-nos,
- porque este meu filho estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a regozijar-se.
- Ora, o seu filho mais velho estava no campo; e quando voltava, ao aproximar-se de casa, ouviu a música e as danças;
- e chegando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
- Respondeu-lhe este: Chegou teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
- Mas ele se indignou e não queria entrar. Saiu então o pai e instava com ele.
- Ele, porém, respondeu ao pai: Eis que há tantos anos te sirvo, e nunca transgredi um mandamento teu; contudo nunca me deste um cabrito para eu me regozijar com os meus amigos;
- vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
- Replicou-lhe o pai: Filho, tu sempre estás comigo, e tudo o que é meu é teu;
- era justo, porém, regozijarmo-nos e alegramo-nos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha-se perdido, e foi achado.
Lucas 16
- Dizia Jesus também aos seus discípulos: Havia certo homem rico, que tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de estar dissipando os seus bens.
- Chamou-o, então, e lhe disse: Que é isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua mordomia; porque já não podes mais ser meu mordomo.
- Disse, pois, o mordomo consigo: Que hei de fazer, já que o meu senhor me tira a mordomia? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha.
- Agora sei o que vou fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas.
- E chamando a si cada um dos devedores do seu senhor, perguntou ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor?
- Respondeu ele: Cem cados de azeite. Disse-lhe então: Toma a tua conta, senta-te depressa e escreve cinquenta.
- Perguntou depois a outro: E tu, quanto deves? Respondeu ele: Cem coros de trigo. E disse-lhe: Toma a tua conta e escreve oitenta.
- E louvou aquele senhor ao injusto mordomo por haver procedido com sagacidade; porque os filhos deste mundo são mais sagazes para com a sua geração do que os filhos da luz.
- Eu vos digo ainda: Granjeai amigos por meio das riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos.
- Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; quem é injusto no pouco, também é injusto no muito.
- Se, pois, nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
- E se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
- Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
- Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e zombavam dele.
- E ele lhes disse: Vós sois os que vos justificais a vós mesmos diante dos homens, mas Deus conhece os vossos corações; porque o que entre os homens é elevado, perante Deus é abominação.
- A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele.
- É, porém, mais fácil passar o céu e a terra do que cair um til da lei.
- Todo aquele que repudia sua mulher e casa com outra, comete adultério; e quem casa com a que foi repudiada pelo marido, também comete adultério.
- Ora, havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente.
- Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de úlceras;
- o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras.
- Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado.
- No hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio.
- E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama.
- Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado.
- E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós.
- Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai,
- porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento.
- Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos.
- Respondeu ele: Não! pai Abraão; mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender.
- Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos.
Lucas 17
- Disse Jesus a seus discípulos: É impossível que não venham tropeços, mas ai daquele por quem vierem!
- Melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequeninos.
- Tende cuidado de vós mesmos; se teu irmão pecar, repreende-o; e se ele se arrepender, perdoa-lhe.
- Mesmo se pecar contra ti sete vezes no dia, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Arrependo-me; tu lhe perdoarás.
- Disseram então os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé.
- Respondeu o Senhor: Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta amoreira: Desarraiga-te, e planta-te no mar; e ela vos obedeceria.
- Qual de vós, tendo um servo a lavrar ou a apascentar gado, lhe dirá, ao voltar ele do campo: chega-te já, e reclina-te à mesa?
- Não lhe dirá antes: Prepara-me a ceia, e cinge-te, e serve-me, até que eu tenha comido e bebido, e depois comerás tu e beberás?
- Porventura agradecerá ao servo, porque este fez o que lhe foi mandado?
- Assim também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos inúteis; fizemos somente o que devíamos fazer.
- E aconteceu que, indo ele a Jerusalém, passava pela divisa entre a Samária e a Galiléia.
- Ao entrar em certa aldeia, saíram-lhe ao encontro dez leprosos, os quais pararam de longe,
- e levantaram a voz, dizendo: Jesus, Mestre, tem compaixão de nós!
- Ele, logo que os viu, disse-lhes: Ide, e mostrai-vos aos sacerdotes. E aconteceu que, enquanto iam, ficaram limpos.
- Um deles, vendo que fora curado, voltou glorificando a Deus em alta voz;
- e prostrou-se com o rosto em terra aos pés de Jesus, dando-lhe graças; e este era samaritano.
- Perguntou, pois, Jesus: Não foram limpos os dez? E os nove, onde estão?
- Não se achou quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?
- E disse-lhe: Levanta-te, e vai; a tua fé te salvou.
- Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior;
- nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Eí-lo ali! pois o reino de Deus está dentro de vós.
- Então disse aos discípulos: Dias virão em que desejareis ver um dos dias do Filho do homem, e não o vereis.
- Dir-vos-ão: Ei-lo ali! ou: Ei-lo aqui! não vades, nem os sigais;
- pois, assim como o relâmpago, fuzilando em uma extremidade do céu, ilumina até a outra extremidade, assim será também o Filho do homem no seu dia.
- Mas primeiro é necessário que ele padeça muitas coisas, e que seja rejeitado por esta geração.
- Como aconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do Filho do homem.
- Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca, e veio o dilúvio e os destruiu a todos.
- Como também da mesma forma aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam;
- mas no dia em que Ló saiu de Sodoma choveu do céu fogo e enxofre, e os destruiu a todos;
- assim será no dia em que o Filho do homem se há de manifestar.
- Naquele dia, quem estiver no eirado, tendo os seus bens em casa, não desça para tirá-los; e, da mesma sorte, o que estiver no campo, não volte para trás.
- Lembrai-vos da mulher de Ló.
- Qualquer que procurar preservar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, conservá-la-á.
- Digo-vos: Naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e o outro será deixado.
- Duas mulheres estarão juntas moendo; uma será tomada, e a outra será deixada.
- [Dois homens estarão no campo; um será tomado, e o outro será deixado.]
- Perguntaram-lhe: Onde, Senhor? E respondeu-lhes: Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão também os abutres.
Lucas 18
- Contou-lhes também uma parábola sobre o dever de orar sempre, e nunca desfalecer.
- dizendo: Havia em certa cidade um juiz que não temia a Deus, nem respeitava os homens.
- Havia também naquela mesma cidade uma viúva que ia ter com ele, dizendo: Faze-me justiça contra o meu adversário.
- E por algum tempo não quis atendê-la; mas depois disse consigo: Ainda que não temo a Deus, nem respeito os homens,
- todavia, como esta viúva me incomoda, hei de fazer-lhe justiça, para que ela não continue a vir molestar-me.
- Prosseguiu o Senhor: Ouvi o que diz esse juiz injusto.
- E não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que dia e noite clamam a ele, já que é longânimo para com eles?
- Digo-vos que depressa lhes fará justiça. Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?
- Propôs também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros:
- Dois homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano.
- O fariseu, de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano.
- Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho.
- Mas o publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador!
- Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será exaltado.
- Traziam-lhe também as crianças, para que as tocasse; mas os discípulos, vendo isso, os repreendiam.
- Jesus, porém, chamando-as para si, disse: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
- Em verdade vos digo que, qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de modo algum entrará nele.
- E perguntou-lhe um dos principais: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
- Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? Ninguém é bom, senão um, que é Deus.
- Sabes os mandamentos: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; honra a teu pai e a tua mãe.
- Replicou o homem: Tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
- Quando Jesus ouviu isso, disse-lhe: Ainda te falta uma coisa; vende tudo quanto tens e reparte-o pelos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
- Mas, ouvindo ele isso, encheu-se de tristeza; porque era muito rico.
- E Jesus, vendo-o assim, disse: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
- Pois é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
- Então os que ouviram isso disseram: Quem pode, então, ser salvo?
- Respondeu-lhes: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Deus.
- Disse-lhe Pedro: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos.
- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha deixado casa, ou mulher, ou irmãos, ou pais, ou filhos, por amor do reino de Deus,
- que não haja de receber no presente muito mais, e no mundo vindouro a vida eterna.
- Tomando Jesus consigo os doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem tudo o que pelos profetas foi escrito;
- pois será entregue aos gentios, e escarnecido, injuriado e cuspido;
- e depois de o açoitarem, o matarão; e ao terceiro dia ressurgirá.
- Mas eles não entenderam nada disso; essas palavras lhes eram obscuras, e não percebiam o que lhes dizia.
- Ora, quando ele ia chegando a Jericó, estava um cego sentado junto do caminho, mendigando.
- Este, pois, ouvindo passar a multidão, perguntou que era aquilo.
- Disseram-lhe que Jesus, o nazareno, ia passando.
- Então ele se pôs a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
- E os que iam à frente repreendiam-no, para que se calasse; ele, porém, clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim!
- Parou, pois, Jesus, e mandou que lho trouxessem. Tendo ele chegado, perguntou-lhe:
- Que queres que te faça? Respondeu ele: Senhor, que eu veja.
- Disse-lhe Jesus: Vê; a tua fé te salvou.
- Imediatamente recuperou a vista, e o foi seguindo, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isso, dava louvores a Deus.
Lucas 19
- Tendo Jesus entrado em Jericó, ia atravessando a cidade.
- Havia ali um homem chamado Zaqueu, o qual era chefe de publicanos e era rico.
- Este procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, porque era de pequena estatura.
- E correndo adiante, subiu a um sicômoro a fim de vê-lo, porque havia de passar por ali.
- Quando Jesus chegou àquele lugar, olhou para cima e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa; porque importa que eu fique hoje em tua casa.
- Desceu, pois, a toda a pressa, e o recebeu com alegria.
- Ao verem isso, todos murmuravam, dizendo: Entrou para ser hóspede de um homem pecador.
- Zaqueu, porém, levantando-se, disse ao Senhor: Eis aqui, Senhor, dou aos pobres metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, eu lho restituo quadruplicado.
- Disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, porquanto também este é filho de Abraão.
- Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.
- Ouvindo eles isso, prosseguiu Jesus, e contou uma parábola, visto estar ele perto de Jerusalém, e pensarem eles que o reino de Deus se havia de manifestar imediatamente.
- Disse pois: Certo homem nobre partiu para uma terra longínqua, a fim de tomar posse de um reino e depois voltar.
- E chamando dez servos seus, deu-lhes dez minas, e disse-lhes: Negociai até que eu venha.
- Mas os seus concidadãos odiavam-no, e enviaram após ele uma embaixada, dizendo: Não queremos que este homem reine sobre nós.
- E sucedeu que, ao voltar ele, depois de ter tomado posse do reino, mandou chamar aqueles servos a quem entregara o dinheiro, a fim de saber como cada um havia negociado.
- Apresentou-se, pois, o primeiro, e disse: Senhor, a tua mina rendeu dez minas.
- Respondeu-lhe o senhor: Bem está, servo bom! porque no mínimo foste fiel, sobre dez cidades terás autoridade.
- Veio o segundo, dizendo: Senhor, a tua mina rendeu cinco minas.
- A este também respondeu: Sê tu também sobre cinco cidades.
- E veio outro, dizendo: Senhor, eis aqui a tua mina, que guardei num lenço;
- pois tinha medo de ti, porque és homem severo; tomas o que não puseste, e ceifas o que não semeaste.
- Disse-lhe o Senhor: Servo mau! pela tua boca te julgarei; sabias que eu sou homem severo, que tomo o que não pus, e ceifo o que não semeei;
- por que, pois, não puseste o meu dinheiro no banco? então vindo eu, o teria retirado com os juros.
- E disse aos que estavam ali: Tirai-lhe a mina, e dai-a ao que tem as dez minas.
- Responderam-lhe eles: Senhor, ele tem dez minas.
- Pois eu vos digo que a todo o que tem, dar-se-lhe-á; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
- Quanto, porém, àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim.
- Tendo Jesus assim falado, ia caminhando adiante deles, subindo para Jerusalém.
- Ao aproximar-se de Betfagé e de Betânia, junto do monte que se chama das Oliveiras, enviou dois dos discípulos,
- dizendo-lhes: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que ninguém jamais montou; desprendei-o e trazei-o.
- Se alguém vos perguntar: Por que o desprendeis? respondereis assim: O Senhor precisa dele.
- Partiram, pois, os que tinham sido enviados, e acharam conforme lhes dissera.
- Enquanto desprendiam o jumentinho, os seus donos lhes perguntaram: Por que desprendeis o jumentinho?
- Responderam eles: O Senhor precisa dele.
- Trouxeram-no, pois, a Jesus e, lançando os seus mantos sobre o jumentinho, fizeram que Jesus montasse.
- E, enquanto ele ia passando, outros estendiam no caminho os seus mantos.
- Quando já ia chegando à descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a louvar a Deus em alta voz, por todos os milagres que tinha visto,
- dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.
- Nisso, disseram-lhe alguns dos fariseus dentre a multidão: Mestre, repreende os teus discípulos.
- Ao que ele respondeu: Digo-vos que, se estes se calarem, as pedras clamarão.
- E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela,
- dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
- Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados,
- e te derribarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação.
- Então, entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam,
- dizendo-lhes: Está escrito: A minha casa será casa de oração; vós, porém, a fizestes covil de salteadores.
- E todos os dias ensinava no templo; mas os principais sacerdotes, os escribas, e os principais do povo procuravam matá-lo;
- mas não achavam meio de o fazer; porque todo o povo ficava enlevado ao ouvi-lo.
Lucas 20
- Num desses dias, quando Jesus ensinava o povo no templo, e anunciava o evangelho, sobrevieram os principais sacerdotes e os escribas, com os anciãos.
- e falaram-lhe deste modo: Dize-nos, com que autoridade fazes tu estas coisas? Ou, quem é o que te deu esta autoridade?
- Respondeu-lhes ele: Eu também vos farei uma pergunta; dizei-me, pois:
- O batismo de João era do céu ou dos homens?
- Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: do céu, ele dirá: Por que não crestes?
- Mas, se dissermos: Dos homens, todo o povo nos apedrejará; pois está convencido de que João era profeta.
- Responderam, pois, que não sabiam donde era.
- Replicou-lhes Jesus: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
- Começou então a dizer ao povo esta parábola: Um homem plantou uma vinha, arrendou-a a uns lavradores, e ausentou-se do país por muito tempo.
- No tempo próprio mandou um servo aos lavradores, para que lhe dessem dos frutos da vinha; mas os lavradores, espancando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
- Tornou a mandar outro servo; mas eles espancaram também a este e, afrontando-o, mandaram-no embora de mãos vazias.
- E mandou ainda um terceiro; mas feriram também a este e lançaram-no fora.
- Disse então o senhor da vinha: Que farei? Mandarei o meu filho amado; a ele talvez respeitarão.
- Mas quando os lavradores o viram, arrazoaram entre si, dizendo: Este é o herdeiro; matemo-lo, para que a herança seja nossa.
- E lançando-o fora da vinha, o mataram. Que lhes fará, pois, o senhor da vinha?
- Virá e destruirá esses lavradores, e dará a vinha a outros. Ouvindo eles isso, disseram: Tal não aconteça!
- Mas Jesus, olhando para eles, disse: Pois, que quer dizer isto que está escrito: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular?
- Todo o que cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
- Ainda na mesma hora os escribas e os principais sacerdotes, percebendo que contra eles proferira essa parábola, procuraram deitar-lhe as mãos, mas temeram o povo.
- E, aguardando oportunidade, mandaram espias, os quais se fingiam justos, para o apanharem em alguma palavra, e o entregarem à jurisdição e à autoridade do governador.
- Estes, pois, o interrogaram, dizendo: Mestre, sabemos que falas e ensinas retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus;
- é-nos lícito dar tributo a César, ou não?
- Mas Jesus, percebendo a astúcia deles, disse-lhes:
- Mostrai-me um denário. De quem é a imagem e a inscrição que ele tem? Responderam: De César.
- Disse-lhes então: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
- E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e admirados da sua resposta, calaram-se.
- Chegaram então alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e perguntaram-lhe:
- Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, tendo mulher mas não tendo filhos, o irmão dele case com a viúva, e suscite descendência ao irmão.
- Havia, pois, sete irmãos. O primeiro casou-se e morreu sem filhos;
- então o segundo, e depois o terceiro, casaram com a viúva;
- e assim todos os sete, e morreram, sem deixar filhos.
- Depois morreu também a mulher.
- Portanto, na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
- Respondeu-lhes Jesus: Os filhos deste mundo casaram-se e dão-se em casamento;
- mas os que são julgados dignos de alcançar o mundo vindouro, e a ressurreição dentre os mortos, nem se casam nem se dão em casamento;
- porque já não podem mais morrer; pois são iguais aos anjos, e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição.
- Mas que os mortos hão de ressurgir, o próprio Moisés o mostrou, na passagem a respeito da sarça, quando chama ao Senhor; Deus de Abraão, e Deus de Isaque, e Deus de Jacó.
- Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos; porque para ele todos vivem.
- Responderam alguns dos escribas: Mestre, disseste bem.
- Não ousavam, pois, perguntar-lhe mais coisa alguma.
- Jesus, porém, lhes perguntou: Como dizem que o Cristo é filho de Davi?
- Pois o próprio Davi diz no livro dos Salmos: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,
- até que eu ponha os teus inimigos por escabelo dos teus pés.
- Logo Davi lhe chama Senhor como, pois, é ele seu filho?
- Enquanto todo o povo o ouvia, disse Jesus aos seus discípulos:
- Guardai-vos dos escribas, que querem andar com vestes compridas, e gostam das saudações nas praças, dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes;
- que devoram as casas das viúvas, fazendo, por pretexto, longas orações; estes hão de receber maior condenação.
Lucas 21
- Jesus, levantando os olhos, viu os ricos deitarem as suas ofertas no cofre;
- viu também uma pobre viúva lançar ali dois leptos;
- e disse: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos;
- porque todos aqueles deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha para o seu sustento.
- E falando-lhe alguns a respeito do templo, como estava ornado de formosas pedras e dádivas, disse ele:
- Quanto a isto que vedes, dias virão em que não se deixará aqui pedra sobre pedra, que não seja derribada.
- Perguntaram-lhe então: Mestre, quando, pois, sucederão estas coisas? E que sinal haverá, quando elas estiverem para se cumprir?
- Respondeu então ele: Acautelai-vos; não sejais enganados; porque virão muitos em meu nome, dizendo: Sou eu; e: O tempo é chegado; não vades após eles.
- Quando ouvirdes de guerras e tumultos, não vos assusteis; pois é necessário que primeiro aconteçam essas coisas; mas o fim não será logo.
- Então lhes disse: Levantar-se-á nação contra nação, e reino contra reino;
- e haverá em vários lugares grandes terremotos, e pestes e fomes; haverá também coisas espantosas, e grandes sinais do céu.
- Mas antes de todas essas coisas vos hão de prender e perseguir, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, e conduzindo-vos à presença de reis e governadores, por causa do meu nome.
- Isso vos acontecerá para que deis testemunho.
- Proponde, pois, em vossos corações não premeditar como haveis de fazer a vossa defesa;
- porque eu vos darei boca e sabedoria, a que nenhum dos vossos adversário poderá resistir nem contradizer.
- E até pelos pais, e irmãos, e parentes, e amigos sereis entregues; e matarão alguns de vós;
- e sereis odiados de todos por causa do meu nome.
- Mas não se perderá um único cabelo da vossa cabeça.
- Pela vossa perseverança ganhareis as vossas almas.
- Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei então que é chegada a sua desolação.
- Então, os que estiverem na Judéia fujam para os montes; os que estiverem dentro da cidade, saiam; e os que estiverem nos campos não entrem nela.
- Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas.
- Ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias! porque haverá grande angústia sobre a terra, e ira contra este povo.
- E cairão ao fio da espada, e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos destes se completem.
- E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas.
- os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados.
- Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória.
- Ora, quando essas coisas começarem a acontecer, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima.
- Propôs-lhes então uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;
- quando começam a brotar, sabeis por vós mesmos, ao vê-las, que já está próximo o verão.
- Assim também vós, quando virdes acontecerem estas coisas, sabei que o reino de Deus está próximo.
- Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo isso se cumpra.
- Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
- Olhai por vós mesmos; não aconteça que os vossos corações se carreguem de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e aquele dia vos sobrevenha de improviso como um laço.
- Porque há de vir sobre todos os que habitam na face da terra.
- Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer, e estar em pé na presença do Filho do homem.
- Ora, de dia ensinava no templo, e à noite, saindo, pousava no monte chamado das Oliveiras.
- E todo o povo ia ter com ele no templo, de manhã cedo, para o ouvir.
Lucas 22
- Aproximava-se a festa dos pães ázimos, que se chama a páscoa.
- E os principais sacerdotes e os escribas andavam procurando um modo de o matar; pois temiam o povo.
- Entrou então Satanás em Judas, que tinha por sobrenome Iscariotes, que era um dos doze;
- e foi ele tratar com os principais sacerdotes e com os capitães de como lho entregaria.
- Eles se alegraram com isso, e convieram em lhe dar dinheiro.
- E ele concordou, e buscava ocasião para lho entregar sem alvoroço.
- Ora, chegou o dia dos pães ázimos, em que se devia imolar a páscoa;
- e Jesus enviou a Pedro e a João, dizendo: Ide, preparai-nos a páscoa, para que a comamos.
- Perguntaram-lhe eles: Onde queres que a preparemos?
- Respondeu-lhes: Quando entrardes na cidade, sair-vos-á ao encontro um homem, levando um cântaro de água; segui-o até a casa em que ele entrar.
- E direis ao dono da casa: O Mestre manda perguntar-te: Onde está o aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
- Então ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado; aí fazei os preparativos.
- Foram, pois, e acharam tudo como lhes dissera e prepararam a páscoa.
- E, chegada a hora, pôs-se Jesus à mesa, e com ele os apóstolos.
- E disse-lhes: Tenho desejado ardentemente comer convosco esta páscoa, antes da minha paixão;
- pois vos digo que não a comerei mais até que ela se cumpra no reino de Deus.
- Então havendo recebido um cálice, e tendo dado graças, disse: Tomai-o, e reparti-o entre vós;
- porque vos digo que desde agora não mais beberei do fruto da videira, até que venha o reino de Deus.
- E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.
- Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é o novo pacto em meu sangue, que é derramado por vós.
- Mas eis que a mão do que me trai está comigo à mesa.
- Porque, na verdade, o Filho do homem vai segundo o que está determinado; mas ai daquele homem por quem é traído!
- Então eles começaram a perguntar entre si qual deles o que ia fazer isso.
- Levantou-se também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior.
- Ao que Jesus lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que sobre eles exercem autoridade são chamados benfeitores.
- Mas vós não sereis assim; antes o maior entre vós seja como o mais novo; e quem governa como quem serve.
- Pois qual é maior, quem está à mesa, ou quem serve? porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, estou entre vós como quem serve.
- Mas vós sois os que tendes permanecido comigo nas minhas provações;
- e assim como meu Pai me conferiu domínio, eu vo-lo confiro a vós;
- para que comais e bebais à minha mesa no meu reino, e vos senteis sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel.
- Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo;
- mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos.
- Respondeu-lhe Pedro: Senhor, estou pronto a ir contigo tanto para a prisão como para a morte.
- Tornou-lhe Jesus: Digo-te, Pedro, que não cantará hoje o galo antes que três vezes tenhas negado que me conheces.
- E perguntou-lhes: Quando vos mandei sem bolsa, alforje, ou alparcas, faltou-vos porventura alguma coisa? Eles responderam: Nada.
- Disse-lhes pois: Mas agora, quem tiver bolsa, tome-a, como também o alforje; e quem não tiver espada, venda o seu manto e compre-a.
- Porquanto vos digo que importa que se cumpra em mim isto que está escrito: E com os malfeitores foi contado. Pois o que me diz respeito tem seu cumprimento.
- Disseram eles: Senhor, eis aqui duas espadas. Respondeu-lhes: Basta.
- Então saiu e, segundo o seu costume, foi para o Monte das Oliveiras; e os discípulos o seguiam.
- Quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para que não entreis em tentação.
- E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e pondo-se de joelhos, orava,
- dizendo: Pai, se queres afasta de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.
- Então lhe apareceu um anjo do céu, que o confortava.
- E, posto em agonia, orava mais intensamente; e o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que caíam sobre o chão.
- Depois, levantando-se da oração, veio para os seus discípulos, e achou-os dormindo de tristeza;
- e disse-lhes: Por que estais dormindo? Lenvantai-vos, e orai, para que não entreis em tentação.
- E estando ele ainda a falar, eis que surgiu uma multidão; e aquele que se chamava Judas, um dos doze, ia adiante dela, e chegou-se a Jesus para o beijar.
- Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho do homem?
- Quando os que estavam com ele viram o que ia suceder, disseram: Senhor, feri-los-emos a espada?
- Então um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita.
- Mas Jesus disse: Deixei-os; basta. E tocando-lhe a orelha, o curou.
- Então disse Jesus aos principais sacerdotes, oficiais do templo e anciãos, que tinham ido contra ele: Saístes, como a um salteador, com espadas e varapaus?
- Todos os dias estava eu convosco no templo, e não estendestes as mãos contra mim; mas esta é a vossa hora e o poder das trevas.
- Então, prendendo-o, o levaram e o introduziram na casa do sumo sacerdote; e Pedro seguia-o de longe.
- E tendo eles acendido fogo no meio do pátio e havendo-se sentado à roda, sentou-se Pedro entre eles.
- Uma criada, vendo-o sentado ao lume, fixou os olhos nele e disse: Esse também estava com ele.
- Mas Pedro o negou, dizendo: Mulher, não o conheço.
- Daí a pouco, outro o viu, e disse: Tu também és um deles. Mas Pedro disse: Homem, não sou.
- E, tendo passado quase uma hora, outro afirmava, dizendo: Certamente este também estava com ele, pois é galileu.
- Mas Pedro respondeu: Homem, não sei o que dizes. E imediatamente estando ele ainda a falar, cantou o galo.
- Virando-se o Senhor, olhou para Pedro; e Pedro lembrou-se da palavra do Senhor, como lhe havia dito: Hoje, antes que o galo cante, três vezes me negarás.
- E, havendo saído, chorou amargamente.
- Os homens que detinham Jesus zombavam dele, e feriam-no;
- e, vendando-lhe os olhos, perguntavam, dizendo: Profetiza, quem foi que te bateu?
- E, blasfemando, diziam muitas outras coisas contra ele.
- Logo que amanheceu reuniu-se a assembléia dos anciãos do povo, tanto os principais sacerdotes como os escribas, e o conduziam ao sinédrio deles, onde lhe disseram:
- Se tu és o Cristo, dize-no-lo. Replicou-lhes ele: Se eu vo-lo disser, não o crereis;
- e se eu vos interrogar, de modo algum me respondereis.
- Mas desde agora estará assentado o Filho do homem à mão direita do poder de Deus.
- Ao que perguntaram todos: Logo, tu és o Filho de Deus? Respondeu-lhes: Vós dizeis que eu sou.
- Então disseram: Por que ainda temos necessidade de testemunho? pois nós mesmos o ouvimos da sua própria boca.
Lucas 23
- E levantando-se toda a multidão deles, conduziram Jesus a Pilatos.
- E começaram a acusá-lo, dizendo: Achamos este homem pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César, e dizendo ser ele mesmo Cristo, rei.
- Pilatos, pois, perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
- Então disse Pilatos aos principais sacerdotes, e às multidões: Não acho culpa alguma neste homem.
- Eles, porém, insistiam ainda mais, dizendo: Alvoroça o povo ensinando por toda a Judéia, começando desde a Galiléia até aqui.
- Então Pilatos, ouvindo isso, perguntou se o homem era galileu;
- e, quando soube que era da jurisdição de Herodes, remeteu-o a Herodes, que também naqueles dias estava em Jerusalém.
- Ora, quando Herodes viu a Jesus, alegrou-se muito; pois de longo tempo desejava vê-lo, por ter ouvido falar a seu respeito; e esperava ver algum sinal feito por ele;
- e fazia-lhe muitas perguntas; mas ele nada lhe respondeu.
- Estavam ali os principais sacerdotes, e os escribas, acusando-o com grande veemência.
- Herodes, porém, com os seus soldados, desprezou-o e, escarnecendo dele, vestiu-o com uma roupa resplandecente e tornou a enviá-lo a Pilatos.
- Nesse mesmo dia Pilatos e Herodes tornaram-se amigos; pois antes andavam em inimizade um com o outro.
- Então Pilatos convocou os principais sacerdotes, as autoridades e o povo,
- e disse-lhes: Apresentastes-me este homem como pervertedor do povo; e eis que, interrogando-o diante de vós, não achei nele nenhuma culpa, das de que o acusais;
- nem tampouco Herodes, pois no-lo tornou a enviar; e eis que não tem feito ele coisa alguma digna de morte.
- Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
- [E era-lhe necessário soltar-lhes um pela festa.]
- Mas todos clamaram à uma, dizendo: Fora com este, e solta-nos Barrabás!
- Ora, Barrabás fora lançado na prisão por causa de uma sedição feita na cidade, e de um homicídio.
- Mais uma vez, pois, falou-lhes Pilatos, querendo soltar a Jesus.
- Eles, porém, bradavam, dizendo: Crucifica-o! crucifica-o!
- Falou-lhes, então, pela terceira vez: Pois, que mal fez ele? Não achei nele nenhuma culpa digna de morte. Castigá-lo-ei, pois, e o soltarei.
- Mas eles instavam com grandes brados, pedindo que fosse crucificado. E prevaleceram os seus clamores.
- Então Pilatos resolveu atender-lhes o pedido;
- e soltou-lhes o que fora lançado na prisão por causa de sedição e de homicídio, que era o que eles pediam; mas entregou Jesus à vontade deles.
- Quando o levaram dali tomaram um certo Simão, cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse após Jesus.
- Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres, as quais o pranteavam e lamentavam.
- Jesus, porém, voltando-se para elas, disse: Filhas de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas, e por vossos filhos.
- Porque dias hão de vir em que se dirá: Bem-aventuradas as estéreis, e os ventres que não geraram, e os peitos que não amamentaram!
- Então começarão a dizer aos montes: Caí sobre nós; e aos outeiros: Cobri-nos.
- Porque, se isto se faz no lenho verde, que se fará no seco?
- E levavam também com ele outros dois, que eram malfeitores, para serem mortos.
- Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram, a ele e também aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda.
- Jesus, porém, dizia: Pai, perdoa-lhes; porque não sabem o que fazem. Então repartiram as vestes dele, deitando sortes sobre elas.
- E o povo estava ali a olhar. E as próprias autoridades zombavam dele, dizendo: Aos outros salvou; salve-se a si mesmo, se é o Cristo, o escolhido de Deus.
- Os soldados também o escarneciam, chegando-se a ele, oferecendo-lhe vinagre,
- e dizendo: Se tu és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo.
- Por cima dele estava esta inscrição [em letras gregas, romanas e hebraicas:] ESTE É O REI DOS JUDEUS.
- Então um dos malfeitores que estavam pendurados, blasfemava dele, dizendo: Não és tu o Cristo? salva-te a ti mesmo e a nós.
- Respondendo, porém, o outro, repreendia-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando na mesma condenação?
- E nós, na verdade, com justiça; porque recebemos o que os nossos feitos merecem; mas este nenhum mal fez.
- Então disse: Jesus, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.
- Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.
- Era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até a hora nona, pois o sol se escurecera;
- e rasgou-se ao meio o véu do santuário.
- Jesus, clamando com grande voz, disse: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito. E, havendo dito isso, expirou.
- Quando o centurião viu o que acontecera, deu glória a Deus, dizendo: Na verdade, este homem era justo.
- E todas as multidões que presenciaram este espetáculo, vendo o que havia acontecido, voltaram batendo no peito.
- Entretanto, todos os conhecidos de Jesus, e as mulheres que o haviam seguido desde a Galiléia, estavam de longe vendo estas coisas.
- Então um homem chamado José, natural de Arimatéia, cidade dos judeus, membro do sinédrio, homem bom e justo,
- o qual não tinha consentido no conselho e nos atos dos outros, e que esperava o reino de Deus,
- chegando a Pilatos, pediu-lhe o corpo de Jesus;
- e tirando-o da cruz, envolveu-o num pano de linho, e pô-lo num sepulcro escavado em rocha, onde ninguém ainda havia sido posto.
- Era o dia da preparação, e ia começar o sábado.
- E as mulheres que tinham vindo com ele da Galiléia, seguindo a José, viram o sepulcro, e como o corpo foi ali depositado.
- Então voltaram e prepararam especiarias e unguentos. E no sábado repousaram, conforme o mandamento.
Lucas 24
- Mas já no primeiro dia da semana, bem de madrugada, foram elas ao sepulcro, levando as especiarias que tinham preparado.
- E acharam a pedra revolvida do sepulcro.
- Entrando, porém, não acharam o corpo do Senhor Jesus.
- E, estando elas perplexas a esse respeito, eis que lhes apareceram dois varões em vestes resplandecentes;
- e ficando elas atemorizadas e abaixando o rosto para o chão, eles lhes disseram: Por que buscais entre os mortos aquele que vive?
- Ele não está aqui, mas ressurgiu. Lembrai-vos de como vos falou, estando ainda na Galiléia.
- dizendo: Importa que o Filho do homem seja entregue nas mãos de homens pecadores, e seja crucificado, e ao terceiro dia ressurja.
- Lembraram-se, então, das suas palavras;
- e, voltando do sepulcro, anunciaram todas estas coisas aos onze e a todos os demais.
- E eram Maria Madalena, e Joana, e Maria, mãe de Tiago; também as outras que estavam com elas relataram estas coisas aos apóstolos.
- E pareceram-lhes como um delírio as palavras das mulheres e não lhes deram crédito.
- Mas Pedro, levantando-se, correu ao sepulcro; e, abaixando-se, viu somente os panos de linho; e retirou-se, admirando consigo o que havia acontecido.
- Nesse mesmo dia, iam dois deles para uma aldeia chamada Emaús, que distava de Jerusalém sessenta estádios;
- e iam comentando entre si tudo aquilo que havia sucedido.
- Enquanto assim comentavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou, e ia com eles;
- mas os olhos deles estavam como que fechados, de sorte que não o reconheceram.
- Então ele lhes perguntou: Que palavras são essas que, caminhando, trocais entre vós? Eles então pararam tristes.
- E um deles, chamado Cleopas, respondeu-lhe: És tu o único peregrino em Jerusalém que não soube das coisas que nela têm sucedido nestes dias?
- Ao que ele lhes perguntou: Quais? Disseram-lhe: As que dizem respeito a Jesus, o nazareno, que foi profeta, poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo.
- e como os principais sacerdotes e as nossas autoridades e entregaram para ser condenado à morte, e o crucificaram.
- Ora, nós esperávamos que fosse ele quem havia de remir Israel; e, além de tudo isso, é já hoje o terceiro dia desde que essas coisas aconteceram.
- Verdade é, também, que algumas mulheres do nosso meio nos encheram de espanto; pois foram de madrugada ao sepulcro
- e, não achando o corpo dele voltaram, declarando que tinham tido uma visão de anjos que diziam estar ele vivo.
- Além disso, alguns dos que estavam conosco foram ao sepulcro, e acharam ser assim como as mulheres haviam dito; a ele, porém, não o viram.
- Então ele lhes disse: Ó néscios, e tardos de coração para crerdes tudo o que os profetas disseram!
- Porventura não importa que o Cristo padecesse essas coisas e entrasse na sua glória?
- E, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicou-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras.
- Quando se aproximaram da aldeia para onde iam, ele fez como quem ia para mais longe.
- Eles, porém, o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque é tarde, e já declinou o dia. E entrou para ficar com eles.
- Estando com eles à mesa, tomou o pão e o abençoou; e, partindo-o, lho dava.
- Abriram-se-lhes então os olhos, e o reconheceram; nisto ele desapareceu de diante deles.
- E disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava, e quando nos abria as Escrituras?
- E na mesma hora levantaram-se e voltaram para Jerusalém, e encontraram reunidos os onze e os que estavam com eles,
- os quais diziam: Realmente o Senhor ressurgiu, e apareceu a Simão.
- Então os dois contaram o que acontecera no caminho, e como se lhes fizera conhecer no partir do pão.
- Enquanto ainda falavam nisso, o próprio Jesus se apresentou no meio deles, e disse-lhes: Paz seja convosco.
- Mas eles, espantados e atemorizados, pensavam que viam algum espírito.
- Ele, porém, lhes disse: Por que estais perturbados? e por que surgem dúvidas em vossos corações?
- Olhai as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede; porque um espírito não tem carne nem ossos, como percebeis que eu tenho.
- E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
- Não acreditando eles ainda por causa da alegria, e estando admirados, perguntou-lhes Jesus: Tendes aqui alguma coisa que comer?
- Então lhe deram um pedaço de peixe assado,
- o qual ele tomou e comeu diante deles.
- Depois lhe disse: São estas as palavras que vos falei, estando ainda convosco, que importava que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos.
- Então lhes abriu o entendimento para compreenderem as Escrituras;
- e disse-lhes: Assim está escrito que o Cristo padecesse, e ao terceiro dia ressurgisse dentre os mortos;
- e que em seu nome se pregasse o arrependimento para remissão dos pecados, a todas as nações, começando por Jerusalém.
- Vós sois testemunhas destas coisas.
- E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai; ficai porém, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder.
- Então os levou fora, até Betânia; e levantando as mãos, os abençoou.
- E aconteceu que, enquanto os abençoava, apartou-se deles; e foi elevado ao céu.
- E, depois de o adorarem, voltaram com grande júbilo para Jerusalém;
- e estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.
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11/03/2021
Mateus
Marcos 1
- Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus.
- Conforme está escrito no profeta Isaías: Eis que envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar o teu caminho;
- voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas;
- assim apareceu João, o Batista, no deserto, pregando o batismo de arrependimento para remissão dos pecados.
- E saíam a ter com ele toda a terra da Judéia, e todos os moradores de Jerusalém; e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
- Ora, João usava uma veste de pêlos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre.
- E pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, de quem não sou digno de, inclinando-me, desatar a correia das alparcas.
- Eu vos batizei em água; ele, porém, vos batizará no Espírito Santo.
- E aconteceu naqueles dias que veio Jesus de Nazaré da Galiléia, e foi batizado por João no Jordão.
- E logo, quando saía da água, viu os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele;
- e ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo.
- Imediatamente o Espírito o impeliu para o deserto.
- E esteve no deserto quarenta dias sentado tentado por Satanás; estava entre as feras, e os anjos o serviam.
- Ora, depois que João foi entregue, veio Jesus para a Galiléia pregando o evangelho de Deus
- e dizendo: O tempo está cumprido, e é chegado o reino de Deus. Arrependei-vos, e crede no evangelho.
- E, andando junto do mar da Galiléia, viu a Simão, e a André, irmão de Simão, os quais lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores.
- Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu farei que vos torneis pescadores de homens.
- Então eles, deixando imediatamente as suas redes, o seguiram.
- E ele, passando um pouco adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco, consertando as redes,
- e logo os chamou; eles, deixando seu pai Zebedeu no barco com os empregados, o seguiram.
- Entraram em Cafarnaum; e, logo no sábado, indo ele à sinagoga, pôs-se a ensinar.
- E maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.
- Ora, estava na sinagoga um homem possesso dum espírito imundo, o qual gritou:
- Que temos nós contigo, Jesus, nazareno? Vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.
- Mas Jesus o repreendeu, dizendo: Cala-te, e sai dele.
- Então o espírito imundo, convulsionando-o e clamando com grande voz, saiu dele.
- E todos se maravilharam a ponto de perguntarem entre si, dizendo: Que é isto? Uma nova doutrina com autoridade! Pois ele ordena aos espíritos imundos, e eles lhe obedecem!
- E logo correu a sua fama por toda a região da Galiléia.
- Em seguida, saiu da sinagoga e foi a casa de Simão e André com Tiago e João.
- A sogra de Simão estava de cama com febre, e logo lhe falaram a respeito dela.
- Então Jesus, chegando-se e tomando-a pela mão, a levantou; e a febre a deixou, e ela os servia.
- Sendo já tarde, tendo-se posto o sol, traziam-lhe todos os enfermos, e os endemoninhados;
- e toda a cidade estava reunida à porta;
- e ele curou muitos doentes atacados de diversas moléstias, e expulsou muitos demônios; mas não permitia que os demônios falassem, porque o conheciam.
- De madrugada, ainda bem escuro, levantou-se, saiu e foi a um lugar deserto, e ali orava.
- Foram, pois, Simão e seus companheiros procurá-lo;
- quando o encontraram, disseram-lhe: Todos te buscam.
- Respondeu-lhes Jesus: Vamos a outras partes, às povoações vizinhas, para que eu pregue ali também; pois para isso é que vim.
- Foi, então, por toda a Galiléia, pregando nas sinagogas deles e expulsando os demônios.
- E veio a ele um leproso que, de joelhos, lhe rogava, dizendo: Se quiseres, bem podes tornar-me limpo.
- Jesus, pois, compadecido dele, estendendo a mão, tocou-o e disse-lhe: Quero; sê limpo.
- Imediatamente desapareceu dele a lepra e ficou limpo.
- E Jesus, advertindo-o secretamente, logo o despediu,
- dizendo-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
- Ele, porém, saindo dali, começou a publicar o caso por toda parte e a divulgá-lo, de modo que Jesus já não podia entrar abertamente numa cidade, mas conservava-se fora em lugares desertos; e de todos os lados iam ter com ele.
Marcos 2
- Alguns dias depois entrou Jesus outra vez em Cafarnaum, e soube-se que ele estava em casa.
- Ajuntaram-se, pois, muitos, a ponta de não caberem nem mesmo diante da porta; e ele lhes anunciava a palavra.
- Nisso vieram alguns a trazer-lhe um paralítico, carregado por quatro;
- e não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o telhado onde estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.
- E Jesus, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Filho, perdoados são os teus pecados.
- Ora, estavam ali sentados alguns dos escribas, que arrazoavam em seus corações, dizendo:
- Por que fala assim este homem? Ele blasfema. Quem pode perdoar pecados senão um só, que é Deus?
- Mas Jesus logo percebeu em seu espírito que eles assim arrazoavam dentro de si, e perguntou-lhes: Por que arrazoais desse modo em vossos corações?
- Qual é mais fácil? dizer ao paralítico: Perdoados são os teus pecados; ou dizer: Levanta-te, toma o teu leito, e anda?
- Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados ( disse ao paralítico ),
- a ti te digo, levanta-te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
- Então ele se levantou e, tomando logo o leito, saiu à vista de todos; de modo que todos pasmavam e glorificavam a Deus, dizendo: Nunca vimos coisa semelhante.
- Outra vez saiu Jesus para a beira do mar; e toda a multidão ia ter com ele, e ele os ensinava.
- Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu, sentado na coletoria, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
- Ora, estando Jesus à mesa em casa de Levi, estavam também ali reclinados com ele e seus discípulos muitos publicanos e pecadores; pois eram em grande número e o seguiam.
- Vendo os escribas dos fariseus que comia com os publicanos e pecadores, perguntavam aos discípulos: Por que é que ele como com os publicanos e pecadores?
- Jesus, porém, ouvindo isso, disse-lhes: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos; eu não vim chamar justos, mas pecadores.
- Ora, os discípulos de João e os fariseus estavam jejuando; e foram perguntar-lhe: Por que jejuam os discípulos de João e os dos fariseus, mas os teus discípulos não jejuam?
- Respondeu-lhes Jesus: Podem, porventura, jejuar os convidados às núpcias, enquanto está com eles o noivo? Enquanto têm consigo o noivo não podem jejuar;
- dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo; nesses dias, sim hão de jejuar.
- Ninguém cose remendo de pano novo em vestido velho; do contrário o remendo novo tira parte do velho, e torna-se maior a rotura.
- E ninguém deita vinho novo em odres velhos; do contrário, o vinho novo romperá os odres, e perder-se-á o vinho e também os odres; mas deita-se vinho novo em odres novos.
- E sucedeu passar ele num dia de sábado pelas searas; e os seus discípulos, caminhando, começaram a colher espigas.
- E os fariseus lhe perguntaram: Olha, por que estão fazendo no sábado o que não é lícito?
- Respondeu-lhes ele: Acaso nunca lestes o que fez Davi quando se viu em necessidade e teve fome, ele e seus companheiros?
- Como entrou na casa de Deus, no tempo do sumo sacerdote Abiatar, e comeu dos pães da proposição, dos quais não era lícito comer senão aos sacerdotes, e deu também aos companheiros?
- E prosseguiu: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.
- Pelo que o Filho do homem até do sábado é Senhor.
Marcos 3
- Outra vez entrou numa sinagoga, e estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiada.
- E observavam-no para ver se no sábado curaria o homem, a fim de o acusarem.
- E disse Jesus ao homem que tinha a mão atrofiada: Levanta-te e vem para o meio.
- Então lhes perguntou: É lícito no sábado fazer bem, ou fazer mal? salvar a vida ou matar? Eles, porém, se calaram.
- E olhando em redor para eles com indignação, condoendo-se da dureza dos seus corações, disse ao homem: Estende a tua mão. Ele estendeu, e lhe foi restabelecida.
- E os fariseus, saindo dali, entraram logo em conselho com os herodianos contra ele, para o matarem.
- Jesus, porém, se retirou com os seus discípulos para a beira do mar; e uma grande multidão dos da Galiléia o seguiu; também da Judéia,
- e de Jerusalém, da Iduméia e de além do Jordão, e das regiões de Tiro e de Sidom, grandes multidões, ouvindo falar de tudo quanto fazia, vieram ter com ele.
- Recomendou, pois, a seus discípulos que se lhe preparasse um barquinho, por causa da multidão, para que não o apertasse;
- porque tinha curado a muitos, de modo que todos quantos tinham algum mal arrojavam-se a ele para lhe tocarem.
- E os espíritos imundos, quando o viam, prostravam-se diante dele e clamavam, dizendo: Tu és o Filho de Deus.
- E ele lhes advertia com insistência que não o dessem a conhecer.
- Depois subiu ao monte, e chamou a si os que ele mesmo queria; e vieram a ele.
- Então designou doze para que estivessem com ele, e os mandasse a pregar;
- e para que tivessem autoridade de expulsar os demônios.
- Designou, pois, os doze, a saber: Simão, a quem pôs o nome de Pedro;
- Tiago, filho de Zebedeu, e João, irmão de Tiago, aos quais pôs o nome de Boanerges, que significa: Filhos do trovão;
- André, Filipe, Bartolomeu, Mateus, Tomé, Tiago, filho de Alfeu, Tadeu, Simão, o cananeu,
- e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
- Depois entrou numa casa. E afluiu outra vez a multidão, de tal modo que nem podiam comer.
- Quando os seus ouviram isso, saíram para o prender; porque diziam: Ele está fora de si.
- E os escribas que tinham descido de Jerusalém diziam: Ele está possesso de Belzebu; e: É pelo príncipe dos demônios que expulsa os demônios.
- Então Jesus os chamou e lhes disse por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás?
- Pois, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;
- ou, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não poderá subsistir;
- e se Satanás se tem levantado contra si mesmo, e está dividido, tampouco pode ele subsistir; antes tem fim.
- Pois ninguém pode entrar na casa do valente e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente; e então lhe saqueará a casa.
- Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem;
- mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno.
- Porquanto eles diziam: Está possesso de um espírito imundo.
- Chegaram então sua mãe e seus irmãos e, ficando da parte de fora, mandaram chamá-lo.
- E a multidão estava sentada ao redor dele, e disseram-lhe: Eis que tua mãe e teus irmãos estão lá fora e te procuram.
- Respondeu-lhes Jesus, dizendo: Quem é minha mãe e meus irmãos!
- E olhando em redor para os que estavam sentados à roda de si, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos!
- Pois aquele que fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
Marcos 4
- Outra vez começou a ensinar à beira do mar. E reuniu-se a ele tão grande multidão que ele entrou num barco e sentou-se nele, sobre o mar; e todo o povo estava em terra junto do mar.
- Então lhes ensinava muitas coisas por parábolas, e lhes dizia no seu ensino:
- Ouvi: Eis que o semeador saiu a semear;
- e aconteceu que, quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram.
- Outra caiu no solo pedregoso, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
- mas, saindo o sol, queimou-se; e, porque não tinha raiz, secou-se.
- E outra caiu entre espinhos; e cresceram os espinhos, e a sufocaram; e não deu fruto.
- Mas outras caíram em boa terra e, vingando e crescendo, davam fruto; e um grão produzia trinta, outro sessenta, e outro cem.
- E disse-lhes: Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.
- Quando se achou só, os que estavam ao redor dele, com os doze, interrogaram-no acerca da parábola.
- E ele lhes disse: A vós é confiado o mistério do reino de Deus, mas aos de fora tudo se lhes diz por parábolas;
- para que vendo, vejam, e não percebam; e ouvindo, ouçam, e não entendam; para que não se convertam e sejam perdoados.
- Disse-lhes ainda: Não percebeis esta parábola? como pois entendereis todas as parábolas?
- O semeador semeia a palavra.
- E os que estão junto do caminho são aqueles em quem a palavra é semeada; mas, tendo-a eles ouvido, vem logo Satanás e tira a palavra que neles foi semeada.
- Do mesmo modo, aqueles que foram semeados nos lugares pedregosos são os que, ouvindo a palavra, imediatamente com alegria a recebem;
- mas não têm raiz em si mesmos, antes são de pouca duração; depois, sobrevindo tribulação ou perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam.
- Outros ainda são aqueles que foram semeados entre os espinhos; estes são os que ouvem a palavra;
- mas os cuidados do mundo, a sedução das riquezas e a cobiça doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
- Aqueles outros que foram semeados em boa terra são os que ouvem a palavra e a recebem, e dão fruto, a trinta, a sessenta, e a cem, por um.
- Disse-lhes mais: Vem porventura a candeia para se meter debaixo do alqueire, ou debaixo da cama? não é antes para se colocar no velador?
- Porque nada está encoberto senão para ser manifesto; e nada foi escondido senão para vir à luz.
- Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.
- Também lhes disse: Atendei ao que ouvis. Com a medida com que medis vos medirão a vós, e ainda se vos acrescentará.
- Pois ao que tem, ser-lhe-á dado; e ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
- Disse também: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse semente à terra,
- e dormisse e se levantasse de noite e de dia, e a semente brotasse e crescesse, sem ele saber como.
- A terra por si mesma produz fruto, primeiro a erva, depois a espiga, e por último o grão cheio na espiga.
- Mas assim que o fruto amadurecer, logo lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.
- Disse ainda: A que assemelharemos o reino de Deus? ou com que parábola o representaremos?
- É como um grão de mostarda que, quando se semeia, é a menor de todas as sementes que há na terra;
- mas, tendo sido semeado, cresce e faz-se a maior de todas as hortaliças e cria grandes ramos, de tal modo que as aves do céu podem aninhar-se à sua sombra.
- E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, conforme podiam compreender.
- E sem parábola não lhes falava; mas em particular explicava tudo a seus discípulos.
- Naquele dia, quando já era tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
- E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia com ele também outros barcos.
- E se levantou grande tempestade de vento, e as ondas batiam dentro do barco, de modo que já se enchia.
- Ele, porém, estava na popa dormindo sobre a almofada; e despertaram-no, e lhe perguntaram: Mestre, não se te dá que pereçamos?
- E ele, levantando-se, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E cessou o vento, e fez-se grande bonança.
- Então lhes perguntou: Por que sois assim tímidos? Ainda não tendes fé?
- Encheram-se de grande temor, e diziam uns aos outros: Quem, porventura, é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?
Marcos 5
- Chegaram então ao outro lado do mar, à terra dos gerasenos.
- E, logo que Jesus saíra do barco, lhe veio ao encontro, dos sepulcros, um homem com espírito imundo,
- o qual tinha a sua morada nos sepulcros; e nem ainda com cadeias podia alguém prendê-lo;
- porque, tendo sido muitas vezes preso com grilhões e cadeias, as cadeias foram por ele feitas em pedaços, e os grilhões em migalhas; e ninguém o podia domar;
- e sempre, de dia e de noite, andava pelos sepulcros e pelos montes, gritando, e ferindo-se com pedras,
- Vendo, pois, de longe a Jesus, correu e adorou-o;
- e, clamando com grande voz, disse: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? conjuro-te por Deus que não me atormentes.
- Pois Jesus lhe dizia: Sai desse homem, espírito imundo.
- E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? Respondeu-lhe ele: Legião é o meu nome, porque somos muitos.
- E rogava-lhe muito que não os enviasse para fora da região.
- Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos.
- Rogaram-lhe, pois, os demônios, dizendo: Manda-nos para aqueles porcos, para que entremos neles.
- E ele lho permitiu. Saindo, então, os espíritos imundos, entraram nos porcos; e precipitou-se a manada, que era de uns dois mil, pelo despenhadeiro no mar, onde todos se afogaram.
- Nisso fugiram aqueles que os apascentavam, e o anunciaram na cidade e nos campos; e muitos foram ver o que era aquilo que tinha acontecido.
- Chegando-se a Jesus, viram o endemoninhado, o que tivera a legião, sentado, vestido, e em perfeito juízo; e temeram.
- E os que tinham visto aquilo contaram-lhes como havia acontecido ao endemoninhado, e acerca dos porcos.
- Então começaram a rogar-lhe que se retirasse dos seus termos.
- E, entrando ele no barco, rogava-lhe o que fora endemoninhado que o deixasse estar com ele.
- Jesus, porém, não lho permitiu, mas disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te fez, e como teve misericórdia de ti.
- Ele se retirou, pois, e começou a publicar em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam.
- Tendo Jesus passado de novo no barco para o outro lado, ajuntou-se a ele uma grande multidão; e ele estava à beira do mar.
- Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo e, logo que viu a Jesus, lançou-se-lhe aos pés.
- e lhe rogava com instância, dizendo: Minha filhinha está nas últimas; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare e viva.
- Jesus foi com ele, e seguia-o uma grande multidão, que o apertava.
- Ora, certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia,
- e que tinha sofrido bastante às mãos de muitos médicos, e despendido tudo quanto possuía sem nada aproveitar, antes indo a pior,
- tendo ouvido falar a respeito de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe o manto;
- porque dizia: Se tão-somente tocar-lhe as vestes, ficaria curada.
- E imediatamente cessou a sua hemorragia; e sentiu no corpo estar já curada do seu mal.
- E logo Jesus, percebendo em si mesmo que saíra dele poder, virou-se no meio da multidão e perguntou: Quem me tocou as vestes?
- Responderam-lhe os seus discípulos: Vês que a multidão te aperta, e perguntas: Quem me tocou?
- Mas ele olhava em redor para ver a que isto fizera.
- Então a mulher, atemorizada e trêmula, cônscia do que nela se havia operado, veio e prostrou-se diante dele, e declarou-lhe toda a verdade.
- Disse-lhe ele: Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz, e fica livre desse teu mal.
- Enquanto ele ainda falava, chegaram pessoas da casa do chefe da sinagoga, a quem disseram: A tua filha já morreu; por que ainda incomodas o Mestre?
- O que percebendo Jesus, disse ao chefe da sinagoga: Não temas, crê somente.
- E não permitiu que ninguém o acompanhasse, senão Pedro, Tiago, e João, irmão de Tiago.
- Quando chegaram a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus um alvoroço, e os que choravam e faziam grande pranto.
- E, entrando, disse-lhes: Por que fazeis alvoroço e chorais? a menina não morreu, mas dorme.
- E riam-se dele; porém ele, tendo feito sair a todos, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele vieram, e entrou onde a menina estava.
- E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi, que, traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.
- Imediatamente a menina se levantou, e pôs-se a andar, pois tinha doze anos. E logo foram tomados de grande espanto.
- Então ordenou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e mandou que lhe dessem de comer.
Marcos 6
- Saiu Jesus dali, e foi para a sua terra, e os seus discípulos o seguiam.
- Ora, chegando o sábado, começou a ensinar na sinagoga; e muitos, ao ouví-lo, se maravilhavam, dizendo: Donde lhe vêm estas coisas? e que sabedoria é esta que lhe é dada? e como se fazem tais milagres por suas mãos?
- Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? e não estão aqui entre nós suas irmãs? E escandalizavam-se dele.
- Então Jesus lhes dizia: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra, entre os seus parentes, e na sua própria casa.
- E não podia fazer ali nenhum milagre, a não ser curar alguns poucos enfermos, impondo-lhes as mãos.
- E admirou-se da incredulidade deles. Em seguida percorria as aldeias circunvizinhas, ensinando.
- E chamou a si os doze, e começou a enviá-los a dois e dois, e dava-lhes poder sobre os espíritos imundos;
- ordenou-lhes que nada levassem para o caminho, senão apenas um bordão; nem pão, nem alforje, nem dinheiro no cinto;
- mas que fossem calçados de sandálias, e que não vestissem duas túnicas.
- Dizia-lhes mais: Onde quer que entrardes numa casa, ficai nela até sairdes daquele lugar.
- E se qualquer lugar não vos receber, nem os homens vos ouvirem, saindo dali, sacudi o pó que estiver debaixo dos vossos pés, em testemunho contra eles.
- Então saíram e pregaram que todos se arrependessem;
- e expulsavam muitos demônios, e ungiam muitos enfermos com óleo, e os curavam.
- E soube disso o rei Herodes (porque o nome de Jesus se tornara célebre), e disse: João, o Batista, ressuscitou dos mortos; e por isso estes poderes milagrosos operam nele.
- Mas outros diziam: É Elias. E ainda outros diziam: É profeta como um dos profetas.
- Herodes, porém, ouvindo isso, dizia: É João, aquele a quem eu mandei degolar: ele ressuscitou.
- Porquanto o próprio Herodes mandara prender a João, e encerrá-lo maniatado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe; porque ele se havia casado com ela.
- Pois João dizia a Herodes: Não te é lícito ter a mulher de teu irmão.
- Por isso Herodias lhe guardava rancor e queria matá-lo, mas não podia;
- porque Herodes temia a João, sabendo que era varão justo e santo, e o guardava em segurança; e, ao ouvi-lo, ficava muito perplexo, contudo de boa mente o escutava.
- Chegado, porém, um dia oportuno quando Herodes no seu aniversário natalício ofereceu um banquete aos grandes da sua corte, aos principais da Galiléia,
- entrou a filha da mesma Herodias e, dançando, agradou a Herodes e aos convivas. Então o rei disse à jovem: Pede-me o que quiseres, e eu to darei.
- E jurou-lhe, dizendo: Tudo o que me pedires te darei, ainda que seja metade do meu reino.
- Tendo ela saído, perguntou a sua mãe: Que pedirei? Ela respondeu: A cabeça de João, o Batista.
- E tornando logo com pressa à presença do rei, pediu, dizendo: Quero que imediatamente me dês num prato a cabeça de João, o Batista.
- Ora, entristeceu-se muito o rei; todavia, por causa dos seus juramentos e por causa dos que estavam à mesa, não lha quis negar.
- O rei, pois, enviou logo um soldado da sua guarda com ordem de trazer a cabeça de João. Então ele foi e o degolou no cárcere,
- e trouxe a cabeça num prato e a deu à jovem, e a jovem a deu à sua mãe.
- Quando os seus discípulos ouviram isso, vieram, tomaram o seu corpo e o puseram num sepulcro.
- Reuniram-se os apóstolos com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado.
- Ao que ele lhes disse: Vinde vós, à parte, para um lugar deserto, e descansai um pouco. Porque eram muitos os que vinham e iam, e não tinham tempo nem para comer.
- Retiraram-se, pois, no barco para um lugar deserto, à parte.
- Muitos, porém, os viram partir, e os reconheceram; e para lá correram a pé de todas as cidades, e ali chegaram primeiro do que eles.
- E Jesus, ao desembarcar, viu uma grande multidão e compadeceu-se deles, porque eram como ovelhas que não têm pastor; e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
- Estando a hora já muito adiantada, aproximaram-se dele seus discípulos e disseram: O lugar é deserto, e a hora já está muito adiantada;
- despede-os, para que vão aos sítios e às aldeias, em redor, e comprem para si o que comer.
- Ele, porém, lhes respondeu: Dai-lhes vós de comer. Então eles lhe perguntaram: Havemos de ir comprar duzentos denários de pão e dar-lhes de comer?
- Ao que ele lhes disse: Quantos pães tendes? Ide ver. E, tendo-se informado, responderam: Cinco pães e dois peixes.
- Então lhes ordenou que a todos fizessem reclinar-se, em grupos, sobre a relva verde.
- E reclinaram-se em grupos de cem e de cinquenta.
- E tomando os cinco pães e os dois peixes, e erguendo os olhos ao céu, os abençoou; partiu os pães e os entregava a seus discípulos para lhos servirem; também repartiu os dois peixes por todos.
- E todos comeram e se fartaram.
- Em seguida, recolheram doze cestos cheios dos pedaços de pão e de peixe.
- Ora, os que comeram os pães eram cinco mil homens.
- Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco e passar adiante, para o outro lado, a Betsaida, enquanto ele despedia a multidão.
- E, tendo-a despedido, foi ao monte para orar.
- Chegada a tardinha, estava o barco no meio do mar, e ele sozinho em terra.
- E, vendo-os fatigados a remar, porque o vento lhes era contrário, pela quarta vigília da noite, foi ter com eles, andando sobre o mar; e queria passar-lhes adiante;
- eles, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e gritaram;
- porque todos o viram e se assustaram; mas ele imediatamente falou com eles e disse-lhes: Tende ânimo; sou eu; não temais.
- E subiu para junto deles no barco, e o vento cessou; e ficaram, no seu íntimo, grandemente pasmados;
- pois não tinham compreendido o milagre dos pães, antes o seu coração estava endurecido.
- E, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré, e ali atracaram.
- Logo que desembarcaram, o povo reconheceu a Jesus;
- e correndo eles por toda aquela região, começaram a levar nos leitos os que se achavam enfermos, para onde ouviam dizer que ele estava.
- Onde quer, pois, que entrava, fosse nas aldeias, nas cidades ou nos campos, apresentavam os enfermos nas praças, e rogavam-lhe que os deixasse tocar ao menos a orla do seu manto; e todos os que a tocavam ficavam curados.
Marcos 7
- Foram ter com Jesus os fariseus, e alguns dos escribas vindos de Jerusalém,
- e repararam que alguns dos seus discípulos comiam pão com as mãos impuras, isto é, por lavar.
- Pois os fariseus, e todos os judeus, guardando a tradição dos anciãos, não comem sem lavar as mãos cuidadosamente;
- e quando voltam do mercado, se não se purificarem, não comem. E muitas outras coisas há que receberam para observar, como a lavagem de copos, de jarros e de vasos de bronze.
- Perguntaram-lhe, pois, os fariseus e os escribas: Por que não andam os teus discípulos conforme a tradição dos anciãos, mas comem o pão com as mãos por lavar?
- Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito: Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim;
- mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.
- Vós deixais o mandamento de Deus, e vos apegais à tradição dos homens.
- Disse-lhes ainda: Bem sabeis rejeitar o mandamento de deus, para guardardes a vossa tradição.
- Pois Moisés disse: Honra a teu pai e a tua mãe; e: Quem maldisser ao pai ou à mãe, certamente morrerá.
- Mas vós dizeis: Se um homem disser a seu pai ou a sua mãe: Aquilo que poderías aproveitar de mim é Corbã, isto é, oferta ao Senhor,
- não mais lhe permitis fazer coisa alguma por seu pai ou por sua mãe,
- invalidando assim a palavra de Deus pela vossa tradição que vós transmitistes; também muitas outras coisas semelhantes fazeis.
- E chamando a si outra vez a multidão, disse-lhes: Ouvi-me vós todos, e entendei.
- Nada há fora do homem que, entrando nele, possa contaminá-lo; mas o que sai do homem, isso é que o contamina.
- [Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça.]
- Depois, quando deixou a multidão e entrou em casa, os seus discípulos o interrogaram acerca da parábola.
- Respondeu-lhes ele: Assim também vós estais sem entender? Não compreendeis que tudo o que de fora entra no homem não o pode contaminar,
- porque não lhe entra no coração, mas no ventre, e é lançado fora? Assim declarou puros todos os alimentos.
- E prosseguiu: O que sai do homem , isso é que o contamina.
- Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,
- a cobiça, as maldades, o dolo, a libertinagem, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a insensatez;
- todas estas más coisas procedem de dentro e contaminam o homem.
- Levantando-se dali, foi para as regiões de Tiro e Sidom. E entrando numa casa, não queria que ninguém o soubesse, mas não pode ocultar-se;
- porque logo, certa mulher, cuja filha estava possessa de um espírito imundo, ouvindo falar dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés;
- (ora, a mulher era grega, de origem siro-fenícia) e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio.
- Respondeu-lhes Jesus: Deixa que primeiro se fartem os filhos; porque não é bom tomar o pão dos filhos e lança-lo aos cachorrinhos.
- Ela, porém, replicou, e disse-lhe: Sim, Senhor; mas também os cachorrinhos debaixo da mesa comem das migalhas dos filhos.
- Então ele lhe disse: Por essa palavra, vai; o demônio já saiu de tua filha.
- E, voltando ela para casa, achou a menina deitada sobre a cama, e que o demônio já havia saído.
- Tendo Jesus partido das regiões de Tiro, foi por Sidom até o mar da Galiléia, passando pelas regiões de Decápolis.
- E trouxeram-lhe um surdo, que falava dificilmente; e rogaram-lhe que pusesse a mão sobre ele.
- Jesus, pois, tirou-o de entre a multidão, à parte, meteu-lhe os dedos nos ouvidos e, cuspindo, tocou-lhe na língua;
- e erguendo os olhos ao céu, suspirou e disse-lhe: Efatá; isto é Abre-te.
- E abriram-se-lhe os ouvidos, a prisão da língua se desfez, e falava perfeitamente.
- Então lhes ordenou Jesus que a ninguém o dissessem; mas, quando mais lho proibia, tanto mais o divulgavam.
- E se maravilhavam sobremaneira, dizendo: Tudo tem feito bem; faz até os surdos ouvir e os mudos falar.
Marcos 8
- Naqueles dias, havendo de novo uma grande multidão, e não tendo o que comer, chamou Jesus os discípulos e disse-lhes:
- Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer.
- Se eu os mandar em jejum para suas casas, desfalecerão no caminho; e alguns deles vieram de longe.
- E seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém satisfazê-los de pão aqui no deserto?
- Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? Responderam: Sete.
- Logo mandou ao povo que se sentasse no chão; e tomando os sete pães e havendo dado graças, partiu-os e os entregava a seus discípulos para que os distribuíssem; e eles os distribuíram pela multidão.
- Tinham também alguns peixinhos, os quais ele abençoou, e mandou que estes também fossem distribuídos.
- Comeram, pois, e se fartaram; e dos pedaços que sobejavam levantaram sete alcofas.
- Ora, eram cerca de quatro mil homens. E Jesus os despediu.
- E, entrando logo no barco com seus discípulos, foi para as regiões de Dalmanuta.
- Saíram os fariseus e começaram a discutir com ele, pedindo-lhe um sinal do céu, para o experimentarem.
- Ele, suspirando profundamente em seu espírito, disse: Por que pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo que a esta geração não será dado sinal algum.
- E, deixando-os, tornou a embarcar e foi para o outro lado.
- Ora, eles se esqueceram de levar pão, e no barco não tinham consigo senão um pão.
- E Jesus ordenou-lhes, dizendo: Olhai, guardai-vos do fermento dos fariseus e do fermento de Herodes.
- Pelo que eles arrazoavam entre si porque não tinham pão.
- E Jesus, percebendo isso, disse-lhes: Por que arrazoais por não terdes pão? não compreendeis ainda, nem entendeis? tendes o vosso coração endurecido?
- Tendo olhos, não vedes? e tendo ouvidos, não ouvis? e não vos lembrais?
- Quando parti os cinco pães para os cinco mil, quantos cestos cheios de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Doze.
- E quando parti os sete para os quatro mil, quantas alcofas cheias de pedaços levantastes? Responderam-lhe: Sete.
- E ele lhes disse: Não entendeis ainda?
- Então chegaram a Betsaída. E trouxeram-lhe um cego, e rogaram-lhe que o tocasse.
- Jesus, pois, tomou o cego pela mão, e o levou para fora da aldeia; e cuspindo-lhe nos olhos, e impondo-lhe as mãos, perguntou-lhe: Vês alguma coisa?
- E, levantando ele os olhos, disse: Estou vendo os homens; porque como árvores os vejo andando.
- Então tornou a pôr-lhe as mãos sobre os olhos; e ele, olhando atentamente, ficou restabelecido, pois já via nitidamente todas as coisas.
- Depois o mandou para casa, dizendo: Mas não entres na aldeia.
- E saiu Jesus com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe, e no caminho interrogou os discípulos, dizendo: Quem dizem os homens que eu sou?
- Responderam-lhe eles: Uns dizem: João, o Batista; outros: Elias; e ainda outros: Algum dos profetas.
- Então lhes perguntou: Mas vós, quem dizeis que eu sou? Respondendo, Pedro lhe disse: Tu és o Cristo.
- E ordenou-lhes Jesus que a ninguém dissessem aquilo a respeito dele.
- Começou então a ensinar-lhes que era necessário que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que fosse rejeitado pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, que fosse morto, e que depois de três dias ressurgisse.
- E isso dizia abertamente. Ao que Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo.
- Mas ele, virando-se olhando para seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Para trás de mim, Satanás; porque não cuidas das coisas que são de Deus, mas sim das que são dos homens.
- E chamando a si a multidão com os discípulos, disse-lhes: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me.
- Pois quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim e do evangelho, salvá-la-á.
- Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida?
- Ou que diria o homem em troca da sua vida?
- Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.
Marcos 9
- Disse-lhes mais: Em verdade vos digo que, dos que aqui estão, alguns há que de modo nenhum provarão a morte até que vejam o reino de Deus já chegando com poder.
- Seis dias depois tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago, e a João, e os levou à parte sós, a um alto monte; e foi transfigurado diante deles;
- as suas vestes tornaram-se resplandecentes, extremamente brancas, tais como nenhum lavandeiro sobre a terra as poderia branquear.
- E apareceu-lhes Elias com Moisés, e falavam com Jesus.
- Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Mestre, bom é estarmos aqui; faça-mos, pois, três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
- Pois não sabia o que havia de dizer, porque ficaram atemorizados.
- Nisto veio uma nuvem que os cobriu, e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado; a ele ouvi.
- De repente, tendo olhado em redor, não viram mais a ninguém consigo, senão só a Jesus.
- Enquanto desciam do monte, ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressurgisse dentre os mortos.
- E eles guardaram o caso em segredo, indagando entre si o que seria o ressurgir dentre os mortos.
- Então lhe perguntaram: Por que dizem os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
- Respondeu-lhes Jesus: Na verdade Elias havia de vir primeiro, a restaurar todas as coisas; e como é que está escrito acerca do Filho do homem que ele deva padecer muito a ser aviltado?
- Digo-vos, porém, que Elias já veio, e fizeram-lhe tudo quanto quiseram, como dele está escrito.
- Quando chegaram aonde estavam os discípulos, viram ao redor deles uma grande multidão, e alguns escribas a discutirem com eles.
- E logo toda a multidão, vendo a Jesus, ficou grandemente surpreendida; e correndo todos para ele, o saudavam.
- Perguntou ele aos escribas: Que é que discutis com eles?
- Respondeu-lhe um dentre a multidão: Mestre, eu te trouxe meu filho, que tem um espírito mudo;
- e este, onde quer que o apanha, convulsiona-o, de modo que ele espuma, range os dentes, e vai definhando; e eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, e não puderam.
- Ao que Jesus lhes respondeu: Ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? Trazei-mo.
- Então lho trouxeram; e quando ele viu a Jesus, o espírito imediatamente o convulsionou; e o endemoninhado, caindo por terra, revolvia-se espumando.
- E perguntou Jesus ao pai dele: Há quanto tempo sucede-lhe isto? Respondeu ele: Desde a infância;
- e muitas vezes o tem lançado no fogo, e na água, para o destruir; mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos.
- Ao que lhe disse Jesus: Se podes! – tudo é possível ao que crê.
- Imediatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.
- E Jesus, vendo que a multidão, correndo, se aglomerava, repreendeu o espírito imundo, dizendo: Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: Sai dele, e nunca mais entres nele.
- E ele, gritando, e agitando-o muito, saiu; e ficou o menino como morto, de modo que a maior parte dizia: Morreu.
- Mas Jesus, tomando-o pela mão, o ergueu; e ele ficou em pé.
- E quando entrou em casa, seus discípulos lhe perguntaram à parte: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
- Respondeu-lhes: Esta casta não sai de modo algum, salvo à força de oração [e jejum.]
- Depois, tendo partido dali, passavam pela Galiléia, e ele não queria que ninguém o soubesse;
- porque ensinava a seus discípulos, e lhes dizia: O Filho do homem será entregue nas mãos dos homens, que o matarão; e morto ele, depois de três dias ressurgirá.
- Mas eles não entendiam esta palavra, e temiam interrogá-lo.
- Chegaram a Cafarnaum. E estando ele em casa, perguntou-lhes: Que estáveis discutindo pelo caminho?
- Mas eles se calaram, porque pelo caminho haviam discutido entre si qual deles era o maior.
- E ele, sentando-se, chamou os doze e lhes disse: se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos.
- Então tomou uma criança, pô-la no meio deles e, abraçando-a, disse-lhes:
- Qualquer que em meu nome receber uma destas crianças, a mim me recebe; e qualquer que me recebe a mim, recebe não a mim mas àquele que me enviou.
- Disse-lhe João: Mestre, vimos um homem que em teu nome expulsava demônios, e nós lho proibimos, porque não nos seguia.
- Jesus, porém, respondeu: Não lho proibais; porque ninguém há que faça milagre em meu nome e possa logo depois falar mal de mim;
- pois quem não é contra nós, é por nós.
- Porquanto qualquer que vos der a beber um copo de água em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
- Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e que fosse lançado no mar.
- E se a tua mão te fizer tropeçar, corta-a; melhor é entrares na vida aleijado, do que, tendo duas mãos, ires para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
- [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
- Ou, se o teu pé te fizer tropeçar, corta-o; melhor é entrares coxo na vida, do que, tendo dois pés, seres lançado no inferno.
- [onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.]
- Ou, se o teu olho te fizer tropeçar, lança-o fora; melhor é entrares no reino de Deus com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no inferno.
- onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga.
- Porque cada um será salgado com fogo.
- Bom é o sal; mas, se o sal se tornar insípido, com que o haveis de temperar? Tende sal em vós mesmos, e guardai a paz uns com os outros.
Marcos 10
- Levantando-se Jesus, partiu dali para os termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se reuniram em torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por costume.
- Então se aproximaram dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao homem repudiar sua mulher?
- Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?
- Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a mulher.
- Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou escrito esse mandamento.
- Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e mulher.
- Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua mulher,]
- e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só carne.
- Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
- Em casa os discípulos interrogaram-no de novo sobre isso.
- Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela;
- e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.
- Então lhe traziam algumas crianças para que as tocasse; mas os discípulos o repreenderam.
- Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim as crianças, e não as impeçais, porque de tais é o reino de Deus.
- Em verdade vos digo que qualquer que não receber o reino de Deus como criança, de maneira nenhuma entrará nele.
- E, tomando-as nos seus braços, as abençoou, pondo as mãos sobre elas.
- Ora, ao sair para se pôr a caminho, correu para ele um homem, o qual se ajoelhou diante dele e lhe perguntou: Bom Mestre, que hei de fazer para herdar a vida eterna?
- Respondeu-lhe Jesus: Por que me chamas bom? ninguém é bom, senão um que é Deus.
- Sabes os mandamentos: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho; a ninguém defraudarás; honra a teu pai e a tua mãe.
- Ele, porém, lhe replicou: Mestre, tudo isso tenho guardado desde a minha juventude.
- E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Uma coisa te falta; vai vende tudo quanto tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue-me.
- Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste, porque possuía muitos bens.
- Então Jesus, olhando em redor, disse aos seus discípulos: Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!
- E os discípulos se maravilharam destas suas palavras; mas Jesus, tornando a falar, disse-lhes: Filhos, quão difícil é [para os que confiam nas riquezas] entrar no reino de Deus!
- É mais fácil um camelo passar pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
- Com isso eles ficaram sobremaneira maravilhados, dizendo entre si: Quem pode, então, ser salvo?
- Jesus, fixando os olhos neles, respondeu: Para os homens é impossível, mas não para Deus; porque para Deus tudo é possível.
- Pedro começou a dizer-lhe: Eis que nós deixamos tudo e te seguimos.
- Respondeu Jesus: Em verdade vos digo que ninguém há, que tenha deixado casa, ou irmãos, ou irmãs, ou mãe, ou pai, ou filhos, ou campos, por amor de mim e do evangelho,
- que não receba cem vezes tanto, já neste tempo, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos, e campos, com perseguições; e no mundo vindouro a vida eterna.
- Mas muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.
- Ora, estavam a caminho, subindo para Jerusalém; e Jesus ia adiante deles, e eles se maravilhavam e o seguiam atemorizados. De novo tomou consigo os doze e começou a contar-lhes as coisas que lhe haviam de sobrevir,
- dizendo: Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; e eles o condenarão à morte, e o entregarão aos gentios;
- e hão de escarnecê-lo e cuspir nele, e açoitá-lo, e matá-lo; e depois de três dias ressurgirá.
- Nisso aproximaram-se dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mestre, queremos que nos faças o que te pedirmos.
- Ele, pois, lhes perguntou: Que quereis que eu vos faça?
- Responderam-lhe: Concede-nos que na tua glória nos sentemos, um à tua direita, e outro à tua esquerda.
- Mas Jesus lhes disse: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu bebo, e ser batizados no batismo em que eu sou batizado?
- E lhe responderam: Podemos. Mas Jesus lhes disse: O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em que eu sou batizado, haveis de ser batizados;
- mas o sentar-se à minha direita, ou à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles a quem está reservado.
- E ouvindo isso os dez, começaram a indignar-se contra Tiago e João.
- Então Jesus chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os que são reconhecidos como governadores dos gentios, deles se assenhoreiam, e que sobre eles os seus grandes exercem autoridade.
- Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
- e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos.
- Pois também o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
- Depois chegaram a Jericó. E, ao sair ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, estava sentado junto do caminho um mendigo cego, Bartimeu filho de Timeu.
- Este, quando ouviu que era Jesus, o nazareno, começou a clamar, dizendo: Jesus, Filho de Davi, tem compaixão de mim!
- E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava ainda mais: Filho de Davi, tem compaixão de mim.
- Parou, pois, Jesus e disse: Chamai-o. E chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, ele te chama.
- Nisto, lançando de si a sua capa, de um salto se levantou e foi ter com Jesus.
- Perguntou-lhe o cego: Que queres que te faça? Respondeu-lhe o cego: Mestre, que eu veja.
- Disse-lhe Jesus: Vai, a tua fé te salvou. E imediatamente recuperou a vista, e foi seguindo pelo caminho.
Marcos 11
- Ora, quando se aproximavam de Jerusalém, de Betfagé e de Betânia, junto do Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois dos seus discípulos
- e disse-lhes: Ide à aldeia que está defronte de vós; e logo que nela entrardes, encontrareis preso um jumentinho, em que ainda ninguém montou; desprendei-o e trazei-o.
- E se alguém vos perguntar: Por que fazeis isso? respondei: O Senhor precisa dele, e logo tornará a enviá-lo para aqui.
- Foram, pois, e acharam o jumentinho preso ao portão do lado de fora na rua, e o desprenderam.
- E alguns dos que ali estavam lhes perguntaram: Que fazeis, desprendendo o jumentinho?
- Responderam como Jesus lhes tinha mandado; e lho deixaram levar.
- Então trouxeram a Jesus o jumentinho e lançaram sobre ele os seus mantos; e Jesus montou nele.
- Muitos também estenderam pelo caminho os seus mantos, e outros, ramagens que tinham cortado nos campos.
- E tanto os que o precediam como os que o seguiam, clamavam: Hosana! bendito o que vem em nome do Senhor!
- Bendito o reino que vem, o reino de nosso pai Davi! Hosana nas alturas!
- Tendo Jesus entrado em Jerusalém, foi ao templo; e tendo observado tudo em redor, como já fosse tarde, saiu para Betânia com os doze.
- No dia seguinte, depois de saírem de Betânia teve fome,
- e avistando de longe uma figueira que tinha folhas, foi ver se, porventura, acharia nela alguma coisa; e chegando a ela, nada achou senão folhas, porque não era tempo de figos.
- E Jesus, falando, disse à figueira: Nunca mais coma alguém fruto de ti. E seus discípulos ouviram isso.
- Chegaram, pois, a Jerusalém. E entrando ele no templo, começou a expulsar os que ali vendiam e compravam; e derribou as mesas dos cambistas, e as cadeiras dos que vendiam pombas;
- e não consentia que ninguém atravessasse o templo levando qualquer utensílio;
- e ensinava, dizendo-lhes: Não está escrito: A minha casa será chamada casa de oração para todas as nações? Vós, porém, a tendes feito covil de salteadores.
- Ora, os principais sacerdotes e os escribas ouviram isto, e procuravam um modo de o matar; pois o temiam, porque toda a multidão se maravilhava da sua doutrina.
- Ao cair da tarde, saíam da cidade.
- Quando passavam na manhã seguinte, viram que a figueira tinha secado desde as raízes.
- Então Pedro, lembrando-se, disse-lhe: Olha, Mestre, secou-se a figueira que amaldiçoaste.
- Respondeu-lhes Jesus: Tende fé em Deus.
- Em verdade vos digo que qualquer que disser a este monte: Ergue-te e lança-te no mar; e não duvidar em seu coração, mas crer que se fará aquilo que diz, assim lhe será feito.
- Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e tê-lo-eis.
- Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa contra alguém, para que também vosso Pai que está no céu, vos perdoe as vossas ofensas.
- [Mas, se vós não perdoardes, também vosso Pai, que está no céu, não vos perdoará as vossas ofensas.]
- Vieram de novo a Jerusalém. E andando Jesus pelo templo, aproximaram-se dele os principais sacerdotes, os escribas e os anciãos,
- que lhe perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? ou quem te deu autoridade para fazê-las?
- Respondeu-lhes Jesus: Eu vos perguntarei uma coisa; respondei-me, pois, e eu vos direi com que autoridade faço estas coisas.
- O batismo de João era do céu, ou dos homens? respondei-me.
- Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele dirá: Então por que não o crestes?
- Mas diremos, porventura: Dos homens? – É que temiam o povo; porque todos verdadeiramente tinham a João como profeta.
- Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Replicou-lhes ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
Marcos 12
- Então começou Jesus a falar-lhes por parábolas. Um homem plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
- No tempo próprio, enviou um servo aos lavradores para que deles recebesse do fruto da vinha.
- Mas estes, apoderando-se dele, o espancaram e o mandaram embora de mãos vazias.
- E tornou a enviar-lhes outro servo; e a este feriram na cabeça e o ultrajaram.
- Então enviou ainda outro, e a este mataram; e a outros muitos, dos quais a uns espancaram e a outros mataram.
- Ora, tinha ele ainda um, o seu filho amado; a este lhes enviou por último, dizendo: A meu filho terão respeito.
- Mas aqueles lavradores disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e a herança será nossa.
- E, agarrando-o, o mataram, e o lançaram fora da vinha.
- Que fará, pois, o senhor da vinha? Virá e destruirá os lavradores, e dará a vinha a outros.
- Nunca lestes esta escritura: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular;
- pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
- Procuravam então prendê-lo, mas temeram a multidão, pois perceberam que contra eles proferira essa parábola; e, deixando-o, se retiraram.
- Enviaram-lhe então alguns dos fariseus e dos herodianos, para que o apanhassem em alguma palavra.
- Aproximando-se, pois, disseram-lhe: Mestre, sabemos que és verdadeiro, e de ninguém se te dá; porque não olhas à aparência dos homens, mas ensinas segundo a verdade o caminho de Deus; é lícito dar tributo a César, ou não? Daremos, ou não daremos?
- Mas Jesus, percebendo a hipocrisia deles, respondeu-lhes: Por que me experimentais? trazei-me um denário para que eu o veja.
- E eles lho trouxeram. Perguntou-lhes Jesus: De quem é esta imagem e inscrição? Responderam-lhe: De César.
- Disse-lhes Jesus: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E admiravam-se dele.
- Então se aproximaram dele alguns dos saduceus, que dizem não haver ressurreição, e lhe perguntaram, dizendo:
- Mestre, Moisés nos deixou escrito que se morrer alguém, deixando mulher sem deixar filhos, o irmão dele case com a mulher, e suscite descendência ao irmão.
- Ora, havia sete irmãos; o primeiro casou-se e morreu sem deixar descendência;
- o segundo casou-se com a viúva, e morreu, não deixando descendência; e da mesma forma, o terceiro; e assim os sete, e não deixaram descendência.
- Depois de todos, morreu também a mulher.
- Na ressurreição, de qual deles será ela esposa, pois os sete por esposa a tiveram?
- Respondeu-lhes Jesus: Porventura não errais vós em razão de não compreenderdes as Escrituras nem o poder de Deus?
- Porquanto, ao ressuscitarem dos mortos, nem se casam, nem se dão em casamento; pelo contrário, são como os anjos nos céus.
- Quanto aos mortos, porém, serem ressuscitados, não lestes no livro de Moisés, onde se fala da sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó?
- Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos. Estais em grande erro.
- Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
- Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
- Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças.
- E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.
- Ao que lhe disse o escriba: Muito bem, Mestre; com verdade disseste que ele é um, e fora dele não há outro;
- e que amá-lo de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as forças, e amar o próximo como a si mesmo, é mais do que todos os holocaustos e sacrifícios.
- E Jesus, vendo que havia respondido sabiamente, disse-lhe: Não estás longe do reino de Deus. E ninguém ousava mais interrogá-lo.
- Por sua vez, Jesus, enquanto ensinava no templo, perguntou: Como é que os escribas dizem que o Cristo é filho de Davi?
- O próprio Davi falou, movido pelo Espírito Santo: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos debaixo dos teus pés.
- Davi mesmo lhe chama Senhor; como é ele seu filho? E a grande multidão o ouvia com prazer.
- E prosseguindo ele no seu ensino, disse: Guardai-vos dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas, e das saudações nas praças,
- e dos primeiros assentos nas sinagogas, e dos primeiros lugares nos banquetes,
- que devoram as casas das viúvas, e por pretexto fazem longas orações; estes hão de receber muito maior condenação.
- E sentando-se Jesus defronte do cofre das ofertas, observava como a multidão lançava dinheiro no cofre; e muitos ricos deitavam muito.
- Vindo, porém, uma pobre viúva, lançou dois leptos, que valiam um quadrante.
- E chamando ele os seus discípulos, disse-lhes: Em verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais do que todos os que deitavam ofertas no cofre;
- porque todos deram daquilo que lhes sobrava; mas esta, da sua pobreza, deu tudo o que tinha, mesmo todo o seu sustento.
Marcos 13
- Quando saía do templo, disse-lhe um dos seus discípulos: Mestre, olha que pedras e que edifícios!
- Ao que Jesus lhe disse: Vês estes grandes edifícios? Não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
- Depois estando ele sentado no Monte das Oliveiras, defronte do templo, Pedro, Tiago, João e André perguntaram-lhe em particular:
- Dize-nos, quando sucederão essas coisas, e que sinal haverá quando todas elas estiverem para se cumprir?
- Então Jesus começou a dizer-lhes: Acautelai-vos; ninguém vos engane;
- muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e a muitos enganarão.
- Quando, porém, ouvirdes falar em guerras e rumores de guerras, não vos perturbeis; forçoso é que assim aconteça: mas ainda não é o fim.
- Pois se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá terremotos em diversos lugares, e haverá fomes. Isso será o princípio das dores.
- Mas olhai por vós mesmos; pois por minha causa vos hão de entregar aos sinédrios e às sinagogas, e sereis açoitados; também sereis levados perante governadores e reis, para lhes servir de testemunho.
- Mas importa que primeiro o evangelho seja pregado entre todas as nações.
- Quando, pois, vos conduzirem para vos entregar, não vos preocupeis com o que haveis de dizer; mas, o que vos for dado naquela hora, isso falai; porque não sois vós que falais, mas sim o Espírito Santo.
- Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
- E sereis odiados de todos por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
- Ora, quando vós virdes a abominação da desolação estar onde não deve estar (quem lê, entenda), então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
- quem estiver no eirado não desça, nem entre para tirar alguma coisa da sua casa;
- e quem estiver no campo não volte atrás para buscar a sua capa.
- Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
- Orai, pois, para que isto não suceda no inverno;
- porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.
- Se o Senhor não abreviasse aqueles dias, ninguém se salvaria mas ele, por causa dos eleitos que escolheu, abreviou aqueles dias.
- Então, se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo ali! não acrediteis.
- Porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão sinais e prodígios para enganar, se possível, até os escolhidos.
- Ficai vós, pois, de sobreaviso; eis que de antemão vos tenho dito tudo.
- Mas naqueles dias, depois daquela tribulação, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz;
- as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados.
- Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória.
- E logo enviará os seus anjos, e ajuntará os seus eleitos, desde os quatro ventos, desde a extremidade da terra até a extremidade do céu.
- Da figueira, pois, aprendei a parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
- Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
- Em verdade vos digo que não passará esta geração, até que todas essas coisas aconteçam.
- Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
- Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos no céu nem o Filho, senão o Pai.
- Olhai! vigiai! porque não sabeis quando chegará o tempo.
- É como se um homem, devendo viajar, ao deixar a sua casa, desse autoridade aos seus servos, a cada um o seu trabalho, e ordenasse também ao porteiro que vigiasse.
- Vigiai, pois; porque não sabeis quando virá o senhor da casa; se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar do galo, se pela manhã;
- para que, vindo de improviso, não vos ache dormindo.
- O que vos digo a vós, a todos o digo: Vigiai.
Marcos 14
- Ora, dali a dois dias era a páscoa e a festa dos pães ázimos; e os principais sacerdotes e os escribas andavam buscando como prender Jesus a traição, para o matarem.
- Pois eles diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
- Estando ele em Betânia, reclinado à mesa em casa de Simão, o leproso, veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo de nardo puro, de grande preço; e, quebrando o vaso, derramou-lhe sobre a cabeça o bálsamo.
- Mas alguns houve que em si mesmos se indignaram e disseram: Para que se fez este desperdício do bálsamo?
- Pois podia ser vendido por mais de trezentos denários que se dariam aos pobres. E bramavam contra ela.
- Jesus, porém, disse: Deixai-a; por que a molestais? Ela praticou uma boa ação para comigo.
- Porquanto os pobres sempre os tendes convosco e, quando quiserdes, podeis fazer-lhes bem; a mim, porém, nem sempre me tendes.
- ela fez o que pode; antecipou-se a ungir o meu corpo para a sepultura.
- Em verdade vos digo que, em todo o mundo, onde quer que for pregado o evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
- Então Judas Iscariotes, um dos doze, foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar Jesus.
- Ouvindo-o eles, alegraram-se, e prometeram dar-lhe dinheiro. E buscava como o entregaria em ocasião oportuna.
- Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, quando imolavam a páscoa, disseram-lhe seus discípulos: Aonde queres que vamos fazer os preparativos para comeres a páscoa?
- Enviou, pois, dois dos seus discípulos, e disse-lhes: Ide à cidade, e vos sairá ao encontro um homem levando um cântaro de água; seguí-o;
- e, onde ele entrar, dizei ao dono da casa: O Mestre manda perguntar: Onde está o meu aposento em que hei de comer a páscoa com os meus discípulos?
- E ele vos mostrará um grande cenáculo mobiliado e pronto; aí fazei-nos os preparativos.
- Partindo, pois, os discípulos, foram à cidade, onde acharam tudo como ele lhes dissera, e prepararam a páscoa.
- Ao anoitecer chegou ele com os doze.
- E, quando estavam reclinados à mesa e comiam, disse Jesus: Em verdade vos digo que um de vós, que comigo come, há de trair-me.
- Ao que eles começaram a entristecer-se e a perguntar-lhe um após outro: Porventura sou eu?
- Respondeu-lhes: É um dos doze, que mete comigo a mão no prato.
- Pois o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traído! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
- Enquanto comiam, Jesus tomou pão e, abençoando-o, o partiu e deu-lho, dizendo: Tomai; isto é o meu corpo.
- E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho; e todos beberam dele.
- E disse-lhes: Isto é o meu sangue, o sangue do pacto, que por muitos é derramado.
- Em verdade vos digo que não beberei mais do fruto da videira, até aquele dia em que o beber, novo, no reino de Deus.
- E, tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
- Disse-lhes então Jesus: Todos vós vos escandalizareis; porque escrito está: Ferirei o pastor, e as ovelhas se dispersarão.
- Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.
- Ao que Pedro lhe disse: Ainda que todos se escandalizem, nunca, porém, eu.
- Replicou-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje, nesta noite, antes que o galo cante duas vezes, três vezes tu me negarás.
- Mas ele repetia com veemência: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo nenhum te negarei. Assim também diziam todos.
- Então chegaram a um lugar chamado Getsêmane, e disse Jesus a seus discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu oro.
- E levou consigo a Pedro, a Tiago e a João, e começou a ter pavor e a angustiar-se;
- e disse-lhes: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai.
- E adiantando-se um pouco, prostrou-se em terra; e orava para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora.
- E dizia: Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; todavia não seja o que eu quero, mas o que tu queres.
- Voltando, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Simão, dormes? não pudeste vigiar uma hora?
- Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
- Retirou-se de novo e orou, dizendo as mesmas palavras.
- E voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados; e não sabiam o que lhe responder.
- Ao voltar pela terceira vez, disse-lhes: Dormi agora e descansai. – Basta; é chegada a hora. Eis que o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
- Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
- E logo, enquanto ele ainda falava, chegou Judas, um dos doze, e com ele uma multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes, dos escribas e dos anciãos.
- Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é; prendei-o e levai-o com segurança.
- E, logo que chegou, aproximando-se de Jesus, disse: Rabi! E o beijou.
- Ao que eles lhes lançaram as mãos, e o prenderam.
- Mas um dos que ali estavam, puxando da espada, feriu o servo do sumo sacerdote e cortou-lhe uma orelha.
- Disse-lhes Jesus: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador?
- Todos os dias estava convosco no templo, a ensinar, e não me prendestes; mas isto é para que se cumpram as Escrituras.
- Nisto, todos o deixaram e fugiram.
- Ora, seguia-o certo jovem envolto em um lençol sobre o corpo nu; e o agarraram.
- Mas ele, largando o lençol, fugiu despido.
- Levaram Jesus ao sumo sacerdote, e ajuntaram-se todos os principais sacerdotes, os anciãos e os escribas.
- E Pedro o seguiu de longe até dentro do pátio do sumo sacerdote, e estava sentado com os guardas, aquentando-se ao fogo.
- Os principais sacerdotes testemunho contra Jesus para o matar, e não o achavam.
- Porque contra ele muitos depunham falsamente, mas os testemunhos não concordavam.
- Levantaram-se por fim alguns que depunham falsamente contra ele, dizendo:
- Nós o ouvimos dizer: Eu destruirei este santuário, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens.
- E nem assim concordava o seu testemunho.
- Levantou-se então o sumo sacerdote no meio e perguntou a Jesus: Não respondes coisa alguma? Que é que estes depõem conta ti?
- Ele, porém, permaneceu calado, e nada respondeu. Tornou o sumo sacerdote a interrogá-lo, perguntando-lhe: És tu o Cristo, o Filho do Deus bendito?
- Respondeu Jesus: Eu o sou; e vereis o Filho do homem assentado à direita do Poder e vindo com as nuvens do céu.
- Então o sumo sacerdote, rasgando as suas vestes, disse: Para que precisamos ainda de testemunhas?
- Acabais de ouvir a blasfêmia; que vos parece? E todos o condenaram como réu de morte.
- E alguns começaram a cuspir nele, e a cobrir-lhe o rosto, e a dar-lhe socos, e a dizer-lhe: Profetiza. E os guardas receberam-no a bofetadas.
- Ora, estando Pedro em baixo, no átrio, chegou uma das criadas do sumo sacerdote
- e, vendo a Pedro, que se estava aquentando, encarou-o e disse: Tu também estavas com o nazareno, esse Jesus.
- Mas ele o negou, dizendo: Não sei nem compreendo o que dizes. E saiu para o alpendre.
- E a criada, vendo-o, começou de novo a dizer aos que ali estavam: Esse é um deles.
- Mas ele o negou outra vez. E pouco depois os que ali estavam disseram novamente a Pedro: Certamente tu és um deles; pois és também galileu.
- Ele, porém, começou a praguejar e a jurar: Não conheço esse homem de quem falais.
- Nesse instante o galo cantou pela segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que lhe dissera Jesus: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E caindo em si, começou a chorar.
Marcos 15
- Logo de manhã tiveram conselho os principais sacerdotes com os anciãos, os escribas e todo o sinédrio; e maniatando a Jesus, o levaram e o entregaram a Pilatos.
- Pilatos lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
- e os principais dos sacerdotes o acusavam de muitas coisas.
- Tornou Pilatos a interrogá-lo, dizendo: Não respondes nada? Vê quantas acusações te fazem.
- Mas Jesus nada mais respondeu, de maneira que Pilatos se admirava.
- Ora, por ocasião da festa costumava soltar-lhes um preso qualquer que eles pedissem.
- E havia um, chamado Barrabás, preso com outros sediciosos, os quais num motim haviam cometido um homicídio.
- E a multidão subiu e começou a pedir o que lhe costumava fazer.
- Ao que Pilatos lhes perguntou: Quereis que vos solte o rei dos judeus?
- Pois ele sabia que por inveja os principais sacerdotes lho haviam entregado.
- Mas os principais sacerdotes incitaram a multidão a pedir que lhes soltasse antes a Barrabás.
- E Pilatos, tornando a falar, perguntou-lhes: Que farei então daquele a quem chamais reis dos judeus?
- Novamente clamaram eles: Crucifica-o!
- Disse-lhes Pilatos: Mas que mal fez ele? Ao que eles clamaram ainda mais: Crucifica-o!
- Então Pilatos, querendo satisfazer a multidão, soltou-lhe Barrabás; e tendo mandado açoitar a Jesus, o entregou para ser crucificado.
- Os soldados, pois, levaram-no para dentro, ao pátio, que é o pretório, e convocaram toda a coorte;
- vestiram-no de púrpura e puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos que haviam tecido;
- e começaram a saudá-lo: Salve, rei dos judeus!
- Davam-lhe com uma cana na cabeça, cuspiam nele e, postos de joelhos, o adoravam.
- Depois de o terem assim escarnecido, despiram-lhe a púrpura, e lhe puseram as vestes. Então o levaram para fora, a fim de o crucificarem.
- E obrigaram certo Simão, cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que por ali passava, vindo do campo, a carregar-lhe a cruz.
- Levaram-no, pois, ao lugar do Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira.
- E ofereciam-lhe vinho misturado com mirra; mas ele não o tomou.
- Então o crucificaram, e repartiram entre si as vestes dele, lançando sortes sobre elas para ver o que cada um levaria.
- E era a hora terceira quando o crucificaram.
- Por cima dele estava escrito o título da sua acusação: O REI DOS JUDEUS.
- Também, com ele, crucificaram dois salteadores, um à sua direita, e outro à esquerda.
- [E cumpriu-se a escritura que diz: E com os malfeitores foi contado.]
- E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça e dizendo: Ah! tu que destróis o santuário e em três dias o reedificas.
- salva-te a ti mesmo, descendo da cruz.
- De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas, escarnecendo-o, diziam entre si: A outros salvou; a si mesmo não pode salvar;
- desça agora da cruz o Cristo, o rei de Israel, para que vejamos e creiamos, Também os que com ele foram crucificados o injuriavam.
- E, chegada a hora sexta, houve trevas sobre a terra, até a hora nona.
- E, à hora nona, bradou Jesus em alta voz: Eloí, Eloí, lamá, sabactani? que, traduzido, é: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
- Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Eis que chama por Elias.
- Correu um deles, ensopou uma esponja em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber, dizendo: Deixai, vejamos se Elias virá tirá-lo.
- Mas Jesus, dando um grande brado, expirou.
- Então o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo.
- Ora, o centurião, que estava defronte dele, vendo-o assim expirar, disse: Verdadeiramente este homem era filho de Deus.
- Também ali estavam algumas mulheres olhando de longe, entre elas Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago o Menor e de José, e Salomé;
- as quais o seguiam e o serviam quando ele estava na Galiléia; e muitas outras que tinham subido com ele a Jerusalém.
- Ao cair da tarde, como era o dia da preparação, isto é, a véspera do sábado,
- José de Arimatéia, ilustre membro do sinédrio, que também esperava o reino de Deus, cobrando ânimo foi Pilatos e pediu o corpo de Jesus.
- Admirou-se Pilatos de que já tivesse morrido; e chamando o centurião, perguntou-lhe se, de fato, havia morrido.
- E, depois que o soube do centurião, cedeu o cadáver a José;
- o qual, tendo comprado um pano de linho, tirou da cruz o corpo, envolveu-o no pano e o depositou num sepulcro aberto em rocha; e rolou uma pedra para a porta do sepulcro.
- E Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde fora posto.
Marcos 16
- Ora, passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé, compraram aromas para irem ungi-lo.
- E, no primeiro dia da semana, foram ao sepulcro muito cedo, ao levantar do sol.
- E diziam umas às outras: Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?
- Mas, levantando os olhos, notaram que a pedra, que era muito grande, já estava revolvida;
- e entrando no sepulcro, viram um moço sentado à direita, vestido de alvo manto; e ficaram atemorizadas.
- Ele, porém, lhes disse: Não vos atemorizeis; buscais a Jesus, o nazareno, que foi crucificado; ele ressurgiu; não está aqui; eis o lugar onde o puseram.
- Mas ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.
- E, saindo elas, fugiram do sepulcro, porque estavam possuídas de medo e assombro; e não disseram nada a ninguém, porque temiam.
- [Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana, apareceu primeiramente a Maria Madalena, da qual tinha expulsado sete demônios.
- Foi ela anunciá-lo aos que haviam andado com ele, os quais estavam tristes e chorando;
- e ouvindo eles que vivia, e que tinha sido visto por ela, não o creram.
- Depois disso manifestou-se sob outra forma a dois deles que iam de caminho para o campo,
- os quais foram anunciá-lo aos outros; mas nem a estes deram crédito.
- Por último, então, apareceu aos onze, estando eles reclinados à mesa, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem dado crédito aos que o tinham visto já ressurgido.
- E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.
- Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.
- E estes sinais acompanharão aos que crerem: em meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas;
- pegarão em serpentes; e se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e estes serão curados.
- Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus.
- Eles, pois, saindo, pregaram por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que os acompanhavam.]
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11/03/2021
Mateus
Mateus 1
- Livro da genealogia de Jesus Cristo, filho de Davi, filho de Abraão.
- A Abraão nasceu Isaque; a Isaque nasceu Jacó; a Jacó nasceram Judá e seus irmãos;
- a Judá nasceram, de Tamar, Farés e Zará; a Farés nasceu Esrom; a Esrom nasceu Arão;
- a Arão nasceu Aminadabe; a Aminadabe nasceu Nasom; a Nasom nasceu Salmom;
- a Salmom nasceu, de Raabe, Booz; a Booz nasceu, de Rute, Obede; a Obede nasceu Jessé;
- e a Jessé nasceu o rei Davi. A Davi nasceu Salomão da que fora mulher de Urias;
- a Salomão nasceu Roboão; a Roboão nasceu Abias; a Abias nasceu Asafe;
- a Asafe nasceu Josafá; a Josafá nasceu Jorão; a Jorão nasceu Ozias;
- a Ozias nasceu Joatão; a Joatão nasceu Acaz; a Acaz nasceu Ezequias;
- a Ezequias nasceu Manassés; a Manassés nasceu Amom; a Amom nasceu Josias;
- a Josias nasceram Jeconias e seus irmãos, no tempo da deportação para Babilônia.
- Depois da deportação para Babilônia nasceu a Jeconias, Salatiel; a Salatiel nasceu Zorobabel;
- a Zorobabel nasceu Abiúde; a Abiúde nasceu Eliaquim; a Eliaquim nasceu Azor;
- a Azor nasceu Sadoque; a Sadoque nasceu Aquim; a Aquim nasceu Eliúde;
- a Eliúde nasceu Eleazar; a Eleazar nasceu Matã; a Matã nasceu Jacó;
- e a Jacó nasceu José, marido de Maria, da qual nasceu JESUS, que se chama Cristo.
- De sorte que todas as gerações, desde Abraão até Davi, são catorze gerações; e desde Davi até a deportação para Babilônia, catorze gerações; e desde a deportação para Babilônia até o Cristo, catorze gerações.
- Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes de se ajuntarem, ela se achou ter concebido do Espírito Santo.
- E como José, seu esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente.
- E, projetando ele isso, eis que em sonho lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber a Maria, tua mulher, pois o que nela se gerou é do Espírito Santo;
- ela dará à luz um filho, a quem chamarás JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.
- Ora, tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta:
- Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, o qual será chamado EMANUEL, que traduzido é: Deus conosco.
- E José, tendo despertado do sono, fez como o anjo do Senhor lhe ordenara, e recebeu sua mulher;
- e não a conheceu enquanto ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de JESUS.
Mateus 2
- Tendo, pois, nascido Jesus em Belém da Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam:
- Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo.
- O rei Herodes, ouvindo isso, perturbou-se, e com ele toda a Jerusalém;
- e, reunindo todos os principais sacerdotes e os escribas do povo, perguntava-lhes onde havia de nascer o Cristo.
- Responderam-lhe eles: Em Belém da Judéia; pois assim está escrito pelo profeta:
- E tu, Belém, terra de Judá, de modo nenhum és a menor entre as principais cidades de Judá; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o meu povo de Israel.
- Então Herodes chamou secretamente os magos, e deles inquiriu com precisão acerca do tempo em que a estrela aparecera;
- e enviando-os a Belém, disse-lhes: Ide, e perguntai diligentemente pelo menino; e, quando o achardes, participai-mo, para que também eu vá e o adore.
- Tendo eles, pois, ouvido o rei, partiram; e eis que a estrela que tinham visto quando no oriente ia adiante deles, até que, chegando, se deteve sobre o lugar onde estava o menino.
- Ao verem eles a estrela, regozijaram-se com grande alegria.
- E entrando na casa, viram o menino com Maria sua mãe e, prostrando-se, o adoraram; e abrindo os seus tesouros, ofertaram-lhe dádivas: ouro incenso e mirra.
- Ora, sendo por divina revelação avisados em sonhos para não voltarem a Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho.
- E, havendo eles se retirado, eis que um anjo do Senhor apareceu a José em sonho, dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito, e ali fica até que eu te fale; porque Herodes há de procurar o menino para o matar.
- Levantou-se, pois, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito.
- e lá ficou até a morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito da parte do Senhor pelo profeta: Do Egito chamei o meu Filho.
- Então Herodes, vendo que fora iludido pelos magos, irou-se grandemente e mandou matar todos os meninos de dois anos para baixo que havia em Belém, e em todos os seus arredores, segundo o tempo que com precisão inquirira dos magos.
- Cumpriu-se então o que fora dito pelo profeta Jeremias:
- Em Ramá se ouviu uma voz, lamentação e grande pranto: Raquel chorando os seus filhos, e não querendo ser consolada, porque eles já não existem.
- Mas tendo morrido Herodes, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José no Egito,
- dizendo: Levanta-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já morreram os que procuravam a morte do menino.
- Então ele se levantou, tomou o menino e sua mãe e foi para a terra de Israel.
- Ouvindo, porém, que Arquelau reinava na Judéia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; mas avisado em sonho por divina revelação, retirou-se para as regiões da Galiléia,
- e foi habitar numa cidade chamada Nazaré; para que se cumprisse o que fora dito pelos profetas: Ele será chamado nazareno.
Mateus 3
- Naqueles dias apareceu João, o Batista, pregando no deserto da Judéia,
- dizendo: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
- Porque este é o anunciado pelo profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto; Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas.
- Ora, João usava uma veste de pelos de camelo, e um cinto de couro em torno de seus lombos; e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre.
- Então iam ter com ele os de Jerusalém, de toda a Judéia, e de toda a circunvizinhança do Jordão,
- e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados.
- Mas, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus que vinham ao seu batismo, disse-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira vindoura?
- Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento,
- e não queirais dizer dentro de vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
- E já está posto o machado á raiz das árvores; toda árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
- Eu, na verdade, vos batizo em água, na base do arrependimento; mas aquele que vem após mim é mais poderoso do que eu, que nem sou digno de levar-lhe as alparcas; ele vos batizará no Espírito Santo, e em fogo.
- A sua pá ele tem na mão, e limpará bem a sua eira; recolherá o seu trigo ao celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível.
- Então veio Jesus da Galiléia ter com João, junto do Jordão, para ser batizado por ele.
- Mas João o impedia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim?
- Jesus, porém, lhe respondeu: Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça. Então ele consentiu.
- Batizado que foi Jesus, saiu logo da água; e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito Santo de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele;
- e eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo.
Mateus 4
- Então foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo.
- E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome.
- Chegando, então, o tentador, disse-lhe: Se tu és Filho de Deus manda que estas pedras se tornem em pães.
- Mas Jesus lhe respondeu: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
- Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o sobre o pináculo do templo,
- e disse-lhe: Se tu és Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito; e: eles te susterão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra.
- Replicou-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus.
- Novamente o Diabo o levou a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles;
- e disse-lhe: Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.
- Então ordenou-lhe Jesus: Vai-te, Satanás; porque está escrito: Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás.
- Então o Diabo o deixou; e eis que vieram os anjos e o serviram.
- Ora, ouvindo Jesus que João fora entregue, retirou-se para a Galiléia;
- e, deixando Nazaré, foi habitar em Cafarnaum, cidade marítima, nos confins de Zabulom e Naftali;
- para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías:
- A terra de Zabulom e a terra de Naftali, o caminho do mar, além do Jordão, a Galiléia dos gentios,
- o povo que estava sentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam sentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.
- Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei- vos, porque é chegado o reino dos céus.
- E Jesus, andando ao longo do mar da Galiléia, viu dois irmãos – Simão, chamado Pedro, e seu irmão André, os quais lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores.
- Disse-lhes: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens.
- Eles, pois, deixando imediatamente as redes, o seguiram.
- E, passando mais adiante, viu outros dois irmãos – Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João, no barco com seu pai Zebedeu, consertando as redes; e os chamou.
- Estes, deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram- no.
- E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo.
- Assim a sua fama correu por toda a Síria; e trouxeram-lhe todos os que padeciam, acometidos de várias doenças e tormentos, os endemoninhados, os lunáticos, e os paralíticos; e ele os curou.
- De sorte que o seguiam grandes multidões da Galiléia, de Decápolis, de Jerusalém, da Judéia, e dalém do Jordão.
Mateus 5
- Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos,
- e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
- Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus.
- Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
- Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
- Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
- Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
- Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
- Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
- Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
- Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
- Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
- Vós sois o sal da terra; mas se o sal se tornar insípido, com que se há de restaurar-lhe o sabor? para nada mais presta, senão para ser lançado fora, e ser pisado pelos homens.
- Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;
- nem os que acendem uma candeia a colocam debaixo do alqueire, mas no velador, e assim ilumina a todos que estão na casa.
- Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.
- Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir.
- Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido.
- Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.
- Pois eu vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.
- Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo.
- Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e quem disser a seu irmão: Raca, será réu diante do sinédrio; e quem lhe disser: Tolo, será réu do fogo do inferno.
- Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,
- deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta.
- Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele; para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda, e sejas lançado na prisão.
- Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.
- Ouvistes que foi dito: Não adulterarás.
- Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.
- Se o teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.
- E, se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que vá todo o teu corpo para o inferno.
- Também foi dito: Quem repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio.
- Eu, porém, vos digo que todo aquele que repudia sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, a faz adúltera; e quem casar com a repudiada, comete adultério.
- Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos.
- Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;
- nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;
- nem jures pela tua cabeça, porque não podes tornar um só cabelo branco ou preto.
- Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; não, não; pois o que passa daí, vem do Maligno.
- Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
- Eu, porém, vos digo que não resistais ao homem mau; mas a qualquer que te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
- e ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
- e, se qualquer te obrigar a caminhar mil passos, vai com ele dois mil.
- Dá a quem te pedir, e não voltes as costas ao que quiser que lhe emprestes.
- Ouvistes que foi dito: Amarás ao teu próximo, e odiarás ao teu inimigo.
- Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem;
- para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque ele faz nascer o seu sol sobre maus e bons, e faz chover sobre justos e injustos.
- Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tereis? não fazem os publicanos também o mesmo?
- E, se saudardes somente os vossos irmãos, que fazeis demais? não fazem os gentios também o mesmo?
- Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celestial.
Mateus 6
- Guardai-vos de fazer as vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles; de outra sorte não tereis recompensa junto de vosso Pai, que está nos céus.
- Quando, pois, deres esmola, não faças tocar trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
- Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a direita;
- para que a tua esmola fique em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
- E, quando orardes, não sejais como os hipócritas; pois gostam de orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
- Mas tu, quando orares, entra no teu quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
- E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios; porque pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos.
- Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.
- Portanto, orai vós deste modo: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;
- venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu;
- o pão nosso de cada dia nos dá hoje;
- e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós também temos perdoado aos nossos devedores;
- e não nos deixes entrar em tentação; mas livra-nos do mal. [Porque teu é o reino e o poder, e a glória, para sempre, Amém.]
- Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celestial vos perdoará a vós;
- se, porém, não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará vossas ofensas.
- Quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque eles desfiguram os seus rostos, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade vos digo que já receberam a sua recompensa.
- Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
- para não mostrar aos homens que estás jejuando, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará.
- Não ajunteis para vós tesouros na terra; onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam;
- mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consumem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
- Porque onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
- A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo teu corpo terá luz;
- se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes são tais trevas!
- Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar o outro, ou há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas.
- Por isso vos digo: Não estejais ansiosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer, ou pelo que haveis de beber; nem, quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo mais do que o vestuário?
- Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem ceifam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não valeis vós muito mais do que elas?
- Ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?
- E pelo que haveis de vestir, por que andais ansiosos? Olhai para os lírios do campo, como crescem; não trabalham nem fiam;
- contudo vos digo que nem mesmo Salomão em toda a sua glória se vestiu como um deles.
- Pois, se Deus assim veste a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
- Portanto, não vos inquieteis, dizendo: Que havemos de comer? ou: Que havemos de beber? ou: Com que nos havemos de vestir?
- (Pois a todas estas coisas os gentios procuram.) Porque vosso Pai celestial sabe que precisais de tudo isso.
- Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
- Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.
Mateus 7
- Não julgueis, para que não sejais julgados.
- Porque com o juízo com que julgais, sereis julgados; e com a medida com que medis vos medirão a vós.
- E por que vês o argueiro no olho do teu irmão, e não reparas na trave que está no teu olho?
- Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, quando tens a trave no teu?
- Hipócrita! tira primeiro a trave do teu olho; e então verás bem para tirar o argueiro do olho do teu irmão.
- Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem.
- Pedí, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei e abrir-se-vos-á.
- Pois todo o que pede, recebe; e quem busca, acha; e ao que bate, abrir-se-lhe-á.
- Ou qual dentre vós é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra?
- Ou, se lhe pedir peixe, lhe dará uma serpente?
- Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará boas coisas aos que lhas pedirem?
- Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.
- Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela;
- e porque estreita é a porta, e apertado o caminho que conduz à vida, e poucos são os que a encontram.
- Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores.
- Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?
- Assim, toda árvore boa produz bons frutos; porém a árvore má produz frutos maus.
- Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má dar frutos bons.
- Toda árvore que não produz bom fruto é cortada e lançada no fogo.
- Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
- Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
- Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitos milagres?
- Então lhes direi claramente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.
- Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática, será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha.
- E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha.
- Mas todo aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia.
- E desceu a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda.
- Ao concluir Jesus este discurso, as multidões se maravilhavam da sua doutrina;
- porque as ensinava como tendo autoridade, e não como os escribas.
Mateus 8
- Quando Jesus desceu do monte, grandes multidões o seguiam.
- E eis que veio um leproso e o adorava, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.
- Jesus, pois, estendendo a mão, tocou-o, dizendo: Quero; sê limpo. No mesmo instante ficou purificado da sua lepra.
- Disse-lhe então Jesus: Olha, não contes isto a ninguém; mas vai, mostra-te ao sacerdote, e apresenta a oferta que Moisés determinou, para lhes servir de testemunho.
- Tendo Jesus entrado em Cafarnaum, chegou-se a ele um centurião que lhe rogava, dizendo:
- Senhor, o meu criado jaz em casa paralítico, e horrivelmente atormentado.
- Respondeu-lhe Jesus: Eu irei, e o curarei.
- O centurião, porém, replicou-lhe: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado; mas somente dize uma palavra, e o meu criado há de sarar.
- Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze isto, e ele o faz.
- Jesus, ouvindo isso, admirou-se, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que a ninguém encontrei em Israel com tamanha fé.
- Também vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e reclinar-se-ão à mesa de Abraão, Isaque e Jacó, no reino dos céus;
- mas os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
- Então disse Jesus ao centurião: Vai-te, e te seja feito assim como creste. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
- Ora, tendo Jesus entrado na casa de Pedro, viu a sogra deste de cama; e com febre.
- E tocou-lhe a mão, e a febre a deixou; então ela se levantou, e o servia.
- Caída a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e ele com a sua palavra expulsou os espíritos, e curou todos os enfermos;
- para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças.
- Vendo Jesus uma multidão ao redor de si, deu ordem de partir para o outro lado do mar.
- E, aproximando-se um escriba, disse-lhe: Mestre, seguir-te- ei para onde quer que fores.
- Respondeu-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu têm ninhos; mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.
- E outro de seus discípulos lhe disse: Senhor, permite-me ir primeiro sepultar meu pai.
- Jesus, porém, respondeu-lhe: Segue-me, e deixa os mortos sepultar os seus próprios mortos.
- E, entrando ele no barco, seus discípulos o seguiram.
- E eis que se levantou no mar tão grande tempestade que o barco era coberto pelas ondas; ele, porém, estava dormindo.
- Os discípulos, pois, aproximando-se, o despertaram, dizendo: Salva-nos, Senhor, que estamos perecendo.
- Ele lhes respondeu: Por que temeis, homens de pouca fé? Então, levantando-se repreendeu os ventos e o mar, e seguiu-se grande bonança.
- E aqueles homens se maravilharam, dizendo: Que homem é este, que até os ventos e o mar lhe obedecem?
- Tendo ele chegado ao outro lado, à terra dos gadarenos, saíram-lhe ao encontro dois endemoninhados, vindos dos sepulcros; tão ferozes eram que ninguém podia passar por aquele caminho.
- E eis que gritaram, dizendo: Que temos nós contigo, Filho de Deus? Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?
- Ora, a alguma distância deles, andava pastando uma grande manada de porcos.
- E os demônios rogavam-lhe, dizendo: Se nos expulsas, manda- nos entrar naquela manada de porcos.
- Disse-lhes Jesus: Ide. Então saíram, e entraram nos porcos; e eis que toda a manada se precipitou pelo despenhadeiro no mar, perecendo nas águas.
- Os pastores fugiram e, chegando à cidade, divulgaram todas estas coisas, e o que acontecera aos endemoninhados.
- E eis que toda a cidade saiu ao encontro de Jesus; e vendo- o, rogaram-lhe que se retirasse dos seus termos.
Mateus 9
- E entrando Jesus num barco, passou para o outro lado, e chegou à sua própria cidade.
- E eis que lhe trouxeram um paralítico deitado num leito. Jesus, pois, vendo-lhes a fé, disse ao paralítico: Tem ânimo, filho; perdoados são os teus pecados.
- E alguns dos escribas disseram consigo: Este homem blasfema.
- Mas Jesus, conhecendo-lhes os pensamentos, disse: Por que pensais o mal em vossos corações?
- Pois qual é mais fácil? dizer: Perdoados são os teus pecados, ou dizer: Levanta-te e anda?
- Ora, para que saibais que o Filho do homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados (disse então ao paralítico): Levanta- te, toma o teu leito, e vai para tua casa.
- E este, levantando-se, foi para sua casa.
- E as multidões, vendo isso, temeram, e glorificaram a Deus, que dera tal autoridade aos homens.
- Partindo Jesus dali, viu sentado na coletoria um homem chamado Mateus, e disse-lhe: Segue-me. E ele, levantando-se, o seguiu.
- Ora, estando ele à mesa em casa, eis que chegaram muitos publicanos e pecadores, e se reclinaram à mesa juntamente com Jesus e seus discípulos.
- E os fariseus, vendo isso, perguntavam aos discípulos: Por que come o vosso Mestre com publicanos e pecadores?
- Jesus, porém, ouvindo isso, respondeu: Não necessitam de médico os sãos, mas sim os enfermos.
- Ide, pois, e aprendei o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios. Porque eu não vim chamar justos, mas pecadores.
- Então vieram ter com ele os discípulos de João, perguntando: Por que é que nós e os fariseus jejuamos, mas os teus discípulos não jejuam?
- Respondeu-lhes Jesus: Podem porventura ficar tristes os convidados às núpcias, enquanto o noivo está com eles? Dias virão, porém, em que lhes será tirado o noivo, e então hão de jejuar.
- Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque semelhante remendo tira parte do vestido, e faz-se maior a rotura.
- Nem se deita vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam, derrama-se o vinho, e os odres se perdem; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.
- Enquanto ainda lhes dizia essas coisas, eis que chegou um chefe da sinagoga e o adorou, dizendo: Minha filha acaba de falecer; mas vem, impõe-lhe a tua mão, e ela viverá.
- Levantou-se, pois, Jesus, e o foi seguindo, ele e os seus discípulos.
- E eis que certa mulher, que havia doze anos padecia de uma hemorragia, chegou por detrás dele e tocou-lhe a orla do manto;
- porque dizia consigo: Se eu tão-somente tocar-lhe o manto, ficarei sã.
- Mas Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé te salvou. E desde aquela hora a mulher ficou sã.
- Quando Jesus chegou à casa daquele chefe, e viu os tocadores de flauta e a multidão em alvoroço,
- disse; Retirai-vos; porque a menina não está morta, mas dorme. E riam-se dele.
- Tendo-se feito sair o povo, entrou Jesus, tomou a menina pela mão, e ela se levantou.
- E espalhou-se a notícia disso por toda aquela terra.
- Partindo Jesus dali, seguiram-no dois cegos, que clamavam, dizendo: Tem compaixão de nós, Filho de Davi.
- E, tendo ele entrado em casa, os cegos se aproximaram dele; e Jesus perguntou-lhes: Credes que eu posso fazer isto? Responderam- lhe eles: Sim, Senhor.
- Então lhes tocou os olhos, dizendo: Seja-vos feito segundo a vossa fé.
- E os olhos se lhes abriram. Jesus ordenou-lhes terminantemente, dizendo: Vede que ninguém o saiba.
- Eles, porém, saíram, e divulgaram a sua fama por toda aquela terra.
- Enquanto esses se retiravam, eis que lhe trouxeram um homem mudo e endemoninhado.
- E, expulso o demônio, falou o mudo e as multidões se admiraram, dizendo: Nunca tal se viu em Israel.
- Os fariseus, porém, diziam: É pelo príncipe dos demônios que ele expulsa os demônios.
- E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do reino, e curando toda sorte de doenças e enfermidades.
- Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam desgarradas e errantes, como ovelhas que não têm pastor.
- Então disse a seus discípulos: Na verdade, a seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.
- Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Mateus 10
- E, chamando a si os seus doze discípulos, deu-lhes autoridade sobre os espíritos imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades.
- Ora, os nomes dos doze apóstolos são estes: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão;
- Felipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu;
- Simão Cananeu, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.
- A estes doze enviou Jesus, e ordenou-lhes, dizendo: Não ireis aos gentios, nem entrareis em cidade de samaritanos;
- mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel;
- e indo, pregai, dizendo: É chegado o reino dos céus.
- Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, limpai os leprosos, expulsai os demônios; de graça recebestes, de graça dai.
- Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos;
- nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.
- Em qualquer cidade ou aldeia em que entrardes, procurai saber quem nela é digno, e hospedai-vos aí até que vos retireis.
- E, ao entrardes na casa, saudai-a;
- se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; mas, se não for digna, torne para vós a vossa paz.
- E, se ninguém vos receber, nem ouvir as vossas palavras, saindo daquela casa ou daquela cidade, sacudi o pó dos vossos pés.
- Em verdade vos digo que, no dia do juízo, haverá menos rigor para a terra de Sodoma e Gomorra do que para aquela cidade.
- Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas.
- Acautelai-vos dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios, e vos açoitarão nas suas sinagogas;
- e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios.
- Mas, quando vos entregarem, não cuideis de como, ou o que haveis de falar; porque naquela hora vos será dado o que haveis de dizer.
- Porque não sois vós que falais, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós.
- Um irmão entregará à morte a seu irmão, e um pai a seu filho; e filhos se levantarão contra os pais e os matarão.
- E sereis odiados de todos por causa do meu nome, mas aquele que perseverar até o fim, esse será salvo.
- Quando, porém, vos perseguirem numa cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel antes que venha o Filho do homem.
- Não é o discípulo mais do que o seu mestre, nem o servo mais do que o seu senhor.
- Basta ao discípulo ser como seu mestre, e ao servo como seu senhor. Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?
- Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido.
- O que vos digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, dos eirados pregai-o.
- E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo.
- Não se vendem dois passarinhos por um asse? e nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai.
- E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados.
- Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos.
- Portanto, todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus.
- Mas qualquer que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai, que está nos céus.
- Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada.
- Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
- e assim os inimigos do homem serão os da sua própria casa.
- Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
- E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
- Quem achar a sua vida perdê-la-á, e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.
- Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe a mim, recebe aquele que me enviou.
- Quem recebe um profeta na qualidade de profeta, receberá a recompensa de profeta; e quem recebe um justo na qualidade de justo, receberá a recompensa de justo.
- E aquele que der até mesmo um copo de água fresca a um destes pequeninos, na qualidade de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá a sua recompensa.
Mateus 11
- Tendo acabado Jesus de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali a ensinar e a pregar nas cidades da região.
- Ora, quando João no cárcere ouviu falar das obras do Cristo, mandou pelos seus discípulos perguntar-lhe:
- És tu aquele que havia de vir, ou havemos de esperar outro?
- Respondeu-lhes Jesus: Ide contar a João as coisas que ouvis e vedes:
- os cegos vêem, e os coxos andam; os leprosos são purificados, e os surdos ouvem; os mortos são ressuscitados, e aos pobres é anunciado o evangelho.
- E bem-aventurado é aquele que não se escandalizar de mim.
- Ao partirem eles, começou Jesus a dizer às multidões a respeito de João: que saístes a ver no deserto? um caniço agitado pelo vento?
- Mas que saístes a ver? um homem trajado de vestes luxuosas? Eis que aqueles que trajam vestes luxuosas estão nas casas dos reis.
- Mas por que saístes? para ver um profeta? Sim, vos digo, e muito mais do que profeta.
- Este é aquele de quem está escrito: Eis aí envio eu ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de ti o teu caminho.
- Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele.
- E desde os dias de João, o Batista, até agora, o reino dos céus é tomado a força, e os violentos o tomam de assalto.
- Pois todos os profetas e a lei profetizaram até João.
- E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir.
- Quem tem ouvidos, ouça.
- Mas, a quem compararei esta geração? É semelhante aos meninos que, sentados nas praças, clamam aos seus companheiros:
- Tocamo-vos flauta, e não dançastes; cantamos lamentações, e não pranteastes.
- Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
- Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um comilão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Entretanto a sabedoria é justificada pelas suas obras.
- Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operara a maior parte dos seus milagres, o não se haverem arrependido, dizendo:
- Ai de ti, Corazin! ai de ti, Betsaida! porque, se em Tiro e em Sidom, se tivessem operado os milagres que em vós se operaram, há muito elas se teriam arrependido em cilício e em cinza.
- Contudo, eu vos digo que para Tiro e Sidom haverá menos rigor, no dia do juízo, do que para vós.
- E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? até o hades descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje.
- Contudo, eu vos digo que no dia do juízo haverá menos rigor para a terra de Sodoma do que para ti.
- Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos.
- Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
- Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar.
- Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
- Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas.
- Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.
Mateus 12
- Naquele tempo passou Jesus pelas searas num dia de sábado; e os seus discípulos, sentindo fome, começaram a colher espigas, e a comer.
- Os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é lícito fazer no sábado.
- Ele, porém, lhes disse: Acaso não lestes o que fez Davi, quando teve fome, ele e seus companheiros?
- Como entrou na casa de Deus, e como eles comeram os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem a seus companheiros, mas somente aos sacerdotes?
- Ou não lestes na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa?
- Digo-vos, porém, que aqui está o que é maior do que o templo.
- Mas, se vós soubésseis o que significa: Misericórdia quero, e não sacrifícios, não condenaríeis os inocentes.
- Porque o Filho do homem até do sábado é o Senhor.
- Partindo dali, entrou Jesus na sinagoga deles.
- E eis que estava ali um homem que tinha uma das mãos atrofiadas; e eles, para poderem acusar a Jesus, o interrogaram, dizendo: É lícito curar nos sábados?
- E ele lhes disse: Qual dentre vós será o homem que, tendo uma só ovelha, se num sábado ela cair numa cova, não há de lançar mão dela, e tirá-la?
- Ora, quanto mais vale um homem do que uma ovelha! Portanto, é lícito fazer bem nos sábados.
- Então disse àquele homem: estende a tua mão. E ele a estendeu, e lhe foi restituída sã como a outra.
- Os fariseus, porém, saindo dali, tomaram conselho contra ele, para o matarem.
- Jesus, percebendo isso, retirou-se dali. Acompanharam-no muitos; e ele curou a todos,
- e advertiu-lhes que não o dessem a conhecer;
- para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías:
- Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado em quem a minha alma se compraz; porei sobre ele o meu espírito, e ele anunciará aos gentios o juízo.
- Não contenderá, nem clamará, nem se ouvirá pelas ruas a sua voz.
- Não esmagará a cana quebrada, e não apagará o morrão que fumega, até que faça triunfar o juízo;
- e no seu nome os gentios esperarão.
- Trouxeram-lhe então um endemoninhado cego e mudo; e ele o curou, de modo que o mudo falava e via.
- E toda a multidão, maravilhada, dizia: É este, porventura, o Filho de Davi?
- Mas os fariseus, ouvindo isto, disseram: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
- Jesus, porém, conhecendo-lhes os pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade, ou casa, dividida contra si mesma não subsistirá.
- Ora, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seus reino?
- E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam os vossos filhos? Por isso, eles mesmos serão os vossos juízes.
- Mas, se é pelo Espírito de Deus que eu expulso os demônios, logo é chegado a vós o reino de Deus.
- Ou, como pode alguém entrar na casa do valente, e roubar-lhe os bens, se primeiro não amarrar o valente? e então lhe saquear a casa.
- Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha.
- Portanto vos digo: Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada.
- Se alguém disser alguma palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no vindouro.
- Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.
- Raça de víboras! como podeis vós falar coisas boas, sendo maus? pois do que há em abundância no coração, disso fala a boca.
- O homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más.
- Digo-vos, pois, que de toda palavra fútil que os homens disserem, hão de dar conta no dia do juízo.
- Porque pelas tuas palavras serás justificado, e pelas tuas palavras serás condenado.
- Então alguns dos escribas e dos fariseus, tomando a palavra, disseram: Mestre, queremos ver da tua parte algum sinal.
- Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas;
- pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra.
- Os ninivitas se levantarão no juízo com esta geração, e a condenarão; porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis aqui quem é maior do que Jonas.
- A rainha do sul se levantará no juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis aqui quem é maior do que Salomão.
- Ora, havendo o espírito imundo saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra.
- Então diz: Voltarei para minha casa, donde saí. E, chegando, acha-a desocupada, varrida e adornada.
- Então vai e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entretanto, habitam ali; e o último estado desse homem vem a ser pior do que o primeiro. Assim há de acontecer também a esta geração perversa.
- Enquanto ele ainda falava às multidões, estavam do lado de fora sua mãe e seus irmãos, procurando falar-lhe.
- Disse-lhe alguém: Eis que estão ali fora tua mãe e teus irmãos, e procuram falar contigo.
- Ele, porém, respondeu ao que lhe falava: Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos?
- E, estendendo a mão para os seus discípulos disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos.
- Pois qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, esse é meu irmão, irmã e mãe.
Mateus 13
- No mesmo dia, tendo Jesus saído de casa, sentou-se à beira do mar;
- e reuniram-se a ele grandes multidões, de modo que entrou num barco, e se sentou; e todo o povo estava em pé na praia.
- E falou-lhes muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu a semear.
- e quando semeava, uma parte da semente caiu à beira do caminho, e vieram as aves e comeram.
- E outra parte caiu em lugares pedregosos, onde não havia muita terra: e logo nasceu, porque não tinha terra profunda;
- mas, saindo o sol, queimou-se e, por não ter raiz, secou-se.
- E outra caiu entre espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram.
- Mas outra caiu em boa terra, e dava fruto, um a cem, outro a sessenta e outro a trinta por um.
- Quem tem ouvidos, ouça.
- E chegando-se a ele os discípulos, perguntaram-lhe: Por que lhes falas por parábolas?
- Respondeu-lhes Jesus: Porque a vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é dado;
- pois ao que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem lhe será tirado.
- Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não vêem; e ouvindo, não ouvem nem entendem.
- E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis, e de maneira alguma entendereis; e, vendo, vereis, e de maneira alguma percebereis.
- Porque o coração deste povo se endureceu, e com os ouvidos ouviram tardamente, e fecharam os olhos, para que não vejam com os olhos, nem ouçam com os ouvidos, nem entendam com o coração, nem se convertam, e eu os cure.
- Mas bem-aventurados os vossos olhos, porque vêem, e os vossos ouvidos, porque ouvem.
- Pois, em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não o viram; e ouvir o que ouvis, e não o ouviram.
- Ouvi, pois, vós a parábola do semeador.
- A todo o que ouve a palavra do reino e não a entende, vem o Maligno e arrebata o que lhe foi semeado no coração; este é o que foi semeado à beira do caminho.
- E o que foi semeado nos lugares pedregosos, este é o que ouve a palavra, e logo a recebe com alegria;
- mas não tem raiz em si mesmo, antes é de pouca duração; e sobrevindo a angústia e a perseguição por causa da palavra, logo se escandaliza.
- E o que foi semeado entre os espinhos, este é o que ouve a palavra; mas os cuidados deste mundo e a sedução das riquezas sufocam a palavra, e ela fica infrutífera.
- Mas o que foi semeado em boa terra, este é o que ouve a palavra, e a entende; e dá fruto, e um produz cem, outro sessenta, e outro trinta.
- Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo;
- mas, enquanto os homens dormiam, veio o inimigo dele, semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.
- Quando, porém, a erva cresceu e começou a espigar, então apareceu também o joio.
- Chegaram, pois, os servos do proprietário, e disseram-lhe: Senhor, não semeaste no teu campo boa semente? Donde, pois, vem o joio?
- Respondeu-lhes: Algum inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres, pois, que vamos arrancá-lo?
- Ele, porém, disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo.
- Deixai crescer ambos juntos até a ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Ajuntai primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; o trigo, porém, recolhei-o no meu celeiro.
- Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou, e semeou no seu campo;
- o qual é realmente a menor de todas as sementes; mas, depois de ter crescido, é a maior das hortaliças, e faz-se árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.
- Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
- Todas estas coisas falou Jesus às multidões por parábolas, e sem parábolas nada lhes falava;
- para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Abrirei em parábolas a minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.
- Então Jesus, deixando as multidões, entrou em casa. E chegaram-se a ele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.
- E ele, respondendo, disse: O que semeia a boa semente é o Filho do homem;
- o campo é o mundo; a boa semente são os filhos do reino; o o joio são os filhos do maligno;
- o inimigo que o semeou é o Diabo; a ceifa é o fim do mundo, e os celeiros são os anjos.
- Pois assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será no fim do mundo.
- Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles ajuntarão do seu reino todos os que servem de tropeço, e os que praticam a iniquidade,
- e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
- Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça.
- O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido no campo, que um homem, ao descobrí-lo, esconde; então, movido de gozo, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo.
- Outrossim, o reino dos céus é semelhante a um negociante que buscava boas pérolas;
- e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e a comprou.
- Igualmente, o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada ao mar, e que apanhou toda espécie de peixes.
- E, quando cheia, puxaram-na para a praia; e, sentando-se, puseram os bons em cestos; os ruins, porém, lançaram fora.
- Assim será no fim do mundo: sairão os anjos, e separarão os maus dentre os justos,
- e lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá choro e ranger de dentes.
- Entendestes todas estas coisas? Disseram-lhe eles: Entendemos.
- E disse-lhes: Por isso, todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas.
- E Jesus, tendo concluído estas parábolas, se retirou dali.
- E, chegando à sua terra, ensinava o povo na sinagoga, de modo que este se maravilhava e dizia: Donde lhe vem esta sabedoria, e estes poderes milagrosos?
- Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, José, Simão, e Judas?
- E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?
- E escandalizavam-se dele. Jesus, porém, lhes disse: Um profeta não fica sem honra senão na sua terra e na sua própria casa.
- E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.
Mateus 14
- Naquele tempo Herodes, o tetrarca, ouviu a fama de Jesus,
- e disse aos seus cortesãos: Este é João, o Batista; ele ressuscitou dentre os mortos, e por isso estes poderes milagrosos operam nele.
- Pois Herodes havia prendido a João, e, maniatando-o, o guardara no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Felipe;
- porque João lhe dizia: Não te é lícito possuí-la.
- E queria matá-lo, mas temia o povo; porque o tinham como profeta.
- Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, a filha de Herodias dançou no meio dos convivas, e agradou a Herodes,
- pelo que este prometeu com juramento dar-lhe tudo o que pedisse.
- E instigada por sua mãe, disse ela: Dá-me aqui num prato a cabeça de João, o Batista.
- Entristeceu-se, então, o rei; mas, por causa do juramento, e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse,
- e mandou degolar a João no cárcere;
- e a cabeça foi trazida num prato, e dada à jovem, e ela a levou para a sua mãe.
- Então vieram os seus discípulos, levaram o corpo e o sepultaram; e foram anunciá-lo a Jesus.
- Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um, lugar deserto, à parte; e quando as multidões o souberam, seguiram-no a pé desde as cidades.
- E ele, ao desembarcar, viu uma grande multidão; e, compadecendo-se dela, curou os seus enfermos.
- Chegada a tarde, aproximaram-se dele os discípulos, dizendo: O lugar é deserto, e a hora é já passada; despede as multidões, para que vão às aldeias, e comprem o que comer.
- Jesus, porém, lhes disse: Não precisam ir embora; dai-lhes vós de comer.
- Então eles lhe disseram: Não temos aqui senão cinco pães e dois peixes.
- E ele disse: trazei-mos aqui.
- Tendo mandado às multidões que se reclinassem sobre a relva, tomou os cinco pães e os dois peixes e, erguendo os olhos ao céu, os abençoou; e partindo os pães, deu-os aos discípulos, e os discípulos às multidões.
- Todos comeram e se fartaram; e dos pedaços que sobejaram levantaram doze cestos cheios.
- Ora, os que comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças.
- Logo em seguida obrigou os seus discípulos a entrar no barco, e passar adiante dele para o outro lado, enquanto ele despedia as multidões.
- Tendo-as despedido, subiu ao monte para orar à parte. Ao anoitecer, estava ali sozinho.
- Entrementes, o barco já estava a muitos estádios da terra, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário.
- Â quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar.
- Os discípulos, porém, ao vê-lo andando sobre o mar, assustaram-se e disseram: É um fantasma. E gritaram de medo.
- Jesus, porém, imediatamente lhes falou, dizendo: Tende ânimo; sou eu; não temais.
- Respondeu-lhe Pedro: Senhor! se és tu, manda-me ir ter contigo sobre as águas.
- Disse-lhe ele: Vem. Pedro, descendo do barco, e andando sobre as águas, foi ao encontro de Jesus.
- Mas, sentindo o vento, teve medo; e, começando a submergir, clamou: Senhor, salva-me.
- Imediatamente estendeu Jesus a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
- E logo que subiram para o barco, o vento cessou.
- Então os que estavam no barco adoraram-no, dizendo: Verdadeiramente tu és Filho de Deus.
- Ora, terminada a travessia, chegaram à terra em Genezaré.
- Quando os homens daquele lugar o reconheceram, mandaram por toda aquela circunvizinhança, e trouxeram-lhe todos os enfermos;
- e rogaram-lhe que apenas os deixasse tocar a orla do seu manto; e todos os que a tocaram ficaram curados.
Mateus 15
- Então chegaram a Jesus uns fariseus e escribas vindos de Jerusalém, e lhe perguntaram:
- Por que transgridem os teus discípulos a tradição dos anciãos? pois não lavam as mãos, quando comem.
- Ele, porém, respondendo, disse-lhes: E vós, por que transgredis o mandamento de Deus por causa da vossa tradição?
- Pois Deus ordenou: Honra a teu pai e a tua mãe; e, Quem maldisser a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá.
- Mas vós dizeis: Qualquer que disser a seu pai ou a sua mãe: O que poderias aproveitar de mim é oferta ao Senhor; esse de modo algum terá de honrar a seu pai.
- E assim por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus.
- Hipócritas! bem profetizou Isaias a vosso respeito, dizendo:
- Este povo honra-me com os lábios; o seu coração, porém, está longe de mim.
- Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homem.
- E, clamando a si a multidão, disse-lhes: Ouvi, e entendei:
- Não é o que entra pela boca que contamina o homem; mas o que sai da boca, isso é o que o contamina.
- Então os discípulos, aproximando-se dele, perguntaram-lhe: Sabes que os fariseus, ouvindo essas palavras, se escandalizaram?
- Respondeu-lhes ele: Toda planta que meu Pai celestial não plantou será arrancada.
- Deixai-os; são guias cegos; ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão no barranco.
- E Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Explica-nos essa parábola.
- Respondeu Jesus: Estai vós também ainda sem entender?
- Não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce pelo ventre, e é lançado fora?
- Mas o que sai da boca procede do coração; e é isso o que contamina o homem.
- Porque do coração procedem os maus pensamentos, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.
- São estas as coisas que contaminam o homem; mas o comer sem lavar as mãos, isso não o contamina.
- Ora, partindo Jesus dali, retirou-se para as regiões de Tiro e Sidom.
- E eis que uma mulher cananéia, provinda daquelas cercania, clamava, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim, que minha filha está horrivelmente endemoninhada.
- Contudo ele não lhe respondeu palavra. Chegando-se, pois, a ele os seus discípulos, rogavam-lhe, dizendo: Despede-a, porque vem clamando atrás de nós.
- Respondeu-lhes ele: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.
- Então veio ela e, adorando-o, disse: Senhor, socorre-me.
- Ele, porém, respondeu: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos.
- Ao que ela disse: Sim, Senhor, mas até os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos.
- Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé! seja-te feito como queres. E desde aquela hora sua filha ficou sã.
- Partindo Jesus dali, chegou ao pé do mar da Galiléia; e, subindo ao monte, sentou-se ali.
- E vieram a ele grandes multidões, trazendo consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e outros muitos, e lhos puseram aos pés; e ele os curou;
- de modo que a multidão se admirou, vendo mudos a falar, aleijados a ficar sãos, coxos a andar, cegos a ver; e glorificaram ao Deus de Israel.
- Jesus chamou os seus discípulos, e disse: Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que eles estão comigo, e não têm o que comer; e não quero despedi-los em jejum, para que não desfaleçam no caminho.
- Disseram-lhe os discípulos: Donde nos viriam num deserto tantos pães, para fartar tamanha multidão?
- Perguntou-lhes Jesus: Quantos pães tendes? E responderam: Sete, e alguns peixinhos.
- E tendo ele ordenado ao povo que se sentasse no chão,
- tomou os sete pães e os peixes, e havendo dado graças, partiu-os, e os entregava aos discípulos, e os discípulos á multidão.
- Assim todos comeram, e se fartaram; e do que sobejou dos pedaços levantaram sete alcofas cheias.
- Ora, os que tinham comido eram quatro mil homens além de mulheres e crianças.
- E havendo Jesus despedido a multidão, entrou no barco, e foi para os confins de Magadã.
Mateus 16
- Então chegaram a ele os fariseus e os saduceus e, para o experimentarem, pediram-lhe que lhes mostrasse algum sinal do céu.
- Mas ele respondeu, e disse-lhes: Ao cair da tarde, dizeis: Haverá bom tempo, porque o céu está rubro.
- E pela manhã: Hoje haverá tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. Ora, sabeis discernir o aspecto do céu, e não podeis discernir os sinais dos tempos?
- Uma geração má e adúltera pede um sinal, e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas. E, deixando-os, retirou-se.
- Quando os discípulos passaram para o outro lado, esqueceram- se de levar pão.
- E Jesus lhes disse: Olhai, e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
- Pelo que eles arrazoavam entre si, dizendo: É porque não trouxemos pão.
- E Jesus, percebendo isso, disse: Por que arrazoais entre vós por não terdes pão, homens de pouca fé?
- Não compreendeis ainda, nem vos lembrais dos cinco pães para os cinco mil, e de quantos cestos levantastes?
- Nem dos sete pães para os quatro mil, e de quantas alcofas levantastes?
- Como não compreendeis que não nos falei a respeito de pães? Mas guardai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus.
- Então entenderam que não dissera que se guardassem, do fermento dos pães, mas da doutrina dos fariseus e dos saduceus.
- Tendo Jesus chegado às regiões de Cesaréia de Felipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem?
- Responderam eles: Uns dizem que é João, o Batista; outros, Elias; outros, Jeremias, ou algum dos profetas.
- Mas vós, perguntou-lhes Jesus, quem dizeis que eu sou?
- Respondeu-lhe Simão Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
- Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus.
- Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do hades não prevalecerão contra ela;
- dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.
- Então ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que ele era o Cristo.
- Desde então começou Jesus Cristo a mostrar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse a Jerusalém, que padecesse muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes, e dos escribas, que fosse morto, e que ao terceiro dia ressuscitasse.
- E Pedro, tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Tenha Deus compaixão de ti, Senhor; isso de modo nenhum te acontecerá.
- Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não estás pensando nas coisas que são de Deus, mas sim nas que são dos homens.
- Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;
- pois, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a sua vida por amor de mim, achá-la-á.
- Pois que aproveita ao homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua vida? ou que dará o homem em troca da sua vida?
- Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos; e então retribuirá a cada um segundo as suas obras.
- Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão de modo nenhum provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino.
Mateus 17
- Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro, a Tiago e a João, irmão deste, e os conduziu à parte a um alto monte;
- e foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandeceu como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
- E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
- Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três cabanas, uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias.
- Estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu; e dela saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi.
- Os discípulos, ouvindo isso, caíram com o rosto em terra, e ficaram grandemente atemorizados.
- Chegou-se, pois, Jesus e, tocando-os, disse: Levantai-vos e não temais.
- E, erguendo eles os olhos, não viram a ninguém senão a Jesus somente.
- Enquanto desciam do monte, Jesus lhes ordenou: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem seja levantado dentre os mortos.
- Perguntaram-lhe os discípulos: Por que dizem então os escribas que é necessário que Elias venha primeiro?
- Respondeu ele: Na verdade Elias havia de vir e restaurar todas as coisas;
- digo-vos, porém, que Elias já veio, e não o reconheceram; mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer às mãos deles.
- Então entenderam os discípulos que lhes falava a respeito de João, o Batista.
- Quando chegaram à multidão, aproximou-se de Jesus um homem que, ajoelhando-se diante dele, disse:
- Senhor, tem compaixão de meu filho, porque é epiléptico e sofre muito; pois muitas vezes cai no fogo, e muitas vezes na água.
- Eu o trouxe aos teus discípulos, e não o puderam curar.
- E Jesus, respondendo, disse: Ó geração incrédula e perversa! até quando estarei convosco? até quando vos sofrerei? Trazei-mo aqui.
- Então Jesus repreendeu ao demônio, o qual saiu de menino, que desde aquela hora ficou curado.
- Depois os discípulos, aproximando-se de Jesus em particular, perguntaram-lhe: Por que não pudemos nós expulsá-lo?
- Disse-lhes ele: Por causa da vossa pouca fé; pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele há de passar; e nada vos será impossível.
- [mas esta casta de demônios não se expulsa senão à força de oração e de jejum.]
- Ora, achando-se eles na Galiléia, disse-lhes Jesus: O Filho do homem está para ser entregue nas mãos dos homens;
- e matá-lo-ão, e ao terceiro dia ressurgirá. E eles se entristeceram grandemente.
- Tendo eles chegado a Cafarnaum, aproximaram-se de Pedro os que cobravam as didracmas, e lhe perguntaram: O vosso mestre não paga as didracmas?
- Disse ele: Sim. Ao entrar Pedro em casa, Jesus se lhe antecipou, perguntando: Que te parece, Simão? De quem cobram os reis da terra imposto ou tributo? dos seus filhos, ou dos alheios?
- Quando ele respondeu: Dos alheios, disse-lhe Jesus: Logo, são isentos os filhos.
- Mas, para que não os escandalizemos, vai ao mar, lança o anzol, tira o primeiro peixe que subir e, abrindo-lhe a boca, encontrarás um estáter; toma-o, e dá-lho por mim e por ti.
Mateus 18
- Naquela hora chegaram-se a Jesus os discípulos e perguntaram: Quem é o maior no reino dos céus?
- Jesus, chamando uma criança, colocou-a no meio deles,
- e disse: Em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.
- Portanto, quem se tornar humilde como esta criança, esse é o maior no reino dos céus.
- E qualquer que receber em meu nome uma criança tal como esta, a mim me recebe.
- Mas qualquer que fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar.
- Ai do mundo, por causa dos tropeços! pois é inevitável que venham; mas ai do homem por quem o tropeço vier!
- Se, pois, a tua mão ou o teu pé te fizer tropeçar, corta-o, lança-o de ti; melhor te é entrar na vida aleijado, ou coxo, do que, tendo duas mãos ou dois pés, ser lançado no fogo eterno.
- E, se teu olho te fizer tropeçar, arranca-o, e lança-o de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que tendo dois olhos, ser lançado no inferno de fogo.
- Vede, não desprezeis a nenhum destes pequeninos; pois eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre vêm a face de meu Pai, que está nos céus.
- [Porque o Filho do homem veio salvar o que se havia perdido.]
- Que vos parece? Se alguém tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará as noventa e nove nos montes para ir buscar a que se extraviou?
- E, se acontecer achá-la, em verdade vos digo que maior prazer tem por esta do que pelas noventa e nove que não se extraviaram.
- Assim também não é da vontade de vosso Pai que está nos céus, que venha a perecer um só destes pequeninos.
- Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão;
- mas se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda palavra seja confirmada.
- Se recusar ouvi-los, dize-o à igreja; e, se também recusar ouvir a igreja, considera-o como gentio e publicano.
- Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na terra será ligado no céu; e tudo quanto desligardes na terra será desligado no céu.
- Ainda vos digo mais: Se dois de vós na terra concordarem acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus.
- Pois onde se acham dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.
- Então Pedro, aproximando-se dele, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu hei de perdoar? Até sete?
- Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete; mas até setenta vezes sete.
- Por isso o reino dos céus é comparado a um rei que quis tomar contas a seus servos;
- e, tendo começado a tomá-las, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos;
- mas não tendo ele com que pagar, ordenou seu senhor que fossem vendidos, ele, sua mulher, seus filhos, e tudo o que tinha, e que se pagasse a dívida.
- Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, tem paciência comigo, que tudo te pagarei.
- O senhor daquele servo, pois, movido de compaixão, soltou-o, e perdoou-lhe a dívida.
- Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem denários; e, segurando-o, o sufocava, dizendo: Paga o que me deves.
- Então o seu companheiro, caindo-lhe aos pés, rogava-lhe, dizendo: Tem paciência comigo, que te pagarei.
- Ele, porém, não quis; antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida.
- Vendo, pois, os seus conservos o que acontecera, contristaram-se grandemente, e foram revelar tudo isso ao seu senhor.
- Então o seu senhor, chamando-o á sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
- não devias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como eu tive compaixão de ti?
- E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia.
- Assim vos fará meu Pai celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão.
Mateus 19
- Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu da Galiléia, e foi para os confins da Judéia, além do Jordão;
- e seguiram-no grandes multidões, e curou-os ali.
- Aproximaram-se dele alguns fariseus que o experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer motivo?
- Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o princípio homem e mulher,
- e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne?
- Assim já não são mais dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
- Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e repudiá-la?
- Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio.
- Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a repudiada também comete adultério.]
- Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar.
- Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
- Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.
- Então lhe trouxeram algumas crianças para que lhes impusesse as mãos, e orasse; mas os discípulos os repreenderam.
- Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus.
- E, depois de lhes impor as mãos, partiu dali.
- E eis que se aproximou dele um jovem, e lhe disse: Mestre, que bem farei para conseguir a vida eterna?
- Respondeu-lhe ele: Por que me perguntas sobre o que é bom? Um só é bom; mas se é que queres entrar na vida, guarda os mandamentos.
- Perguntou-lhe ele: Quais? Respondeu Jesus: Não matarás; não adulterarás; não furtarás; não dirás falso testemunho;
- honra a teu pai e a tua mãe; e amarás o teu próximo como a ti mesmo.
- Disse-lhe o jovem: Tudo isso tenho guardado; que me falta ainda?
- Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, segue- me.
- Mas o jovem, ouvindo essa palavra, retirou-se triste; porque possuía muitos bens.
- Disse então Jesus aos seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus.
- E outra vez vos digo que é mais fácil um camelo passar pelo fundo duma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus.
- Quando os seus discípulos ouviram isso, ficaram grandemente maravilhados, e perguntaram: Quem pode, então, ser salvo?
- Jesus, fixando neles o olhar, respondeu: Aos homens é isso impossível, mas a Deus tudo é possível.
- Então Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: Eis que nós deixamos tudo, e te seguimos; que recompensa, pois, teremos nós?
- Ao que lhe disse Jesus: Em verdade vos digo a vós que me seguistes, que na regeneração, quando o Filho do homem se assentar no trono da sua glória, sentar-vos-eis também vós sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel.
- E todo o que tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras, por amor do meu nome, receberá cem vezes tanto, e herdará a vida eterna.
- Entretanto, muitos que são primeiros serão últimos; e muitos que são últimos serão primeiros.
Mateus 20
- Porque o reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que saiu de madrugada a contratar trabalhadores para a sua vinha.
- Ajustou com os trabalhadores o salário de um denário por dia, e mandou-os para a sua vinha.
- Cerca da hora terceira saiu, e viu que estavam outros, ociosos, na praça,
- e disse-lhes: Ide também vós para a vinha, e dar-vos-ei o que for justo. E eles foram.
- Outra vez saiu, cerca da hora sexta e da nona, e fez o mesmo.
- Igualmente, cerca da hora undécima, saiu e achou outros que lá estavam, e perguntou-lhes: Por que estais aqui ociosos o dia todo?
- Responderam-lhe eles: Porque ninguém nos contratou. Disse- lhes ele: Ide também vós para a vinha.
- Ao anoitecer, disse o senhor da vinha ao seu mordomo: Chama os trabalhadores, e paga-lhes o salário, começando pelos últimos até os primeiros.
- Chegando, pois, os que tinham ido cerca da hora undécima, receberam um denário cada um.
- Vindo, então, os primeiros, pensaram que haviam de receber mais; mas do mesmo modo receberam um denário cada um.
- E ao recebê-lo, murmuravam contra o proprietário, dizendo:
- Estes últimos trabalharam somente uma hora, e os igualastes a nós, que suportamos a fadiga do dia inteiro e o forte calor.
- Mas ele, respondendo, disse a um deles: Amigo, não te faço injustiça; não ajustaste comigo um denário?
- Toma o que é teu, e vai-te; eu quero dar a este último tanto como a ti.
- Não me é lícito fazer o que quero do que é meu? Ou é mau o teu olho porque eu sou bom?
- Assim os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.
- Estando Jesus para subir a Jerusalém, chamou à parte os doze e no caminho lhes disse:
- Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas, e eles o condenarão à morte,
- e o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem; e ao terceiro dia ressuscitará.
- Aproximou-se dele, então, a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, ajoelhando-se e fazendo-lhe um pedido.
- Perguntou-lhe Jesus: Que queres? Ela lhe respondeu: Concede que estes meus dois filhos se sentem, um à tua direita e outro à tua esquerda, no teu reino.
- Jesus, porém, replicou: Não sabeis o que pedis; podeis beber o cálice que eu estou para beber? Responderam-lhe: Podemos.
- Então lhes disse: O meu cálice certamente haveis de beber; mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda, não me pertence concedê-lo; mas isso é para aqueles para quem está preparado por meu Pai.
- E ouvindo isso os dez, indignaram-se contra os dois irmãos.
- Jesus, pois, chamou-os para junto de si e lhes disse: Sabeis que os governadores dos gentios os dominam, e os seus grandes exercem autoridades sobre eles.
- Não será assim entre vós; antes, qualquer que entre vós quiser tornar-se grande, será esse o que vos sirva;
- e qualquer que entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo;
- assim como o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos.
- Saindo eles de Jericó, seguiu-o uma grande multidão;
- e eis que dois cegos, sentados junto do caminho, ouvindo que Jesus passava, clamaram, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
- E a multidão os repreendeu, para que se calassem; eles, porém, clamaram ainda mais alto, dizendo: Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de nós.
- E Jesus, parando, chamou-os e perguntou: Que quereis que vos faça?
- Disseram-lhe eles: Senhor, que se nos abram os olhos.
- E Jesus, movido de compaixão, tocou-lhes os olhos, e imediatamente recuperaram a vista, e o seguiram.
Mateus 21
- Quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
- Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei- mos.
- E, se alguém vos disser alguma coisa, respondei: O Senhor precisa deles; e logo os enviará.
- Ora, isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta:
- Dizei à filha de Sião: Eis que aí te vem o teu Rei, manso e montado em um jumento, em um jumentinho, cria de animal de carga.
- Indo, pois, os discípulos e fazendo como Jesus lhes ordenara,
- trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram os seus mantos, e Jesus montou.
- E a maior parte da multidão estendeu os seus mantos pelo caminho; e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
- E as multidões, tanto as que o precediam como as que o seguiam, clamavam, dizendo: Hosana ao Filho de Davi! bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas alturas!
- Ao entrar ele em Jerusalém, agitou-se a cidade toda e perguntava: Quem é este?
- E as multidões respondiam: Este é o profeta Jesus, de Nazaré da Galiléia.
- Então Jesus entrou no templo, expulsou todos os que ali vendiam e compravam, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
- e disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; vós, porém, a fazeis covil de salteadores.
- E chegaram-se a ele no templo cegos e coxos, e ele os curou.
- Vendo, porém, os principais sacerdotes e os escribas as maravilhas que ele fizera, e os meninos que clamavam no templo: Hosana ao Filho de Davi, indignaram-se,
- e perguntaram-lhe: Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e de criancinhas de peito tiraste perfeito louvor?
- E deixando-os, saiu da cidade para Betânia, e ali passou a noite.
- Ora, de manhã, ao voltar à cidade, teve fome;
- e, avistando uma figueira à beira do caminho, dela se aproximou, e não achou nela senão folhas somente; e disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti. E a figueira secou imediatamente.
- Quando os discípulos viram isso, perguntaram admirados: Como é que imediatamente secou a figueira?
- Jesus, porém, respondeu-lhes: Em verdade vos digo que, se tiverdes fé e não duvidardes, não só fareis o que foi feito à figueira, mas até, se a este monte disserdes: Ergue-te e lança-te no mar, isso será feito;
- e tudo o que pedirdes na oração, crendo, recebereis.
- Tendo Jesus entrado no templo, e estando a ensinar, aproximaram-se dele os principais sacerdotes e os anciãos do povo, e perguntaram: Com que autoridade fazes tu estas coisas? e quem te deu tal autoridade?
- Respondeu-lhes Jesus: Eu também vos perguntarei uma coisa; se ma disserdes, eu de igual modo vos direi com que autoridade faço estas coisas.
- O batismo de João, donde era? do céu ou dos homens? Ao que eles arrazoavam entre si: Se dissermos: Do céu, ele nos dirá: Então por que não o crestes?
- Mas, se dissermos: Dos homens, tememos o povo; porque todos consideram João como profeta.
- Responderam, pois, a Jesus: Não sabemos. Disse-lhe ele: Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas.
- Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e, chegando- se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na vinha.
- Ele respondeu: Sim, senhor; mas não foi.
- Chegando-se, então, ao segundo, falou-lhe de igual modo; respondeu-lhe este: Não quero; mas depois, arrependendo-se, foi.
- Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram eles: O segundo. Disse-lhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.
- Pois João veio a vós no caminho da justiça, e não lhe deste crédito, mas os publicanos e as meretrizes lho deram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crerdes nele.
- Ouvi ainda outra parábola: Havia um homem, proprietário, que plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, e edificou uma torre; depois arrendou-a a uns lavradores e ausentou-se do país.
- E quando chegou o tempo dos frutos, enviou os seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos.
- E os lavradores, apoderando-se dos servos, espancaram um, mataram outro, e a outro apedrejaram.
- Depois enviou ainda outros servos, em maior número do que os primeiros; e fizeram-lhes o mesmo.
- Por último enviou-lhes seu filho, dizendo: A meu filho terão respeito.
- Mas os lavradores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, e apoderemo-nos da sua herança.
- E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e o mataram.
- Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?
- Responderam-lhe eles: Fará perecer miseravelmente a esses maus, e arrendará a vinha a outros lavradores, que a seu tempo lhe entreguem os frutos.
- Disse-lhes Jesus: Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os edificadores rejeitaram, essa foi posta como pedra angular; pelo Senhor foi feito isso, e é maravilhoso aos nossos olhos?
- Portanto eu vos digo que vos será tirado o reino de Deus, e será dado a um povo que dê os seus frutos.
- E quem cair sobre esta pedra será despedaçado; mas aquele sobre quem ela cair será reduzido a pó.
- Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo essas parábolas, entenderam que era deles que Jesus falava.
- E procuravam prendê-lo, mas temeram o povo, porquanto este o tinha por profeta.
Mateus 22
- Então Jesus tornou a falar-lhes por parábolas, dizendo:
- O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho.
- Enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas, e estes não quiseram vir.
- Depois enviou outros servos, ordenando: Dizei aos convidados: Eis que tenho o meu jantar preparado; os meus bois e cevados já estão mortos, e tudo está pronto; vinde às bodas.
- Eles, porém, não fazendo caso, foram, um para o seu campo, outro para o seu negócio;
- e os outros, apoderando-se dos servos, os ultrajaram e mataram.
- Mas o rei encolerizou-se; e enviando os seus exércitos, destruiu aqueles homicidas, e incendiou a sua cidade.
- Então disse aos seus servos: As bodas, na verdade, estão preparadas, mas os convidados não eram dignos.
- Ide, pois, pelas encruzilhadas dos caminhos, e a quantos encontrardes, convidai-os para as bodas.
- E saíram aqueles servos pelos caminhos, e ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e encheu-se de convivas a sala nupcial.
- Mas, quando o rei entrou para ver os convivas, viu ali um homem que não trajava veste nupcial;
- e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui, sem teres veste nupcial? Ele, porém, emudeceu.
- Ordenou então o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
- Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos.
- Então os fariseus se retiraram e consultaram entre si como o apanhariam em alguma palavra;
- e enviaram-lhe os seus discípulos, juntamente com os herodianos, a dizer; Mestre, sabemos que és verdadeiro, e que ensinas segundo a verdade o caminho de Deus, e de ninguém se te dá, porque não olhas a aparência dos homens.
- Dize-nos, pois, que te parece? É lícito pagar tributo a César, ou não?
- Jesus, porém, percebendo a sua malícia, respondeu: Por que me experimentais, hipócritas?
- Mostrai-me a moeda do tributo. E eles lhe apresentaram um denário.
- Perguntou-lhes ele: De quem é esta imagem e inscrição?
- Responderam: De César. Então lhes disse: Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.
- Ao ouvirem isso, ficaram admirados; e, deixando-o, se retiraram.
- No mesmo dia vieram alguns saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o interrogaram, dizendo:
- Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, seu irmão casará com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão.
- Ora, havia entre nós sete irmãos: o primeiro, tendo casado, morreu: e, não tendo descendência, deixou sua mulher a seu irmão;
- da mesma sorte também o segundo, o terceiro, até o sétimo.
- depois de todos, morreu também a mulher.
- Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será ela esposa, pois todos a tiveram?
- Jesus, porém, lhes respondeu: Errais, não compreendendo as Escrituras nem o poder de Deus;
- pois na ressurreição nem se casam nem se dão em casamento; mas serão como os anjos no céu.
- E, quanto à ressurreição dos mortos, não lestes o que foi dito por Deus:
- Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos.
- E as multidões, ouvindo isso, se maravilhavam da sua doutrina.
- Os fariseus, quando souberam, que ele fizera emudecer os saduceus, reuniram-se todos;
- e um deles, doutor da lei, para o experimentar, interrogou- o, dizendo:
- Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
- Respondeu-lhe Jesus: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento.
- Este é o grande e primeiro mandamento.
- E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
- Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.
- Ora, enquanto os fariseus estavam reunidos, interrogou-os Jesus, dizendo:
- Que pensais vós do Cristo? De quem é filho? Responderam-lhe: De Davi.
- Replicou-lhes ele: Como é então que Davi, no Espírito, lhe chama Senhor, dizendo:
- Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos de baixo dos teus pés?
- Se Davi, pois, lhe chama Senhor, como é ele seu filho?
- E ninguém podia responder-lhe palavra; nem desde aquele dia jamais ousou alguém interrogá-lo.
Mateus 23
- Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo:
- Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus.
- Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam.
- Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
- Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos;
- gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas,
- das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi.
- Vós, porém, não queirais ser chamados Rabi; porque um só é o vosso Mestre, e todos vós sois irmãos.
- E a ninguém sobre a terra chameis vosso pai; porque um só é o vosso Pai, aquele que está nos céus.
- Nem queirais ser chamados guias; porque um só é o vosso Guia, que é o Cristo.
- Mas o maior dentre vós há de ser vosso servo.
- Qualquer, pois, que a si mesmo se exaltar, será humilhado; e qualquer que a si mesmo se humilhar, será exaltado.
- Mas ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque fechais aos homens o reino dos céus; pois nem vós entrais, nem aos que entrariam permitis entrar.
- [Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque devorais as casas das viúvas e sob pretexto fazeis longas orações; por isso recebereis maior condenação.]
- Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito; e, depois de o terdes feito, o tornais duas vezes mais filho do inferno do que vós.
- Ai de vós, guias cegos! que dizeis: Quem jurar pelo ouro do santuário, esse fica obrigado ao que jurou.
- Insensatos e cegos! Pois qual é o maior; o ouro, ou o santuário que santifica o ouro?
- E: Quem jurar pelo altar, isso nada é; mas quem jurar pela oferta que está sobre o altar, esse fica obrigado ao que jurou.
- Cegos! Pois qual é maior: a oferta, ou o altar que santifica a oferta?
- Portanto, quem jurar pelo altar jura por ele e por tudo quanto sobre ele está;
- e quem jurar pelo santuário jura por ele e por aquele que nele habita;
- e quem jurar pelo céu jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está assentado.
- Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, e tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber, a justiça, a misericórdia e a fé; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.
- Guias cegos! que coais um mosquito, e engulis um camelo.
- Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estão cheios de rapina e de intemperança.
- Fariseu cego! limpa primeiro o interior do copo, para que também o exterior se torne limpo.
- Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque sois semelhantes aos sepulcros caiados, que por fora realmente parecem formosos, mas por dentro estão cheios de ossos e de toda imundícia.
- Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e de iniquidade.
- Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque edificais os sepulcros dos profetas e adornais os monumentos dos justos,
- e dizeis: Se tivéssemos vivido nos dias de nossos pais, não teríamos sido cúmplices no derramar o sangue dos profetas.
- Assim, vós testemunhais contra vós mesmos que sois filhos daqueles que mataram os profetas.
- Enchei vós, pois, a medida de vossos pais.
- Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?
- Portanto, eis que eu vos envio profetas, sábios e escribas: e a uns deles matareis e crucificareis; e a outros os perseguireis de cidade em cidade;
- para que sobre vós caia todo o sangue justo, que foi derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue de Zacarias, filho de Baraquias, que mataste entre o santuário e o altar.
- Em verdade vos digo que todas essas coisas hão de vir sobre esta geração.
- Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!
- Eis aí abandonada vos é a vossa casa.
- Pois eu vos declaro que desde agora de modo nenhum me vereis, até que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor.
Mateus 24
- Ora, Jesus, tendo saído do templo, ia-se retirando, quando se aproximaram dele os seus discípulos, para lhe mostrarem os edifícios do templo.
- Mas ele lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não se deixará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
- E estando ele sentado no Monte das Oliveiras, chegaram-se a ele os seus discípulos em particular, dizendo: Declara-nos quando serão essas coisas, e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo.
- Respondeu-lhes Jesus: Acautelai-vos, que ninguém vos engane.
- Porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; a muitos enganarão.
- E ouvireis falar de guerras e rumores de guerras; olhai não vos perturbeis; porque forçoso é que assim aconteça; mas ainda não é o fim.
- Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares.
- Mas todas essas coisas são o princípio das dores.
- Então sereis entregues à tortura, e vos matarão; e sereis odiados de todas as nações por causa do meu nome.
- Nesse tempo muitos hão de se escandalizar, e trair-se uns aos outros, e mutuamente se odiarão.
- Igualmente hão de surgir muitos falsos profetas, e enganarão a muitos;
- e, por se multiplicar a iniquidade, o amor de muitos esfriará.
- Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.
- E este evangelho do reino será pregado no mundo inteiro, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.
- Quando, pois, virdes estar no lugar santo a abominação de desolação, predita pelo profeta Daniel (quem lê, entenda),
- então os que estiverem na Judéia fujam para os montes;
- quem estiver no eirado não desça para tirar as coisas de sua casa,
- e quem estiver no campo não volte atrás para apanhar a sua capa.
- Mas ai das que estiverem grávidas, e das que amamentarem naqueles dias!
- Orai para que a vossa fuga não suceda no inverno nem no sábado;
- porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá.
- E se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém se salvaria; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.
- Se, pois, alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou: Ei-lo aí! não acrediteis;
- porque hão de surgir falsos cristos e falsos profetas, e farão grandes sinais e prodígios; de modo que, se possível fora, enganariam até os escolhidos.
- Eis que de antemão vo-lo tenho dito.
- Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto; não saiais; ou: Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis.
- Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até o ocidente, assim será também a vinda do filho do homem.
- Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres.
- Logo depois da tribulação daqueles dias, escurecerá o sol, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu e os poderes dos céus serão abalados.
- Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem, e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão vir o Filho do homem sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
- E ele enviará os seus anjos com grande clangor de trombeta, os quais lhe ajuntarão os escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.
- Aprendei, pois, da figueira a sua parábola: Quando já o seu ramo se torna tenro e brota folhas, sabeis que está próximo o verão.
- Igualmente, quando virdes todas essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas.
- Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas essas coisas se cumpram.
- Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras jamais passarão.
- Daquele dia e hora, porém, ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão só o Pai.
- Pois como foi dito nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
- Porquanto, assim como nos dias anteriores ao dilúvio, comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca,
- e não o perceberam, até que veio o dilúvio, e os levou a todos; assim será também a vinda do Filho do homem.
- Então, estando dois homens no campo, será levado um e deixado outro;
- estando duas mulheres a trabalhar no moinho, será levada uma e deixada a outra.
- Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor;
- sabei, porém, isto: se o dono da casa soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa.
- Por isso ficai também vós apercebidos; porque numa hora em que não penseis, virá o Filho do homem.
- Quem é, pois, o servo fiel e prudente, que o senhor pôs sobre os seus serviçais, para a tempo dar-lhes o sustento?
- Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar assim fazendo.
- Em verdade vos digo que o porá sobre todos os seus bens.
- Mas se aquele outro, o mau servo, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir,
- e começar a espancar os seus conservos, e a comer e beber com os ébrios,
- virá o senhor daquele servo, num dia em que não o espera, e numa hora de que não sabe,
- e cortá-lo-á pelo meio, e lhe dará a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Mateus 25
- Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo.
- Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes.
- Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo.
- As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas.
- E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram.
- Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro!
- Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas.
- E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando.
- Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós.
- E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta.
- Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta.
- Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço.
- Vigiai pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora.
- Porque é assim como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens:
- a um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um, a cada um segundo a sua capacidade; e seguiu viagem.
- O que recebera cinco talentos foi imediatamente negociar com eles, e ganhou outros cinco;
- da mesma sorte, o que recebera dois ganhou outros dois;
- mas o que recebera um foi e cavou na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.
- Ora, depois de muito tempo veio o senhor daqueles servos, e fez contas com eles.
- Então chegando o que recebera cinco talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco que ganhei.
- Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
- Chegando também o que recebera dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis aqui outros dois que ganhei.
- Disse-lhe o seu senhor: Muito bem, servo bom e fiel; sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.
- Chegando por fim o que recebera um talento, disse: Senhor, eu te conhecia, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste, e recolhes onde não joeiraste;
- e, atemorizado, fui esconder na terra o teu talento; eis aqui tens o que é teu.
- Ao que lhe respondeu o seu senhor: Servo mau e preguiçoso, sabias que ceifo onde não semeei, e recolho onde não joeirei?
- Devias então entregar o meu dinheiro aos banqueiros e, vindo eu, tê-lo-ia recebido com juros.
- Tirai-lhe, pois, o talento e dai ao que tem os dez talentos.
- Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância; mas ao que não tem, até aquilo que tem ser-lhe-á tirado.
- E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.
- Quando, pois vier o Filho do homem na sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
- e diante dele serão reunidas todas as nações; e ele separará uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos;
- e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda.
- Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai. Possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
- porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era forasteiro, e me acolhestes;
- estava nu, e me vestistes; adoeci, e me visitastes; estava na prisão e fostes ver-me.
- Então os justos lhe perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
- Quando te vimos forasteiro, e te acolhemos? ou nu, e te vestimos?
- Quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos visitar-te?
- E responder-lhes-á o Rei: Em verdade vos digo que, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a mim o fizestes.
- Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai- vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o Diabo e seus anjos;
- porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
- era forasteiro, e não me acolhestes; estava nu, e não me vestistes; enfermo, e na prisão, e não me visitastes.
- Então também estes perguntarão: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou forasteiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
- Ao que lhes responderá: Em verdade vos digo que, sempre que o deixaste de fazer a um destes mais pequeninos, deixastes de o fazer a mim.
- E irão eles para o castigo eterno, mas os justos para a vida eterna.
Mateus 26
- E havendo Jesus concluído todas estas palavras, disse aos seus discípulos:
- Sabeis que daqui a dois dias é a páscoa; e o Filho do homem será entregue para ser crucificado.
- Então os principais sacerdotes e os anciãos do povo se reuniram no pátio da casa do sumo sacerdote, o qual se chamava Caifás;
- e deliberaram como prender Jesus a traição, e o matar.
- Mas diziam: Não durante a festa, para que não haja tumulto entre o povo.
- Estando Jesus em Betânia, em casa de Simão, o leproso,
- aproximou-se dele uma mulher que trazia um vaso de alabastro cheio de bálsamo precioso, e lho derramou sobre a cabeça, estando ele reclinado à mesa.
- Quando os discípulos viram isso, indignaram-se, e disseram: Para que este desperdício?
- Pois este bálsamo podia ser vendido por muito dinheiro, que se daria aos pobres.
- Jesus, porém, percebendo isso, disse-lhes: Por que molestais esta mulher? pois praticou uma boa ação para comigo.
- Porquanto os pobres sempre os tendes convosco; a mim, porém, nem sempre me tendes.
- Ora, derramando ela este bálsamo sobre o meu corpo, fê-lo a fim de preparar-me para a minha sepultura.
- Em verdade vos digo que onde quer que for pregado em todo o mundo este evangelho, também o que ela fez será contado para memória sua.
- Então um dos doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes,
- e disse: Que me quereis dar, e eu vo-lo entregarei? E eles lhe pesaram trinta moedas de prata.
- E desde então buscava ele oportunidade para o entregar.
- Ora, no primeiro dia dos pães ázimos, vieram os discípulos a Jesus, e perguntaram: Onde queres que façamos os preparativos para comeres a páscoa?
- Respondeu ele: Ide à cidade a um certo homem, e dizei-lhe: O Mestre diz: O meu tempo está próximo; em tua casa celebrarei a páscoa com os meus discípulos.
- E os discípulos fizeram como Jesus lhes ordenara, e prepararam a páscoa.
- Ao anoitecer reclinou-se à mesa com os doze discípulos;
- e, enquanto comiam, disse: Em verdade vos digo que um de vós me trairá.
- E eles, profundamente contristados, começaram cada um a perguntar-lhe: Porventura sou eu, Senhor?
- Respondeu ele: O que mete comigo a mão no prato, esse me trairá.
- Em verdade o Filho do homem vai, conforme está escrito a seu respeito; mas ai daquele por quem o Filho do homem é traido! bom seria para esse homem se não houvera nascido.
- Também Judas, que o traía, perguntou: Porventura sou eu, Rabí? Respondeu-lhe Jesus: Tu o disseste.
- Enquanto comiam, Jesus tomou o pão e, abençoando-o, o partiu e o deu aos discípulos, dizendo: Tomai, comei; isto é o meu corpo.
- E tomando um cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: Bebei dele todos;
- pois isto é o meu sangue, o sangue do pacto, o qual é derramado por muitos para remissão dos pecados.
- Mas digo-vos que desde agora não mais beberei deste fruto da videira até aquele dia em que convosco o beba novo, no reino de meu Pai.
- E tendo cantado um hino, saíram para o Monte das Oliveiras.
- Então Jesus lhes disse: Todos vós esta noite vos escandalizareis de mim; pois está escrito: Ferirei o pastor, e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
- Todavia, depois que eu ressurgir, irei adiante de vós para a Galiléia.
- Mas Pedro, respondendo, disse-lhe: Ainda que todos se escandalizem de ti, eu nunca me escandalizarei.
- Disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante três vezes me negarás.
- Respondeu-lhe Pedro: Ainda que me seja necessário morrer contigo, de modo algum te negarei. E o mesmo disseram todos os discípulos.
- Então foi Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmane, e disse aos discípulos: Sentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar.
- E levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se.
- Então lhes disse: A minha alma está triste até a morte; ficai aqui e vigiai comigo.
- E adiantando-se um pouco, prostrou-se com o rosto em terra e orou, dizendo: Meu Pai, se é possível, passa de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.
- Voltando para os discípulos, achou-os dormindo; e disse a Pedro: Assim nem uma hora pudestes vigiar comigo?
- Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.
- Retirando-se mais uma vez, orou, dizendo: Pai meu, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade.
- E, voltando outra vez, achou-os dormindo, porque seus olhos estavam carregados.
- Deixando-os novamente, foi orar terceira vez, repetindo as mesmas palavras.
- Então voltou para os discípulos e disse-lhes: Dormi agora e descansai. Eis que é chegada a hora, e o Filho do homem está sendo entregue nas mãos dos pecadores.
- Levantai-vos, vamo-nos; eis que é chegado aquele que me trai.
- E estando ele ainda a falar, eis que veio Judas, um dos doze, e com ele grande multidão com espadas e varapaus, vinda da parte dos principais sacerdotes e dos anciãos do povo.
- Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é: prendei-o.
- E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Rabi. E o beijou.
- Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam.
- E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha.
- Então Jesus lhe disse: Mete a tua espada no seu lugar; porque todos os que lançarem mão da espada, à espada morrerão.
- Ou pensas tu que eu não poderia rogar a meu Pai, e que ele não me mandaria agora mesmo mais de doze legiões de anjos?
- Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que assim convém que aconteça?
- Disse Jesus à multidão naquela hora: Saístes com espadas e varapaus para me prender, como a um salteador? Todos os dias estava eu sentado no templo ensinando, e não me prendestes.
- Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras dos profetas. Então todos os discípulos, deixando-o fugiram.
- Aqueles que prenderam a Jesus levaram-no à presença do sumo sacerdote Caifás, onde os escribas e os anciãos estavam reunidos.
- E Pedro o seguia de longe até o pátio do sumo sacerdote; e entrando, sentou-se entre os guardas, para ver o fim.
- Ora, os principais sacerdotes e todo o sinédrio buscavam falso testemunho contra Jesus, para poderem entregá-lo à morte;
- e não achavam, apesar de se apresentarem muitas testemunhas falsas. Mas por fim compareceram duas,
- e disseram: Este disse: Posso destruir o santuário de Deus, e reedificá-lo em três dias.
- Levantou-se então o sumo sacerdote e perguntou-lhe: Nada respondes? Que é que estes depõem contra ti?
- Jesus, porém, guardava silêncio. E o sumo sacerdote disse- lhe: Conjuro-te pelo Deus vivo que nos digas se tu és o Cristo, o Filho do Deus.
- Repondeu-lhe Jesus: É como disseste; contudo vos digo que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu.
- Então o sumo sacerdote rasgou as suas vestes, dizendo: Blasfemou; para que precisamos ainda de testemunhas? Eis que agora acabais de ouvir a sua blasfêmia.
- Que vos parece? Responderam eles: É réu de morte.
- Então uns lhe cuspiram no rosto e lhe deram socos;
- e outros o esbofetearam, dizendo: Profetiza-nos, ó Cristo, quem foi que te bateu?
- Ora, Pedro estava sentado fora, no pátio; e aproximou-se dele uma criada, que disse: Tu também estavas com Jesus, o galileu.
- Mas ele negou diante de todos, dizendo: Não sei o que dizes.
- E saindo ele para o vestíbulo, outra criada o viu, e disse aos que ali estavam: Este também estava com Jesus, o nazareno.
- E ele negou outra vez, e com juramento: Não conheço tal homem.
- E daí a pouco, aproximando-se os que ali estavam, disseram a Pedro: Certamente tu também és um deles pois a tua fala te denuncia.
- Então começou ele a praguejar e a jurar, dizendo: Não conheço esse homem. E imediatamente o galo cantou.
- E Pedro lembrou-se do que dissera Jesus: Antes que o galo cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.
Mateus 27
- Ora, chegada a manhã, todos os principais sacerdotes e os anciãos do povo entraram em conselho contra Jesus, para o matarem;
- e, maniatando-o, levaram-no e o entregaram a Pilatos, o governador.
- Então Judas, aquele que o traíra, vendo que Jesus fora condenado, devolveu, compungido, as trinta moedas de prata aos anciãos, dizendo:
- Pequei, traindo o sangue inocente. Responderam eles: Que nos importa? Seja isto lá contigo.
- E tendo ele atirado para dentro do santuário as moedas de prata, retirou-se, e foi enforcar-se.
- Os principais sacerdotes, pois, tomaram as moedas de prata, e disseram: Não é lícito metê-las no cofre das ofertas, porque é preço de sangue.
- E, tendo deliberado em conselho, compraram com elas o campo do oleiro, para servir de cemitério para os estrangeiros.
- Por isso tem sido chamado aquele campo, até o dia de hoje, Campo de Sangue.
- Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço do que foi avaliado, a quem certos filhos de Israel avaliaram,
- e deram-nas pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.
- Jesus, pois, ficou em pé diante do governador; e este lhe perguntou: És tu o rei dos judeus? Respondeu-lhe Jesus: É como dizes.
- Mas ao ser acusado pelos principais sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
- Perguntou-lhe então Pilatos: Não ouves quantas coisas testificam contra ti?
- E Jesus não lhe respondeu a uma pergunta sequer; de modo que o governador muito se admirava.
- Ora, por ocasião da festa costumava o governador soltar um preso, escolhendo o povo aquele que quisesse.
- Nesse tempo tinham um preso notório, chamado Barrabás.
- Portanto, estando o povo reunido, perguntou-lhe Pilatos: Qual quereis que vos solte? Barrabás, ou Jesus, chamado o Cristo?
- Pois sabia que por inveja o haviam entregado.
- E estando ele assentado no tribunal, sua mulher mandou dizer-lhe: Não te envolvas na questão desse justo, porque muito sofri hoje em sonho por causa dele.
- Mas os principais sacerdotes e os anciãos persuadiram as multidões a que pedissem Barrabás e fizessem morrer Jesus.
- O governador, pois, perguntou-lhes: Qual dos dois quereis que eu vos solte? E disseram: Barrabás.
- Tornou-lhes Pilatos: Que farei então de Jesus, que se chama Cristo? Disseram todos: Seja crucificado.
- Pilatos, porém, disse: Pois que mal fez ele? Mas eles clamavam ainda mais: Seja crucificado.
- Ao ver Pilatos que nada conseguia, mas pelo contrário que o tumulto aumentava, mandando trazer água, lavou as mãos diante da multidão, dizendo: Sou inocente do sangue deste homem; seja isso lá convosco.
- E todo o povo respondeu: O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos.
- Então lhes soltou Barrabás; mas a Jesus mandou açoitar, e o entregou para ser crucificado.
- Nisso os soldados do governador levaram Jesus ao pretório, e reuniram em torno dele toda a coorte.
- E, despindo-o, vestiram-lhe um manto escarlate;
- e tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha na cabeça, e na mão direita uma cana, e ajoelhando-se diante dele, o escarneciam, dizendo: Salve, rei dos judeus!
- E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana, e davam-lhe com ela na cabeça.
- Depois de o terem escarnecido, despiram-lhe o manto, puseram-lhe as suas vestes, e levaram-no para ser crucificado.
- Ao saírem, encontraram um homem cireneu, chamado Simão, a quem obrigaram a levar a cruz de Jesus.
- Quando chegaram ao lugar chamado Gólgota, que quer dizer, lugar da Caveira,
- deram-lhe a beber vinho misturado com fel; mas ele, provando-o, não quis beber.
- Então, depois de o crucificarem, repartiram as vestes dele, lançando sortes, [para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta: Repartiram entre si as minhas vestes, e sobre a minha túnica deitaram sortes.]
- E, sentados, ali o guardavam.
- Puseram-lhe por cima da cabeça a sua acusação escrita: ESTE É JESUS, O REI DOS JUDEUS.
- Então foram crucificados com ele dois salteadores, um à direita, e outro à esquerda.
- E os que iam passando blasfemavam dele, meneando a cabeça
- e dizendo: Tu, que destróis o santuário e em três dias o reedificas, salva-te a ti mesmo; se és Filho de Deus, desce da cruz.
- De igual modo também os principais sacerdotes, com os escribas e anciãos, escarnecendo, diziam:
- A outros salvou; a si mesmo não pode salvar. Rei de Israel é ele; desça agora da cruz, e creremos nele;
- confiou em Deus, livre-o ele agora, se lhe quer bem; porque disse: Sou Filho de Deus.
- O mesmo lhe lançaram em rosto também os salteadores que com ele foram crucificados.
- E, desde a hora sexta, houve trevas sobre toda a terra, até a hora nona.
- Cerca da hora nona, bradou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactani; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?
- Alguns dos que ali estavam, ouvindo isso, diziam: Ele chama por Elias.
- E logo correu um deles, tomou uma esponja, ensopou-a em vinagre e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber.
- Os outros, porém, disseram: Deixa, vejamos se Elias vem salvá-lo.
- De novo bradou Jesus com grande voz, e entregou o espírito.
- E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam,
- os sepulcros se abriram, e muitos corpos de santos que tinham dormido foram ressuscitados;
- e, saindo dos sepulcros, depois da ressurreição dele, entraram na cidade santa, e apareceram a muitos.
- ora, o centurião e os que com ele guardavam Jesus, vendo o terremoto e as coisas que aconteciam, tiveram grande temor, e disseram: Verdadeiramente este era filho de Deus.
- Também estavam ali, olhando de longe, muitas mulheres que tinham seguido Jesus desde a Galiléia para o ouvir;
- entre as quais se achavam Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu.
- Ao cair da tarde, veio um homem rico de Arimatéia, chamado José, que também era discípulo de Jesus.
- Esse foi a Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Então Pilatos mandou que lhe fosse entregue.
- E José, tomando o corpo, envolveu-o num pano limpo, de linho,
- e depositou-o no seu sepulcro novo, que havia aberto em rocha; e, rodando uma grande pedra para a porta do sepulcro, retirou- se.
- Mas achavam-se ali Maria Madalena e a outra Maria, sentadas defronte do sepulcro.
- No dia seguinte, isto é, o dia depois da preparação, reuniram-se os principais sacerdotes e os fariseus perante Pilatos,
- e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele embusteiro, quando ainda vivo, afirmou: Depois de três dias ressurgirei.
- Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até o terceiro dia; para não suceder que, vindo os discípulos, o furtem e digam ao povo: Ressurgiu dos mortos; e assim o último embuste será pior do que o primeiro.
- Disse-lhes Pilatos: Tendes uma guarda; ide, tornai-o seguro, como entendeis.
- Foram, pois, e tornaram seguro o sepulcro, selando a pedra, e deixando ali a guarda.
Mateus 28
- No fim do sábado, quando já despontava o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.
- E eis que houvera um grande terremoto; pois um anjo do Senhor descera do céu e, chegando-se, removera a pedra e estava sentado sobre ela.
- o seu aspecto era como um relâmpago, e as suas vestes brancas como a neve.
- E de medo dele tremeram os guardas, e ficaram como mortos.
- Mas o anjo disse às mulheres: Não temais vós; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado.
- Não está aqui, porque ressurgiu, como ele disse. Vinde, vede o lugar onde jazia;
- e ide depressa, e dizei aos seus discípulos que ressurgiu dos mortos; e eis que vai adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis. Eis que vo-lo tenho dito.
- E, partindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos discípulos.
- E eis que Jesus lhes veio ao encontro, dizendo: Salve. E elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, e o adoraram.
- Então lhes disse Jesus: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão para a Galiléia; ali me verão.
- Ora, enquanto elas iam, eis que alguns da guarda foram à cidade, e contaram aos principais sacerdotes tudo quanto havia acontecido.
- E congregados eles com os anciãos e tendo consultado entre si, deram muito dinheiro aos soldados,
- e ordenaram-lhes que dissessem: Vieram de noite os seus discípulos e, estando nós dormindo, furtaram-no.
- E, se isto chegar aos ouvidos do governador, nós o persuadiremos, e vos livraremos de cuidado.
- Então eles, tendo recebido o dinheiro, fizeram como foram instruídos. E essa história tem-se divulgado entre os judeus até o dia de hoje.
- Partiram, pois, os onze discípulos para a Galiléia, para o monte onde Jesus lhes designara.
- Quando o viram, o adoraram; mas alguns duvidaram.
- E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.
- Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
- ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.
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11/03/2021
Malaquias
Malaquias 1
- A palavra do Senhor a Israel, por intermédio de Malaquias.
- Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Acaso não era Esaú irmão de Jacó? diz o Senhor; todavia amei a Jacó,
- e aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma desolação, e dei a sua herança aos chacais do deserto.
- Ainda que Edom diga: Arruinados estamos, porém tornaremos e edificaremos as ruínas; assim diz o Senhor dos exércitos: Eles edificarão, eu, porém, demolirei; e lhes chamarão: Termo de impiedade, e povo contra quem o Senhor está irado para sempre.
- E os vossos olhos o verão, e direis: Engrandecido é o Senhor ainda além dos termos de Israel.
- O filho honra o pai, e o servo ao seu amo; se eu, pois, sou pai, onde está a minha honra? e se eu sou amo, onde está o temor de mim? diz o Senhor dos exércitos a vós, ó sacerdotes, que desprezais o meu nome. E vós dizeis: Em que temos nós desprezado o teu nome?
- Ofereceis sobre o meu altar pão profano, e dizeis: Em que te havemos profanado? Nisto que pensais, que a mesa do Senhor é desprezível.
- Pois quando ofereceis em sacrifício um animal cego, isso não é mau? E quando ofereceis o coxo ou o doente, isso não é mau? Ora apresenta-o ao teu governador; terá ele agrado em ti? ou aceitará ele a tua pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
- Agora, pois, suplicai o favor de Deus, para que se compadeça de nós. Com tal oferta da vossa mão, aceitará ele a vossa pessoa? diz o Senhor dos exércitos.
- Oxalá que entre vós houvesse até um que fechasse as portas para que não acendesse debalde o fogo do meu altar. Eu não tenho prazer em vós, diz o Senhor dos exércitos, nem aceitarei oferta da vossa mão.
- Mas desde o nascente do sol até o poente é grande entre as nações o meu nome; e em todo lugar se oferece ao meu nome incenso, e uma oblação pura; porque o meu nome é grande entre as nações, diz o Senhor dos exércitos.
- Mas vós o profanais, quando dizeis: A mesa do Senhor é profana, e o seu produto, isto é, a sua comida, é desprezível.
- Dizeis também: Eis aqui, que canseira! e o lançastes ao desprezo, diz o Senhor dos exércitos; e tendes trazido o que foi roubado, e o coxo e o doente; assim trazeis a oferta. Aceitaria eu isso de vossa mão? diz o Senhor.
- Mas seja maldito o enganador que, tendo animal macho no seu rebanho, o vota, e sacrifica ao Senhor o que tem mácula; porque eu sou grande Rei, diz o Senhor dos exércitos, e o meu nome é temível entre as nações.
Malaquias 2
- Agora, ó sacerdotes, este mandamento e para vós.
- Se não ouvirdes, e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos exércitos, enviarei a maldição contra vós, e amaldiçoarei as vossas bênçãos; e já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o vosso coração.
- Eis que vos reprovarei a posteridade, e espalharei sobre os vossos rostos o esterco, sim, o esterco dos vossos sacrifícios; e juntamente com este sereis levados para fora.
- Então sabereis que eu vos enviei este mandamento, para que o meu pacto fosse com Levi, diz o Senhor dos exércitos.
- Meu pacto com ele foi de vida e de paz; e eu lhas dei para que me temesse; e ele me temeu, e assombrou-se por causa do meu nome.
- A lei da verdade esteve na sua boca, e a impiedade não se achou nos seus lábios; ele andou comigo em paz e em retidão, e da iniqüidade apartou a muitos.
- Pois os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é o mensageiro do Senhor dos exércitos.
- Mas vós vos desviastes do caminho; a muitos fizestes tropeçar na lei; corrompestes o pacto de Levi, diz o Senhor dos exércitos.
- Por isso também eu vos fiz desprezíveis, e indignos diante de todo o povo, visto que não guardastes os meus caminhos, mas fizestes acepção de pessoas na lei.
- Não temos nós todos um mesmo Pai? não nos criou um mesmo Deus? por que nos havemos aleivosamente uns para com outros, profanando o pacto de nossos pais?
- Judá se tem havido aleivosamente, e abominação se cometeu em Israel e em Jerusalém; porque Judá profanou o santuário do Senhor, o qual ele ama, e se casou com a filha de deus estranho.
- O Senhor extirpará das tendas de Jacó o homem que fizer isto, o que vela, e o que responde, e o que oferece dons ao Senhor dos exércitos.
- Ainda fazeis isto: cobris o altar do Senhor de lágrimas, de choros e de gemidos, porque ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão.
- Todavia perguntais: Por que? Porque o Senhor tem sido testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, para com a qual procedeste deslealmente sendo ela a tua companheira e a mulher da tua aliança.
- E não fez ele somente um, ainda que lhe sobejava espírito? E por que somente um? Não é que buscava descendência piedosa? Portanto guardai-vos em vosso espírito, e que ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.
- Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel, e aquele que cobre de violência o seu vestido; portanto cuidai de vós mesmos, diz o Senhor dos exércitos; e não sejais infiéis.
- Tendes enfadado ao Senhor com vossas palavras; e ainda dizeis: Em que o havemos enfadado? Nisto que dizeis: Qualquer que faz o mal passa por bom aos olhos do Senhor, e desses é que ele se agrada; ou: Onde está o Deus do juízo?
Malaquias 3
- Eis que eu envio o meu mensageiro, e ele há de preparar o caminho diante de mim; e de repente virá ao seu templo o Senhor, a quem vós buscais, e o anjo do pacto, a quem vós desejais; eis que ele vem, diz o Senhor dos exércitos.
- Mas quem suportará o dia da sua vinda? e quem subsistirá, quando ele aparecer? Pois ele será como o fogo de fundidor e como o sabão de lavandeiros;
- assentar-se-á como fundidor e purificador de prata; e purificará os filhos de Levi, e os refinará como ouro e como prata, até que tragam ao Senhor ofertas em justiça.
- Então a oferta de Judá e de Jerusalém será agradável ao Senhor, como nos dias antigos, e como nos primeiros anos.
- E chegar-me-ei a vós para juízo; e serei uma testemunha veloz contra os feiticeiros, contra os adúlteros, contra os que juram falsamente, contra os que defraudam o trabalhador em seu salário, a viúva, e o órfão, e que pervertem o direito do estrangeiro, e não me temem, diz o Senhor dos exércitos.
- Pois eu, o Senhor, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos.
- Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os guardastes. Tornai vós para mim, e eu tornarei para vós diz o Senhor dos exércitos. Mas vós dizeis: Em que havemos de tornar?
- Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas alçadas.
- Vós sois amaldiçoados com a maldição; porque a mim me roubais, sim, vós, esta nação toda.
- Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós tal bênção, que dela vos advenha a maior abastança.
- Também por amor de vós reprovarei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; nem a vossa vide no campo lançará o seu fruto antes do tempo, diz o Senhor dos exércitos.
- E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos exércitos.
- As vossas palavras foram agressivas para mim, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Que temos falado contra ti?
- Vós tendes dito: lnútil é servir a Deus. Que nos aproveita termos cuidado em guardar os seus preceitos, e em andar de luto diante do Senhor dos exércitos?
- Ora pois, nós reputamos por bem-aventurados os soberbos; também os que cometem impiedade prosperam; sim, eles tentam a Deus, e escapam.
- Então aqueles que temiam ao Senhor falaram uns aos outros; e o Senhor atentou e ouviu, e um memorial foi escrito diante dele, para os que temiam ao Senhor, e para os que se lembravam do seu nome.
- E eles serão meus, diz o Senhor dos exércitos, minha possessão particular naquele dia que prepararei; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.
- Então vereis outra vez a diferença entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus, e o que o não serve.
Malaquias 4
- Pois eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como restolho; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo.
- Mas para vós, os que temeis o meu nome, nascerá o sol da justiça, trazendo curas nas suas asas; e vós saireis e saltareis como bezerros da estrebaria.
- E pisareis os ímpios, porque se farão cinza debaixo das plantas de vossos pés naquele dia que prepararei, diz o Senhor dos exércitos.
- Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servo, a qual lhe mandei em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e ordenanças.
- Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor;
- e ele converterá o coração dos pais aos filhos, e o coração dos filhos a seus pais; para que eu não venha, e fira a terra com maldição.
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11/03/2021
Zacarias
Zacarias 1
- No oitavo mês do segundo ano de Dario veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
- O Senhor se irou fortemente contra vossos pais.
- Portanto dize-lhes: Assim diz o Senhor dos exércitos: Tornai-vos para mim, diz o Senhor dos exércitos, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos exércitos.
- Não sejais como vossos pais, aos quais clamavam os profetas antigos, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Convertei-vos agora dos vossos maus caminhos e das vossas más obras; mas não ouviram, nem me atenderam, diz o Senhor.
- Vossos pais, onde estão eles? E os profetas, viverão eles para sempre?
- Contudo as minhas palavras e os meus estatutos, que eu ordenei pelos profetas, meus servos, acaso nao alcançaram a vossos pais? E eles se arrependeram, e disseram: Assim como o Senhor dos exércitos fez tenção de nos tratar, segundo os nossos caminhos, e segundo as nossas obras, assim ele nos tratou.
- Aos vinte e quatro dias do mês undécimo, que é o mês de sebate, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Zacarias, filho de Berequias, filho de Ido, dizendo:
- Olhei de noite, e vi um homem montado num cavalo vermelho, e ele estava parado entre as murtas que se achavam no vale; e atrás dele estavam cavalos vermelhos, baios e brancos.
- Então perguntei: Meu Senhor, quem são estes? Respondeu-me o anjo que falava comigo: Eu te mostrarei o que estes são.
- Respondeu, pois, o homem que estava parado entre as murtas, e disse: Estes são os que o Senhor tem enviado para percorrerem a terra.
- E eles responderam ao anjo do Senhor, que estava parado entre as murtas, e disseram: Nós temos percorrido a terra, e eis que a terra toda está tranqüila e em descanso.
- Então o anjo do Senhor respondeu, e disse: O Senhor dos exércitos, até quando não terás compaixão de Jerusalém, e das cidades de Judá, contra as quais estiveste indignado estes setenta anos?
- Respondeu o Senhor ao anjo que falava comigo, com palavras boas, palavras consoladoras.
- O anjo, pois, que falava comigo, disse-me: Clama, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Com grande zelo estou zelando por Jerusalém e por Sião.
- E estou grandemente indignado contra as nações em descanso; porque eu estava um pouco indignado, mas eles agravaram o mal.
- Portanto, o Senhor diz assim: Voltei-me, agora, para Jerusalém com misericórdia; nela será edificada a minha casa, diz o Senhor dos exércitos, e o cordel será estendido sobre Jerusalém.
- Clama outra vez, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: As minhas cidades ainda se transbordarão de bens; e o Senhor ainda consolará a Sião, e ainda escolherá a Jerusalém.
- Levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro chifres.
- Eu perguntei ao anjo que falava comigo: Que é isto? Ele me respondeu: Estes são os chifres que dispersaram a Judá, a Israel e a Jerusalém.
- O Senhor mostrou-me também quatro ferreiros.
- Então perguntei: Que vêm estes a fazer? Ele respondeu, dizendo: Estes são os chifres que dispersaram Judá, de maneira que ninguém levantou a cabeça; mas estes vieram para os amedrontarem, para derrubarem os chifres das nações que levantaram os seus chifres contra a terra de Judá, a fim de a espalharem.
Zacarias 2
- Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um homem que tinha na mão um cordel de medir.
- Então perguntei: Para onde vais tu? Respondeu-me ele: Para medir Jerusalém, a fim de ver qual é a sua largura e qual o seu comprimento.
- E eis que saiu o anjo que falava comigo, e outro anjo lhe saiu ao encontro,
- e lhe disse: Corre, fala a este mancebo, dizendo: Jerusalém será habitada como as aldeias sem muros, por causa da multidão, nela, dos homens e dos animais.
- Pois eu, diz o Senhor, lhe serei um muro de fogo em redor, e eu, no meio dela, lhe serei a glória.
- Ah, ah! fugi agora da terra do norte, diz o Senhor, porque vos espalhei como os quatro ventos do céu, diz o Senhor.
- Ah! Escapai para Sião, vós que habitais com a filha de Babilônia.
- Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Para obter a glória ele me enviou às nações que vos despojaram; porque aquele que tocar em vós toca na menina do seu olho.
- Porque eis aí levantarei a minha mão contra eles, e eles virão a ser a presa daqueles que os serviram; assim sabereis vós que o Senhor dos exércitos me enviou.
- Exulta, e alegra-te, ó filha de Sião; pois eis que venho, e habitarei no meio de ti, diz o Senhor.
- E naquele dia muitas nações se ajuntarão ao Senhor, e serão o meu povo; e habitarei no meio de ti, e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a ti.
- Então o Senhor possuirá a Judá como sua porção na terra santa, e ainda escolherá a Jerusalém.
- Cale-se, toda a carne, diante do Senhor; porque ele se levantou da sua santa morada.
Zacarias 3
- Ele me mostrou o sumo sacerdote Josué, o qual estava diante do anjo do Senhor, e Satanás estava à sua mão direita, para se lhe opor.
- Mas o anjo do Senhor disse a Satanás: Que o Senhor te repreenda, ó Satanás; sim, o Senhor, que escolheu Jerusalém, te repreenda! Não é este um tição tirado do fogo?
- Ora Josué, vestido de trajes sujos, estava em pé diante do anjo.
- Então falando este, ordenou aos que estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe estes trajes sujos. E a Josué disse: Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de trajes festivos.
- Também disse eu: Ponham-lhe sobre a cabeça uma mitra limpa. Puseram-lhe, pois, sobre a cabeça uma mitra limpa, e vestiram-no; e o anjo do Senhor estava ali de pe.
- E o anjo do Senhor protestou a Josué, dizendo:
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Se andares nos meus caminhos, e se observares as minhas ordenanças, também tu julgarás a minha casa, e também guardarás os meus átrios, e te darei lugar entre os que estão aqui.
- Ouve, pois, Josué, sumo sacerdote, tu e os teus companheiros que se assentam diante de ti, porque são homens portentosos; eis que eu farei vir o meu servo, o Renovo.
- Pois eis aqui a pedra que pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos. Eis que eu esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos exércitos, e tirarei a iniqüidade desta terra num só dia.
- Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cada um de vós convidará o seu vizinho para debaixo da videira e para debaixo da figueira.
Zacarias 4
- Ora o anjo que falava comigo voltou, e me despertou, como a um homem que é despertado do seu sono;
- e me perguntou: Que vês? Respondi: Olho, e eis um castiçal todo de ouro, e um vaso de azeite em cima, com sete lâmpadas, e há sete canudos que se unem às lâmpadas que estão em cima dele;
- e junto a ele há duas oliveiras, uma à direita do vaso de azeite, e outra à sua esquerda.
- Então perguntei ao anjo que falava comigo: Meu senhor, que é isso?
- Respondeu-me o anjo que falava comigo, e me disse: Não sabes tu o que isso é? E eu disse: Não, meu senhor.
- Ele me respondeu, dizendo: Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel, dizendo: Não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos exércitos.
- Quem és tu, ó monte grande? Diante de Zorobabel tornar-te-ás uma campina; e ele trará a pedra angular com aclamações: Graça, graça a ela.
- Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
- As mãos de Zorobabel têm lançado os alicerces desta casa; também as suas mãos a acabarão; e saberás que o Senhor dos exércitos me enviou a vos.
- Ora, quem despreza o dia das coisas pequenas? pois estes sete se alegrarão, vendo o prumo na mão de Zorobabel. São estes os sete olhos do Senhor, que discorrem por toda a terra.
- Falei mais, e lhe perguntei: Que são estas duas oliveiras à direita e à esquerda do castiçal?
- Segunda vez falei-lhe, perguntando: Que são aqueles dois ramos de oliveira, que estão junto aos dois tubos de ouro, e que vertem de si azeite dourado?
- Ele me respondeu, dizendo: Não sabes o que é isso? E eu disse: Não, meu senhor.
- Então ele disse: Estes são os dois ungidos, que assistem junto ao Senhor de toda a terra.
Zacarias 5
- Tornei a levantar os meus olhos, e olhei, e eis um rolo voante.
- Perguntou-me o anjo: Que vês? Eu respondi: Vejo um rolo voante, que tem vinte côvados de comprido e dez côvados de largo.
- Então disse-me ele: Esta é a maldição que sairá pela face de toda a terra: porque daqui, conforme a maldição, será desarraigado todo o que furtar; assim como daqui será desarraigado conforme a maldição todo o que jurar falsamente.
- Mandá-la-ei, diz o Senhor dos exércitos, e a farei entrar na casa do ladrão, e na casa do que jurar falsamente pelo meu nome; e permanecerá no meio da sua casa, e a consumirá juntamente com a sua madeira e com as suas pedras.
- Então saiu o anjo, que falava comigo, e me disse: levanta agora os teus olhos, e vê que é isto que sai.
- Eu perguntei: Que é isto? Respondeu ele: Isto é uma efa que sai. E disse mais: Esta é a iniqüidade em toda a terra.
- E eis que foi levantada a tampa de chumbo, e uma mulher estava sentada no meio da efa.
- Prosseguiu o anjo: Esta é a impiedade. E ele a lançou dentro da efa, e pôs sobre a boca desta o peso de chumbo.
- Então levantei os meus olhos e olhei, e eis que vinham avançando duas mulheres com o vento nas suas asas, pois tinham asas como as da cegonha; e levantaram a efa entre a terra e o céu.
- Perguntei ao anjo que falava comigo: Para onde levam elas a efa?
- Respondeu-me ele: Para lhe edificarem uma casa na terra de Sinar; e, quando a casa for preparada, a efa será colocada ali no seu lugar.
Zacarias 6
- De novo levantei os meus olhos, e olhei, e eis quatro carros que saíam dentre dois montes, e estes montes eram montes de bronze.
- No primeiro carro eram cavalos vermelhos, no segundo carro cavalos pretos,
- no terceiro carro cavalos brancos, e no quarto carro cavalos baios com malhas.
- Então, dirigindo-me ao anjo que falava comigo, perguntei: Que são estes, meu senhor?
- Respondeu-me o anjo: Estes estão saindo aos quatro ventos do céu, depois de se apresentarem perante o Senhor de toda a terra.
- O carro em que estão os cavalos pretos sai para a terra do norte, os brancos são para o oeste, e os malhados para a terra do sul;
- e os cavalos baios saíam, e procuravam ir por diante, para percorrerem a terra. E ele disse: Ide, percorrei a terra. E eles a percorriam.
- Então clamou para mim, dizendo: Eis que aqueles que saíram para a terra do norte fazem repousar na terra do norte o meu Espírito.
- Ainda me veio a palavra do Senhor, dizendo:
- Recebe dos que foram levados cativos, a saber, de Heldai, de Tobias, e de Jedaías, e vem tu no mesmo dia, e entra na casa de Josias, filho de Sofonias, para a qual vieram de Babilônia;
- recebe, digo, prata e ouro, e faze coroas, e põe-nas na cabeça do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque;
- e fala-lhe, dizendo: Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis aqui o homem cujo nome é Renovo; ele brotará do seu lugar, e edificará o templo do Senhor.
- Ele mesmo edificará o templo do Senhor; receberá a honra real, assentar-se-á no seu trono, e dominará. E Josué, o sacerdote, ficará à sua direita; e haverá entre os dois o conselho de paz.
- Essas coroas servirão a Helem, e a Tobias, e a Jedaías, e a Hem, filho de Sofonias, de memorial no templo do Senhor.
- E aqueles que estão longe virão, e ajudarão a edificar o templo do Senhor; e vós sabereis que o Senhor dos exércitos me tem enviado a vós; e isso sucederá, se diligentemente obedecerdes a voz do Senhor vosso Deus.
Zacarias 7
- Aconteceu no ano quarto do rei Dario, que a palavra do Senhor veio a Zacarias, no dia quarto do nono mês, que é quisleu:
- Ora, o povo de Betel tinha enviado Sarezer, e Regem-Meleque, e os seus homens, para suplicarem o favor do Senhor,
- e para dizerem aos sacerdotes, que estavam na casa do Senhor dos exércitos, e aos profetas: Chorarei eu no quinto mês, com jejum, como o tenho feito por tantos anos?
- Então a palavra do Senhor dos exércitos veio a mim, dizendo:
- Fala a todo o povo desta terra, e aos sacerdotes, dizendo: Quando jejuastes, e pranteastes, no quinto e no sétimo mês, durante estes setenta anos, acaso foi mesmo para mim que jejuastes?
- Ou quando comeis e quando bebeis, não é para vós mesmos que comeis e bebeis?
- Não eram estas as palavras que o Senhor proferiu por intermédio dos profetas antigos, quando Jerusalém estava habitada e próspera, juntamente com as suas cidades ao redor dela, e quando o Sul e a campina eram habitados?
- E a palavra do Senhor veio a Zacarias, dizendo:
- Assim falou o Senhor dos exércitos: Executai juízo verdadeiro, mostrai bondade e compaixão cada um para com o seu irmão;
- e não oprimais a viúva, nem o órfão, nem o estrangeiro, nem o pobre; e nenhum de vós intente no seu coração o mal contra o seu irmão.
- Eles, porém, não quiseram escutar, e me deram o ombro rebelde, e taparam os ouvidos, para que não ouvissem.
- Sim, fizeram duro como diamante o seu coração, para não ouvirem a lei, nem as palavras que o Senhor dos exércitos enviara pelo seu Espírito mediante os profetas antigos; por isso veio a grande ira do Senhor dos exércitos.
- Assim como eu clamei, e eles não ouviram, assim também eles clamaram, e eu não ouvi, diz o Senhor dos exércitos;
- mas os espalhei com um turbilhão por entre todas as nações, que eles não conheceram. Assim, pois, a terra foi assolada atrás deles, de sorte que ninguém passava por ela, nem voltava; porquanto fizeram da terra desejada uma desolação.
Zacarias 8
- Depois veio a mim a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Zelo por Sião com grande zelo; e, com grande indignação, por ela estou zelando.
- Assim diz o Senhor: Voltarei para Sião, e habitarei no meio de Jerusalém; e Jerusalém chamar-se-á a cidade da verdade, e o monte do Senhor dos exércitos o monte santo.
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda nas praças de Jerusalém sentar-se-ão velhos e velhas, levando cada um na mão o seu cajado, por causa da sua muita idade.
- E as ruas da cidade se encherão de meninos e meninas, que nelas brincarão.
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Se isto for maravilhoso aos olhos do resto deste povo naqueles dias, acaso será também maravilhoso aos meus olhos? diz o Senhor dos exércitos.
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Eis que salvarei o meu povo, tirando-o da terra do oriente e da terra do ocidente;
- e os trarei, e eles habitarão no meio de Jerusalém; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus em verdade e em justiça.
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Sejam fortes as vossas mãos, ó vós, que nestes dias ouvistes estas palavras da boca dos profetas, que estiveram no dia em que foi posto o fundamento da casa do Senhor dos exércitos, a fim de que o templo fosse edificado.
- Pois antes daqueles dias não havia salário para os homens, nem lhes davam ganho os animais; nem havia paz para o que saia nem para o que entrava, por causa do inimigo; porque eu incitei a todos os homens, cada um contra o seu próximo.
- Mas agora não me haverei para com o resto deste povo como nos dias passados, diz o Senhor dos exércitos;
- porquanto haverá a sementeira de paz; a vide dará o seu fruto, e a terra dará a sua novidade, e os céus darão o seu orvalho; e farei que o resto deste povo herde todas essas coisas.
- E há de suceder, ó casa de Judá, e ó casa de Israel, que, assim como éreis uma maldição entre as nações, assim vos salvarei, e sereis uma bênção; não temais, mas sejam fortes as vossas mãos.
- Pois assim diz o Senhor dos exércitos: Como intentei fazer-vos o mal, quando vossos pais me provocaram a ira, diz o Senhor dos exércitos, e não me compadeci,
- assim tornei a intentar nestes dias fazer o bem a Jerusalém e à casa de Judá; não temais.
- Eis as coisas que deveis fazer: Falai a verdade cada um com o seu próximo; executai juízo de verdade e de paz nas vossas portas;
- e nenhum de vós intente no seu coração o mal contra o seu próximo; nem ame o juramento falso; porque todas estas são coisas que eu aborreço, diz o senhor.
- De novo me veio a palavra do Senhor dos exércitos, dizendo:
- Assim diz o Senhor dos exércitos: O jejum do quarto mês, bem como o do quinto, o do sétimo, e o do décimo mês se tornarão para a casa de Judá em regozijo, alegria, e festas alegres; amai, pois, a verdade e a paz.
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Ainda sucederá que virão povos, e os habitantes de muitas cidades;
- e os habitantes de uma cidade irão à outra, dizendo: Vamos depressa suplicar o favor do Senhor, e buscar o Senhor dos exércitos; eu também irei.
- Assim virão muitos povos, e poderosas nações, buscar em Jerusalém o Senhor dos exércitos, e suplicar a bênção do Senhor.
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Naquele dia sucederá que dez homens, de nações de todas as línguas, pegarão na orla das vestes de um judeu, dizendo: Iremos convosco, porque temos ouvido que Deus está convosco.
Zacarias 9
- A palavra do Senhor está contra a terra de Hadraque, e repousará sobre Damasco, pois ao Senhor pertencem as cidades de Arã, e todas as tribos de Israel.
- E também Hamate que confina com ela, e Tiro e Sidom, ainda que sejam mui sábias.
- Ora Tiro edificou para si fortalezas, e amontoou prata como o pó, e ouro como a lama das ruas.
- Eis que o Senhor a despojará, e ferirá o seu poder no mar; e ela será consumida pelo fogo.
- Asquelom o verá, e temerá; também Gaza, e terá grande dor; igualmente Ecrom, porque a sua esperança será iludida; e de Gaza perecerá o rei, e Asquelom não será habitada.
- Povo mestiço habitará em Asdode; e exterminarei a soberba dos filisteus.
- E da sua boca tirarei o sangue, e dentre os seus dentes as abominações; e ele também ficará como um resto para o nosso Deus; e será como chefe em Judá, e Ecrom como um jebuseu.
- Ao redor da minha casa acamparei contra o exército, para que ninguem passe, nem volte; e não passará mais por eles o opressor; pois agora vi com os meus olhos.
- Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que vem a ti o teu rei; ele é justo e traz a salvação; ele é humilde e vem montado sobre um jumento, sobre um jumentinho, filho de jumenta.
- De Efraim exterminarei os carros, e de Jerusalém os cavalos, e o arco de guerra será destruído, e ele anunciará paz às nações; e o seu domínio se estenderá de mar a mar, e desde o Rio até as extremidades da terra.
- Ainda quanto a ti, por causa do sangue do teu pacto, libertei os teus presos da cova em que não havia água.
- Voltai à fortaleza, ó presos de esperança; também hoje anuncio que te recompensarei em dobro.
- Pois curvei Judá por meu arco, pus-lhe Efraim por seta; suscitarei a teus filhos, ó Sião, contra os teus filhos, ó Grécia; e te farei a ti, ó Sião, como a espada de um valente.
- Por cima deles será visto o Senhor; e a sua flecha sairá como o relâmpago; e o Senhor Deus fará soar a trombeta, e irá com redemoinhos do sul.
- O Senhor dos exércitos os protegerá; e eles devorarão, e pisarão os fundibulários; também beberão o sangue deles como ao vinho; e encher-se-ão como bacias de sacrifício, como os cantos do altar.
- E o Senhor seu Deus naquele dia os salvará, como o rebanho do seu povo; porque eles serão como as pedras de uma coroa, elevadas sobre a terra dele.
- Pois quão grande é a sua bondade, e quão grande é a sua formosura! o trigo fará florescer os mancebos e o mosto as donzelas.
Zacarias 10
- Pedi ao Senhor chuva no tempo da chuva serôdia, sim, ao Senhor, que faz os relâmpagos; e ele lhes dará chuvas copiosas, e a cada um erva no campo,
- Pois os terafins falam vaidade, e os adivinhos vêem mentira e contam sonhos falsos; em vão procuram consolar; por isso seguem o seu caminho como ovelhas; estão aflitos, porque não há pastor.
- Contra os pastores se acendeu a minha ira, e castigarei os bodes; mas o Senhor dos exércitos visitará o seu rebanho, a casa de Judá, e o fará como o seu majestoso cavalo na peleja.
- De Judá sairá a pedra angular, dele a estaca da tenda, dele o arco de guerra, dele sairão todos os chefes.
- Eles serão como valentes que na batalha pisam aos pés os seus inimigos na lama das ruas; pelejarão, porque o Senhor esta com eles; e confundirão os que andam montados em cavalos.
- Fortalecerei a casa de Judá, e salvarei a casa de José; fá-los-ei voltar, porque me compadeço deles; e serão como se eu não os tivera rejeitado; porque eu sou o Senhor seu Deus, e os ouvirei.
- Então os de Efraim serão como um valente, e o seu coração se alegrará como pelo vinho; seus filhos o verão, e se alegrarão; o seu coração se regozijará no Senhor.
- Eu lhes assobiarei, e os ajuntarei, porque os tenho remido; e multiplicar-se-ão como dantes se multiplicavam.
- Ainda que os espalhei entre os povos, eles se lembrarão de mim em terras remotas; e, com seus filhos, viverão e voltarão.
- Pois eu os farei voltar da terra do Egito, e os congregarei da Assíria; e trálos-ei à terra de Gileade e do Líbano; e não se achará lugar bastante para eles.
- Passarão pelo mar de aflição, e serão feridas as ondas do mar, e todas as profundezas do Nilo se secarão; então será abatida a soberba da Assíria, e o cetro do Eeito se retirará.
- Eu os fortalecerei no Senhor, e andarão no seu nome, diz o Senhor.
Zacarias 11
- Abre, ó Líbano, as tuas portas para que o fogo devore os teus cedros.
- Geme, ó cipreste, porque caiu o cedro, porque os mais excelentes são destruídos; gemei, ó carvalhos de Basã, porque o bosque forte é derrubado.
- Voz de uivo dos pastores! porque a sua glória é destruída; voz de bramido de leões novos! porque foi destruída a soberba do Jordão.
- Assim diz o Senhor meu Deus: Apascenta as ovelhas destinadas para a matança,
- cujos compradores as matam, e não se têm por culpados; e cujos vendedores dizem: Louvado seja o Senhor, porque hei enriquecido; e os seus pastores não têm piedade delas.
- Certamente não terei mais piedade dos moradores desta terra, diz o Senhor; mas, eis que entregarei os homens cada um na mão do seu próximo e na mão do seu rei; eles ferirão a terra, e eu não os livrarei da mão deles.
- Eu pois apascentei as ovelhas destinadas para a matança, as pobres ovelhas do rebanho. E tomei para mim duas varas: a uma chamei Graça, e à outra chamei União; e apascentei as ovelhas.
- E destruí os três pastores num mês; porque me enfadei deles, e também eles se enfastiaram de mim.
- Então eu disse: Não vos apascentarei mais; o que morrer morra, e o que for destruído seja destruído; e os que restarem, comam cada um a carne do seu próximo.
- E tomei a minha vara Graça, e a quebrei, para desfazer o meu pacto, que tinha estabelecido com todos os povos.
- Foi, pois, anulado naquele dia; assim os pobres do rebanho que me respeitavam, reconheceram que isso era palavra do Senhor.
- E eu lhes disse: Se parece bem aos vossos olhos, dai-me o que me é devido; e, se não, deixai-o. Pesaram, pois, por meu salário, trinta moedas de prata.
- Ora o Senhor disse-me: Arroja isso ao oleiro, esse belo preço em que fui avaliado por eles. E tomei as trinta moedas de prata, e as arrojei ao oleiro na casa do Senhor.
- Então quebrei a minha segunda vara União, para romper a irmandade entre Judá e Israel.
- Então o Senhor me disse: Toma ainda para ti os instrumentos de um pastor insensato.
- Pois eis que suscitarei um pastor na terra, que não cuidará das que estão perecendo, não procurará as errantes, não curará a ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas, e lhes despedaçará as unhas.
- Ai do pastor inútil, que abandona o rebanho! a espada lhe cairá sobre o braço e sobre o olho direito; o seu braço será de todo mirrado, e o seu olho direito será inteiramente escurecido.
Zacarias 12
- A palavra do Senhor acerca de Israel: Fala o Senhor, o que estendeu o céu, e que lançou os alicerces da terra e que formou o espírito do homem dentro dele.
- Eis que eu farei de Jerusalém um copo de atordoamento para todos os povos em redor, e também para Judá, durante o cerco contra Jerusalém.
- Naquele dia farei de Jerusalém uma pedra pesada para todos os povos; todos os que a erguerem, serão gravemente feridos. E ajuntar-se-ão contra ela todas as nações da terra.
- Naquele dia, diz o Senhor, ferirei de espanto a todos os cavalos, e de loucura os que montam neles. Mas sobre a casa de Judá abrirei os meus olhos, e ferirei de cegueira todos os cavalos dos povos.
- Então os chefes de Judá dirão no seu coração: Os habitantes de Jerusalém são a minha força no Senhor dos exércitos, seu Deus.
- Naquele dia porei os chefes de Judá como um braseiro ardente no meio de lenha, e como um facho entre gavelas; e eles devorarão à direita e à esquerda a todos os povos em redor; e Jerusalém será habitada outra vez no seu próprio lugar, mesmo em Jerusalém.
- Também o Senhor salvará primeiro as tendas de Judá, para que a glória da casa de Davi e a glória dos habitantes de Jerusalém não se engrandeçam sobre Judá.
- Naquele dia o Senhor defenderá os habitantes de Jerusalém, de sorte que o mais fraco dentre eles naquele dia será como Davi, e a casa de Davi será como Deus, como o anjo do Senhor diante deles.
- E naquele dia, tratarei de destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém.
- Mas sobre a casa de Davi, e sobre os habitantes de Jerusalém, derramarei o espírito de graça e de súplicas; e olharão para aquele a quem traspassaram, e o prantearão como quem pranteia por seu filho único; e chorarão amargamente por ele, como se chora pelo primogênito.
- Naquele dia será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megidom.
- E a terra pranteará, cada família à parte: a família da casa de Davi à parte, e suas mulheres à parte; e a família da casa de Natã à parte, e suas mulheres à parte;
- a familia da casa de Levi à parte, e suas mulheres à parte; a família de Simei à parte, e suas mulheres à parte;
- todas as mais famílias, cade família à parte, e suas mulheres à parte.
Zacarias 13
- Naquele dia haverá uma fonte aberta para a casa de Davi, e para os habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza.
- Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, cortarei da terra os nomes dos ídolos, e deles não haverá mais memória; e também farei sair da terra os profetas e o espirito da impureza.
- E se alguém ainda profetizar, seu pai e sua mãe, que o geraram, lhe dirão: Não viverás, porque falas mentiras em o nome do Senhor; e seu pai e sua mãe, que o geraram, o traspassarão quando profetizar.
- Naquele dia os profetas se sentirão envergonhados, cada um da sua visão, quando profetizarem; nem mais se vestirão de manto de pêlos, para enganarem,
- mas dirão: Não sou profeta, sou lavrador da terra; porque tenho sido escravo desde a minha mocidade.
- E se alguém lhe disser: Que feridas são essas entre as tuas mãos? Dirá ele: São as feridas com que fui ferido em casa dos meus amigos.
- Ó espada, ergue-te contra o meu pastor, e contra o varão que é o meu companheiro, diz o Senhor dos exércitos; fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas; mas volverei a minha mão para os pequenos.
- Em toda a terra, diz o Senhor, as duas partes dela serão exterminadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela.
- E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus.
Zacarias 14
- Eis que vem um dia do Senhor, em que os teus despojos se repartirão no meio de ti.
- Pois eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém; e a cidade será tomada, e as casas serão saqueadas, e as mulheres forçadas; e metade da cidade sairá para o cativeiro mas o resto do povo não será exterminado da cidade.
- Então o Senhor sairá, e pelejará contra estas nações, como quando peleja no dia da batalha.
- Naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; se o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, do oriente para o ocidente e haverá um vale muito grande; e metade do monte se removerá para o norte, e a outra metade dele para o sul.
- E fugireis pelo vale dos meus montes, pois o vale dos montes chegará até Azel; e fugireis assim como fugistes de diante do terremoto nos dias de uzias, rei de Judá. Então virá o Senhor meu Deus, e todos os santos com ele.
- Acontecerá naquele dia, que não haverá calor, nem frio, nem geada;
- porém será um dia conhecido do Senhor; nem dia nem noite será; mas até na parte da tarde haverá luz.
- Naquele dia também acontecerá que correrão de Jerusalém águas vivas, metade delas para o mar oriental, e metade delas para o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isso.
- E o Senhor será rei sobre toda a terra; naquele dia um será o Senhor, e um sera o seu nome.
- Toda a terra em redor se tornará em planície, desde Geba até Rimom, ae sul de Jerusalém; ela será exaltada, e habitará no seu lugar, desde a porta de Benjamim até o lugar da primeira porta, até a porta da esquina, e desde a torre de Hananel até os lagares do rei
- E habitarão nela, e não haverá mais maldição; mas Jerusalém habitará em segurança.
- Esta será a praga com que o Senhor ferirá todos os povos que guerrearam contra Jerusalém: apodrecer-se-á a sua carne, estando eles de pé, e se lhes apodrecerão os olhos nas suas órbitas, e a língua se lhes apodrecerá na boca,
- Naquele dia também haverá da parte do Senhor um grande tumulto entre eles; e pegará cada um na mão do seu próximo, e cada um levantará a mão contra o seu próximo.
- Também Judá pelejará contra Jerusalém; e se ajuntarão as riquezas de todas as nações circunvizinhas, ouro e prata, e vestidos em grande abundância.
- Como esta praga, assim será a praga dos cavalos, dos muares, dos camelos e dos jumentos e de todos os animais que estiverem naqueles arraiais.
- Então todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorarem o Rei, o Senhor dos exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos.
- E se alguma das famílias da terra não subir a Jerusalém, para adorar o Rei, o Senhor dos exércitos, não cairá sobre ela a chuva.
- E, se a família do Egito não subir, nem vier, não virá sobre ela a chuva; virá a praga com que o Senhor ferirá as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
- Esse será o castigo do Egito, e o castigo de todas as nações que não subirem a celebrar a festa dos tabernáculos.
- Naquele dia se gravará sobre as campainhas dos cavalos. SANTO AO SENHOR; e as panelas na casa do Senhor serão como as bacias diante do altar.
- E todas as panelas em Jerusalém e Judá serão consagradas ao Senhor dos exércitos; e todos os que sacrificarem virão, e delas tomarão, e nelas cozerão. Naquele dia não haverá mais cananeu na casa do Senhor dos exércitos.
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11/03/2021
Ageu
Ageu 1
- No segundo ano do rei Dario, no sexto mês, no primeiro dia do mês, veio a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, a Zorobabel, governador de Judá, filho de Sealtiel, e a Josué, o sumo sacerdote, filho de Jeozadaque, dizendo:
- Assim fala o Senhor dos exércitos, dizendo: Este povo diz: Não veio ainda o tempo, o tempo de se edificar a casa do Senhor.
- Veio, pois, a palavra do Senhor, por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
- Acaso é tempo de habitardes nas vossas casas forradas, enquanto esta casa fica desolada?
- Ora pois, assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai os vossos caminhos.
- Tendes semeado muito, e recolhido pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe-o para o meter num saco furado.
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Considerai os vossos caminhos.
- Subi ao monte, e trazei madeira, e edificai a casa; e dela me deleitarei, e serei glorificado, diz o Senhor.
- Esperastes o muito, mas eis que veio a ser pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, eu o dissipei com um assopro. Por que causa? diz o Senhor dos exércitos. Por causa da minha casa, que está em ruínas, enquanto correis, cada um de vós, à sua propria casa.
- Por isso os ceus por cima de vós retêm o orvalho, e a terra retém os seus frutos.
- E mandei vir a seca sobre a terra, e sobre as colinas, sobre o trigo e o mosto e o azeite, e sobre tudo o que a terra produz; como também sobre os homens e os animais, e sobre todo o seu trabalho.
- Então Zorobabel, filho de Sealtiel, e o sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, juntamente com todo o resto do povo, obedeceram a voz do Senhor seu Deus, e as palavras do profeta Ageu, como o Senhor seu Deus o tinha enviado; e temeu o povo diante do Senhor.
- Então Ageu, o mensageiro do Senhor, falou ao povo, conforme a mensagem do Senhor, dizendo: Eu sou convosco, e diz o Senhor.
- E o Senhor suscitou o espírito do governador de Judá Zorobabel, filho de Sealtiel, e o espírito do sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e o espírito de todo o resto do povo; e eles vieram, e começaram a trabalhar na casa do Senhor dos exércitos, seu Deus,
- ao vigésimo quarto dia do sexto mês.
Ageu 2
- No segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao vigésimo primeiro do mês, veio a palavra do Senhor por intermédio do profeta Ageu, dizendo:
- Fala agora ao governador de Judá, Zorobabel, filho de Sealtiel, e ao sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e ao resto do povo, dizendo:
- Quem há entre vós, dos sobreviventes, que viu esta casa na sua primeira glória? Em que estado a vedes agora? Não é como nada em vossos olhos?
- Ora, pois, esforça-te, Zorobabel, diz o Senhor, e esforça-te, sumo sacerdote Josué, filho de Jeozadaque, e esforçai-vos, todo o povo da terra, diz o Senhor, e trabalhai; porque eu sou convosco, diz o Senhor dos exércitos,
- segundo o pacto que fiz convosco, quando saístes do Egito, e o meu Espírito habita no meio de vós; não temais.
- Pois assim diz o Senhor dos exércitos; Ainda uma vez, daqui a pouco, e abalarei os céus e a terra, o mar e a terra seca.
- Abalarei todas as nações; e as coisas preciosas de todas as nações virão, e encherei de glória esta casa, diz o Senhor dos exércitos.
- Minha é a prata, e meu é o ouro, diz o Senhor dos exércitos.
- A glória desta última casa será maior do que a da primeira, diz o Senhor dos exércitos; e neste lugar darei a paz, diz o Senhor dos exércitos.
- Ao vigésimo quarto dia do mês nono, no segundo ano de Dario, veio a palavra do Senhor ao profeta Ageu, dizendo:
- Assim diz o Senhor dos exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo:
- Se alguém levar na aba de suas vestes carne santa, e com a sua aba tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em qualquer outro mantimento, ficará este santificado? E os sacerdotes responderam: Não.
- Então perguntou Ageu: Se alguém, que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam: Ficará imunda.
- Ao que respondeu Ageu, dizendo: Assim é este povo, e assim é esta nação diante de mim, diz o Senhor; assim é toda a obra das suas mãos; e tudo o que ali oferecem imundo é.
- Agora considerai o que acontece desde aquele dia. Antes que se lançasse pedra sobre pedra no templo do Senhor,
- quando alguém vinha a um montão de trigo de vinte medidas, havia somente dez; quando vinha ao lagar para tirar cinqüenta, havia somente vinte.
- Feri-vos com mangra, e com ferrugem, e com saraiva, em todas as obras das vossas mãos; e não houve entre vós quem voltasse para mim, diz o Senhor.
- Considerai, pois, eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se lançaram os alicerces do templo do Senhor, sim, considerai essas coisas.
- Está ainda semente no celeiro? A videira, a figueira, a romeira, e a oliveira ainda não dão os seus frutos? Desde este dia hei de vos abençoar.
- Veio pela segunda vez a palavra do Senhor a Ageu, aos vinte e quatro do mês, dizendo:
- Fala a Zorobabel, governador de Judá, dizendo: Abalarei os céus e a terra;
- e derrubarei o trono dos reinos, e destruirei a força dos reinos das nações; destruirei o carro e os que nele andam; os cavalos e os seus cavaleiros cairão, cada um pela espada do seu irmão.
- Naquele dia, diz o Senhor dos exércitos, tomar-te-ei, ó Zorobabel, servo meu, filho de Sealtiel, diz o Senhor, e te farei como um anel de selar; porque te escolhi, diz o Senhor dos exércitos.
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